quarta-feira, 17 de agosto de 2011

CLARIVIDÊNCIA

Foto Google

    Muito tenho eu criticado este governo pelas opções que toma no que toca ao controlo orçamental. O desastre para a classe média portuguesa está a consumar-se num ritmo alucinante. O facto é que ninguém parece preocupado com a perda repentina de rendimentos que teve, por isso concluo que o povo português, afinal, é rico e pode muito bem ganhar menos. Ou isso ou então temos uma comunicação social que navega completamente à vista (no caso, à vista do governo em funções). Ou então ainda já arranjaram novo tacho à Manuela Moura Guedes, não sei bem. Não sei o que se passa, mas que é estranho, é.
    No entanto, quando há tanto para criticar no ideário ultra liberal de Passos Coelho, a verdade é que assiste-me a responsabilidade de identificar também as coisas bem feitas. Hoje parece ter-se aberto o caminho para uma dessas coisas e é responsabilidade aparente do Ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira. Parece que o ministro se deslocou a Espanha para dizer que Portugal não quer TGV. Essa seria a boa notícia? Não obrigatoriamente.
    O que parece ter acontecido é que o ministro acabou a reunião com o ministro espanhol do Fomento (palavra bem mais feliz que Economia) acordando que uma ligação ferroviária de alta velocidade entre Sines e Madrid, apenas e tão só para mercadorias, seria uma opção muito válida. Ora, não é de hoje, senão do princípio deste blog, que venho opinando que um projecto de TGV para passageiros é um projecto inócuo e inviável economicamente, por muitas petas que nos pregassem os ex-ministros socialistas. Mas sempre defendi que houvesse uma ligação rápida (TGV é muito rápida) de Sines a Madrid, de forma a rentabilizarmos um dos maiores portos de mar da Europa, tão negligenciado por sucessivos governos.
    Uma vez que o anterior governo avançou com a obra de acessibilidades rodoviárias condignas a Sines e ao seu Porto, fico agora satisfeito com este projecto. É necessária clarividência nestas coisas, e parece-me que Santos Pereira teve um surto dela. Oxalá o seu ígnaro chefe não o desautorize.

8 comentários:

  1. Também me parece bem, mas estou a leste de números concretos. Vamos lá ver o que sai daqui.

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  2. Concordo totalmente! (Huuummmm... Estou a concordar muito contigo ultimamente! Estarei com uma virose? Ehhhhhhh!) :)

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  3. Sines nunca irá servir Madrid. A capital espanhola, situada bem no centro do país, tem opções mais competitivas (e mais perto) como Valência e Bilbao. Além disso estes dois portos são servidos por mais armadores do que Sines, logo a oferta é superior.

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  4. Concordo em absoluto com a ligação de Sines a Madrid. E acho também que o TGV não é opção para nós pelos menos nos próximos 4 anos. Identifico outras prioridades.

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  5. André, por se querer inverter as coisas é que se faz algo, não é? Os portos espanhóis estão esgotados. Esquece que as regiões onde se inserem as cidades que referiu são igualmente muito populosas. Seja como for, se não experimentarmos, não podemos dizer muito... Além disso, Madrid é apenas um destino entre muitos outros. Sines é o maior porto de águas profundas da Europa, e o primeiro que aparece a quem vem do Atlântico.

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  6. Garcia, um TGV de passageiros é uma catástrofe financeira, seja daqui a quatro anos ou quatro meses. É mais fácil, rápido e barato viajar de avião.

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  7. Se bem te lembras, já várias vezes discutimos a temática TGV, neste teu espaço, pelo que sabes a minha opinião. Sempre defendi a opção mercadorias e sempre me pareceu um "elefante branco" a opção passageiros.

    Mas isso parece-me do mais elementar bom senso... pena que se tenha andado décadas a discutir se a linha deveria ser em L ou em T e a insistir-se numa megalomania...

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  8. Pronúncia, até não poderia ser um elefante branco, caso a ligação Porto-Lisboa se fizesse a preços decentes. Pelo dobro de um bilhete de avião... Não me parece. Mas sabes bem a minha posição, mais do que na questão do TGV, na questão estratégica do Porto de Sines. Aí sim, penso que toda a dinamização será pouca. A ver vamos.

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