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A nossa percepção da História é, por vezes, limitada pela nossa arrogância. Não é nada demais, uma vez que a nossa experiência está intrinsecamente ligada ao nosso tempo de vida. Logo, tendemos a pensar que o passado é uma história mal contada que pode ou não corresponder à verdade. Rezam as nossas crónicas actuais que a História terá começado a ser documentada aquando do aparecimento das primeiras cidades, resultantes das primeiras comunidades sedentárias. Destas cidades, de referir Çatal Hoyuk, na actual Turquia, Jericó, na Palestina e as impressionantes cidades indianas junto a Harappa. Estas cidades datam de períodos que oscilam entre 7000 e 5000 a.C. É assim comummente aceite que a história humana tem o seu início nestas datas, sendo que as primeiras grandes civilizações de grande porte terão aparecido apenas cerca de 2000 a 3000 anos depois, no chamado Crescente Fértil, com a civilização Suméria e o Antigo Egipto, que apareceram, historicamente, por volta de 4500 a.C.
Estas datas são segundos na história do planeta. Nenhuma desta civilizações e outras posteriores referem a história antiga do planeta. Os Egípcios tinham, no Livro dos Mortos, uma disposição cronológica de Reis que ia até datas longínquas, perto do ano 140000 a.C. Nesta lista de Reis apareciam figuras mitológicas como Horaktli (Rá) ou Osíris, figuras adoptadas como deuses nos tempos faraónicos. Assim sendo, os historiadores apenas fazem referência a estas cronologias, sem lhes dar grande crédito. No entanto, há muitas outras civilizações antigas que fazem referências interessantes a uma possível história desconhecida da humanidade. A mais conhecida é a dos Maias, cuja obsessão pelo Tempo ainda hoje espanta os historiadores.
Os Maias dispunham de três calendários extremamente precisos, dois civis e um religioso. O calendário de Contagem Longa tinha 360 dias. O outro calendário civil, o Haab, era muito parecido com o nosso actual calendário, com 365 dias e um quarto de dia, acompanhando o ciclo solar. O calendário religioso, o Tzolkin, era um ciclo completo de 260 dias. Os Maias, que herdaram estes conceitos de civilizações muito mais antigas, como os Toltelcas e Olmecas, passaram-no a civilizações posteriores, como os Aztecas. No entanto, acredita-se que aperfeiçoaram de tal modo os três calendários que a conjugação de datas dos três nos dá datas muito mais precisas que as que os nossos actuais relógios atómicos nos dão. Como nenhum destes três ciclos tinha nomes para os meses ou dias, os Maias simplesmente acabavam os períodos e começavam novos anos, sem ligar muito às datas em si. Quando necessitavam de registar as datas, usavam uma combinação entre dois ou mesmo dos três calendários. Como os ciclos são muito diferentes entre si, e uma mesma data só possa ser coincidente nos três calendários após dezenas, centenas ou mesmo milhares de anos, o registo era inequívoco e não dependente de uma data primordial, como acontece com o nosso calendário, dependente de uma data não confirmada para o nascimento de Cristo. Ou seja, os Maias encaravam o Tempo como uma sequência sem princípio nem fim, em vez de adoptarem uma data a partir da qual fazem contas. Só este conceito chega para nos pôr a cabeça às voltas, pois os cálculos envolvidos são de tal complexidade que não conseguimos sequer vislumbrar a sua verdadeira essência primordial.
Além desta complexidade com resultados incrivelmente precisos, o calendário de Contagem Longa tinha ainda outra particularidade. Era um calendário de acumulação de ciclos, ou seja, e daí o seu nome, era o calendário histórico, onde eram registados os acontecimentos históricos. Nada demais, certo? Mas aí vai a descrição do ciclo: 20 dias (kin)=1 uinal; 18 uinal=1 tun (360 dias); 20 tun= 1 katun; 20 katun = 1 baktun (394 anos); 20 baktun= 1 piktun (7885 anos). Por esta altura, esta contagem serviria para nos documentar a história conhecida da raça humana, certo? Pois, mas a coisa continua! 20 piktun= 1 calabtun; 20 calabtun= 1 kilchintun; 20 kilchintun= 1 alautun. Um alautun corresponde, grosso modo, a 63 milhões de anos. Ou seja, a data em que os dinossauros desapareceram da face da Terra! Um povo arcaico, sem conhecimento da roda ou da utilização de metal, apenas armado de uma notável percepção temporal e matemática, calcula o seu tempo até à data pré-histórica do desaparecimento dos gigantes da Terra! Os Maias acreditam que, a cada piktun passado, 7885 anos, o Universo conhecido é destruído e de novo recriado. A data de Dezembro de 2012, que muitos adoptaram como o final deste piktun, é altamente controversa. Pela conjugação dos dois calendários civis, seria uma data possível. Incluindo o calendário religioso, a data mais provável para o final do próximo piktun é, no entanto, 12 de Outubro de 4772.
