Nerd made in Clipart |
Há uma banda portuguesa, não sei de que estilo musical, que tem uma faixa muito peculiar chamada “Problema de Expressão”. Apesar de eu não apreciar minimamente a banda e nunca lhes ter visto grandes centelhas de talento, o mesmo é dizer que nunca lhes liguei puto e graça é coisa que não lhes acho e nem mesmo de graça os quero ver à frente e em cima de um palco, o título da faixa parece ser pau para toda a obra e aplicar-se de forma quase perfeita aos governos que temos tido ultimamente neste Portugal sem fim. Sem fim, sim, porque descobrimos que somos um país com cinco dimensões – longitude, latitude, altitude, falta de atitude e profundidade – a da dívida, que é um buraco ao qual não se vislumbra fundo, embora se admita que esteja ainda acima do manto terrestre, caso contrário, tínhamos cá um vulcão maior que aquele que explodiu na Islândia e que não se conseguia dizer o nome, mas que eu desconfio que era dívidaexternunsson.
O governo anterior não tinha grandes problemas de expressão, para ser mais explicito. Tinha, isso sim, dois problemas. Um, do primeiro ministro, que era o de delírio, um pouco ao jeito de Hitler antes de matar a Eva, o cão e a si mesmo, e foi pena, pois o cão era um pastor alemão de belo porte e que por certo entendia bem melhor a situação que o dono. E que o Sócrates. O outro, do resto do governo, por acção ou omissão, de desviarem ligeiramente os assuntos das conversas para temas inverosímeis. As chamadas petas do órgão sexual masculino.
Este governo, no entanto, tem problemas de expressão. Começaram bem cedo, e bem nos podemos lembrar do la-la-la do primeiro ministro, excelente barítono mas nem por isso com muito jeito com as palavras, o que se compreende de um recém-licenciado de universidade privada, obviamente com pouca experiência profissional, não contando com o seu emprego de sempre, o de colador de cartazes. Vêm-me à cabeça pérolas como a da “enxadinha” ou aquela da miúda nova oportunista que lhe agradeceu os “elogios”. Obviamente, não são só problemas de expressão, uma vez que o delírio parece acometer muitos destes políticos, e obviamente ele delirava e acreditava mesmo no que dizia, quando afirmava que cortar o subsídio de natal era uma “parvoíce” ou ainda que nunca um seu governo subiria os impostos, pois “sei exactamente onde cortar na despesa de forma a que uma subida de impostos seja dispensável”. Como podemos ver, delírio em último grau. Ou isso ou andou a meter coisas nas paredes vezes de mais, que não cartazes. A serem cartazes, deve ter aspirado metade da cola.
Depois veio a poupança nos bilhetes de 1ªclasse na TAP, trocados por bilhetes de turística. Obviamente depois alguém se lembrou que os bilhetes para o governo não são pagos na TAP, o que não atrapalhou nada o primeiro ministro, que nunca mais foi visto a falar do assunto. Depois veio a ministra da agricultura e de mais uma porrada de merdas que ninguém sabe dizer em condições a dizer que ia poupar uma carrada de euros em ar condicionado proibindo o uso de gravata no edifício do ministério, a menos que se tratasse de representação oficial. Azar do órgão sexual masculino, Verão veio e foi e ninguém sabe por onde andou e vai daí poupança foi porque realmente calor ninguém teve. De seguida, veio o desvio colossal. Para além do diz que disse e não disse e terá dito o que depois desdisse que tinha dito o não dito, houve aquela idílica, dir-se-ia quase angelical explicação do ministro do pataco, o Gaspar, que fazendo jus ao nome com que o baptizaram, trouxe os amigos do Gaspar e da árvore dos estapafúrdios e improvisou uma interpretação de sua “exclusiva” responsabilidade. O que foi giro foi a forma teatral com que o fez, prenunciando que aquele era uma comunicador nato, confirmando-se pela alcunha que lhe deram de “Soninho”.
