terça-feira, 30 de novembro de 2010

O DEBATE

E hoje houve debate na TV. E este debate, mais uma vez, era sobre a situação económica portuguesa e a possível entrada do FMI em Portugal. E todos disseram coisas interessantes, e tal seria de esperar, dados os convidados para o debate.
Destaco Medina Carreira. A forma como põe as coisas é directa e franca, e dali nada mais se pode esperar senão números. E números que dizem verdades inquestionáveis. Apesar da evidente colagem ideológica de Medina Carreira, a verdade é que o homem defende a sua dama com unhas e dentes. E é necessário reduzir despesas, porque não produzimos o suficiente para aquilo que gastamos. Até aí... tudo bem, concordo inteiramente. Embora seja infeliz a constante alusão a que o crescimento económico seja de 1,8% e o Estado Social cresça 6% ao ano. Sabemos, nós que entendemos um pouquinho de economia, que é um argumento completamente falacioso. Mas no geral, enquanto a economia cresce pouco, a despesa aumenta muito, isso é verdade. 
E mais, e uma questão que realmente já chateia, é ninguém referir, incluindo Medina Carreira, que a esse crescimento da economia e da despesa corresponde uma diminuição de receita. Onde está o dinheiro? Ora, isso ninguém sabe, as pessoas só pagam impostos se quiserem. Obviamente. Menos aquelas que são obrigadas a pagá-los e mais nada. Medina mostrou um gráfico, mostrando a evolução da despesa pública em Portugal. O desvario, a espiral de subida deste parâmetro tem uma origem ali por volta de 1985. Em 1990, já havia quintuplicado de valor, em 1995, era dez vezes mais. Ora, admitindo que o gráfico não fosse inteiramente proporcional, nessa altura era PM... Não me lembro do nome... mas quem era o homem?? Ah! O actual Presidente da República. Não deixa de ser curioso que Medina refira sempre os últimos 15 anos de má governação, e acrescente, quase logo de seguida, que desde 1985 o desvario tomou conta dos sucessivos governos. Ora... 2010 menos 1985 é igual a 15? Para brilhante economista, devia rever a aritmética - são 25!!
Daniel Oliveira, o outro destaque, obviamente convidado por ser figura de relevo do BE, foi fazer política. De economia, soube reter as quatro grandes causas da crise e por aí se ficou. Aliás, quando se falou de teorias económicas, não se sentiu minimamente à vontade. Sobressaiu porquê? Porque soube dizer que os responsáveis das Finanças portuguesas ao longo dos anos, incluindo Medina Carreira, sabem de facto apontar os defeitos todos de todos os outros, menos os seus e as suas responsabilidades actuais, indo ao ponto de dizer que nos dois anos de Medina Carreira como Ministro das Finanças, afinal, e apesar deste não deixar que aquilo fosse assaltado pelas máquinas partidárias, como bem frisou o próprio Medina, a despesa pública... subiu! Pois...
Ainda uma outra virtude de Daniel Oliveira: soube, apesar de não ser economista, apontar duas das principais causas que puseram a nossa economia de rastos: O CRÉDITO BONIFICADO (finalmente, o que eu ando a dizer há tanto tempo! - e foi preciso um não economista para o dizer) inventado pelo Cavaco, que nos custou e ainda custa milhares de milhões de euros de juros que o Governo tem de pagar aos Bancos, e as Parcerias Público-Privadas, aliás já referidas, e bem, por Medina Carreira.
Mas o que ninguém soube explicar neste debate foi que, para protegermos aqueles que criminosamente destruíram os sistemas financeiros de todo o mundo devido à sua ganância, a economia pode desbaratar milhões de milhões de euros, mas para proteger o Estado Social, as nossas reformas, o nosso direito a poder adoecer, o nosso direito a podermos ensinar as nossas crianças, o direito de não passar fome, para isso nem mais um tostão.
Ora a questão é simples e pode contar-se com imagens. O que querem impingir-nos a toda a velocidade é a ideia de que devemos proteger e incentivar, cada vez mais, estes rapazes:

