Ora calha bem, que estamos em época de Páscoa e tudo. Esta época do ano é iminentemente ligada ao fenómeno da morte de Cristo (e depois a sua Ressurreição, mas isso é secundário, pelo menos para a maior parte do pessoal). Muita gente desconhece mesmo a origem da Páscoa. Cá venho eu armado em homem culto a informar.
Extremismos religiosos à parte, algumas pessoas são portadoras de uma vontade férrea de acreditar em algo que os transcende. A isso chamamos fé. Tipo aquilo que nós, os sofredores, temos na equipa do Benfica.
Tirando a fé, temos os factos históricos. Por si só, podem explicar muitas das tradições e datas de comemoração. Assim acontece com a Páscoa.
Era uma vez um país muito antigo, chamado Egipto. Nesse país, conta a lenda, havia um homem chamado Moisés, que, por sorte na vida, chegou a Sumo Sacerdote de Karnak, o maior templo lá do sítio (entenda-se sítio como o planeta Terra). Um dia, andava Moisés distraído a espalhar incenso pelo Templo e ouviu a voz de Deus, que lhe dizia insistentemente que era preciso libertar o povo hebreu (judeus antigos) do Egipto, onde eram mantidos como escravos. Moisés respondeu que não havia escravatura no Egipto (nem nunca houve), mas Deus lá estava com contemplações! Dois raios e três coriscos e Moisés deu de correr a bater com os pés no rabo para casa do Faraó.
O Faraó não quis libertar os hebreus, mas Deus enviou 10 pragas ao Egipto, o que arrasou o país. Quase foi necessário enviar a 11ª, o Sócrates, mas não foi preciso. O povo hebreu dirigiu-se para o Mar Vermelho, e, beneficiando do cataclismo de Santorini, atravessou o mar no recuo das águas do grande tsunami que aí vinha. Quem se lixou foram as tropas do Faraó, que, reza a lenda, apanhou com a grande onda em cheio.
Depois, Moisés levou o seu povo para uns alegres 40 anos de boa vida no meio do deserto do Sinai, a zona mais quente do planeta.
Bem, a Páscoa é a comemoração judaica deste acontecimento: o Êxodo. É uma estória de embalar, um bocadito mal contada, como essa coisa de levarem 40 anos a chegar à Palestina, quando até os túneis de Gaza não levaram tanto tempo a serem escavados. Pelo meio, ainda se viu uma sarça ardente a falar com Moisés (não sei se ele bebia muito ou não...), dizendo que era Deus e que não tinha nome e ainda lhe deu dois calhaus com uns arabescos que eram os Dez Mandamentos, guardados numa Arca de ouro.
Esta é a Páscoa. Azar do caraças, Jesus Cristo morreu em Jerusalém durante a Páscoa, pelo que se passou a comemorar a Páscoa como época da morte de Cristo. Quem era Jesus Cristo? Diz o bom livro (não é esse, é a Bíblia!), que Jesus Cristo era filho de Maria, que teria sido concebido por obra divina (hmmm...). Logo, teria sido filho de pai incógnito. Dizem as más línguas que era filho de Deus, mas nunca ninguém confirmou, nem mesmo ele, que se apelidava Filho do Homem. Quem era o Homem? José, seu padrasto, não era, com toda a certeza. Falava-se muito de Miguel o Arcanjo, o que nos leva a pensar que, afinal, os anjos têm mesmo sexo e não deve ser nada mau, pois cada tiro cada melro! Lá nasceu Jesus Cristo. Durante os primeiros trinta anos de vida, ninguém sabia quem era Jesus.
Mas passados 30 anos, meus amigos, o jovem desabrocha (o que não quer dizer que andasse a brochar até aí, não era pintor, era carpinteiro como o padrasto) para uma vida de pregação e pôe-se a pregar coisas fixes por todo o lado. Não à guerra, não à violência, uma data de coisas porreiras tipo rave party sem extasy, uma espécie de Greenpeace do deserto. Houve gente que não gostou, armou-lhe uma cilada em Jerusálem (parece que depois pegou moda) e acabou crucificado no monte do Calvário.
Até aqui tudo bem. Mas há uma diferença essencial entre as duas situações.
