Portugal,
2014. O fim do pesadelo, a refundação do país sobre os escombros. Um raio de
sol que espreita por entre as sombrias nuvens de tempestade deixa adivinhar a
bonança. Uma terra de lendas levanta os olhos para o futuro, ciente dos
esforços a que foi obrigada. Uma réstia de esperança, um amanhã melhor, um reflorescer
de primavera tardia que de tanto tardar tanto desesperou.
Emergem
pois, os salvadores da pátria. Os que acolheram os vampiros em sua casa, os que
antes se diziam seus aliados, abrem agora garrafas de espumante com a sua ida. Pois
que se os vampiros se aprestaram em beber o sangue dos desafortunados
habitantes da outrora excelsa terra, os que os acolheram depressa se
prontificaram a roer-lhes os ossos.
Os
ossos estão roídos, o sangue já lá vai. Os vampiros terminaram a sua missão
nesta terra. É hora daqueles que os acolheram lhes voltarem as costas, de os apressarem
na saída, não vão os vampiros encontrar uma qualquer jugular virgem de esmalte
dentário. Os habitantes da terra rejubilam, exultam, erguem os seus esqueletos
ensanguentados e esperam pela bonança. Pelos tempos venturosos que se
aproximam, sob o jugo daqueles que um dia trouxeram os vampiros à terra.
“Não
morreram, pois não? Quer dizer, pelo menos a maioria não morreu, pois não?” – Perguntaram,
alto e bom som. E o povo rejubilou, e aclamou e afirmou que ainda estava vivo e
esperançoso.
“Ainda
estão vivos, ou não?”. E o povo aclamava.
“Não
vos roemos os ossos até ao tutano, pois não?”. E o povo exultava.
“Mas
ainda a noite é uma criança, e esse tutano tem tão bom aspecto. E os vampiros
não voltarão a beber-vos o sangue, a menos que vos roamos os ossos até ao
tutano…!”
Mas ainda há ossos? Só se forem as falanginhas, Cirrus! Até os ossos foram quase todos!
ResponderEliminarOssos vai haver sempre...
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