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Quantos de vocês andaram na catequese, quando eram assim para o pequenito? Muitos? Mais que muitos, imagino. Pois, agora, não sei, antigamente, inscreviam-nos naquela coisa complicada que se chama catequese, logo aos sete anos. Até tive sorte, até ao terceiro ano de catequese (que incluiu a primeira Comunhão), a minha catequista era a minha professora primária. No quarto ano, mudei para a turma do presidente da Junta e a coisa entornou com muita facilidade, a pontos de ruptura definitiva com a doutrina judaico-cristã.
Devem lembrar-se, por certo, das aulas de Catequese, que eram assim uma forma a modos que mais ou menos evidente de lavagem ao cérebro misturado com mnemónicas para memorizar rezas, do tipo "Pai Nosso que estais no Céu e eu aqui a aturar isto" ou a célebre "Avé Maria cheia de Graça com a pança cheia de massa..." ou ainda o "Já dizia Herodes, ou rezas ou te f#$%s, mas como o Herodes já morreu, quem te f#$e sou eu!". Espera... Acho que esta não era... Não interessa! De vez em quando ia lá o Padre, um poço de virtudes, que quinze anos mais tarde morreu de SIDA, fazer umas palestras mais ásperas, que normalmente acabavam com a minha expulsão daquele paraíso. E aqui entram os conceitos que nos inculcaram nessa altura: o Paraíso, ou o vulgar Céu, para a classe turística, o Purgatório, uma espécie de filme erótico a preto e branco onde quando vai para acontecer algo, pimba, cortam a cena e seguem com uma imagem de Cristo pregado aos paus, e ainda o Inferno, que seria um mar de chamas a arder perpétuamente - mais ou menos como o WTC.
E eu vi o Inferno!!! Vou-vos contar a estória: Dei por mim à porta do Céu, onde o S.Pedro me perguntou porque achava que devia ir lá para dentro, se até era adepto, em vida, da religião antiga e não cristão e coiso... E eu respondi que uma vez dei dez euros aos Missionários Combonianos. Ele, depois de coçar a barba que dava pelos joelhos, fez um telefonema, alegando que "tinha de falar com a chefia", explicou a situação e ouviu atentamente as instruções. Eu estava descontraído, mas o S.Pedro virou-se para o tesoureiro lá do sítio, mandou-lhe dar-me 10 euros e mandou-me para o Inferno! Ainda estrebuchei, perguntando se foi mesmo aquilo que Deus disse ao telemóvel, mas ele respondeu que a chamada caiu por falta de saldo e aquela decisão era dele, e que não queria ficar a dever nada a ninguém! Depois ainda vi a princesa Diana a entrar no Céu e perguntei porque é que aquela grande p#$% já levava auréola e tudo, ao que S.Pedro me respondeu que não era auréola, era mesmo o volante do Mercedes enfiado nos cornos!
Enquanto descia de elevador, reparei que não estava sozinho. Comigo iam três ateus, dois homossexuais já nos preliminares e o Papa Bento XVI. Quando cheguei à porta do Inferno, dirigi-me ao segurança que estava à porta. Pedi-lhe para entrar, mas primeiro foram logo chamados os homossexuais e o Papa Bento XVI. "Devem ser clientes habituais", pensei eu. O segurança chamava-se Belzebu e claramente tinha sotaque da Ribeira. Perguntou-me se eu era homossexual. Eu não. E membro da Igreja Católica? Também não. Estava difícil... Pedi-lhe para ir ver ao fax, pois o S.Pedro disse que ia mandar uma lista... Foi ao fax e pediu-me dez euros pela entrada. Lá foram os dez patacos dos Missionários à vida... Disse-me para, assim que entrasse, virasse à direita e batesse à porta, para falar com o "Patrão"... Assim fiz!
