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Cada regresso tem uma partida, mas cada partida pode não ter regresso. Neste caso, dou-me ao regresso porque parti por uns dias para estranhas paragens com medo de não estranhar as paragens estranhas. E não estranhei, o que não deixa de ser estranho. Assuntos há muitos por onde escrever e dissertar e opinar, mas poucos por onde inspirar. E sem inspiração, pode haver expiração, mas é mau sinal.
Seja como for, deu-me por estes dias a preguiça digital, mediante uma sobrecarga mental de assuntos e temas e acontecimentos. Sempre pensei, sinceramente, que nos momentos mais lúgubres da nossa pequena estadia pela terra dos vivos, nada mais importaria, nada mais interessaria, apenas as tragédias pessoais que, aqui e por ali, nos vão batendo à porta. Ou então as ameaças das tragédias, bem piores pela expectativa. Uma solução é não abrir a porta, outra é levantar a cabeça e olhar em volta. Apercebemo-nos de que não estamos sozinhos e isso por si só conforta pela constatação de que o National Geographic não mente e por vezes a natureza é mais forte, e não é naquele sentido de quem emborcou uma dúzia de Super Bocks de rajada. A constatação do óbvio não retira o sentimento de desgosto, mas liberta pela inevitabilidade.
Para quem não percebeu patavina, o que quero mesmo dizer é que não consigo desligar-me da situação que vivemos todos. Não serei altruísta, nem egoísta, se calhar nem sei o que de mim faz, mas sei que estamos mal e mal ficaremos. Contra a minha vontade. E por isso continuarei a gritar a plenos pulmões, ou dedos, por este andar. E até porque os efeitos do tabaco nos pulmões é betuminoso e nos dedos é apenas estético. E há muita coisa para ser dita ou gritada aos ouvidos dos cidadãos do meu país. Tem é que ser bem alto. Não sei bem se estão hipnotizados ou dormentes, sei apenas que estão completamente estúpidos. E é de reparar que nunca gostei de gente que chamasse isso ao meu povo. Hoje aceito-o e até ouso corroborar. Como o Cavaco, que não afirma nada, mas corrobora tudo.
Perante 100 dias de novo governo, penso que qualquer pequena tragédia pessoal fica soterrada pelo imenso retrocesso civilizacional que esta centena maldita de dias nos impôs. E antes foram meia dúzia de anos de socretinismo, e antes disso foram os dias do cherne, e antes disso os da ditadura do cavaquistão, e antes disso... E não aprendemos, e não acordamos. E recuamos, aceitamos, sorrimos e ainda votamos e gostamos.
Acho que até quando a Assunção Cristas privatizar os nossos rios e as nossas nuvens, muitos de nós se levantarão e aplaudirão. É para mim uma ideia assustadora, que os nossos rios e as nossas nuvens tenham um dono. Não por ter de pagar por eles existirem, mas apenas porque é-me completamente estranha a ideia de que a natureza tenha dono. Que se seguirá? O ar?
Eu até já andava com ideias de desistir. Mas, sinceramente, não consigo. O que é preocupante. Isso significa que as minhas prioridades vão muito para além daquilo que eu desejava. Isso significa que gosto mesmo deste país, desta gente que não merece ser tratada desta maneira, apesar de fazer tudo para que tal aconteça. Isso significa que hei-de ter sempre uma razão para continuar a lutar. Se não por mim, por quem virá.
Eu acho que devia andar preocupado com outras coisas...
As notícias são tantas e quase todas tão más que o melhor é viver um dia de cada vez... é isso ou a completa insanidade mental (se bem que até por aí já nem sei o que é preferível)!
ResponderEliminarBom fim de semana, Cirrus Minor!
Só mostras que és inteligente e informado! Há agora uma estranha tendência entre as pessoas que me rodeiam para dizerem que não ouvem notícias nem lêem jornais "para não se incomodarem"!
ResponderEliminarPorra! Até parece que ignorar melhora alguma coisa!
