Não estou de acordo com esta coisa do FMI vir cá a Portugal. Eh pá, e não estou e não estou para ouvir quem me disser que só assim é que não sei o quê e mais não sei das quantas. Eu, cá para mim, penso que isto vai piorar para os que menos culpas têm no meio desta confusão toda e os tubarões vão ter dinheiro fresquinho para mais um banquete que havemos de pagar mais logo. Lógico, os menos culpados.
Essa é uma moda em que não alinho. Não alinho e não me venham lá com historietas. Eu agora estou como os finlandeses e mais nada. Eu não devo nada a ninguém, faço e fiz sempre frente aos meus compromissos financeiros e até a outros, portanto, não me venham lá com a conversa estafada de que todos nós temos culpa. Temos o tanas! Eu não tenho e tenho a certeza que como eu, muitos. Quem tem a culpa? No fundo é fácil de perceber quem tem a culpa. Será quem lucrar no final de tudo isto. E podem escrever isto que eu hoje escrevo, e assumo inteiras responsabilidades hoje mesmo, dia 18 de Abril de 2011.
Depois da fase da indignação escrita, que até nem foi nada de especial, e se não acreditam leiam outras asneiras que escrevi, vou passar a discorrer sabiamente (quem se sentir mais sábio pode comentar) sobre uma coisa que me faz um bocado de comichão no escroto do lado direito. Como dizem que os homens pensam sempre com a cabeça errada, decidi ter comichão nos ombros. E quê? Bem, dizia eu que ia discorrer sabiamente. É assim, então: o sistema financeiro mundial e o português igualmente estão alicerçados numa ideologia económica chamada capitalismo. Correcto? Creio que não há grandes dúvidas quanto a isso. Não estou a falar de política, estou a falar de economia.
Ora o capitalismo tem algumas regras básicas. Uma delas, e alguém mais sábio, com certeza, me pode corrigir se estiver a dizer um grande disparate (se for pequeno deixem lá isso), é a regra do livre mercado e concorrência. Que no fundo é uma tradução menos selvática mas igualmente selvagem da chamada Lei da Selva, ou seja, o mais forte sobrevive, o mais fraco morre. Trocando por graúdos, quem é mais apto para o mercado singra, quem faz asneira da grossa com a massa abre falência. Isto de forma simplista, não estamos aqui (ainda) a analisar custos de produção e outras estopadas que tais.
Concordamos todos? Concordamos todos. Quem não concorda comenta. Quem concorda também que isto precisa de animação. Eu penso que os capitalistas que estão a ler isto concordam e os outros também, toda a gente sabe que isto é mais ou menos assim. O capitalismo divide-se em vários ramos, no entanto. No europeu, com o seu BCE, no americano, com a sua Reserva Federal, no asiático, com o seu chicote, e no africano, com a Isabel dos Santos. Tirando daqui a Isabel e os asiáticos, vemos que os americanos e os europeus agem de forma similar, mas com ligeiras e subtis diferenças perante as grossas asneiras em que a Banca caiu nos últimos anos. Os americanos tentaram suster a falência dos Bancos, dando-lhes dinheiro à fartazana, mas depois chegaram à conclusão que havia buracos que as impressoras de dólares não conseguiam encher e desistiram disso. Levaram um ou outro especulador a tribunal e sentenciaram-nos pesadamente – estou a lembrar-me de um grupeiro chamado Maddof.
Os europeus são mais refinados no capitalismo. Sim, a regra da concorrência existe, mas apenas para merdices pequenas, tipo o restaurante da esquina ou a padaria do Zé, pão quente é que é. Bancos não. Não se pode deixar falir um Banco. Nada disso. Aí a Europa passa rapidamente do capitalismo selvagem que sempre defendeu ao corporativismo mais nazi, ou fascista tipo Mussolini ou mesmo aos antípodas das economias programadas comunistas. Porque é necessário defender os Bancos, esses são grandes demais para falir. Com a honrosa excepção islandesa, nenhum país europeu deixou de injectar milhares de milhões de euros nos seus Bancos. Porquê?
Simples, para manter o fluxo financeiro, para manter os empréstimos acessíveis ao investimento. Meritório? Talvez. Questionável sem dúvida. Mas talvez meritório. Mas há o reverso da medalha. O investimento. Ora o que vou afirmar não é linear. Mas imaginem que uma empresa investe mil milhões por ano (qualquer semelhança com o especialista em emprego barato é pura realidade), e que para tal se financia junto da Banca. Em sede de IRC, a matéria colectável é grosso modo o rendimento do exercício deduzido dos custos, ou seja, pagam impostos sobre o carcanhol que entra menos os juros que pagam aos bancos. Ou seja, uma empresa que se financie desta forma, reduz de tal forma o IRC a pagar que pode compensar o pagamento de juros à Banca. Isto de forma simplista, não estou para aqui a ser nenhum guru financeiro, nem quero, que essa gente é toda parva dos cornos.
