Ora cá estou, efectivamente, de regresso. A Portugal, não ao trabalho. Tenho 25 dias de férias e deles não abdico. Caso contrário, fico como os sul coreanos, um dos povos com menos férias gozadas do mundo. Curiosamente, um dos mais improdutivos do mundo também. O que dá que pensar...
Bem, seja como for, os que me conhecem minimamente sabem que esta coisa de férias é especial para mim. Normalmente, escolho os meus destinos com base numa série de regras bastante restritas, mas simples. Tenho de aprender alguma coisa, tenho de encontrar uma cultura diferente da nossa, tenho manter-me durante toda a duração da viagem em movimento, não posso ter restrições a mover-me por mim próprio, tenho de ir a lugares com o mínimo de interesse histórico.
Logo assim, um dos tipos de férias que evito a todo o custo são as costumeiras semanitas no Algarve (já cheguei a fazer uma dessas semanas sem pôr os pés na praia) ou as famosas semanas nos resorts de férias por esse mundo espalhados, como no México ou na República Dominicana. E sempre critiquei as pessoas que gastam o seu dinheiro para irem para esses locais fazerem esse tipo de férias. Penso que são incultos, comodistas, desinteressados, fúteis... E muitos deles apenas interessados em turismo sexual.
Sou mais de aventura cultural e onde houver um monumento para ver, lá estarei. Desde que a cultura que me rodeia seja minimamente diferente. O que quase sempre exclui a Europa. Como conheço muito bem o nosso próprio país, penso que conheço bem a nossa cultura. E o que conheço da Europa nunca me satisfez essa regra por inteiro. Por isso, atiro-me sem piedade aos resorteiros portugueses, que julgava gente de baixo nível cultural e fraco gosto.
Ora, para não andar aqui a falar sem realmente saber como são as pessoas que vão para um resort, resolvi (resolvemos) este ano ir para um desses famosos resorts com tudo pago e mais não sei o quê, em busca de uma semana de descanso e observação dos nossos resorteiros portugueses, do seu comportamento e desenvoltura. Levei As Marcas dos Deuses comigo, não fosse por algum motivo aborrecer-me e precisasse de algum estímulo intelectual.
A realidade é que mudei radicalmente a minha posição sobre este tipo de férias e as pessoas que as fazem. Aquilo que eu julgava, nomeadamente a falta de nível cultural, sentido crítico fútil e descabido, interesse no turismo sexual, baixo conhecimento do mundo que está ali fora do resort e demais etcs, não são a verdadeira realidade. A verdadeira realidade não é, de facto, como eu a pintava por aí. É realmente muito pior do que julgava. As Marcas dos Deuses têm 567 páginas, e li quase 500. O ambiente num resort é absolutamente deprimente. Cruzámo-nos com muita gente "bem posta" na vida, muitos empresários e suas famílias (que ficam para trás à noite, depois do jantar), muita gente "bem", muito "empreiteiro" e afins.
As poucas pessoas com quem ligamos foi com membros da equipa de animação (animação em que sempre recusei participar, tal era a palhaçada), depois dos respectivos trabalhos, e com quem fiquei a conhecer alguma cultura do povo que se encontrava lá fora. E, inevitavelmente, lá fui lá para fora, à procura de algo de interesse. Não havia muito, de facto.
Episódios houve em que quase fiquei envergonhado por ser português, e logo eu, um amante intenso de Portugal, tal era a mesquinhez e tacanhez imensa presente nos nossos compatriotas que normalmente apenas fazem este tipo de férias. Claro, também apareceram uma ou duas excepções. No caso, o casal mais velho que ali se encontrava. Boas pessoas, que já viram muito mundo. Os mais novos discutiam incessantemente a qualidade dos cocktails, ou a cor das toalhas de mesa...
E eu que quase consegui ir uma semana para a Líbia... Lá para Setembro, quem sabe? Só sei que regressarei à aventura, não tenho estômago para novos-ricos...
Resorts soam-me sempre a carneirada.
ResponderEliminarSempre que vou de férias, o hotel é a coisa menos importante, porque não pretendo passar lá muitas horas. Se conseguir juntar natureza, praia e cultura então óptimo... maravilha!
E sim, já tive vergonha de ser portuguesa, pelas figuras tristes e mal educadas de muito boa gente mas que não são de todo gente boa... e nem é preciso sair do País para veres isso, basta ires a alguns sítios supostamente mais requintados e ficas logo a desejar estar na tasca lá do burgo onde pelo menos as pessoas são autênticas e até nas "caralhadas" são educadas...
Deixa lá... valeu pela experiência!
Bem-vindo de volta.
ResponderEliminarEu chamo às férias em resorts com tudo-pago, um estacionamento na prateleira.
Estive em Dezembro num resort na Jamaica e regressei mais pobre do que quando saí de Portugal.
O alcool grátis não ajuda em nada aos grupinhos de pessoal que se juntam para afogar as contra-alegrias, trazidas na bagagem.
Salva a situação, uma boa companhia.
Pronúncia, um hotel tem de ser limpo, ter cama e água quente. De resto, está muito bem. Quando fores a Petra, que sei que irás, fica no Taybet Zaman. Verás o que é um hotel mágico!! Podes procurar na net.
ResponderEliminarUma experiência traumática, devo dizer!!
Bicho, nem mais, se a companhia for boa, tudo se aguenta. E tinha a companhia mais importante comigo. Mas de resto, uma tristeza. E a futilidade dessas pessoas? Que Rá me castigue se voltar a fazer o mesmo!!!
ResponderEliminarSubscrevo inteiramente.
ResponderEliminarPraia tenho a "minha", que é linda e de graça.