Depois veio o homem que manda, Relvas, o afro-brasileiro, com a história que encontrou num baú enterrado no chão da casa de banho do Instituto do Desporto 687 facturas por pagar, num valor astronómico de quase sete milhões de euros. Soube-se mais tarde que realmente das 687, 647 estão pagas e 40 aguardam prestação do serviço ou auto de recepção. Igualmente Relvas não mais foi visto a falar do assunto. Depois foi o Álvaro, o ministro da economia, que veio prometer, duas vezes ao dia, normalmente após as refeições, colossais cortes na despesa do Estado. Depois foi a Espanha e veio com um TGV de mercadorias. Passados dias, já não tinha o TGV consigo. Depois foi a Espanha outra vez e trouxe um TGV de passageiros e deixou o de mercadorias, enquanto anunciava cortes na despesa do Estado como não se viam há 50 anos, para uma hora depois dizer que afinal eram desde 1950. Nunca disse uma palavra sobre aquilo que tutela, a economia e como a vai revitalizar. Pelos vistos está mais preocupado em ser o segundo ministro das croas. Juntando os dois, dão uma excelente equipa. O Soninho, de cada vez que fala, inventa um novo imposto. O Álvaro, de cada vez que fala, promete mais cortes na gordura do Estado, mas sem inventar, porque ainda não se lembrou de como pode fazer isso (nem cortar nem inventar). Devia cortar na sua própria gordura, aquilo é pré-obesidade mórbida.
Depois veio o ministro dos cangalheiros. O gajo que era o cobrador das Finanças mas que depois se foi embora porque perdia dinheiro ali mal parado. Da Saúde!! Da Saúde, não dos cangalheiros. Mas parece que chegou à conclusão que Portugal faz transplantes a mais e vai daí deixar morrer uns quantos desgraçados a precisar de iscas de fígado novas parece ser uma boa maneira de cortar nas despesas e ao mesmo tempo revitalizar a actividade dos cangalheiros e funerárias. Um visionário! Depois veio o Crato, um gajo atinado que veio não sei de onde para ser ministro da educação, e que diz que era um bocado “nerd” quando era mais novo – para aí a semana passada – que diz que estudar é bom porque se ganha mais dinheiro. É óbvio que tinha razão muito antes da altura em que era “nerd”... Hoje em dia, a questão é um pouco mais complicada. O que é facto é que temos, assim, não um, mas quatro ministros das croas!!
O país já se começou a habituar a tremer quando qualquer um destes fulanos vem falar à comunicação governamental. Ou social, isso... Um diz que os outros não pagaram o dinheiro, outro diz que não quer que os outros paguem mais dinheiro, vem uma dizer que vai poupar dinheiro, enquanto outro diz que estudar dá dinheiro, para que um outro possa cobrar mais impostos em dinheiro a quem estudar e ganhar mais dinheiro, enquanto ainda outro diz que faz da gordura dinheiro (sabão??) - e finalmente, aparece um último a dizer que nos enterra a todos e ainda poupa dinheiro! Não é só, mas na boca não lhes falta dinheiro. Nunca o povo português transaccionou tanto dinheiro!
Ah, entretanto o presidente da República das Bananas diz que a culpa da dimensão profundidade da ilha das bananas é culpa do mentiroso compulsivo, uma vez que este lhe dava todo aquele que ele lhe pedia! O quê? Dinheiro!...
Bombástico e real.
ResponderEliminarEheehehhe, está tudo aí, só não vê quem não quer, ou está com os olhos vidrados no laranja e, claro, ainda agora é só o início...
ResponderEliminarTambém detesto a banda, muito fraca e irritante.
Bem apanhado, sim senhor.
ResponderEliminarParece o enredo de uma comédia, mas como é bem real já não dá muita vontade de rir.
Risos esses não os consegui parar com aquela do Gaspar e da árvore dos estapafúrdios! Só tu. Ainda vou fazer um post no meu blog sobre o Gaspar (aquele que interessa, o da nossa infância).
Já agora, parece-me que a canção, para ser aplicada aos nossos (des)Governos, deveria intitular-se "Problema de EXECUÇÃO"
Abraço.
Ísis, Bombástico??? Obrigado!
ResponderEliminarDylan, cá estaremos para ver o resto - espero...
ResponderEliminarA banda é de facto irritantemente fraquinha...
André, obrigado.
ResponderEliminarDe facto o Gaspar e os amigos mais a árvore dos estapafúrdios eram um pouco mais interessantes que estes amigos agora... Principalmente o Noia, e não me refiro ao anão do body board.
A execução pode até vir a ser boa, atenção. Não ponho isso em causa. Em que estado nos vais deixar a todos é algo que me assusta profundamente.
Obrigado, Liliana.
ResponderEliminarO problema é que tudo parece mover-se à volta do dinheiro mas não do real! Pior ainda, mesmo aquele que deveria ser real está a tornar-se virtual!
ResponderEliminarMalena, há muito que o dinheiro que se fala por aí não existe, só existe em monitores de computador. Todos sabemos disso. menos quem ainda insiste em dizer o contrário, porque alguns desses zeros nos monitores dos computadores lhes teimam em chegar por vias tortas.
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