Ora, sigam lá a lógica: não se pode deixar falir Bancos porque senão não há empréstimos, e isso origina falta de investimento, que origina que as empresas tenham de pagar IRC por todo o rendimento obtido. E nós onde ficamos no meio disto tudo? Nós enchemos os buracos que tudo isto deixa na estrada, através dos nossos IRS, IA, IT, ISP, etc…
Perceberam agora como o capitalismo funciona? E perceberam como, afinal, se pratica o fascismo e a economia planeada comunista, mortais inimigos do capitalismo, para o alimentar? Não é do catano?
Ou seja o comunismo selvagem está a ser derrubado por uma economia planeada comunista?!
ResponderEliminarInteressante...
(lá em cima é mesmo finlandeses que queres dizer?)
ERRATA
ResponderEliminarAli em cima onde se lê "comunismo selvagem" deve ler-se "capitalismo selvagem"...
Não, Pronúncia, pelo contrário...
ResponderEliminarO que eu quero dizer é que o capitalismo, afinal, não consegue sobreviver sem intervenções planeadas do Estado, ou seja, no fundo este capitalismo alimenta-se de uma espécie de comunismo estatal, a nível europeu, que recorre ao factor trabalho para financiar os mercados, ou como se dizia até há pouco tempo, o grande capital.
No fundo, o capitalismo não é sustentável, precisa do comunismo, o velho comunismo inimigo mortal, para sobreviver. É que, caso contrário, sucumbe às suas próprias regras...
Os finlandeses não querem saber, não é?
E há fuga possivel? Não há, pois não? Sinceramente e sem ironias...
ResponderEliminar(Suspiro) http://vimeo.com/21049802
ResponderEliminarNoya, há sempre fuga. Sempre. Mas sempre.
ResponderEliminarMalena, mais ou menos, mais ou menos...
ResponderEliminarDiscordo, estamos a falar de uma coisa que os manuais de História um dia hão-de nomear como um sistema qualquer que nem tem a ver com capitalismo e nem com comunismo... eu sei como lhe chamo... a GANÂNCIA desenfreada (selvática) de poucos prejudicando milhões.
ResponderEliminarEu acredito que estamos a viver dias de uma verdadeira guerra mundial financeira.
Como analogia para este pesadelo, mas que o ilustra bem, gosto da estória do Tasqueiro e do Pinguço... fácil de entender e bem real!
Pronúncia, não há sistemas maus, há pessoas más. O facto é que este capitalismo, seja ganancioso na sua natureza ou não, não sobrevive sem intervenção externa, soçobra sobre o seu próprio peso e dinâmica. E aí vêm os povos socorrer o sistema. As massas operárias. Uma manobra comunista, como tal. Apenas isso. Agora se é capitalismo ou não, se é comunismo ou não, deixo à interpretação de cada um. Nem o post deixa explícito que estou a falar de teorias económicas. estou a falar da realidade. Não de sistemas, mas sim de pessoas.
ResponderEliminartens aqui muito para eu ler... agora não tnh tempo, preciso talvez de uma semana ou whatever.... :P
ResponderEliminarpasso logo por aqui...
Sem querer fugir ao tema….!
ResponderEliminarDa minha maneira de ver….
O Comunismo é a metade de um ciclo do capitalismo.
Tudo o que nos rodeia se move por ciclos, agora está o capitalismo em força, mas inevitavelmente terá de a perder no futuro para o comunismo e vice-versa.
Actualmente somos bombardeados por informação pré construída pelo poder actual, por esse motivo o comunismo é repelido a todos os níveis, mas se repararmos, todos o praticamos em casa com a família e em algumas províncias onde não se pode ouvir sequer esse nome com os vizinhos, é um facto.
O Português tem uma mentalidade tramada, é mau, egoísta e rancoroso, quase auto destrutivo, só um povo assim resistiu tanto tempo à ditadura.
Existe vários projectos de sociedades ultra evoluídas, que destaco a “Vénus Project”, que possivelmente será o futuro, a seguir a este colapso do capitalismo mundial, com guerras e revoltas em massa à mistura, até essa parte.