O novo
Califado está em marcha, dizem-nos as notícias vindas do Próximo Oriente. O chamado
Estado Islâmico está em expansão na Síria e no Iraque, e as notícias das
atrocidades cometidas em nome do Islão são recorrentes. Aliás, não era já
necessário que nos chegassem estas notícias, pois já sabíamos que o Islão tem
um longo historial daquilo a que chamamos barbárie humana na sua mais pura essência.
A novidade
parece prender-se apenas com a oportunidade, e com a força que o movimento
apresenta. Nem sequer é novidade o objectivo do movimento, a restauração do
Califado. O que é o Califado? Era um reino teocrático, com sede em Bagdade,
presidido por um Califa que, de uma forma mais ou menos clara, era descendente
da família próxima de Maomé. Abrangia todo o Próximo Oriente, Norte de África,
parte do sudeste da Europa, a Península Ibérica, Pérsia, Afeganistão, Grande
parte das ex-repúblicas soviéticas do sul, parte da Índia e mesmo da China. Um império.
A situação
na Península Ibérica foi vantajosa para os povos envolvidos em quase todas as
vertentes, pois os avanços em quase todos os domínios que os sarracenos
trouxeram fizeram do sucessor do grande Califado na Península, um novo califado
conhecido por Al-Andalus, a idade de ouro da Península Ibérica, que só retomou
algum do seu brilho com a unificação de Espanha e com os Descobrimentos.
No entanto,
o fundamentalismo islâmico pouco ou nada tem a ver com os tempos áureos do
Al-Andalus, a não ser uma vaga pretensão do Estado Islâmico à posse da
península. Vaga mas, dizem, real. A conquista da península ibérica por este
grupo de energúmenos da pior espécie seria uma catástrofe inimaginável. Mas uma
catástrofe que não acontecerá por certo. O profundo desprezo por tudo o que não
caiba na Sharia – não necessariamente no Corão, pois são coisas diferentes – é um
facto real nas vidas destes fundamentalistas idiotas. Não só nas deles, mas nas
de muitos islamitas por esse mundo espalhados. O que mais ressalta é o profundo
desprezo pela mulher, o rebaixamento do sexo feminino à condição animal, quando
muito.
Será escusado,
no entanto, o Estado Islâmico pensar em invadir a Península Ibérica, ou pelo
menos Portugal, para instaurar a Sharia e o rebaixamento das mulheres
portuguesas à condição de propriedade masculina. A verdade é que Portugal há
muito se rendeu a essa condição. A passividade do país inteiro, incluindo
movimentos caritativos ou de promoção dos Direitos Humanos à verdadeira
tragédia que se desenrola em torno das mulheres portuguesas, ou uma boa parte
delas é sinal de que Portugal há muito se rendeu ao fundamentalismo islâmico.
Ou hindu, ou cristão, ou judaico. Qualquer fundamentalismo religioso, na
realidade, pois todos eles rejeitam a igualdade das mulheres.
É impressionante
o número de fundamentalistas islâmicos que Portugal já comporta. Todos nos
relembramos dos fundamentalistas de S. João da Pesqueira e de Carrazeda de
Ansiães, aplaudidos à saída do Tribunal depois de aplicarem a Sharia às
mulheres da sua própria família. O número de queixas de mulheres sujeitas a
violência doméstica em Portugal é assombroso, e este é um daqueles assuntos de
que Troika ou OCDE nenhuma fala. É uma vergonha ser português, ao constatar
aquilo que se passa neste particular.
E as que
não apresentam queixas? E aquelas mulheres que se dirigem às autoridades para
ouvirem que podem ir para casa “lavar a louça”? Não, não é ficção. É o Estado
teocrático em que vivemos, o Estado fundamentalista, uma sociedade podre em que
podem cair os tomates a qualquer “chefe de família” se não mandar uns berros à
sua “mulher”, e não lhe “acertar o passo” de vez em quando, ou de quando em vez
e até todos os dias. Como reportar estes abusos, se as autoridades bebem uns copos
com o criminoso no café da aldeia? Sim, é que Portugal não é só Lisboa e Porto…
E que
dizer das mulheres que, miraculosamente, conseguem provar a violência
doméstica? Vêem os seus agressores castigados com risíveis multas ou penas
suspensas, e ainda por cima perdem os filhos, se os houver, porque o “lar não
reúne as melhores condições para a co-habitação de menores”...
Isto não
é a Síria nem é o Iraque, nem o Afeganistão. As nossas mulheres não andam de
burka nem de nikab. Mas caem nas escadas muitas vezes. Isto é Portugal, e isto
é uma vergonha com que nos devíamos preocupar. Muito, mas muito mais do que com
o distante Estado Islâmico…
PS: Parece que só combinando as palavras Islão e Radical se consegue chamar a atenção das pessoas. Acho que o assunto merece o "engano".
O bom portuguesinho sempre se preocupa mais com o que se passa para lá do seu quintal!
ResponderEliminarE merece o "engano" do título, sim!
Beijos, Cirrus! :)
Deviam-te cortar a pilinha e porem-te um pipi. De seguida mandavam-te para o estado islâmico para perceberes a diferença entre a merda e os caramelos vaquinha.
ResponderEliminarFeliz natal.
Caro anónimo, fiquei sem perceber se te consideras merda ou caramelo vaquinha...
EliminarFeliz Ano Novo, aí no meio da merda, ou com os cornos na testa...
Se tivesse um mínimo de sensibilidade hoje, depois daquilo que aconteceu em Paris, o cavalheiro apagava o texto que tem em cima sobre o ISIS, e de seguida atirava-se de cabeça de um prédio (bem alto) abaixo.
ResponderEliminarSim, mas sensibilidade é uma coisa que nem a merda nem com cornos na testa se deve ter. Mas vai daí, não sei... Não tenho experiência. 47 mortes.
EliminarEste comentador preocupado com a linguagem é mais um que anda com a tanga do Je Suis Charlies por aí muito preocupado, com a liberdade de expressão, mas depois oh meu deus, estamos a usar as palavras Islão, radical, e essas são proibidas. Muito tento na língua. É assim mesmo assim Caro Cirrus. Se alguém souber ler o seu texto conclui uma coisa simples:ao nossa falsa tolerância, mata mulheres a torto e a direito e ninguém quer saber. É a pura das verdades!Quanto ao ISIS , meus amigos, convençam-se são outros novos nazis e teremos de os combater. Fica bem. Bom Ano
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