É
verdade que já muito escrevi sobre a Igreja neste blog e que isso já muitas
discussões me trouxe e até alguns aborrecimentos com pessoas que outrora por
aqui cirandavam – e das quais, diga-se, não sinto rigorosamente falta alguma, o
que só por si diz muito da estúpida preocupação que na altura as discussões me
traziam. Entretanto, aprofundei os meus estudos sobre as religiões, o que é
sempre interessante para uma pessoa que se assume como não religiosa. No caso
de algumas religiões, o estudo aplacou-me o espírito, noutros só confirmou
aquilo que já pensava.
Não
vou falar das vergonhas históricas da Igreja Católica, elas são muitas e
conhecidas por demais. E deve dizer-se que não é a única religião com vergonhas
dessas. Mas a Igreja contemporânea, por certo, e ainda que o seu poder seja
bastante mais limitado no aspecto secular, não deixa de ter uma história
fascinante. Hoje, curiosamente, li três artigos sobre a Igreja que me puseram a
cogitar sobre essa história mais recente.
Segundo
a Wikileaks, o golpe fascista de Pinochet foi expressamente apoiado pelo Vaticano,
decorria o ano de 1973, e era o vigário de cristo um tal de Paulo VI. A
conivência do Vaticano com sectores “tradicionais” da política internacional
nunca foi uma política colocada em causa por ninguém, e para isso basta
relembrar que este mesmo Paulo VI tinha excelentes relações com regimes
fascistas, como era o caso do bem próximo Brasil. A ingerência da Igreja na
América latina foi flagrante também depois, ao longo do resto do séc. XX, como
bem o demonstram os financiamentos a movimentos de guerrilha e a governos
autoritários fascistas, como nos casos da Nicarágua ou da Argentina e,
confirma-se agora, do Chile. Nada de novo? Não, nada de novo. O problema é que
Paulo VI já é beato e João Paulo II já é santo.
Outro
artigo que li ainda hoje dava conta da enorme mudança, pelo menos mediática, na
Igreja Católica, mercê da mudança de Papas, com a resignação de Bento XVI e a
sua sucessão pelo carismático e reformador Francisco. Coisa que parece não
estar a cair muito bem em alguns sectores do vaticano nem em muitos sectores “tradicionalistas”
da política mundial, permitindo-se o artigo à comparação da sucessão de Bento
XVI por Francisco da “noite para o dia”. Ora, se Francisco é tão bom como
dizem, e se é o dia a raiar no Vaticano, então Bento XVI representava as trevas
na Igreja. Como eu sempre afirmei. Parece que agora já ninguém se lembra do
quanto defendiam Bento XVI, perante a presença luminosa de Francisco. Pois é,
mas eu lembro-me.
Por
último, um outro artigo, não menos interessante, que dá conta de que o trabalho
extraordinário feito por Bento XVI no âmbito da erradicação da pedofilia na
Igreja deu os seus frutos. A Igreja já afastou 848 padres da sua família
eclesiástica por práticas pedófilas. Aparentemente, temos de dar os parabéns à
Igreja por este feito. Eu afino por outro diapasão. Temos de condenar a Igreja,
e veementemente, por este facto. Se 848 padres foram afastados pela prática de
pedofilia, e se nenhum ou pouquíssimos estão a ser julgados ou na cadeia por
esse hediondo crime, o que se devia exigir à Igreja, e agora e não daqui a 20
anos, são as provas dos crimes desses padres, para que possam sofrer as
consequências dos seus actos perante a justiça civil e não apenas canónica. Um
monstro é um monstro, quer seja padre ou não. E merece cadeia, não apenas ser
afastado da Igreja.
A Igreja Católica tem tido esse mau papel, com honrrosas exepções, o caminho é sempre de esmagar o povo, ajudar os poderosos, esmagar as revoltas, ou prometer o ceu , depois de mortos, para que aguentem o inferno em vida. Esse é o seu papel. Por isso acabaram com a Teologia da Libertação, que combinava cristianismo com mudança política... e quem acabou com a Teologia da Libertação foi Ratzinger, o agora Santo.
ResponderEliminarPor isso respeito os católicos ( os verdadeiros) mas tenho pouquissimo respeito pela Igreja Católica, apesar de me virem com a conversa de que ajuda muito os pobres. Certo, mas isso tem também um objectivo: evitar revoltas...dos povos empobrecidos...
Ratzinger (ou seja: Bento XVI) já é santo? E como ? Tanta ignorância , sim, é mesmo santíssima!!!
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