segunda-feira, 12 de outubro de 2009

TEMA DE GRANDE VIOLÊNCIA II


Começo a não achar graça nenhuma a esta temática do TGV. Aquilo que até aqui era visto como uma espécie de anedota ibérica está a passar os limites do tolerável. Não porque pessoalmente duvide da utilidade de uma linha de alta velocidade em Portugal, ou mesmo duas, como já defendi (Sines-Lisboa-Madrid e Porto-Vigo-Madrid), mas porque me parecem irreais alguns cenários "exigidos" para o traçado da futura principal linha portuguesa, a única que não tem interesse nenhum construir-se, a linha Lisboa-Porto.

Vem isto a propósito de mais uma "lembrança" de uma região a necessitar urgentemente de uma estação TGV. O novo Reitor do Santuário de Fátima, o padre Virgílio Antunes, chamou a atenção para a necessidade de o Santuário ser servido por uma destas infraestruturas, que permitisse que as centenas de milhar de peregrinos se pudessem deslocar a Fátima com mais segurança e rapidez. Ora, como sabemos, a localização de Fátima foi escrupulosamente escolhida (Isto sou eu a divagar, quem tem fé no fenómeno, deve seguir directamente para o próximo parágrafo), aquando da invenção do fenómeno, pois além de estar perto do centro geodésico nacional, está deslocado para o litoral, o que só indicia algum cuidado extra para poder estar mais perto da maior parte da população sem realmente prejudicar ninguém.

Tendo em conta que, durante seis dias do ano, Fátima se torna num centro de peregrinação, faz todo o sentido a reivindicação do digníssimo Reitor. Obviamente, durante os 359 dias restantes, a estação TGV Fátima poderia encerrar, pois pouco préstimo teria. Assim de repente, podemos, mentalmente, fazer uma viagem Lisboa-Porto em TGV e imaginar o resto das reivindicações que poderiam dar origem a paragens do dito comboio.
Assim, a composição saíria de Lisboa-Oriente às 08:00 da manhã de um dia 12 de Maio de um ano distante num futuro razoavelmente impossível. A primeira paragem seria na zona de Alenquer, para compensar todos os que perderam com a decisão de não se construir o novo aeroporto na Ota, nomeadamente o Mário Soares e amigos. A segunda paragem seria em Santarém, pois o Francisco Moita Flores exige, do alto dos seus 60% de votos, que o comboio pare na Capital do Gótico. A cidade tem muito interesse turístico e um ponto marcante da gastronomia portuguesa bem ali ao lado, em Almeirim. Além disso, há as touradas na Monumental.
A terceira paragem seria em Fátima, pois claro, por causa do Santuário e das grutas da Serra de Aire. Aliás, poder-se-ia investir já num tapete rolante que rolasse ao contrário, desde a estação de Fátima, junto à nova Basílica, até à Capela das Aparições, para que os peregrinos pudessem caminhar pelo menos 50kms e assim dessem como bem empregue a peregrinação. Um teleférico que descarregasse directamente as pessoas nas grutas de Mira de Aire seria também boa ideia.
Quarta paragem, Alcobaça (para trás? Não, um ligeiro desvio), para que os turistas espanhóis pudessem admirar o Mosteiro. Quinta paragem na Batalha, para o mesmo efeito, só que aqui a estação seria localizada nas traseiras do Mosteiro de Santa Maria da Vitória, para que os espanhóis não vissem a estátua de S.Nuno Álvares Pereira, proclamado santo por enfardar "nuestros hermanos" com jeito e força. Sexta paragem, Leiria, porque é capital de distrito e sempre se pode admirar o fantástico contraste entre o castelo e o estádio...
Aqui o TGV tomaria a direcção Nordeste e teria as sétima e oitava paragens em Pampilhosa da Serra e Góis, pois o Pinhal Interior é uma região esquecida! Rumando a Este, a nona paragem seria na Torre, para os turistas subirem à Serra e comerem um queijinho amanteigado. Um ferroduto desde Góis até à Torre asseguraria uma subida suave e rápida. Décima paragem na Guarda, pois é a cidade mais antiga de Portugal. Seguindo para Norte, o TGV pararia pela décima primeira vez em Foz Côa, pois as gravuras não sabem nadar, mas poderiam saber andar de comboio.
A décima segunda paragem seria na casa de Fernando Ruas, ali em Viseu, para se poder visitar o Grão Vasco e ainda visitar Cabanas de Viriato, herói nacional e precursor do TGV Tuga. Poderiam os passageiros prestar também homenagem a José Eduardo dos Santos e sua filha, patronos da cidade. Acompanhando o traçado da IP3, décima terceira paragem na Livraria do Mondego, onde se poderão admirar os livros desaparecidos das bibliotecas recentemente inauguradas por autarcas em vésperas de eleições.
Seguindo rio abaixo, paragem obrigatória em Coimbra, capital de Portugal em termos de (in)justiça e direito, de onde emanam todas as decisões político-judiciais do país. Tempo ainda para visitar Santa Cruz, onde está enterrado D.Afonso I, embora muitos historiadores afirmem a pés juntos que, de tantas voltas que o homem deu no túmulo, já caiu cá fora e está agora enterrado no aterro municipal. Mais 40km de viagem, com vista para o castelo de Montemor e nova paragem, a décima quinta, na Figueira da Foz, para almoço e sesta na praia. Rumando a Norte, décima sexta paragem em Aveiro, inspiração portuguesa da Aveiro italiana, Veneza, para contemplar os seus belos canais e a fabulosa Ria, que por esta altura não passará de um charco.
Continuando viagem, a décima sétima paragem em Oliveira de Azeméis, para pic-nic no parque La Salette e comprar sapatilhas em saldo em S.João da Madeira. Aqui o comboio teria apenas dez kms de viagem até à décima oitava paragem, para a Viagem Medieval da Feira. Décima nona paragem em VN Gaia, porque ficamos a saber que é a terceira cidade do país! Finalmente, chegada ao Porto, atravessando o rio Douro através da 54ª ponte a ligar as duas cidades ribeirinhas!

