Parece que ainda não acabaram outras e estala nova polémica. Agora é com os transportes públicos, e porque parece que as empresas públicas de transportes parecem estar falidas. Ou tecnicamente falidas, que é um termo suavizante para dizer que estão falidas. Aliás, ultimamente temos sido assaltados permanentemente com termos suavizantes, e isso começa a irritar um pouco quem fala apenas o português mais duro e puro, e sem acordos pornográficos. É que é a crise do euro, quando sabemos que não é uma crise, é uma morte. É a crise da dívida soberana, quando sabemos que não é nenhuma crise rainha, mas tão só e apenas activos bancários que foram com os porcos. É Sarkozy, quando sabemos que é um gajo que usa tacões para ficar bem nas fotos. É agricultura portuguesa, quando sabemos que tal coisa não existe desde o Cavaco. É exportações, quando sabemos que isso é a Auto Europa. É concorrência, quando sabemos que é a China. É calhau sem olhos quando sabemos que é Merkel... Enfim, estou farto de termos suavizantes.
Voltando à vaca fria, e não sei se está fria ou não, sei que as empresas públicas de transportes estão falidas. E agora lá se criou uma comissão para estudar a melhor forma de poupar dinheiro nas empresas públicas de transportes, que é mais uma forma suavizante para dizer que a comissão vai estudar os cortes a aplicar nos transportes públicos. Já sabemos que 600 kms de linha férrea vão ao ar. Agora, parece que se estuda a forma de reduzir a rede de transportes públicos de Lisboa. E quem está à frente desta comissão é o homem que esteve à frente da comissão que estudou a forma de aumentar a rede de transportes públicos de Lisboa. Faz sentido, por um lado. Como foi ele que a aumentou, agora sabe exactamente onde cortar para a reduzir. Por outro lado, não faz sentido nenhum pôr a pessoa a quem se entregaram milhões para gastar à frente de uma comissão que quer reduzir os milhões que ele arranjou maneira de pôr a voar. Enfim. São escolhas e nada disto surpreende por aí além.
Voltando à vaca fria, e não sei se está fria ou não, sei que as empresas públicas de transportes estão falidas. E agora lá se criou uma comissão para estudar a melhor forma de poupar dinheiro nas empresas públicas de transportes, que é mais uma forma suavizante para dizer que a comissão vai estudar os cortes a aplicar nos transportes públicos. Já sabemos que 600 kms de linha férrea vão ao ar. Agora, parece que se estuda a forma de reduzir a rede de transportes públicos de Lisboa. E quem está à frente desta comissão é o homem que esteve à frente da comissão que estudou a forma de aumentar a rede de transportes públicos de Lisboa. Faz sentido, por um lado. Como foi ele que a aumentou, agora sabe exactamente onde cortar para a reduzir. Por outro lado, não faz sentido nenhum pôr a pessoa a quem se entregaram milhões para gastar à frente de uma comissão que quer reduzir os milhões que ele arranjou maneira de pôr a voar. Enfim. São escolhas e nada disto surpreende por aí além.
