terça-feira, 8 de maio de 2012

CONFUSÃO


Ilustração Marco Joel Santos


Ninguém me convence que por estes lados não grassa a maior das confusões. É que ninguém tente sequer. Isto por estes lados vai uma daquelas salgalhadas que nem um prato chow tautau mau mau Maria num restaurante chinês daqueles que arrebanha cães e gatos, em que nunca sabemos se o que estamos a comer é carne, peixe ou chinês morto. Ou os ditos cães e gatos, se bem que estou convencido que a esses só os utilizam para fazer molhos… Ninguém se entende. Está um caos, o chamado Ocidente. Ou seja, a Europa. Sim, porque os Estados Unidos são Far West.
A vitória de um francês nas eleições presidenciais francesas espantou meio mundo. O que não devia acontecer, porque era mais que sabido que Sarkozy não ganharia, e esse era o único húngaro a concorrer ao cargo. Mais ainda, como é que os franceses conseguem votar num socialista, passados 17 anos de Miterrand? Os deuses podem estar lúcidos – ou mortos, pelos sinais que não vão dando – mas os franceses estão loucos! Diria Obélix, na sua sapiência simplória, lá com o calhau às costas: “Ils sont foux, ces gauloises!”. Também não sei se é assim que se escreve, que o meu latim gay está meio enferrujado.
O facto de um socialista ter ganho as eleições na França – aquilo do outro ser húngaro era só brincadeira, embora seja verdade – foi um valente pontapé nos tomates de muita gente. Principalmente os amantes da austeridade que por este triste país pululam. Austeridade para os outros, entenda-se. Porque quando a começam a sentir, raramente gostam. Pois agora o homem, o tal de Holanda (mas dizem que é francês e não vai a Amesterdão fumar brocas – fuma-as em Paris mesmo) promete acabar com a austeridade e tal. Ora por mim, tudo bem, força nisso e boa sorte e o catano. Como é que ele vai fazer isso? Bem, não se sabe muito bem. Mas eu até lhe poderia dar umas ideias. Para já, acabava com a situação que me parece ser usual na Europa: o de se viver acima das possibilidades. Sim, é verdade, há meia dúzia de palhaços que afundam a economia toda e ficam com o meu guito todo – logo, vivem acima das possibilidades, nomeadamente das minhas. E parece que cortar as unhas a quem vive acima das minhas possibilidades é uma das possibilidades que o gajo com nome de país onde crescem tulipas a dar com um pau põe para acabar com os programas de austeridade. Porque convenhamos, BPNs, Berardos, PPPs, EDPs… todos eles vivem acima das minhas possibilidades – claramente. Dá-me impressão que se não tivesse de pagar a essa gente toda, a minha austeridade poderia ser… menor, vá…
Benzem-se os acólitos, rasgam as suas vestes os padres da austeridade. De notar que os padres dantes rasgavam as suas vestes perante as iniquidades do mundo, mas estavam entre aquela parte da população que, digamos, não morriam de fome. Hoje é igual. Aqueles que já convenceram quase todos os outros que passar fome é necessário não a passam. Se passassem não opinavam na TV. Andavam a catar caixotes do lixo. O medo reside aí: e se há outro caminho e as pessoas comuns sabem disso? Catano, que grande estrago…
Agora, engraçado, mas engraçado mesmo, é que toda a gente está de olhos postos no gajo das tulipas. Ou das brocas, tanto dá. Até a Angela está de olho nele. E vai daí, talvez não. Provavelmente está a planear a melhor maneira de se vingar dos franceses, esses grandessíssimos ingratos que não votaram no seu animal de estimação, como lhes tinha ordenado várias vezes, desde Berlim. O nosso PSD também já está de olho nele, pelos vistos. Parece que agora, ao contrário deste último ano, em que apenas era necessário controlar a despesa, essa maluca que derrapou mais uma vez, mesmo com as ordens da Angela, desde Berlim, são necessárias medidas de crescimento e em prol do emprego! Notável. Como uma noite de domingo mal dormida pode mudar a nossa forma de ver o mundo… Mas, como eu dizia, engraçado, mas engraçado mesmo, é que toda a gente fala da França. Mas quem tem a Europa nas mãos e segura pelos tomates (serão os da Angela? Os do Passos não são, parece ter sido capado à nascença…) não é a França. É a Grécia, pá…

2 comentários:

  1. Não tenho tomates mas, não sei porquê, deram-me aquelas dores fantasma que parecem sentir-se quando nos amputam um membro!!!
    A mim, parece-me que um tomate está nas mãos da Grécia e outro nas da Alemanha! Apre!!!

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  2. Malena, esquece, neste momento a Alemanha tem o poder institucional, é certo, mas atenção, podemos estar a assistir a uma mudança de paradigma. Das instituições para o povo.

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