quarta-feira, 12 de outubro de 2011

DESGRAÇAS


Comunistas gregos dando as boas vindas aos tanques

É um tanto estranho que se chame a um texto qualquer coisa como desgraças. Mas a verdade é que andei hoje a pensar naquilo que havia de teclar e reparei que estamos rodeados por desgraças por todos os lados. Sim, claro, bem me poderão dizer que é preciso é ver a vida pelo seu lado positivo e viver cada dia como se fosse o último. São daquelas frases feitas que ninguém leva a sério mas toda a gente gosta de “likar” no Facebook, às vezes porque estamos muito bem dispostos, outras porque nos distraímos ou ainda outras porque se não “likarmos” vamos ter sete anos de azar, ficar falidos e ainda nos cair um raio em cima. Como aventou uma companheira bloguista, o que está a dar é falar de desgraças.
A verdade é que por todo o lado vemos desgraças a acontecerem em catadupa. Não há dia que passe que o governo não invente mais um imposto, elimine mais um recurso nos hospitais ou despeça mais um professor. A selecção perdeu – e desde já fica o aviso aos alemães – se a gente fica fora do Euro 2012, lá para Julho o pacífico povo português vai andar a trepar pelas paredes. Toca a mexer os cordelinhos, que parece que os gregos já lá estão.
Por falar em grécios, como lhes chamava G.W. Bush, aí está o contraponto de todos os portugueses. Antigamente, e quando digo antigamente mesmo, há uns milénios, os gregos eram uma espécie de protectores da Europa. Todos sabemos da forma como travaram, espartanos e atenienses lado a lado, a invasão persa. Ficou famosa a Batalha de Termópilas, retratada no filme 300, batalha essa que tem um nome estranho que induz os mais incautos a pensarem que os gregos foram para a batalha com os pénis enfiados em garrafas termo ou que andaram a aquecer os ditos cujos na fogueira para ganhar coragem. O imperador Xerxes foi derrotado mais tarde pela esquadra ateniense tão bem montada pelo célebre Periklis, e ainda bem, pois se tivesse ganho, e de acordo com o filme, a moda dos piercings tinha surgido bem mais cedo.
Hoje, os gregos não são mais os protectores da Europa. Pelo contrário, são os maus da Europa. São malandros, mentirosos, habilidosos e mais não sei o quê. E servem, obviamente, de barómetro. Nós, portugueses, temos sempre os gregos. Podemos estar muito mal e tal, mas olha lá os gregos, esses é que estão fo...eitos! Quer queiramos, quer não, é da natureza humana procurar sempre alguém que esteja pior que nós. E normalmente encontra-se, por dois motivos: porque há realmente alguém pior que nós, ou simplesmente pensamos isso de alguém, enquanto todos os outros pensam o mesmo de nós. É um bocado aquela sensação que se tem quando se entra em determinados sítios e não se encontra a pessoa que vai ser a vítima – isso quer dizer que a vítima somos nós.
Porém, começo a pensar que os gregos da Europa são os portugueses. Vamos lá a ver, nós não somos gregos – se bem que há quem acredite que Lisboa assim se chama por ter o nome do seu fundador grego, Ulisses – somos portugueses. Mas como nos comparar com um povo que, aparentemente mergulhado numa enorme crise e a um mês de não ter dinheiro para tocar a um cego, quanto mais a todos os da Comissão Europeia, tenha este rasgo de brilhantismo? Não, nós é que somos mesmo os gregos da Europa. Os gregos estão muito à frente! Desgraças é em Portugal, na Grécia, segundo o seu governo, só há contratempos... Pode não haver dinheiro para pagar a dívida, aos funcionários, ou até o parquímetro da limusine do PM, mas para 400 tanques americanos topo de gama... Arranja-se...

12 comentários:

  1. Como já cantava o Brian "Always Look on the Bright Side of Life"... é isso que os gregos estão a fazer ao chamarem às desgraças contratempos. E olha que eles sabem bem do que falam... já cá andam há muito mais tempo que nós...

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  2. Pronúncia, de referir que o Brian cantou o Bright Side enquanto estava a ser crucificado...

    De resto, estou convencido que, apesar de todas estas tormentas, tanto nós como a Grécia prevaleceremos e continuaremos a ser os povos que sempre fomos. Não perfeitos, mas povos na mesma. Mais depressa verei ruir o tal sistema financeiro...

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  3. Podes crer... e em primeira mão, o "Pronúncia" descobriu como é que isso vai acontecer... ;D

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  4. Encontro grandes parecenças entre a Grécia e Portugal. O clima, o relevo, o gosto pelo desporto, a coragem aventureira dos seus povos.
    Para os helénicos - berço da civilização ocidental, e para os portugueses - conquistadores admiráveis, ainda há tempo para mudar as coisas. Eu acredito!

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  5. Dylan, temos muito em comum, de facto. Como já afirmei, também acredito que, sofra-se o que se sofrer, as duas nações permanecerão. Já não sei se outros o poderão dizer.

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  6. A diferença entre Portugal e a Grecia é de um ano e sete dias... eles foram "salvos" mais cedo...

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  7. Tripalio, nem mais nem menos...

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  8. Aquilo ali em baixo é o abismo?

    (Não ponho os "pés" aqui sabe-se lá há quanto tempo e é logo para desmoralizar...)

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  9. Noya, vê lá, não os molhes...

    ;)

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  10. Nós somos gregos! Só é pena que não tenhamos a coragem de sair à rua como eles! Demasiado cordatos, nós!

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  11. Malena, ainda não temos. Ainda não temos...

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