Ora, esses rapazes, em Portugal, são representados pelos dois partidos geminados PS e PSD (COMO TAMBÉM DISSE, E BEM, MEDINA CARREIRA). Para poderem manter o seu estilo de vida e o estilo de vida dos que mais prezam, e esses sabemos que são empresas privadas "do sistema" (e basta olharmos para as tais Parcerias Público-Privadas e Ajustes Directos por aí fora, que esvaziam o Estado e enchem os bolsos desses verdadeiros chulos da sociedade), qual a solução? É simples, basta, por exemplo, enveredar pelas actuais políticas deste governo desastroso que temos! Ou então, melhor ainda, privatizar a Saúde e a Educação, como outros que querem (e vão) substituir o Governo. Claro que o estado terá de pagar possíveis perdas e prejuízos das negociatas e pronto, mais umas PPP e umas brincadeiras dessas para cima do pessoal. Mas tem de se mexer, forçosamente, na única coisa que pode dar dinheiro para isso tudo! Ora aí está a forma de o conseguirem:

 

ASSUNTO RESOLVIDO!!!!

12 comentários:

  1. Ui, essa do crédito bonificado...
    Vou pirar-me. Eles (as) vêm aí!

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  2. Os/as beneficiária(o)s do crédito bonificado.

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  3. Reconheço a frontalidade de Medina Carreira mas também já começo a estar farta dos seus gráficos e da sua visão apocalíptica. Parece que se esqueceu das suas culpas e das do Cavaquismo na desgraça a que chegou o país. Aí, o Daniel Oliveira esteve bem!
    Na minha modesta opinião, ninguém apontou um caminho concreto porque isso é extremamente difícil de fazer. Enquanto os especuladores fizerem fortunas à custa da miséria dos países em crise será complicado.
    Ainda, enquanto a Europa for apenas uma União de fachada haverá sempre os fortes a lixar os fracos! E a Alemanha, acolitada pela França do Snr. Sarcozy, está determinada em defender-se de todos os males seja como for.
    O que me custa é ver quase todos a serem castigados com cortes diversos enquanto alguns, poucos, escapam ao fisco e enchem os bolsos. Assim como me revolta ver os grandes empresários a defender a iniciativa privada e a não ingerência do Estado mas, logo que encontram dificuldades, vociferarem pela intervenção do mesmo!

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  4. Medina Carreira é um Velho do Restelo populista que diz aquilo que muitos pensam numa linguagem corrente e que entra bem nos ouvidos e cérebro de muitos. Soluções que é bom, nem uma... é sempre muito mais fácil apontar o que está mal que apontar caminhos para a resolução dos problemas.

    Wall Street?! Corja de criminosos. Como é possível alguém que não produz nada, apenas especula com o que outros ganham a produzir levar o mundo ao estado em que ele está?

    O que me apraz dizer?! A cadeia para esta gente toda é pouco, muito pouco... vamos muitos (todos) ter que pagar pela ganância de poucos, e sabe-se lá qual será o preço, o mais certo é ser alto, muito mais alto que aquilo que prevemos. (porra, já pareço o Medina Carreira em versão Maya...)

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  5. Malena, quanto ao Medina, é deixá-lo em paz. É um bom acusador, e é pena que esteja no ramo da Economia. Como procurador público seria o maior.

    É isso a que me refiro com os vídeos. Enquanto muitos são espremidos até ao tutano, meia dúzia abotoam-se aos milhões. E isso perante o aplauso da sociedades portuguesa, uma espécie de revivalismo salazarista com laivos crime do milénio.

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  6. Pronúncia, dizes e dizes bem, soluções que é bom, zero. Houve ali alguns assomos muito bons à realidade, e um vislumbre de uma ou outra solução, que implicam sempre um corte com a Europa e seus mandantes marionetas dos "mercados". Mas não será para já, não há coragem!

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  7. está tudo muito bem... gabo-lhe a paciência de ver o Programa. Eu normalmente adormeço durante o genérico inicial.

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  8. Boa noite, Cirrus...))

    Gosto do Medina Carreira. Tenho é pena que ele seja como os outros: Um teórico, e de carreira.
    E desde 1985 que a roubalheira e a bandalheira estão instalados. São muitos anos a secar a fonte...

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  9. Daniel, acontece-me o mesmo, mas quando vi o Daniel Oliveira no mesmo programa do Medina Carreira não resisti.

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  10. Salvador, 25 anos de cegueira!!

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