Se podemos sonhar com o futuro, é bem verdade que poderemos também sonhar com o passado. Uma questão permanece como primordial. Porque razão os Egípcios tinham uma contagem de tempo até 150000 anos atrás? E porque razão os Maias (e antes deles os Precursores da Mesoamérica, os Olmelcas) ainda foram mais longe, calculando o seu tempo até ao último grande cataclismo global "conhecido"? Será que a nossa História é bem mais longa que o que nos ensinam ainda hoje nas escolas? Há indícios que talvez seja possível. Fica para um próximo post.
Estas datas são segundos na história do planeta. Nenhuma desta civilizações e outras posteriores referem a história antiga do planeta. Os Egípcios tinham, no Livro dos Mortos, uma disposição cronológica de Reis que ia até datas longínquas, perto do ano 140000 a.C. Nesta lista de Reis apareciam figuras mitológicas como Horaktli (Rá) ou Osíris, figuras adoptadas como deuses nos tempos faraónicos. Assim sendo, os historiadores apenas fazem referência a estas cronologias, sem lhes dar grande crédito. No entanto, há muitas outras civilizações antigas que fazem referências interessantes a uma possível história desconhecida da humanidade. A mais conhecida é a dos Maias, cuja obsessão pelo Tempo ainda hoje espanta os historiadores.
Os Maias dispunham de três calendários extremamente precisos, dois civis e um religioso. O calendário de Contagem Longa tinha 360 dias. O outro calendário civil, o Haab, era muito parecido com o nosso actual calendário, com 365 dias e um quarto de dia, acompanhando o ciclo solar. O calendário religioso, o Tzolkin, era um ciclo completo de 260 dias. Os Maias, que herdaram estes conceitos de civilizações muito mais antigas, como os Toltelcas e Olmecas, passaram-no a civilizações posteriores, como os Aztecas. No entanto, acredita-se que aperfeiçoaram de tal modo os três calendários que a conjugação de datas dos três nos dá datas muito mais precisas que as que os nossos actuais relógios atómicos nos dão. Como nenhum destes três ciclos tinha nomes para os meses ou dias, os Maias simplesmente acabavam os períodos e começavam novos anos, sem ligar muito às datas em si. Quando necessitavam de registar as datas, usavam uma combinação entre dois ou mesmo dos três calendários. Como os ciclos são muito diferentes entre si, e uma mesma data só possa ser coincidente nos três calendários após dezenas, centenas ou mesmo milhares de anos, o registo era inequívoco e não dependente de uma data primordial, como acontece com o nosso calendário, dependente de uma data não confirmada para o nascimento de Cristo. Ou seja, os Maias encaravam o Tempo como uma sequência sem princípio nem fim, em vez de adoptarem uma data a partir da qual fazem contas. Só este conceito chega para nos pôr a cabeça às voltas, pois os cálculos envolvidos são de tal complexidade que não conseguimos sequer vislumbrar a sua verdadeira essência primordial.
Além desta complexidade com resultados incrivelmente precisos, o calendário de Contagem Longa tinha ainda outra particularidade. Era um calendário de acumulação de ciclos, ou seja, e daí o seu nome, era o calendário histórico, onde eram registados os acontecimentos históricos. Nada demais, certo? Mas aí vai a descrição do ciclo: 20 dias (kin)=1 uinal; 18 uinal=1 tun (360 dias); 20 tun= 1 katun; 20 katun = 1 baktun (394 anos); 20 baktun= 1 piktun (7885 anos). Por esta altura, esta contagem serviria para nos documentar a história conhecida da raça humana, certo? Pois, mas a coisa continua! 20 piktun= 1 calabtun; 20 calabtun= 1 kilchintun; 20 kilchintun= 1 alautun. Um alautun corresponde, grosso modo, a 63 milhões de anos. Ou seja, a data em que os dinossauros desapareceram da face da Terra! Um povo arcaico, sem conhecimento da roda ou da utilização de metal, apenas armado de uma notável percepção temporal e matemática, calcula o seu tempo até à data pré-histórica do desaparecimento dos gigantes da Terra! Os Maias acreditam que, a cada piktun passado, 7885 anos, o Universo conhecido é destruído e de novo recriado. A data de Dezembro de 2012, que muitos adoptaram como o final deste piktun, é altamente controversa. Pela conjugação dos dois calendários civis, seria uma data possível. Incluindo o calendário religioso, a data mais provável para o final do próximo piktun é, no entanto, 12 de Outubro de 4772.
Se podemos sonhar com o futuro, é bem verdade que poderemos também sonhar com o passado. Uma questão permanece como primordial. Porque razão os Egípcios tinham uma contagem de tempo até 150000 anos atrás? E porque razão os Maias (e antes deles os Precursores da Mesoamérica, os Olmelcas) ainda foram mais longe, calculando o seu tempo até ao último grande cataclismo global "conhecido"? Será que a nossa História é bem mais longa que o que nos ensinam ainda hoje nas escolas? Há indícios que talvez seja possível. Fica para um próximo post.
Um belo texto de história... mas perdi-me :)
ResponderEliminarPDI... meu caro.
Um grande abraço e um BOM 2010
Porra da Inteligência??
ResponderEliminarMuito fixe, é de facto espantoso o que conseguiram com tão pouca tecnologia e como são deixados de fora pelos manuais de história.