Entrei e dei de caras com uma sala iluminada a laser e estroboscópios, com música em altos berros, milhares de corpos lascivos a roçarem-se uns nos outros na pista de dança, e muitos copos à mistura. Juro que ainda vi, pelo canto do olho, uns privados onde parecia haver actividade sexual desenfreada! Fiquei logo um pouco mais animado, virei à direita e bati à porta! Depois de um "Entre" rouco, abri e deparei-me com uma figura humana, composta por sinal, com o cabelo todo branco. "Então o senhor quer vir para o Inferno?" Bem, pois... se calhar queria e tal... "Então diga-me lá o que sabe deste sítio!" Bem, é um mar de chamas a arder eternamente, onde seremos castigados pelos nossos pecados e coiso... "Olhe que não, olhe que não! Este sítio é para onde vão todos os que não acreditam no... gajo lá de cima, os comunas, os gays e os ateus! Estamos abertos 24 horas por dia, há copos e sexo à discrição, e a temperatura ambiente é sempre mantida a 20 graus!" Até é fresquinho, pensei eu. Então, o que tinha de fazer para entrar? - Por esta altura, estava em pulgas! "Bem, primeiro, o senhor tem de se sindicalizar!" Mas... como... assim tipo movimento proletário e essas cenas? "Exactamente, o senhor tem de se sindicalizar em um de três sindicatos, o SH (Sindicato Heterossexual), o SG (Sindicato Gay) ou no SB (Sindicato Bissexual). Depois, está tudo à sua disposição cá dentro! Em que sindicato quer alistar-se?" Bem, no SH... não sei se é corrente, mas preferia... "Não há problema, temos por aí muita gaja sindicalizada à procura de um crente em Rá!". E assim foi a minha admissão no Inferno! E mais não conto, usem a imaginação...
No entanto, quando ia a sair do escritório, agradeci. Obrigado, Sr. Diabo! Ao que o senhor me retribuiu "Mas qual Diabo, qual quê??? Esse era a classe opressora do grande capital e já fugiu para o Brasil! O meu nome é Álvaro Cunhal, mas trata-me por Camarada! Avante, Camarada - hoje o Inferno, amanhã o Paraíso!"
Depois acordei e dei graças a Rá pela minha inclinação política à esquerda, a minha crença em Rá e não ter dado 20 euros aos Combonianos!!
Devem lembrar-se, por certo, das aulas de Catequese, que eram assim uma forma a modos que mais ou menos evidente de lavagem ao cérebro misturado com mnemónicas para memorizar rezas, do tipo "Pai Nosso que estais no Céu e eu aqui a aturar isto" ou a célebre "Avé Maria cheia de Graça com a pança cheia de massa..." ou ainda o "Já dizia Herodes, ou rezas ou te f#$%s, mas como o Herodes já morreu, quem te f#$e sou eu!". Espera... Acho que esta não era... Não interessa! De vez em quando ia lá o Padre, um poço de virtudes, que quinze anos mais tarde morreu de SIDA, fazer umas palestras mais ásperas, que normalmente acabavam com a minha expulsão daquele paraíso. E aqui entram os conceitos que nos inculcaram nessa altura: o Paraíso, ou o vulgar Céu, para a classe turística, o Purgatório, uma espécie de filme erótico a preto e branco onde quando vai para acontecer algo, pimba, cortam a cena e seguem com uma imagem de Cristo pregado aos paus, e ainda o Inferno, que seria um mar de chamas a arder perpétuamente - mais ou menos como o WTC.