Não percebi se foste à Líbia ou vais lá em Setembro.
ResponderEliminarA Síria também é um destino grandioso.
Só não concordo numa coisa: nos resorts mexicanos, há sempre a possibilidade de fazer um touring pelos arredores. Uma pessoa tropeça literalmente em cultura...
De qualquer maneira, e para não haver problemas entre casais, no meu caso, tento conciliar as duas vertentes. A minha última grande viagem foi feita a Salvador da Bahia onde pude conciliar praia com cultura.
ResponderEliminarSejas bem aparecido!folgo em saber que apesar de tudo correu tudo bem. o descanso também faz falta.
ResponderEliminarAbraço e até um dia destes
Sandra, vai aproveitando. Daqui a uns tempos, a tua praia vai ser taxada...
ResponderEliminarDylan, a Líbia foi uma das tentativas que fiz. Infelizmente, ainda há poucos tours disponíveis e a questão dos vistos tem de ser vista com alguma antecedência. A Síria é um destino fantástico, mas só havia para dia 30, assim como para a Croácia. Do mal o menos, correu tudo bem. Não tenho nada a dizer da organização e pessoal. Só do tipo de férias e tipo de pessoas que por ele optam.
ResponderEliminarO México não pode nunca ser visitado neste modelo. O país é demasiado rico para se perder tempo com paneleirices.
Francisco, obrigado. Sei que também anadas de malas às avessas. Boa viagem!
ResponderEliminarAgora já não ando! Isso foi no fim de semana. Agora estou aqui sentadinho no sofá a olhar pró relógio, quase sem pestanejar, não vá perder a hora :-)
ResponderEliminarNuma hora destas, eu quero lá saber que estejamos feitos ao bife com os nossos governantes...que a nossa malta tenha vendido a alma ao diabo...que se tenham deixado contaminar pela futilidade...
Pode vir a saber-me mal no futuro, mas agora vai-me saber bem comó caraças e isso ninguém me poderá roubar. Não é verdade que só vivemos uma vida?
Francisco, essa é uma verdade, como diz o nosso amigo Bento XVI, absolutamente relativa...
ResponderEliminarEu sempre soube que o homem acabaria por te inspirar...
ResponderEliminarBem regressado, pá!
ResponderEliminarA Líbia parece interessante. Tenho uns amigos que passaram lá uns dias em turismo e gostaram (apesar de não ser propriamente um exemplo típico de País para turistas Ocidentais).
Francisco, o homem inspira-me com alguma frequência...
ResponderEliminarGarcia, a Líbia não é diferente de qualquer país da região. Trata bem os turistas e trabalhadores estrangeiros. É de uma beleza estonteante. E nunca esquecer que eu e a minha esposa não somos, de facto, turistas ocidentais. Podemos ser acidentais, mas não ocidentais.
ResponderEliminare enquanto isso o único propósito do meu comentário é dizer que estou cheia de raiva de quem se vem vangloriar para aqui de ter feito viagens a sítios mágicos e fascinantes quando eu só posso ir até ali ao oceano atlântico e voltar... não que não goste de praia, mas há tanto no mundo para ver.... amuei!!!! :/
ResponderEliminarquando for grande quero ser como tu Cirrus. tens de fazer aqui uma espécie de catálogo de férias a descrever os sítios magníficos por onde passaste. prefiro isso ao das agências, cheios de gajas boas (cheias de photoshop) na capa em frente a uma qualquer praia de mar azul e areia branca... que tédio!!!!
pelo menos dava para eu sonhar um bocado... podia ser que se sonhasse muito.... =D
Anne, não te preocupes. O Minho tem sítios mágicos e fascinantes; é só procurar...
ResponderEliminarNão digo que não mas o mundo é tão vasto e tão mais interessante... :/
ResponderEliminare o Minho vai estar sempre aqui...
é difícil de acreditar mas eu nunca fui sequer ao Algarve!!!! :P
Anne, só comecei a deambular pelo mundo depois de conhecer Portugal. Ainda não encontrei país mais belo. Está ao alcance de qualquer um conhecer o país. É pequeno mas diversificado e com uma história riquíssima.
ResponderEliminarComecei a ganhar gosto pelo Médio Oriente por razões históricas e profissionais.
Dylan, e quantas dezenas de lugares interessantes tem o Minho? Várias!
ResponderEliminarsim, disso eu sei. como dizes, um país pequeno mas com uma diversidade incrível... mas conhecer outras culturas só nos faz apreciar ainda mais a nossa... :)
ResponderEliminarAnne, talvez tenhas razão. Mas a quantidade de coisas espantosas que temos em Portugal é quase inexplicável. E em abono da verdade, Espanha não fica atrás.
ResponderEliminarMas de facto, sinto-me sempre estimulado, não apenas pelos locais, mas também pela cultura. É como dizes, é estimulante.
Cirrus, bem aparecido, ora eu também tenho uma opinião muito formada acerca de resorts, acho-os a todos uma merda, uma palhaçada construída para os amantes de piscinas e de umas tochas acesas nos jardins à noite. O plástico a vencer o real. Nada contra quem aprecia alapar o rabo numa piscina e cirandar pelos décors de interior mas para isso escusam de ir para fora já que não aproveitam nada do país, limitam-se a entrar num avião e de seguida num hotel. Acho uma porcaria.Desafio da menina Ção, que tal partilhar connosco nuns posts alguas das viagens e se possível algumas fotos? Hummmm? Sei que se Rá me estiver a ouvir será de acordo que é uma belíssima ideia, não?
ResponderEliminarMenina Ção, já é a segunda pessoa a lançar esse desafio. Estou a pensar no caso. Acho uma ideia interessante. Darei notícias. E obrigado!
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