Ilustração de Marco Joel Santos |
Evidentemente que concordo com o corte maciço das redes de transportes públicos. Não só de Lisboa, como do Porto, de Coimbra e de Sernancelhe. Pelo menos estes quatro, senão outros mais, como Mação e Aljustrel. É cortar porque isso é coisa que concordo, por várias razões, e enumerando:
• não utilizo transportes públicos, só utilizo automóvel; por isso, a mim não me afecta em nada;
• são um foco de disseminação de doenças, particularmente de doenças de pobre; nada de gota ou enxaqueca, é mais gripe suína e tuberculose;
• são um transporte mais ecológico que os automóveis, e por isso devem ser pagos mais caro que o custo de andar de automóvel; explica-se facilmente: tudo o que é ecológico é muito mais caro, o que aliás serve de incentivo ao seu uso, não fosse o português apologista do “caro é que é bom”;
• custam impostos de todos e só são usufruídos por alguns, ou seja, o princípio do utilizador-pagador não se aplica; são, por essa razão, contrários ao princípio do Governo, e por essa razão devem ser extintos (ainda de acordo com este princípio, aguardamos o fim de outros serviços que não são pagos pelos utilizadores, ou não são utilizados pelos pagadores – tribunais, Assembleia da República, Presidência da República, etc...);
• em tempos de crise não se devem alimentar vícios; os pobres devem convencer-se de que devem apenas andar a pé ou de bicicleta, ainda que para trabalhar tenham percursos de 20 ou 50 kms;
• porque é saudável andar a pé ou de bicicleta;
• porque é ecológico andar a pé ou de bicicleta, e o Governo pode automaticamente cobrar aos pobres a taxa ambiental porque, recordo, o que é ecológico é mais caro;
• porque é uma receita mais para o Estado – os custos das vias verdes das bicicletas a passar de Gaia para o Porto podem atingir valores astronómicos, e nem se fala das pontes lisboetas...
• finalmente, o fim dos transportes públicos em Portugal é a única decisão que faz sentido, uma vez que dão prejuízo, sendo que obviamente os impostos pagos pelos cidadãos têm fins mais dignos em que ser gastos (Cabo Verde, ilhas Caimão, etc). Aliás, por esta última ordem de ideias, aguarda-se com alguma impaciência o fim de outras coisas que os nossos impostos pagam e que dão prejuízo. As escolas, universidades, hospitais, polícias, estradas e outras coisas do género devem acabar em breve, uma vez que dão prejuízo e estão tecnicamente falidas. Ou pelo menos devem ser privatizadas. Eu proponho desde já uma portagem da Ascendi aqui na minha rua. E com taxa máxima para autocarros da STCP.
Acho que não é "luz ao fundo do túnel", é "Grécia ao fundo do túnel". Não tenhamos dúvidas, existem cada vez mais parecenças entre a situação grega e a portuguesa. Os transportes não fogem à regra, as constantes paralisações também não. O corte nas redes de transportes públicos é mais uma machadada na vida profissional de quem trabalha, a que se seguirá a abolição dos feriados. Vamos ser trucidados, não pelo comboio...
ResponderEliminarEu como uso transportes públicos diariamente para ir trabalhar, vou continuar a usá-los: vou de táxi!!! Há que dar emprego a alguém, não?
ResponderEliminarFátima
Dylan, e a mim chamam-me "teórico da conspiração" e "profeta da desgraça"... Porque há muito que venho a dizer isso. Como bem sabes.
ResponderEliminarFátima, com certeza. O que me parece é que o Governo não pensa dessa maneira.
ResponderEliminarDesculpa mas vou usar o meu mais recente lema... S´vou alterar a pessoa da conjugação!! "Que se fodam!"
ResponderEliminarDe desastre em desastre até à derrocada final. Já impressiona tanta incompetência.
ResponderEliminarMalena, que se fodam, pois. Hei-de ter esse prazer na vida.
ResponderEliminarAndré Miguel, não sei se é incompetência. Com certeza há coisas que hão-de fazer bem, levados pelos compromissos internacionais e sua própria ideologia. Fazer bem não implica bem fazer, no entanto.
ResponderEliminarGostava se saber qual o lucro dado pela Assembleia da República ano após ano e poder cortar nisso também; e se chegássemos à conclusão (óbvia) que algumas cabeças davam prejuízo lá cortávamos também os pescoçais que as suportam...
ResponderEliminarToca a afiar as naifas!
Catsone, já não me iludo. Dantes queixavamo-nos dos velhos políticos. Foram para estes novos e as ideias são mais velhas que o cagar. Creio que mesmo cortando o pescoço a quem lá está, a semente de novos chulos germinava rapidamente. Temos de mudar o sistema. Não podemos continuar com isto assim.
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