Teríamos assim uma ligação rápida de Lisboa ao Porto e vice-versa, que demoraria pouco mais de dois dias, ao invés das duas horas e meio que demora agora. Vamos agora ver o que dizem os autarcas e padres de Vila Franca, Porto de Mós, Caxarias, Entroncamento, Tomar, Peniche, Nazaré, S.Pedro de Muel, Torres Vedras, Caldas, Marinha Grande, Sabugal, Tondela, Trancoso, Miramar... É que isto pode vir a ser uma viagem Inter Rail, se bem organizada...

31 comentários:

  1. Não posso concordar com uma coisa, ó cirrus. Mas tu vais almoçar na Figueira quando podes passar pela Mealhada? Já que esta linha já tem mais curvas que a estrada da Beira, podes fazer mais um desvio para um leitãozito, não?

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  2. Catsone, provavelmente tens alguma razão, mas temos de nos lembrar que os turistas ficam muito chocados com o nosso costume gastronómico de "comer bebés" - leitões, cabritos, vitelas, petinga, jaquinzinhos, pitos de churrasco...

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  3. ahahahah adorei. ainda ontem discutia esse assunto com um dos que trabalhou comigo na mesa de voto. ele defende a pés juntos que a linha Lisboa-Porto deve ser construída porque vai poupar muito tempo.
    ahah que piada. quem no seu perfeito juízo vai pagar mais por uma viagem que tem o mesmo tempo de duração no Alfa Pendular? porque a linha não é directa, antes tem paragens pelo meio devido a, como tu referiste, pressões políticas. Se a viagem vai ter praticamente a mesma duração, apenas com preços mais elevados não vejo muita gente que opte por esse meio. A linha Lisboa-Madrid talvez tivesse utilidade. Mas terá muito mais para Espanha que Portugal.

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  4. Anne, até de avião ficaria mais rápido e barato que de TGV fazer Lisboa-Porto.

    Quanto ao interesse das linhas ibéricas, julgo que te esqueceste que Espanha precisa mais da linha que nós, mas seremos nós a ganhar mais com ela, indubitavelmente.

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  5. Quer dizer, e a Murtosa, como se não bastasse a A29 ter passado a nascente, do lado-de-lá de Estarreja, agora nem ao TGV tem direito! Olha que tu tens cada uma...

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  6. Bela lição de geografia que acabaei de levar.
    Estou é a "ver-te" a seres contactado por um tal Coelho... Ideias dessas - principalmente vindas de uma só pessoa - não se têm todos os dias :)

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  7. Francisco, a Murtosa pode ficar com um novo aeroporto - para hidroaviões!

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  8. 13, Coelho bravo??

    Conheço bem este país, é um facto!

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  9. Lol, eu adoro a igreja, a sério. Mas que bela argumentação. Pensei que a igreja até era pela tradição e os velhos costumes e não sei quê, e de repente querem o TGV? até porque devoto que é devoto vai a pé até Fátima... agora TGV... Era o que faltava.
    Obviamente que penso que o TGV devia ter paragem obrigatória em Ermesinde por várias razões nomeadamente esta, esta e esta.

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  10. Aeroporto para hidroaviões?!
    Bem, do jeito que vai a Ria, daqui a pouco poucas obras seriam precisas. Mas tambem podiam puxa-lo um pouco mais a norte, tipo Barrinha de Esmoriz.
    Tu queres o TGV no Santuario, eu bem sei o motivo. Antes do 13 de Maio, né, para não caminhares muito a procura do homem? Dessa maneira, vais conseguir muitas amizades.

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  11. Sara, de cada vez que têm uma intervenção social, sai mais um desastre! Nada a fazer.

    Ermesinde tem uma excelente razão para parar lá o TGV, mas essa seria a linha Porto-Vigo. Não te lembras???

    As peregrinações a Santa Rita, rapariga!!!

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  12. Francisco, na Lagoa de Paramos / Barrinha de Esmoriz, já existe um aeródromo, já te esqueceste?? O tal cuja pista era atravessada por uma estrada, onde se deu o acidente fatal... deves estar lembrado.

