segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009


Este país é um colosso. Já diziam a saudosa Ivone Silva e o Camilo. Mas é verdade. É mesmo verdade. Há sempre uns casos, umas notícias interessantes, umas coisitas para ver na TV. Bem, nisto não somos muito diferentes dos outros países, pelo menos daqueles que têm TV. Alguns têm TV mas ninguém vê, porque não há TVs. Adiante.

Como disse, há sempre umas coisitas interessantes a passarem-se, coisas que aparecem na TV. Aqui há uns tempos era o saco azul de Felgueiras, depois as obras do Marco de Canavezes, apareceu a Casa Pia, o Apito Dourado, o BPN... Enfim, sempre coisinhas apetecíveis. Daquelas que nos prendem à TV. Ou não. Estou a falar de casos de justiça, assim mesmo, com letra pequenina e tudo. Não merece mais.
Lembro-me que as gentes de Felgueiras descobriram que a sua presidente da Câmara afinal era brasileira como o Deco, pois também podia jogar na selecção portuguesa. Mas preferiu uma temporada a banhos no Rio de Janeiro. Nada mau, agora é grande moda, todos os portugueses que ainda não foram ao Brasil são vistos como espécimes raros, bem como aqueles que ainda não foram à República Dominicana ou Cuba.
Quanto ao Avelino, esse já se lixou um pouco mais, mas também ninguém o mandou abrir uma avenida com o horrível nome de Avenida Futebol Clube do Porto. Por isso, bem feita, amigo! Merecias ainda perder mais algumas eleições...
Quanto à Casa Pia, estourou uma bomba quando saltou para a TV que havia abusos com alunos daquela Instituição. Nunca percebi muito bem porquê, toda a gente sabia que o Parque Eduardo VII se enchia todas as noites com meninos da Casa Pia, mas enfim, lá apareceram uns nomes sonantes que, pelos vistos, andavam presumivelmente a abusar das criancinhas. Substituiu-se a gerência do sítio, meteu-se nova gente a mandar, que já trabalhava no sítio há 30 anos e que sabia de tudo e se calou. Até chegarem ao topo, altura em que se armaram em anjinhos do presépio e advogados das criancinhas. Confuso? Não, à portuguesa.
Depois veio o apito Dourado, onde se ficou a saber que fruta, no Porto, é erótico, e café com leite não é um galão.
Há também o caso do BPN, Banco que tinha outro Banco a quem mandava dinheiro, só que esse Banco não era um banco, aliás, era uma inexistência cósmica e assim se perderam uns milhões de euros angariados pelo Figo. Também havia uma fábrica de qualquer coisa no Panamá que afinal só existiu no início, depois já não era uma fábrica, mas tinha custado como se uma fábrica se tratasse, mas afinal, não fabricava coisa nenhuma, e eu acho que o Panamá foi aquele país onde foi rodado a República das Bananas, com o saudoso Bud Spencer.

Agora, é o Freeport, caso onde parece que o PM teve um primo a pedir dinheiro a ingleses parvos para construírem um Outlet. Mas afinal, o primo já não é primo, é apenas filho do tio do PM, e os ingleses são parvos porque, se fizessem à portuguesa, construíam primeiro e subornavam depois, que ficava mais barato. Parvos, tão parvos, que até o departamento que investiga esta parvoíce decidiu despedir os colaboradores por incompetência. Já não sei de nada. Isto porque também existe uma investigação portuguesa, que, como todos sabemos, é o mesmo que muito pouco.