Também prefiro continuar a saber e continuar a lutar!
Bom fim-de-semana! :)
Porrada nesses gajos!
ResponderEliminarque violência, Dylan... ;D
ResponderEliminarSe tributarem o ar é a minha desgraça: com o tamanho da minha penca...
ResponderEliminarNão dá para fingir que não sentimos revolta. Revolta ainda maior por continuarmos a comer tanta cretinice. Até quando?
ResponderEliminarAssino por baixo.
ResponderEliminarO sentimento é mútuo.
Mesmo com o povo anestesiado, desistir é trair o futuro deste país. Votarei sempre de acordo com as minhas convicções,( nunca PS, PSD ou CDS) lutarei sempre , falarei sempre com todos os que me rodeiam no sentido de os alertar. tudo isto para poder ter tranquilidade interior. Caro cirus, o que eles querem é que os teimosos( e cada vez com mais razão) desistam... ñunca se pode fazer lhes a vontade!abraço
ResponderEliminarPronúncia, não há outras notícias e viver um dia de cada vez não ajuda em nada. Temos de pensar no futuro deste país.
ResponderEliminarMalena, obrigado. Mas parecendo que há muita gente com essa atitude, há também muita desinformação, infelizmente.
ResponderEliminarDylan, vamos a isso!
ResponderEliminarSara, aí está o sentimento. É esse mesmo.
ResponderEliminarAndré, vamos a eles. Podem vencer-nos, mas não sem luta!
ResponderEliminarTripalio, bem sei que és dos indeflectíveis. Admito que alturas houve em que perdi a esperança e a vontade de lutar, talvez pelas vicissitudes que ultimamente me têm assolado. Mas a natureza é mais forte, e na minha natureza está a justiça. Por isso não abandonarei a luta. Um bem haja!!
ResponderEliminarE quem disse que não me preocupo?! Preocupo-me e muito... mas estou a tentar não me preocupar 24/24 horas, senão dou em doida... é por isso que digo que é preciso viver um dia de cada vez, e viver, mesmo que um dia de cada vez, não é o mesmo que desistir...
ResponderEliminarCatsone, por alguma razão o teu comentário foi considerado spam. Só agora apareceu.
ResponderEliminarDe qualquer forma, não te admires se tiveres de pagar imposto nasal.
Pronúncia, não discutamos mais, pois já percebi pela tua preocupação 24/24 horas qual o mal, e esse é falta de sono. Vai dormir que a preocupação passa. Não precisas de tentar mais nada.
ResponderEliminar:)
A Pronúncia nunca dorme. Acompanha em directo a "Casa dos Segredos", mais conhecida por a Casa dos Esteroides e do Silicone com pernas"!
ResponderEliminarAHAHAHAHAHA!
Isto não é spam:
ResponderEliminarInformo que vou privatizar este blogue!
Dylan, penso que a Pronúncia anda de facto numa fase estranha. Provavelmente nostálgica.
ResponderEliminar"Menina" Assunção, cuidado que nesse local onde se sentou semeei há três anos um sobreiro para os seus netos.
ResponderEliminarBah, eu à espera que tivesse plantado pepinos!...
ResponderEliminarCirrus,
ResponderEliminarEu penso que a descoberta do buraco na Madeira abalou a amizade que a Pronúncia tinha para com o Alberto Jardim!. Foi como uma facada nas costas.
Por exemplo, é com o Aimar confidenciar que adorava ter sido jogador do FCP!
Menina Assunção, não gosta da aspereza da cortiça pelo .. acima? Tem boa solução. Mude-se para onde não houver sobreiros.
ResponderEliminarDylan, que sacrilégio, pá. Não se dizem coisas dessas!! Mas há algum ser humano pensante que gostaria de ser jogador desse clube??
ResponderEliminarAssunção Crista Levantada,
ResponderEliminarTemo que, de pepinos, percebe o colega de partido, o Paulo Portas!