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  13. Francisco, faço tenção de, como é hábito, a 13 de Maio, estar fora do país, a curtir uma de infiel! É mais ou menos por aí que começam as minhas férias... com viagem para as Arábias...

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  14. Tens razao. Hoje tou assim, meio despistado. Ninguem me liga nenhuma :-(
    Olha nao sendo a aerodromo, nem tou a ver nada que se aplique a essa zona...Nem te atrevas a ir para fora sem ir beijar o anel ao senhor! Depois aguenta-te com o Beato!

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  15. Francisco,

    Beijar o anel?? Se calhar ainda o roubava!!!

    ;D

    Acho muito bem que quem tem fé católica faça o possível por ver o Papa. Por mim, pode ficar em Roma que não faz falta nenhuma!

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  16. Defendendo eu Coimbra, com unhas e dentes,ainda assim....digo que não podias ter-te esquecido da Mealhada, DE TODO!!!


    heheheheheheheheeeehhh

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  17. No TGV I que te disse eu?! Lembras-te?!

    "Lisboa/Porto, sinceramente não vejo necessidade, já há duas auto-estradas a ligarem as duas cidades, e o TGV não iria poupar muito tempo, sabemos bem que com toda a politiquice que gira à volta de questões estruturais, ele iria parar quase em todas as estações e apeadeiros..."

    Acabaste de descrever na perfeição o que eu queria dizer com "todas as estações e apeadeiros"

    Já que todos pedem... e que tal parar em Ovar para um pão de ló lá da terra?! Eu cá gostava e não me parece que os estrangeiros tivessem muitos problemas com isso... :D

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  18. Terra de Encanto, não esqueci e compreendo a decepção ( :D ) dos bairradinos, mas não podemos explicar aos turistas que comemos bebés ao pequeno almoço...

    ;)

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  19. Pronúncia, fiz poucas paragens gastronómicas, como reparaste. Se fosse esse o caso, punha o TGV a vaguear por Trás-os-Montes para que os turistas experimentassem a mirandesa, a maronesa e a barrosã, mais as alheiras de Sendim, de Vinhais e de Mirandela, mais o porco bísaro e o Vinho do Douro.

    Nada disso, isto andou mais à volta da mesquinhice que agora se apoderou de muitos responsáveis locais, incluindo o Reitor de Fátima, chorando baba e ranho para ter o TGV.

    Mal eles desconhecem que dificilmente terá uma paragem, quanto mais...

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  20. Não deixava de ser curioso, o TGV parar em Fátima!!!

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  21. Terra de Encanto, deixava de ser curioso num instantinho - quando passasse a ser ridículo, depois a intolerável e finalmente a impossível!

    ;)

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  22. TGV Nossa Senhora de Fátima ... JÀ!!!


    loool


    hilariante

    bj
    teresa

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  23. Teresa, e continua assim... e aparece sempre!

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  24. CIRRUS: é mais do que claro que sou contra todas essas obras de loucos, quando o país está nas lonas e os desempregados são mais de meio milhão. Se eu quiser ir a Madrid, vou ,como sempre fiz, num instantinho, de avião. Confesso a minha ignorância para compreender certos comentários...
    ABRAÇO DE LUSIBERO

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  25. Maria, só poderei elucidá-la quando souber quais os comentários a que se refere, já que são alguns os que aqui se explanam.

    Julgo, no entanto, que as obras públicas, como já ficou provado coma as falências de países como a Islândia e Irlanda, são investimentos seguros no nosso futuro. O que ponho em causa é o traçado, não a existência da obra. Até porque, por muito que recue no tempo, não encontrará, com certeza, qualquer período da nossa história depois dos descobrimentos em que o país não estivesse nas lonas. Não me parece que seja motivo para estagnarmos. Antes pelo contrário.

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  26. Será que o TGV faz também a linha de Sintra?
    Se sim... apoio :)
    Um abraço amigo e floydiano

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  27. Sonhador, nada disso!!! Seria muito mau mostrar a criminalidade da linha de Sintra aos turistas!!!

    Um abraço floydiano, volta sempre!

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  28. Viseu é, segundo um estudo feito pela DECO, a cidade portuguesa com melhor qualidade de vida. Mas não tem estação de comboios. E eu moro lá e estudo em Lisboa. E não gosto de fazer 20 minutos de carro até à estação mais próxima. Enquanto não repuserem a estação lá não quero ouvir falar em TGV noutros sítios... pfff!!:P

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  29. ADEK, a haver TGV, espero que as pessoas tenham a noção que o comboio não pode parar em todas as cidades por que passa. O TGV é um comboio que demora imenso a acelerar e a desacelerar, não pode ter paragens. Será de Lisboa ao Porto e pronto, acabou-se! Caso contrário, não acrescentará nada.

    Quanto a Viseu, fala com o Ruas, ele é que se dá bem com a família real de Angola, talvez consigam dar um jeito...

    ;)

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  30. Nada hoje? hummmm :-)
    quero ver o que vem por ai
    boa noite

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  31. Ora toma lá que é democrático!!

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