Moisés terá sido um sacerdote extremamente importante no Egipto, e parece ter sido aliciado politicamente para sair do Egipto com uma data de gente. Enquadrando a época, o Egipto havia saído da invasão Hicsa. Os Hicsos, os Reis pastores, eram originários do outro lado do Crescente Fértil, tendo-se chegado à conclusão de que podem ter sido hebreus. Nada mais natural que, uma vez restabelecida a ordem natural, ou seja, que os Faraós tenham passado a ser novamente egípcios, que os Hicsos abandonassem o Egipto. Com escaramuças pelo caminho, com certeza. Assim, mesmo que Moisés possa ser considerado como uma personagem histórica, isso não transparece nos registos históricos, uma vez que, provavelmente, o seu nome foi simplesmente apagado.
Já Jesus Cristo, 1100 anos depois, durante uma época de enorme rigor histórico, em que havia, inclusivamente, recenseamentos por parte de um enorme Império, o Romano, parece ter passado ao lado de uma grande carreira... É que, à parte a tradição oral, que, passados alguns séculos, foi passada a escrito, não há qualquer registo do nascimento, vida, pregação e morte de Cristo. Ou seja, historicamente, nunca existiu. Que dizer disto?
Nada. Não há muito para dizer. Não vou dizer que a figura que deu origem ao mundo moderno tal como o conhecemos nunca existiu. Nada disso. Não há registos, não quer dizer que nunca existiu. Melhor ainda, podemos dizer que provavelmente nunca existiu. Comemorar a morte e ressurreição de um ser que nunca existiu é, essencialmente, estúpido. Mas não vou tão longe.
Jesus Cristo, para mim, não vale como pessoa, nem como Filho de Deus. Vale essencialmente pelo arquétipo, pelo modelo. Não foi real? Talvez não, provavelmente nunca existiu. Mas a ideia ficou, e perdura, e é pena que não seja mais seguida.
Apesar de tudo, desejo-vos uma Boa Páscoa.
Extremismos religiosos à parte, algumas pessoas são portadoras de uma vontade férrea de acreditar em algo que os transcende. A isso chamamos fé. Tipo aquilo que nós, os sofredores, temos na equipa do Benfica.
Tirando a fé, temos os factos históricos. Por si só, podem explicar muitas das tradições e datas de comemoração. Assim acontece com a Páscoa.
Era uma vez um país muito antigo, chamado Egipto. Nesse país, conta a lenda, havia um homem chamado Moisés, que, por sorte na vida, chegou a Sumo Sacerdote de Karnak, o maior templo lá do sítio (entenda-se sítio como o planeta Terra). Um dia, andava Moisés distraído a espalhar incenso pelo Templo e ouviu a voz de Deus, que lhe dizia insistentemente que era preciso libertar o povo hebreu (judeus antigos) do Egipto, onde eram mantidos como escravos. Moisés respondeu que não havia escravatura no Egipto (nem nunca houve), mas Deus lá estava com contemplações! Dois raios e três coriscos e Moisés deu de correr a bater com os pés no rabo para casa do Faraó.
O Faraó não quis libertar os hebreus, mas Deus enviou 10 pragas ao Egipto, o que arrasou o país. Quase foi necessário enviar a 11ª, o Sócrates, mas não foi preciso. O povo hebreu dirigiu-se para o Mar Vermelho, e, beneficiando do cataclismo de Santorini, atravessou o mar no recuo das águas do grande tsunami que aí vinha. Quem se lixou foram as tropas do Faraó, que, reza a lenda, apanhou com a grande onda em cheio.
Depois, Moisés levou o seu povo para uns alegres 40 anos de boa vida no meio do deserto do Sinai, a zona mais quente do planeta.
Bem, a Páscoa é a comemoração judaica deste acontecimento: o Êxodo. É uma estória de embalar, um bocadito mal contada, como essa coisa de levarem 40 anos a chegar à Palestina, quando até os túneis de Gaza não levaram tanto tempo a serem escavados. Pelo meio, ainda se viu uma sarça ardente a falar com Moisés (não sei se ele bebia muito ou não...), dizendo que era Deus e que não tinha nome e ainda lhe deu dois calhaus com uns arabescos que eram os Dez Mandamentos, guardados numa Arca de ouro.
Esta é a Páscoa. Azar do caraças, Jesus Cristo morreu em Jerusalém durante a Páscoa, pelo que se passou a comemorar a Páscoa como época da morte de Cristo. Quem era Jesus Cristo? Diz o bom livro (não é esse, é a Bíblia!), que Jesus Cristo era filho de Maria, que teria sido concebido por obra divina (hmmm...). Logo, teria sido filho de pai incógnito. Dizem as más línguas que era filho de Deus, mas nunca ninguém confirmou, nem mesmo ele, que se apelidava Filho do Homem. Quem era o Homem? José, seu padrasto, não era, com toda a certeza. Falava-se muito de Miguel o Arcanjo, o que nos leva a pensar que, afinal, os anjos têm mesmo sexo e não deve ser nada mau, pois cada tiro cada melro! Lá nasceu Jesus Cristo. Durante os primeiros trinta anos de vida, ninguém sabia quem era Jesus.
