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Ilustração de Marco Joel Santos |
Tomar medidas é das coisas mais importantes ultimamente. Uma grande parte das pessoas fala das medidas que se tomam. A Troika já nos avisou, como país, que teremos de tomar novas medidas num futuro próximo. A União Europeia, assim chamada por tradição, tomou medidas. O Obama, lá do outro lado do mar, anuncia que tomou medidas. O Brasil e a China estão à espera de medidas. Mas, em boa verdade, o que são estas medidas?
Há várias formas de medidas, mas aquelas de que ultimamente temos ouvido falar mais são de dois tipos. As medidas que se tomam e as medidas que adoptamos. Ora tomar uma medida parece-me uma coisa pouco esperta. Eu tomo é medicamentos para o colesterol. Também tomo café. Não tomo medidas nem sei o que tal seja. Por outro lado, adoptar é uma coisa que associo a animais de estimação ou aos filhos que os outros não querem.
Isto das medidas não sei de onde vem. Mas o que é certo é que temos de tomar medidas. E se a mim me dissessem para tomar medidas relativamente à situação económica de Portugal, eu sei bem o que faria. A verdade é que somos instigados a ter objectivos, no trabalho e até na vida, e esses objectivos têm de ser quantificados. Hoje ninguém se contenta com resposta tipo “melhorei o ambiente na minha equipa de trabalho”. Não, é necessário apresentar um inquérito com x perguntas avalizadas e y respostas validadas e apresentar os resultados com gráficos de cores mais ou menos berrantes e se possível em Powerpoint com umas animações tipo remoínho ou pixelização. É que se assim não for, ninguém acredita em nós.
Temos de ter objectivos quantificáveis. Nada disso de responder que o que mais queremos da vida é ser felizes ou ter saúde. Nada disso. É necessário saber quantas vezes sorrimos por dia para podermos apresentar resultados quanto à nossa felicidade. E é necessário prever os nossos objectivos em termos de saúde, tipo só queremos ter um cancro e dois AVCs e pode ser que seja uma trombose que nos f... aça ir para a cova. Isto se não optarmos por ser cremados ou cromados, pois penso que uma estátua cromada ao lado da lareira lá de casa até ficava bem.
Por isso, temos de tomar medidas em Portugal. Comecemos por medir o comprimento dos nossos rios, os kms das nossas estradas, a altitude das nossas montanhas. Depois podemos ir mais ao pormenor, com medidas do infinitamente grande, como a medida da dívida de cada um de nós ao estrangeiro, até ao infinitamente pequeno, como o QI do nosso primeiro ministro. É preciso é apresentar medidas à Angela, e por isso, eu proponho que possamos carregar uma pequena maleta com instrumentos de medida, tipo uma fita métrica, para medir as nossas estaturas e o comprimento dos nossos passos, um transferidor, para medir ângulos de visão, um paquímetro, aquele que serve para medir espessuras pequeninas, para medirmos a espessura dos cérebros dos nossos políticos... Tomar medidas é necessário, e se são medidas que a troika quer, devíamos atolá-los de medidas. Até porque assim seria mais fácil sacar-nos impostos com as medidas tiradas.
Uma medida importante seria a dos genitais do Passos Coelho. Eu sei que o Berlusconi já disse que a Angela é infornicável, mas parece-me que o Sócrates andou por lá a satisfazer desejos. Ou pelo menos a tentar. Se não convenceu a senhora é porque não tinha medida suficiente. Ou então não tinha jeito... Saber se o Passos tem medida, pelo menos, é importante. Porque jeito ele tem, já nos f... a todos em grande estilo. Mas devia era ir f... a gaja de Berlim, porque eu acho que ela tem uma fixação qualquer por medidas e sinceramente sempre a achei um bocado mal f... E não esquecer que, afinal, o nosso primeiro ministro é africano! E que bem que ele nos quer estabelecer no nível de vida do seu continente!