Em Timor,
a Comunidade de Países de Língua Portuguesa finalmente ratificou a entrada como
membro efectivo da Guiné Equatorial. Um país que tem como primeira língua o
espanhol, como segunda o francês e terceira o inglês, e agora, como quarta, o
português. Talvez seja por isso, por ser um país tão poliglota, tão
evidentemente evoluído, tão cosmopolita, que a CPLP o terá admitido no seu
seio.
Havia uma
frase, escrita ou proferida por alguém extremamente inteligente e ligeiramente
mamado nas drogas duras que consistia no seguinte: “A minha Pátria é a Língua
Portuguesa”. Nunca me identifiquei minimamente com esse tipo de sentimento. A minha
Pátria não é a minha língua. A minha Pátria é a minha gente, e podem falar
português, galego ou chinês, a minha Pátria é a minha gente. Mas até faz
sentido que numa altura em que aparentemente querem extinguir o português para
o substituir pelo brasileiro se admita um país na Comunidade no qual ninguém
fala português e cujo presidente sabe dizer “sim” e “estou sastisfecho”. É para
verem como a nossa Pátria é a nossa língua. Pura fantasia. Adiante.
Um dos factos
que tenho de realçar nesta surreal cimeira de Timor, é que há que dizer mal
quando há mal para dizer. Há que dizer bem quando há bem para dizer. Há bem
para dizer de uma pessoa que há muito tempo critico com todas as forças: Cavaco
Silva. Não de forma elegante, ou sequer polida, tentou mais uma vez impedir a
entrada de tão estranho corpo na CPLP como a Guiné Equatorial. Não aplaudiu,
não sancionou e não permitiu que Passos Coelho o fizesse. Já o ministro das
negociatas com o estrangeiro, o Machete, se provou mais fora de controlo. Bravo
Cavaco, pelo menos uma vez na vida! Tal como Guterres, há uns bons valentes
anos, que bloqueou a assinatura dos acordos bipartidos entre a então CE e a
Indonésia, precisamente por causa do estatuto de Timor. Há gestos que dizem
tudo e o Alzheimer parece ter dado uma folga ao nosso chefe de Estado.
Todos sabemos
que a chave da entrada da Guiné Equatorial para a CPLP tem um nome e esse nome
é BANIF. Não é preciso dizer mais. Ou seja, se o BES der para o torto, ainda
teremos de tratar da entrada de Angola para a União Europeia ou coisa do género.
E o que ganha a Guiné Equatorial? Bem, sai do isolamento político e ganha
legitimidade como Estado de Direito. E porque precisa disso? Porque é uma
ditadura onde o chefe de Estado vive no luxo ostensivo e a população na miséria.
Isso traz-me
ao segundo facto a realçar. Quando alguém proferia uma blasfémia em Israel, nos
tempos bíblicos, os sacerdotes do Templo rasgavam as suas vestes em sinal de
choque. Quantas vestes vejo rasgadas com esta entrada da GE na CPLP! Um verdadeiro
festival de vestes rasgadas, ate já estou farto de ver homens de tronco nu e
mulheres em trajes mínimos! O choque é geral. Até porque, imagine-se, a Guiné
Equatorial é uma ditadura de 30 anos! Não há nenhum país na CPLP que seja uma
ditadura de 30 anos, porra! Que é lá isso, de admitir mostrengos desses? A
Guiné Equatorial, imagine-se, é um país que pratica a tortura e a prisão indeterminada
sem culpa formada! Coisas que só podemos ver em países subdesenvolvidos, sem
valores morais e sem um pingo de decência ou respeito pelos direitos humanos,
tipo Guantánamo! Pior ainda, a Guiné Equatorial é um país com pena de morte!
Com pena de morte! Vamos ter relações com um país com a pena de morte? É um
escândalo! Um verdadeiro choque! Afinal, onde é que há países onde seja
admitida a pena de morte? Mas isto agora é a EDP ou quê?
A minha língua não é a minha Pátria.
A minha Pátria é a minha gente. Mas há muita dessa gente que precisa de uma
lobotomia. Um reset. Começar do zero, disco formatado sem bugs. Porque pensar
parece que está fora de moda. Uma coisa está errada por muitos motivos, é
certo. Esta é uma delas. Mas… olhem em volta, pelo amor a Rá!
Luis Amado, do Banif já recebeu o dinheiro de Obiang, portanto está tudo bem. Portugal fica cada vez mais a maquina de lavar dinheiro sujo destes países . Os vistos gold lavam o resto
ResponderEliminarNão me parece nada mais, não...
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