quarta-feira, 15 de setembro de 2010

DESRESPEITO PELAS CRENÇAS CRISTÃS

Imagem JN
A imagem à esquerda não deve ser grande novidade para ninguém, faz parte de uma campanha publicitária que anda por aí a rondar as TVs de toda a gente. Eu achei graça à campanha, a sério que achei. Achei graça porque o gelado é "imaculadamente concebido". O facto de o gelado ser imaculadamente concebido nada diz, no entanto, sobre a concepção do bebé que está na barriga da freira que aparece na campanha, mas deixa sugerir que este também o será. Uma forma engraçada de brincar com a Imaculada Conceição de Maria, mão de Jesus Cristo.
Reza o mito que Maria terá recebido o arcanjo Miguel (ou Gabriel, segundo outras versões) num sonho, que lhe terá anunciado o glorioso destino de ser mãe do Cristo, o Redentor, ao mesmo tempo que lhe terá implantado a respectiva "semente". Isto de engravidar em sonhos é interessante, sem dúvida, permanecendo a questão no ar que este verão fez furor: Mas quem será, quem será, o pai da criança?
Ora quem não gostou nada disto foi a Advertising Standards Authority, que regula os termos da publicidade do Reino Unido, vulgo Grã-Bretanha, que impôs a proibição do anúncio. Alegou este instituto público britânico o título deste post, ou seja, que o anúncio leva ao desrespeito pelas crenças cristãs. De acordo parecem estar muitos consumidores daquelas paragens, pois a campanha foi mesmo assim publicada em duas revistas, facto que levou a diversas queixas.
Numa altura em que se sabe que 14 dos 22 padres condenados por pedofilia em Inglaterra e Gales continuam a exercer o sacerdócio, ou seja, que as instâncias da Igreja se estão borrifando para a justiça e continuam a proteger os seus pedófilos, levando à conclusão óbvia, para os mais maliciosos, que a Igreja apoia a pedofilia, não deixa de ser interessante este tão grande empenho em proteger as crenças cristãs. No fundo, deve ser a mesma coisa, proteger os conceitos católicos, os seus mais firmes dogmas e saltos de fé, ou seja, a Ressurreição, a Imaculada Conceição e, aparentemente, a pedofilia...
Cartoon Google
Mais ainda se torna estranho que países cristãos (notar que a Grã-Bretanha nem sequer tem uma maioria católica) tenham tão arreigadamente defendido uma suposta "liberdade de expressão" no caso da indignação dos muçulmanos aquando da publicação de diversos cartoons, como este que apresento aqui em baixo. Uma freira grávida é gravíssimo, padres que continuam padres depois de cumprirem penas de prisão por pedofilia, tudo bem... Representar Maomé num corpo de cão, óptimo... A hipocrisia raramente conhece limites e é bem verdade, e não é necessário recorrer a entidades oficiais, pois muita gente também pensa, aparentemente, da mesma forma.
Quem me conhece sabe e já leu as minhas críticas às religiões, principalmente à cristã e muçulmana. Para mim, ambas e as demais, se desaparecessem, representariam enormes favores à Humanidade. Mas se é para as protegermos desta forma, mostremos, pelo menos, coerência. Por mim, podem engravidar as freiras todas, encornar o S.José quantas vezes quiserem e até acreditarem na existência de Cristo, facto não provado cientificamente. Mas pelo menos preocupem-se com aquilo que é mais importante e não protejam pedófilos. Pelo menos isso...

16 comentários:

  1. Eu sou defensora da máxima que diz que a liberdade de uns acaba onde começa a liberdade dos outros. Por isso defendo que há limites que é de todo conveniente que não sejam ultrapassados... é preciso encontrar equilíbrios e consensos!

    Quanto à religião, seja ela qual for, acho que se imiscui demais em assuntos que não deveriam ser de todo da sua alçada.

    Proibir anúncios/cartoons acaba por ser subjectivo enquanto que a questão pedofilia não pode nunca ser subjectiva e nem mais ou menos desculpável, conforme a cara de quem pratica o crime.

    Coerência?! É uma das coisas que mais falta faz no mundo, Cirrus... Coerência e bom senso nas doses certas, ou mesmo mínimas, e podes crer que muitos dos problemas do mundo eram capazes de ter resolução...

    (Apaguei o comentário anterior, porque tinha um erro)

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  2. Por favor, não queiras que a Cientologia desapareça. Onde vou comer uns belos cordões umbilicais?!

    http://verdadeabsoluta.net/nojento/tom-cruise-declara-que-vai-comer-a-placenta-de-seu-bebe

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  3. Pronúncia,

    Para que o que eu quero chamar a atenção é para o facto de serem os mais religiosos que atiram as pedras, sem nunca esperarem que os seus telhados sejam atendidos. E é pena que por causa de preconceitos mesquinhos muitas pessoas desprezem outras tantas. No fundo, não há coerência. Ninguém faz aos outros como gostaria que lhe fizessem. E isso é o que todas as religiões advogam e nenhuma pratica.

    No caso das duas maiores, a católica e o Islão, ambas têm problemas e vergonhas bem maiores para se preocuparem do que com desenhos e publicidades. Mas é mais fácil atacar que admitir. Dos dois lados, indistintamente. Porque muito se fala de fundamentalismo, é bem verdade. Mas não conheço um religioso que não seja fundamentalista. E o problema é que arrastam outros, fracos de espírito, pelos mesmos caminhos. E isso é que é verdadeiramente perigoso.