ResponderEliminarHá mais? :p
ò minha cara menina Ção! Se há mais?? Os Maias são uma das mais brilhantes civilizações do passado. Infelizmente, quando os europeus chegaram à América, já eles se tinham desmembrado como sociedade, por isso os registos escritos são poucos. Mas há os monumentos. Os Maias são descendentes dos Olmecas, a verdadeira raça precursora da América, e da civilização de Teotihuácan, que nos deixou alguns dos vestígios mais imponentes do Mundo Antigo. Há imensos livros sobre estas civilizações. Não são a minha "especialidade", essa são as civilizações pré-clássicas, Egipto e Suméria. Mas já li imenso sobre os Maias. Cuidado com a carnificina.
ResponderEliminarOutra coisa que pode fazer é ver o filme do Mel Gibson, Apocalipto, que extremamente realista e dá-lhe uma ideia da grandeza dos Maias e Aztecas.
apocalipto...ok vou ja sacar... :P
ResponderEliminare é bem possivel que a nossa história se expanda para lá do conhecimento que hoje temos. e realmente os maias merecem admiração pelos seus estudos avançados e pela sua civilização que tanto nos ensinou...
Ana, existem indícios que podem indicar uma história mais antiga e ainda pouco conhecida do homem. O grau de desenvolvimento técnico do Egipto, por exemplo, que parece ter decaído com o tempo, em vez do contrário.
ResponderEliminarUm destes dias deu um documentário no canal 2 sobre este assunto. Foi muito interessante, tenho pena de não o ter gravado.
ResponderEliminarComo acho que os Maias eram uma civilização muito à frente, não me parece que o "fim do mundo" fosse assunto para ser "tratado" apenas em dois dos três calendários, muito menos o religioso não poderia ficar de fora do assunto, por isso estou descansada... ainda tenho 2762 anos para andar por cá!
Pronúncia, de facto a data aceite para o final do piktun é esta. Isso não quer dizer que 2012 não seja palco de alterações dramáticas. Apenas não a renovação do universo. Isto falando do ponto de vista maia, claro. Mas há algo interessante nessa data, e tem a haver com as profecias, mais do que com os calendários ou cálculos.
ResponderEliminarParabéns pelo texto !
ResponderEliminarOs Mayas não tinham o zero mas tinham um ponto e depois o um .
É ( era ) esse ponto conceptualizado como sendo o nosso zéro ? Não sei.
Mas talvez aí esteja que tinham uma percepção temporal diferenta da nossa ( actual ).
No que diz respeito ao Egipto existem teorias interessantes que deixam entrever que o saber dos Egipcíos seria a continuação dum saber fazer já existente na África negra ( píramides ).
Porque a corte Portuguesa terá pensado na altura a existencia dum reino fabuloso além do Bojador ?
Faltam efectivamente traços escritos ...
Vou me embora, caso contrário vai pensar que estou maluquinho,
Nuno
Nuno, não é com certeza maluquinho!...
ResponderEliminarAgradeço o elogio.
Esta temática seduz-me desde que tive conhecimento da obra de Graham Hancock, que preconiza que as grandes civilizações do Crescente Fértil tiveram uma origem comum e muito mais antiga, uma espécie de precurssor geral, cuja influência se terá estendido inclusivamente às Américas, nomeadamente aos antepassados dos Incas e aos Olmecas, antepassados dos Maias. Poderíamos saber muito mais acerca destes precurssores nas Américas se se fizessem alguns estudos sérios sobre as civilizações perdidas de Tiahuanaco e Teotihuácan, sendo que a primeira é uma cidade com mais de onze mil anos de idade, altura em que alguns dos animais nela representados ainda viviam nas Américas (mamutes). No entanto, e tal como acontece no Egipto, as autoridades oficiais rejeitam este tipo de investigação.
Quanto ao zero, para mim representa sem dúvida um número. No entanto, em termos reais, o zero apenas marca a viragem do universo negatico para o positivo. Na questão das datas, é frequente fazer-se um julgamento erróneo ao alvitrar a existência do "ano zero". Ora um ano zero não pode existir, pois o primeiro dia do calendário faz já parte do ano um.
Concordo, mas foi preciso esperar o século 16 para que o zero fosse um número. Foram os Hindus que inventam o zero no início da Idade Média e que os Arabes recuperam (sifr = palavra que designa o vazio, o nada ).
ResponderEliminarOs Gregos não admitiam que uma area, um volume, uma distancia fossem mais pequenos que o nada.
O zero não é neutro. Contribuiu consideravelmente para a evolução da matemática e concepção da ideia de número negativo.
Ora a mim o que me questiona é saber quem é essa marca que marca a viragem ( ou a fronteira ? ) entre o infinito menos e o infinito mais.
Desculpe se o aborreci.
Nuno
De forma alguma. Transpondo ao plano cosmogónico, não é interessante pensar que desde os confins do Universo negativo até aos limites do Universo positivo, se tem de passar obrigatoriamente pelo nada? E o que será essa nada? Anti-matéria? O ponto absorvente do Tempo? Um buraco negro?
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