Porta Bab Mansour, Meknés |
Fez, 20 de Setembro de 2010
Saímos de Rabat pela manhã. A capital administrativa tem alguns pontos de interesse, e a Casbah é um deles, mas sabe a pouco. Os primeiros dois dias de viagem, tirando a confusão no aeroporto, tiveram ainda pouco entusiasmo. A viagem não é feita por autoestrada, para que possamos efectivamente ver Marrocos e não apenas passar por ele. Paramos a meio da manhã, numa cidade rural muito agradável, para tomar café. As mesas apenas têm cadeiras viradas para a rua. Ninguém toma café de costas. Mais uma vez, não se vêem mulheres na esplanada e tão pouco no interior, ao contrário da Jordânia. O café é excelente, vem servido à maneira árabe, num copo de vidro, daqueles a que chamamos "copo de três". Mas é bom e barato, cerca de 50 cêntimos...
Volubilis é uma cidade romana de grande porte, e não é muito diferente de qualquer cidade romana em ruínas, e embora conserve o arco triunfal e diversas portas, não impressiona demasiado. A região onde se encontra é uma réplica do Alentejo, mas sobranceira já ao Rif, a cordilheira montanhosa que continua até Gibraltar. Aliás, é uma região de grande beleza, com searas a perder de vista, espalhadas por colinas suaves. O guia das ruínas era muito simpático, fartou-se de fazer brincadeiras com os amigos portugueses, apesar de dar explicações em italiano e espanhol. Não lhe adiantava nada falar italiano... Quando um italiano pergunta a um português o significado de jacuzzi...
Meknés é uma cidade grande, bonita e arejada. É cercada por 40 kms de muralhas, em três cinturas. As muralhas são obra de Ismail, o Grande, o imperador que quis comparar-se ao seu contemporâneo Luís XIV como o Rei-Sol. Construiu no interior das muralhas o maior palácio do mundo, do qual se podem visitar os celeiros e as cavalariças. Mais uma vez, sendo Palácio Nacional, o seu interior está vedado a visitas. Há muitos gatos. Os árabes adoram gatos. Alimentam-nos tão bem como aos filhos. São lânguidos, sonolentos, não temem as minhas mãos que os procuram para mais umas carícias. Adoro gatos. E eles sabem disso.
Fez, à noite. Uma muralha imensa cerca a monstruosa Medina. Nunca tinha visto uma Medina tão grande, excepção ao Cairo, como é óbvio. A vista dos terraços do Hotel Les Merinides, onde vamos ficar hospedados, é tremenda. Fez antiga jaz no vale imediatamente abaixo do monte que é encabeçado por este hotel. Mais um hotel excelente. Uma estrela faz muita diferença! No tecto dos corredores há um modem para cada dois quartos. A net é muito boa, e o telemóvel deu para ver o que se passava na blogosfera e ver os golos do Cardozo contra o Sporting... O hotel é uma construção moderna, mas faz lembrar, de alguma forma, as formas árabes. Talvez seja das portas...
Vista parcial da Medina de Fez, a partir do Hotel Les Merinides |
A vista de Fez não desilude. Na Medina moram 350.000 pessoas, grande parte das quais nunca saíram das muralhas. Dizem ser a Medina mais confusa do mundo. E quem já visitou Tunis, Sousse ou o Cairo sabe como uma Medina pode ser confusa. Ao pé da Medina de Fez, a Casbah de Rabat é um aglomerado insignificante. Amanhã, muitos pontos de interesse nos esperam. A começar pelas deambulações nas ruas estreitas, passando pelas Madrassas sumptuosas, a mais antiga universidade do mundo ou a famosa fábrica de curtumes...
Fomos jantar ao restaurante típico marroquino do hotel, no terceiro andar, em detrimento do restaurante francês. Se quisesse jantar francês não iria para Marrocos. A vista de Fez à noite acompanha-nos, bem como a dança do ventre. As mesas são baixas, tal como as cadeiras. Mas podemos jantar esparramados nos imensos sofás. Uma sopa aromática de carne, para onde se espreme um limão e se acompanha com tâmaras frescas fez as delícias da noite. Depois, claro, uma "tajin" de carne de vaca com canela. Sabores fortes antes de um dia que parece vir a ser ainda mais forte...
Bom dia, Cirus...
ResponderEliminarBem, tinha ficado farto de Marrocos. Mas agora, ao lê-lo, até fiquei com vontade de lá voltar novamente. ))
Salvador, calminha aí... O melhor está para vir...
ResponderEliminarGrrrr!... o post perfeito do Cirrus em modo "mete nojo"! ;D
ResponderEliminarUi! Porquê???
ResponderEliminarPorque quando alguém me faz "inveja" eu digo que está em modo "mete nojo"... ;D
ResponderEliminarE eu estou a fazer-te inveja??
ResponderEliminarClaro que sim... ou não diria que estás em modo "mete nojo"!
ResponderEliminarEstou com a Pronúncia... isto de vir para aqui meter nojo ao pessoal...
ResponderEliminarnada pode ser melhor que calor e belas cidades...
damn this!!!!!!
Pronúncia, não sei porquê... Está ao alcance de qualquer um...
ResponderEliminarAnne, e uma visitinha, não?...
ResponderEliminarcomo as coisas andam prevejo só ter possibilidade para tal empreitada daqui a uns bons anos... daí a inveja... :/
ResponderEliminarAnne, calma, a tua vez há-de chegar. Para mim já chegou há muitos anos, é verdade, mas também não foi fácil. Sei bem o que é não termos posses para cumprir sonhos destes, que no fundo são tão simples.
ResponderEliminarEspero que consigas em menos tempo do que pensas. E espero conseguir manter-me assim.
tb eu. é das coisas que mais quero fazer na vida, viajar. conhecer, descobrir... eu sei que ainda tnh tempo, a minha vez há-de chegar... :P
ResponderEliminarainda nos encontraremos daqui a uns anos num destes destinos... =D
Anne, espero bem que sim. Seria engraçado.
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