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  4. Dylan,

    Aí está uma boa mer.. que se desaparecesse não fazia falta a ninguém.

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  5. É revoltante e será sempre. Pessoas más há em qualquer condição, credo ou classe. mas há algo de perverso em um suposto homem de "deus" praticar actos tão hediondos...
    da igreja não espero nada de bom.
    das pessoas espero sempre o bom e o mal. qualquer de nós tem um pouco dos dois lados.

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  6. Anne, o que me parece é que as igrejas, neste momento, têm problemas bem maiores que os anúncios e cartoons, mas cada vez dão mais razão umas às outras nas guerras que as movem. E o problema é que arrastam milhões de pessoas no preconceito.

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  7. Cirrus, a nossa divergência está mesmo no facto de tu achares que todas as pessoas religiosas são fundamentalistas e eu não... se bem que o contrário é (quase) sempre verdadeiro.

    Enquanto se desviam as atenções para coisas menores (cartoons/publicidade, por exemplo) ninguém repara no que realmente importa... mas isso sempre foi assim e assim será e não só no que diz respeito a assuntos do foro religioso, não?

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  8. Pronúncia, quando me referi a fundamentalistas referi-me ao facto de que estas pessoas acreditam nos fundamentos da sua religião e não emiti qualquer juízo de valor em relação a isso. Não se pode ser religioso e não se ser fundamentalista. Caso contrário, não se acreditando nos fundamentos, são religiosos de fachada.

    Acontece em muitos mais foros, e disso já dei conta. Não é por acaso que escrevo deste problema como já escrevi de outros em vários quadrantes diferentes com temática similar. Creio que nesse aspecto não me podem chamar de sectário ou hipócrita.

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  9. Percebido... não foi esse o sentido que dei à palavra!

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  10. Pois, até aí percebi eu. E desde já, e não tendo tu a culpa, fica já um primeiro preconceito: o do fundamentalismo religioso. Vais ver que a partir de agora, se não envolver bombas, não é fundamentalismo...

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  11. Permite-me a liberdade de fazer uma pequena correcção. A Imaculada Conceição não é referente à concepção de Jesus Cristo. A concepção de Jesus Cristo é designada por Anunciação. Imaculada Conceição refere-se à concepção de Maria sem a «mancha» do Pecado Original. A Imaculada Conceição é um dogma da Igreja Católica e preconiza que desde o primeiro instante da sua existência, Maria foi preservada por Deus da falta de graça santificante que atinge toda a Humanidade.

    Depois da Catequese, vamos ao que interessa: fui educada na fé Católica (daí saber este tipo de coisas) mas tornei-me Agnóstica. Não me considero Ateia porque tenho muitas dúvidas. Demasiadas! Não sou grande fã de religiões organizadas, nem de cultos nem de seitas, mas respeito quem tem fé. Às vezes (são poucas, admito) chego mesmo a invejar os que têm uma fé tremenda, quase cega, pois acho que me pouparia alguns neurónios.
    Contudo, não perdoo a pedofilia. Não perdoo os crimes que se cometem em nome de uma fé. Não perdoo os que usam e abusam da sua influência sobre os demais para cometerem crimes e ficam impunes.
    Não acredito que Deus, Alá, Buda, Shiva e todas as outras divindades sejam complacentes com as barbaridades cometidas pelos homens em seu nome.

    Posto isto, por respeitar as crenças (ou a falta delas) de cada um e por trabalhar na área da Comunicação e Imagem, não gosto de ver peças que gozem com símbolos importantes para as pessoas. Acho falta de respeito. No entanto, tenho mutíssima pena que as pessoas não consigam respeitar-se mutuamente e desculpem tudo o que é mau feito sob a capa protectora de uma entidade que deveria reger-se pela mais estrita conduta.

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  12. Lá está, quando se fala em fundamentalismo religioso, à força de tanto o ler, ouvir e ver associado a actos de violência, acabamos por o associar a isso mesmo, quando a expressão mais exacta talvez fosse "terrorismo religioso" e não "fundamentalismo religioso"...

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  13. Story, obrigada pela precisão. Esse dogma é extraordinário, diria eu... Isto é, sabendo que Maria, segundo o mito, teve outros filhos, depreende-se daí que continuou casta quando foi inseminada deles... Perfeito. Mas não é isso que mais importa agora.

    Fiquei sem saber qual a tua reacção á proibição da campanha... embora fosse clara a tua posição sobre a pedofilia, que partilhamos.

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  14. Pronúncia,

    Talvez seja um termo mais adequado. Não quer dizer que não parta do fundamentalismo, mas normalmente são coisas diferentes.

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  15. Não há fundamentalismos bons!

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  16. Malena,

    Eu não diria tanto. Acreditar nos fundamentos de algo pode não ser uma coisa má. Acredito que acreditar nos fundamentos da Carta de Direitos Humanos, por exemplo, não seja mau. Mas facilmente um fundamentalismo leva ao radicalismo e fanatismo. E isso é que deve ser evitado.

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LEVANTAR VOO AQUI, POR FAVOR