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Por sinal, estamos na Páscoa. Não sou dado a festas religiosas, mas é bem evidente que a Páscoa é um pouco mais que isso. Pelo que me dizem, é época de se rumar às origens para se estar com a família. O que não deixa de ser interessante é como o português é homem de família, e quem diz homem diz mulher. Já o Natal é para se estar com a família, os Santos Populares e a festinha lá da terrinha também é para estar com a família, o Verão é para estar com a família. Enfim, tudo serve de desculpa para fugir para a mãe.
Nesta época, há outra coisa que acontece uma e outra vez, que é a de passarem na TV as mais diversas versões cinematográficas da paixão de Cristo. Já as vimos faladas nas mais diversas línguas, e hoje até passou mais uma, com um Cristo aparentemente mais real que o que normalmente costuma aparecer nestes filmes. Se Cristo era branco de olhos azuis, vou ali e já venho. Seria um judeu interessante do ponto de vista genético...
O que nunca se viu é uma procissão ateia. É uma ideia literalmente peregrina. Um grupo de espanhóis propunha-se organizar uma procissão onde só participariam ateus. Estou mesmo a ver os andores, deviam ser giros. E a abrir a procissão, não sendo um padre, quem seria? E teria uma banda de bombeiros? E putos de saias? Bem, devia ser uma verdadeira procissão ateia.
Os tribunais espanhóis proibiram a procissão, com base em dois factores simples, a provocação gratuita à Fé Católica e, por outro lado, a possível alteração da ordem pública. Sabe quem já me leu que não aprecio de forma alguma aquilo que a religião faz na cabeça das pessoas. Sou muito céptico quanto à utilidade social da religião, seja ela católica ou outra fé qualquer. Mas desta vez não posso deixar de concordar com os tribunais que decidiram, ao que me parece, sabiamente, pela proibição desta procissão.
Uma coisa é ser-se ateu – coisa que não sou, em sentido estrito – outra, bem diferente, é mostrar a opção pelo ateísmo em praça pública. Não que isso tenha algo de chocante, e se a procissão fosse autorizada, ninguém teria algo a ver com isso a não ser quem nela participasse. E eu nem sou grande especialista em procissões. Mas que raio de símbolos estas pessoas carregariam? O que haveria para ver? Uma última questão: porque razão alguém havia de demonstrar que não tem Fé em nada? Sim, porque uma procissão, apesar de tudo, é uma manifestação de Fé. Se os ateus não acreditam em nada de sagrado, como pretenderiam fazer uma procissão, sendo esta mesmo um acto solene senão sagrado? E cabeça no sítio, não?
Absolutamente ilógico! Procissão ateia?
ResponderEliminarPs: Grande música!! :)
Malena, a mim parece-me que sim... Já não sei...
ResponderEliminarPink Floyd é sempre a Grande Música.
Cá por casa é mesmo tempo de se reunir a família. Não é que não se reuna noutras alturas, mas nesta e no Natal dá mais jeito porque podemos conciliar férias. E sabe-me bem, muito bem...
ResponderEliminarHoje, um dos meus primos dizia-me algo do género que aqui falas... há grupos a apropriarem-se dos símbolos de outros, a adoptá-los como seus, sem que saibam sequer o que significam e de onde e porque nasceu determinado "estilo". Vais a ver foi isso que aconteceu com os ateus que também queriam uma procissão só deles... podiam era ter-lhe chamado outro nome, não? Uma caminhada, uma passeata, uma manif, mas procissão é realmente um bocadito descabido...
Pronúncia, eu acho descabido e a maioria dos espanhóis, pelos vistos, também. Mas o facto de a ideia ter surgido é já preocupação bastante...
ResponderEliminarSe queriam mostrar o seu ateísmo estavam no seu direito, poderiam fazê-lo, mas chamar-lhe procissão também me parece descabido e até ligeiramente insultuoso.
ResponderEliminarE depois, houve aqueles anarquistas que resolveram fazer uma festa pouco ortodoxa numa igreja que arrombaram e depois ainda se vieram queixar da falta de liberdade de expressão... tá tudo doido e sem a noção do certo e errado...
Não diria do certo e do errado... Diria antes do próprio e impróprio. Não considero qualquer manifestação de ateísmo com cabimento.
ResponderEliminarSim, talvez próprio e impróprio seja mais correcto... pode até ter cabimento. Se uns têm necessidade de tornar pública a sua Fé, outros podem querer demonstrar publicamente a sua não crença. Poderiam era ser mais criativos e fazê-lo por forma própria e não "copiada"... daí ter dito que poderia ser até ligeiramente insultuosa.
ResponderEliminarPenso que não me entendeste. Eu considero que qualquer manifestação de ateísmo é totalmente descabida.
ResponderEliminarEntendi, sim.
ResponderEliminarDaí o meu comentário...
Como se manifesta o nada??
ResponderEliminarPodem manifestar o facto de não acreditarem em nada.
ResponderEliminarUm desfile com cartazes a dizerem, sei lá... "orgulhosamente ateu", "eu sou ateu"?! haja criatividade.
O facto de não acreditarem em nada não lhes dá o direito de o proclamarem com símbolos. Que símbolo tem o nada?
ResponderEliminarComo já te disse, não me parece bem que se apropriem dos símbolos dos outros... que arranjem os seus próprios símbolos.
ResponderEliminarComo é que eu representaria o nada? Não sei!... mas eu não sou ateia...
Julgo que neste mundo o facto de se ser do contra faz com que as pessoas pensem que são alguma coisa. Um ateu, a nível religioso, não é nada. A nível social, é igual aos outros... Que manifestação podem fazer? "Olhem para nós, nós não somos nada!". Acho ridículo.
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