Mas passados 30 anos, meus amigos, o jovem desabrocha (o que não quer dizer que andasse a brochar até aí, não era pintor, era carpinteiro como o padrasto) para uma vida de pregação e pôe-se a pregar coisas fixes por todo o lado. Não à guerra, não à violência, uma data de coisas porreiras tipo rave party sem extasy, uma espécie de Greenpeace do deserto. Houve gente que não gostou, armou-lhe uma cilada em Jerusálem (parece que depois pegou moda) e acabou crucificado no monte do Calvário.
Até aqui tudo bem. Mas há uma diferença essencial entre as duas situações.
Moisés terá sido um sacerdote extremamente importante no Egipto, e parece ter sido aliciado politicamente para sair do Egipto com uma data de gente. Enquadrando a época, o Egipto havia saído da invasão Hicsa. Os Hicsos, os Reis pastores, eram originários do outro lado do Crescente Fértil, tendo-se chegado à conclusão de que podem ter sido hebreus. Nada mais natural que, uma vez restabelecida a ordem natural, ou seja, que os Faraós tenham passado a ser novamente egípcios, que os Hicsos abandonassem o Egipto. Com escaramuças pelo caminho, com certeza. Assim, mesmo que Moisés possa ser considerado como uma personagem histórica, isso não transparece nos registos históricos, uma vez que, provavelmente, o seu nome foi simplesmente apagado.
Já Jesus Cristo, 1100 anos depois, durante uma época de enorme rigor histórico, em que havia, inclusivamente, recenseamentos por parte de um enorme Império, o Romano, parece ter passado ao lado de uma grande carreira... É que, à parte a tradição oral, que, passados alguns séculos, foi passada a escrito, não há qualquer registo do nascimento, vida, pregação e morte de Cristo. Ou seja, historicamente, nunca existiu. Que dizer disto?
Nada. Não há muito para dizer. Não vou dizer que a figura que deu origem ao mundo moderno tal como o conhecemos nunca existiu. Nada disso. Não há registos, não quer dizer que nunca existiu. Melhor ainda, podemos dizer que provavelmente nunca existiu. Comemorar a morte e ressurreição de um ser que nunca existiu é, essencialmente, estúpido. Mas não vou tão longe.
Jesus Cristo, para mim, não vale como pessoa, nem como Filho de Deus. Vale essencialmente pelo arquétipo, pelo modelo. Não foi real? Talvez não, provavelmente nunca existiu. Mas a ideia ficou, e perdura, e é pena que não seja mais seguida.
Apesar de tudo, desejo-vos uma Boa Páscoa.
5*, como aliás é normal por estas bandas.
ResponderEliminarGosto especialmente dos teus apartes!
Já agora, será que o Moisés para além de espalhar incenso não o fumava também?! Digo eu, com tanta visão estranha...
Quanto ao JC, ou melhor à mãe do JC, a sorte era naquele tempo não haver testes de ADN, senão tu ias ver se sabiam ou não quem era o verdadeiro pai do rebento!
Boa Páscoa para ti também e para os teus!
Não comas muitas amêndoas, para além de fazerem mal à dentuça, também dão cabo da linha e ajudam à... barriga proeminente! ;D
(Sorry, mas não resisti!)
Pronúncia
ResponderEliminarMais um elogio. Obrigado.
Não sei de que apartes falas... :D
Bem, foram descobertas amostras de cocaína em túmulos egípcios, portanto se o Moisés fumasse era crack! Repara que a cocaína foi apenas pretensamente descoberta com a descoberta do Novo Mundo, 2600 anos depois, mas isso é outra história...)
Quanto à mãe de JC, a senhora hoje seria considerada um espírito livre. Na altura, era uma p*** do o.s.m.
Pois, uma Boa Páscoa, seja lá o que isso for!
:)
Apartes como, por exemplo, a definição de fé... :D
ResponderEliminarNão era nada uma "meretriz" do o.s.m., ela enganou-os foi muito bem a todos, especialmente ao José carpinteiro, com aquela estória da pomba e do espírito santo!
Olha, cá em Braga, ainda há uma grande tradição de Páscoa. E, pondo a questão religiosa de lado, ainda é um dia em que a família se reune para a tradicional almoçarada de cabrito assado. É o que vai acontecer cá em casa...