E eu vi o Inferno!!! Vou-vos contar a estória: Dei por mim à porta do Céu, onde o S.Pedro me perguntou porque achava que devia ir lá para dentro, se até era adepto, em vida, da religião antiga e não cristão e coiso... E eu respondi que uma vez dei dez euros aos Missionários Combonianos. Ele, depois de coçar a barba que dava pelos joelhos, fez um telefonema, alegando que "tinha de falar com a chefia", explicou a situação e ouviu atentamente as instruções. Eu estava descontraído, mas o S.Pedro virou-se para o tesoureiro lá do sítio, mandou-lhe dar-me 10 euros e mandou-me para o Inferno! Ainda estrebuchei, perguntando se foi mesmo aquilo que Deus disse ao telemóvel, mas ele respondeu que a chamada caiu por falta de saldo e aquela decisão era dele, e que não queria ficar a dever nada a ninguém! Depois ainda vi a princesa Diana a entrar no Céu e perguntei porque é que aquela grande p#$% já levava auréola e tudo, ao que S.Pedro me respondeu que não era auréola, era mesmo o volante do Mercedes enfiado nos cornos!
Enquanto descia de elevador, reparei que não estava sozinho. Comigo iam três ateus, dois homossexuais já nos preliminares e o Papa Bento XVI. Quando cheguei à porta do Inferno, dirigi-me ao segurança que estava à porta. Pedi-lhe para entrar, mas primeiro foram logo chamados os homossexuais e o Papa Bento XVI. "Devem ser clientes habituais", pensei eu. O segurança chamava-se Belzebu e claramente tinha sotaque da Ribeira. Perguntou-me se eu era homossexual. Eu não. E membro da Igreja Católica? Também não. Estava difícil... Pedi-lhe para ir ver ao fax, pois o S.Pedro disse que ia mandar uma lista... Foi ao fax e pediu-me dez euros pela entrada. Lá foram os dez patacos dos Missionários à vida... Disse-me para, assim que entrasse, virasse à direita e batesse à porta, para falar com o "Patrão"... Assim fiz!
Entrei e dei de caras com uma sala iluminada a laser e estroboscópios, com música em altos berros, milhares de corpos lascivos a roçarem-se uns nos outros na pista de dança, e muitos copos à mistura. Juro que ainda vi, pelo canto do olho, uns privados onde parecia haver actividade sexual desenfreada! Fiquei logo um pouco mais animado, virei à direita e bati à porta! Depois de um "Entre" rouco, abri e deparei-me com uma figura humana, composta por sinal, com o cabelo todo branco. "Então o senhor quer vir para o Inferno?" Bem, pois... se calhar queria e tal... "Então diga-me lá o que sabe deste sítio!" Bem, é um mar de chamas a arder eternamente, onde seremos castigados pelos nossos pecados e coiso... "Olhe que não, olhe que não! Este sítio é para onde vão todos os que não acreditam no... gajo lá de cima, os comunas, os gays e os ateus! Estamos abertos 24 horas por dia, há copos e sexo à discrição, e a temperatura ambiente é sempre mantida a 20 graus!" Até é fresquinho, pensei eu. Então, o que tinha de fazer para entrar? - Por esta altura, estava em pulgas! "Bem, primeiro, o senhor tem de se sindicalizar!" Mas... como... assim tipo movimento proletário e essas cenas? "Exactamente, o senhor tem de se sindicalizar em um de três sindicatos, o SH (Sindicato Heterossexual), o SG (Sindicato Gay) ou no SB (Sindicato Bissexual). Depois, está tudo à sua disposição cá dentro! Em que sindicato quer alistar-se?" Bem, no SH... não sei se é corrente, mas preferia... "Não há problema, temos por aí muita gaja sindicalizada à procura de um crente em Rá!". E assim foi a minha admissão no Inferno! E mais não conto, usem a imaginação...
No entanto, quando ia a sair do escritório, agradeci. Obrigado, Sr. Diabo! Ao que o senhor me retribuiu "Mas qual Diabo, qual quê??? Esse era a classe opressora do grande capital e já fugiu para o Brasil! O meu nome é Álvaro Cunhal, mas trata-me por Camarada! Avante, Camarada - hoje o Inferno, amanhã o Paraíso!"
Depois acordei e dei graças a Rá pela minha inclinação política à esquerda, a minha crença em Rá e não ter dado 20 euros aos Combonianos!!