Agora, apareceram os juízes a queixarem-se do programa informático dos tribunais, que permite que qualquer administrador de sistema altere os seus despachos. Ora, por acaso, o mesmo sucede em... todo o lado. A diferença é que nós sabemos o que escrevemos e controlamos a nossa informação. E não somos muito corruptos, também, e não queremos comer na mesma gamela daqueles que querem alterar os documentos dos juízes; por isso, gostamos de preservar os documentos na sua versão original. Como? É difícil descrever o processo pelo qual salvaguardamos a informação sensível que temos em mãos, e que não queremos que alguém tenha acesso ou altere. É uma série de novidades informáticas, que, acredito, não estejam ao alcance dos bolsos depauperados dos juízes:
-o primeiro dá pelo nome de CD-R, uma espécie de panqueca reluzente que se insere como um supositório no rabo do computador e para onde se podem enviar dados; a diferença é que este supositório redondo e chato pode ser tirado do rabo do computador e metido numa caixinha de plástico e ser transportado pelo autor do documento; serve também para iludir a Via Verde e os radares da Polícia. Não funciona, mas fica bonito, pendurado no espelho do carro; ora, evidentemente, deve haver um cofre no gabinete do Juiz, para que este possa guardar as panquecas - não queremos gente descuidada a passear informação importante pelas ruas;
-subindo na escala de complexidade, temos pois um aparelho extremamente secreto e pouco usual, a chamada "pen", um tubinho de plástico, com ou sem luzinhas, que se encaixa numa ranhura chamada entrada USB, que normalmente se encontra nos computadores - chama-se USB porque quer dizer Último Serviço Básico - e para onde se pode mandar a informação; carrega-se normalmente e mais ou menos como o CD, mas sem caixinha de plástico;
-finalmente, a mais sofisticada e secreta de todas as formas de salvaguardar informação - o disco externo, uma espécie de bolacha waffle, que cumpre a mesma função da pen, mas com uma capacidade 100 vezes superiores. Às vezes, também têm luzinhas e são ligados por um cabo ao rabo do computador, tipo clister;

Ora cá está como se pode proteger informação. Claro que, para mentes menos iluminadas e brilhantes como as dos juízes e seus ajudantes, mais as renas (ou isso é o Pai Natal - é que, como nenhuma destas pessoas existe de facto, fiquei agora momentaneamente confuso), não é fácil explicar como funcionam estes aparelhos revolucionários!
Mas comecem pelas renas, elas depois explicam aos outros!

6 comentários:

  1. Gostei especialmnte daquela alfinetada: Av. Futebol clube do "Puerto".
    Mas afinal, que homem do Norte és tu? Pensava que só querias Lisboa a arder, morte aos Mouros, e essas baboseiras labregas.
    Cada vez mais sobes na minha humilde consideração.
    Abraço.

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  2. Sou um verdadeiro "Home Do Nuarte, carago!!!", ou seja, sou do Benfica...

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  3. lolol, e maí nada. Bola à parte. chego à conclusão que na Blogosfera existe gente muito mais útil e interessante do que em muitos meios de comunicação social, a prová-lo está este texto que duma forma simples e entendivel para todos faz um diagnóstico duma justiça ou injustiça de um País. Por isso vos digo blogosfera=liberdade, mas é pena que os chamados opinion makers, que não valem um caracol furado, não tenham oportunidade de falar e fundamentalmente aprender, com quem conhece a realidade e sabe dos males que atormentam este País. Mas estão todos a soldo de alguém, vendidos,tendeiros da Nação. Por o texto não ter amarras te digo que muitos destes energúmenos deveriam de ler mais blogs e talvez aprendessem alguma coisa. Parabéns

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  4. Obrigado pelo elogio, e ainda bem que percebeste o que eu quis dizer. Podiam as pessoas às vezes pensar que eu tenho alguma coisa contra quem administra a justiça em Portugal, o que é falso, só posso ter alguma coisa contra quem realmente existe!

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  5. Está fantástico! É um retrato bem real do que se passa cá no Rectângulo!

    Apesar das ocorrências aqui descritas serem do mais triste que existe, conseguiste descrevê-las de uma forma ... hilariante!

    Bem para que conste, não sou fanática por futebol, mas a única coisinha de jeito que o Avelino Ferreira Torres fez foi mesmo escolher o nome da Avenida: "Avenida Fê.Cê.Pê"!

    :)

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  6. Isso são opiniões "do sistema"...
    ;)

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