E hoje houve debate na TV. E este debate, mais uma vez, era sobre a situação económica portuguesa e a possível entrada do FMI em Portugal. E todos disseram coisas interessantes, e tal seria de esperar, dados os convidados para o debate.
Destaco Medina Carreira. A forma como põe as coisas é directa e franca, e dali nada mais se pode esperar senão números. E números que dizem verdades inquestionáveis. Apesar da evidente colagem ideológica de Medina Carreira, a verdade é que o homem defende a sua dama com unhas e dentes. E é necessário reduzir despesas, porque não produzimos o suficiente para aquilo que gastamos. Até aí... tudo bem, concordo inteiramente. Embora seja infeliz a constante alusão a que o crescimento económico seja de 1,8% e o Estado Social cresça 6% ao ano. Sabemos, nós que entendemos um pouquinho de economia, que é um argumento completamente falacioso. Mas no geral, enquanto a economia cresce pouco, a despesa aumenta muito, isso é verdade.
E mais, e uma questão que realmente já chateia, é ninguém referir, incluindo Medina Carreira, que a esse crescimento da economia e da despesa corresponde uma diminuição de receita. Onde está o dinheiro? Ora, isso ninguém sabe, as pessoas só pagam impostos se quiserem. Obviamente. Menos aquelas que são obrigadas a pagá-los e mais nada. Medina mostrou um gráfico, mostrando a evolução da despesa pública em Portugal. O desvario, a espiral de subida deste parâmetro tem uma origem ali por volta de 1985. Em 1990, já havia quintuplicado de valor, em 1995, era dez vezes mais. Ora, admitindo que o gráfico não fosse inteiramente proporcional, nessa altura era PM... Não me lembro do nome... mas quem era o homem?? Ah! O actual Presidente da República. Não deixa de ser curioso que Medina refira sempre os últimos 15 anos de má governação, e acrescente, quase logo de seguida, que desde 1985 o desvario tomou conta dos sucessivos governos. Ora... 2010 menos 1985 é igual a 15? Para brilhante economista, devia rever a aritmética - são 25!!
Daniel Oliveira, o outro destaque, obviamente convidado por ser figura de relevo do BE, foi fazer política. De economia, soube reter as quatro grandes causas da crise e por aí se ficou. Aliás, quando se falou de teorias económicas, não se sentiu minimamente à vontade. Sobressaiu porquê? Porque soube dizer que os responsáveis das Finanças portuguesas ao longo dos anos, incluindo Medina Carreira, sabem de facto apontar os defeitos todos de todos os outros, menos os seus e as suas responsabilidades actuais, indo ao ponto de dizer que nos dois anos de Medina Carreira como Ministro das Finanças, afinal, e apesar deste não deixar que aquilo fosse assaltado pelas máquinas partidárias, como bem frisou o próprio Medina, a despesa pública... subiu! Pois...
Ainda uma outra virtude de Daniel Oliveira: soube, apesar de não ser economista, apontar duas das principais causas que puseram a nossa economia de rastos: O CRÉDITO BONIFICADO (finalmente, o que eu ando a dizer há tanto tempo! - e foi preciso um não economista para o dizer) inventado pelo Cavaco, que nos custou e ainda custa milhares de milhões de euros de juros que o Governo tem de pagar aos Bancos, e as Parcerias Público-Privadas, aliás já referidas, e bem, por Medina Carreira.
Mas o que ninguém soube explicar neste debate foi que, para protegermos aqueles que criminosamente destruíram os sistemas financeiros de todo o mundo devido à sua ganância, a economia pode desbaratar milhões de milhões de euros, mas para proteger o Estado Social, as nossas reformas, o nosso direito a poder adoecer, o nosso direito a podermos ensinar as nossas crianças, o direito de não passar fome, para isso nem mais um tostão.
Ora a questão é simples e pode contar-se com imagens. O que querem impingir-nos a toda a velocidade é a ideia de que devemos proteger e incentivar, cada vez mais, estes rapazes:
Ora, esses rapazes, em Portugal, são representados pelos dois partidos geminados PS e PSD (COMO TAMBÉM DISSE, E BEM, MEDINA CARREIRA). Para poderem manter o seu estilo de vida e o estilo de vida dos que mais prezam, e esses sabemos que são empresas privadas "do sistema" (e basta olharmos para as tais Parcerias Público-Privadas e Ajustes Directos por aí fora, que esvaziam o Estado e enchem os bolsos desses verdadeiros chulos da sociedade), qual a solução? É simples, basta, por exemplo, enveredar pelas actuais políticas deste governo desastroso que temos! Ou então, melhor ainda, privatizar a Saúde e a Educação, como outros que querem (e vão) substituir o Governo. Claro que o estado terá de pagar possíveis perdas e prejuízos das negociatas e pronto, mais umas PPP e umas brincadeiras dessas para cima do pessoal. Mas tem de se mexer, forçosamente, na única coisa que pode dar dinheiro para isso tudo! Ora aí está a forma de o conseguirem:
ASSUNTO RESOLVIDO!!!!