No ano lectivo que se inicia, vou transitar para o
terceiro ano da licenciatura. Já que o major se foi, venha o minor, e escolhi,
obviamente, Cultura e Religião. A História não é muito mais que estas duas
coisas combinadas. Pode haver quem estranhe a minha escolha. Ao fim e ao cabo,
quem tem as convicções políticas que eu tenho habitualmente não se interessa
por religião. Mas a verdade é que as religiões me fascinam, sempre me
fascinaram. Não pela sua prática, mas pelos seus fundamentos, e pela forma como
moldaram civilizações.
As pessoas têm a necessidade de ter algo supremo. E nada é
mais supremo que Deus ou os deuses. É algo que dá sentido à vida de muitas
pessoas. Não lhes chamo fracos de espírito. São apenas pessoas. Como eu. Não é
a presença de Deus que eu procuro na minha vida, é antes perceber onde ele cabe
na vida dos outros. Na vida da nossa espécie, na nossa civilização. E já agora,
tentar perceber a sua origem, se é que a tem.
Contudo, percebo e não afasto as pessoas que procuram ter
a seu lado aquilo a que chamam Deus. Nesse particular, a Igreja Católica é a
mais versátil das Igrejas, e o cristianismo católico, o mais versátil dos
credos. Ao invés de disponibilizar Deus às pessoas, ou até o seu humanizado
filho Cristo, para as acompanhar em permanência, o credo católico, ainda que não
totalmente explicado pelos escritos, liturgia ou rituais, apossou-se da
presença destas figuras divinas, em exclusivo, para o interior dos seus
templos. Mas para que as pessoas não estivessem totalmente desprotegidas cá
fora, deu-lhes uma coisa extraordinária.
Noutros tempos, essa protecção divina seria associada ao
culto dos antepassados. Ora, sendo o culto dos antepassados uma prática que a
Igreja Católica e o cristianismo não valorizam (apesar do dia de finados, dia 2
de Novembro), a Igreja Católica dá aos seus crentes um anjo pessoal. Não vás
com Deus, porque Ele contigo não vai, mas leva aqui o anjinho da guarda que é
de boa vontade. Não admira, pois, pela força da Fé e da vontade humana em
acreditar em Deus e na sua omnipresença, que é apenas em parte negada pela
existência destes Anjos da Guarda, que as pessoas mais devotas sintam a seu
lado a presença de um ser que por elas vela.
Isto poderia, obviamente, levar-nos à questão central da
Omnipresença de Deus. Se Deus é omnipresente, porque seriam necessários Anjos
da Guarda individuais para cada crente? Mas isto é uma discussão estéril, pois
são os tais mistérios de Deus. Provavelmente será um aproveitamento da Lei do Estímulo
2012 para o emprego ou coisa parecida, a um nível, digamos, celestial.
Mas existem mesmo Anjos da Guarda? Muitos crentes afirmam
que sim, que sentem uma presença constante a seu lado. Eu digo que é o Ministério
das Finanças…
E depois, há os supremos de pescada, de merluza, em Espanhol!
ResponderEliminarrais parta a porra das letrinhas nos comentários...
ResponderEliminarMalena, não percebi, mas isso é normal no dia de hoje.
ResponderEliminarAna, quais letrinhas?
ResponderEliminarHá uma passagem no manual cristão que diz de forma acertada e que uso em forma de resumo: "Felizes aqueles que acreditam..."
ResponderEliminarTalvez fosse um gajo mais feliz, afinal, como também é sabido, há quem inssista que a ignorância é uma bênção!
Olha que bela conclusão espiritual, hein? ;)
ResponderEliminarMarco, a verdade é que posso compreender que a religião dê conforto a muita gente. Evidentemente que há outros que não necessitam disso para ter uma atitude confortável perante a vida. Nenhum dos dois grupos é censurável.
ResponderEliminarPois, caro Patife, o âmago da questão é esse, não outro...
ResponderEliminaras de verificação de comentário. pelo visto tenho de provar que não sou um robo. não atino com isto xD
ResponderEliminarAna, peço desculpas, pá, mas aqui há uns tempos o blog foi assaltado por uma quantidade apreciável de spam...
ResponderEliminarTenho a minha crença, talvez por protecção própria e necessária para me fazer levantar de manhã, tentando fazer com que a porra da vida que levamos faça algum sentido.
ResponderEliminarÉ diferente dessa coisa que a apostólica romana tenta impingir e uso-a quando o calo aperta...
Cat, muito haveria de se dizer e discutir acerca de crenças. Espero, daqui a um ano, possuir argumentos suficientes para uma discussão profícua. Estás convidado, obviamente.
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