Nham! Nham! Nham! Já estou com água na boca só de pensar.
Pois claro, a fé é insondável!
ResponderEliminarQuanto à senhora, está tudo dito, cá para mim era virgem mas não da forma convencional...
Já assisti duas ou três vezes ao vosso impressionante e macabro desfile do Enterro do Senhor. Lembro-me, que aqui há uns anos (uns 20, talvez), assistiu-se ao desfile da pior maneira: houve corte de corrente eléctrica e estava tudo às escuras. Metia medo ao susto, aquela cidade. Sou mais de Enterro do Caloiro ou da Gata...
Qualquer situação festiva, em Portugal, é ocasião para reunir com a família e comer até fartar. É daqueles hábitos que não desgrudam... Felizmente!
Concordo!
ResponderEliminarJá não me lembro de quando foi a última procissão a que assisti. Sinceramente aquilo não me agrada nada. Ainda por cima é demasiada gente a querer ver e eu cá dispenso multidões.
Tenho uma vaga ideia desse apagão.
Sim, aí está uma bela tradição portuguesa. A reunião da família e o belo do cabritinho assado com tudo a que tem direito!
E o folar!
ResponderEliminarE o Pão de Ló de Ovar!!!!!!
O folar é para entrada!
ResponderEliminarO Pão de Ló de Ovar, isso é para sobremesa!
Esses são algumas das coisas a que o belo do cabritinho tem direito!
Para acompanhar o dito, um espumante tinto bruto bem geladinho!
Que pena eu tenho de por aqui não haver aquele pão de ló "São Luiz"... coisinha boa que o colestrol adora quase tanto como eu! :D
Bola de carne!!
ResponderEliminarQue queres?! Confundo sempre o folar da páscoa com o folar de chaves...
ResponderEliminarOra aqui está mais uma iguaria que devia ser promovia a Património :)
Cirrus
ResponderEliminarGostei da forma como escreveste, e meio a brincar meio a sério já aprendi mais umas quantas coisas, Embora não concorde com tudo o que disseste.
Cirrus,
ResponderEliminarMais uma vez me deliciei a ler este teu post.
Pensamentos religiosos á parte,tens toda a razão, ninguem conseguiu provar nada sobre alguns destes personagens, mas as pessoas têm tendência e alguma necessidade de se "agarrarem" a coisas que julgam que as ajudam na resolução dos problemas.
Cirrus, mas que grande heresia! Trinta chicotadas para ti!
ResponderEliminar(Sempre suspeitei que fosses muçulmano)
Fortifeio
ResponderEliminarÉ claro que o post está feito para brincar com uma situação séria, o que pode ter graça, pois brincar com o que se pode brincar não tem graça nenhuma.
Não sei com o que podes ou não concordar, mas atira achas para a fogueira, que a gente está aqui para se queimar!!!
Vera
ResponderEliminarPor muito respeito que possamos ter pelas Escrituras (e eu tenho e conheço-as) há histórias que estão muito mal contadas.
Dylan,
ResponderEliminarMuçulmano, eu?!
Os Muçulmanos acreditam em Jesus Cristo!
Não tenho qualquer religião, tenho respeito por todas, mas não me venham com "O Sagrado!", porque aí salta-me a tampa. Penso que Deus tem muito mais sentido de humor do que quem faz o seu serviço na terra.
Pronto Cirrus, não és muçulmano. És ortodoxo grego!
ResponderEliminarHumm... Também não... Esses também acreditam!
ResponderEliminar:)
Pronto Cirrus, és da Cientologia!
ResponderEliminarE dizes tu que comes bifes do Marão; acho que é mais o cordão umbilical! Argh..........................................................................................................................................................................!
Como sim senhor e dou graças a tudo o que possa ser sagrado por tal facto!!!
ResponderEliminar:)
Olá, penso que a "necessidade" de se colocar a Páscoa cristã nesta altura foi mais uma tentativa de relegar para 2º plano a Pessach e de certa forma confundir a origem de ambas tal como se fez com a escolha do nascimento de Cristo a 25 de Dezembro para apagar os festejos ditos pagãos que se faziam nessa altura.
ResponderEliminarO beija cruz é uma prática antiquíssima que, quanto a mim, visava destapar os judeus no passado sabendo que lhes seria complicadíssimo prestar culto a uma imagem. Ah e também acrescentar uns cobres à Igreja católica, esquecia-me desse detalhe. Bom post, parabéns.
Provocação
ResponderEliminarMuito me lisonjas com o teu post e o perfeito entendimento que demonstras destes assuntos. Obrigado.
Aparece sempre.