sábado, 23 de outubro de 2010

DIÁRIO DE VIAGEM - DIA 6

Marraquexe, 23 de Setembro de 2010

Jemna Al Fna e a Koutoubia
O que se pode dizer mais sobre Marraquexe? A cidade dorme pouco. A praça Jemna El Fna só deixa de ter movimento muito tarde. É um movimento festivo, mas não calmo. É um movimento nervoso, quase caótico, é um constante S.João, uma busca insaciável por divertimento. De grupo em grupo, de tenda em tenda, sempre buscando e encontrando um insólito, um qualquer facto relevante que nos dê vontade de sorrir. E não desilude. Esses aparecem a cada passo. A praça é apinhada de gente de todas as nacionalidades. Depois de esvaziada, abrem todos os night clubs, bares e discotecas da cidade. Contra-senso? Talvez, mas com centenas de hotéis a bordejar a medina, não faltam sítios onde nos podemos divertir até altas horas.
O melhor hotel da cidade é o Al Mamounia, de seis estrelas, e da mesma cadeia do Burj-al-Arab do Dubai. Seis mil euros é o que custa uma modesta diária single. Espero pelo menos que sirvam o pequeno almoço. E isto leva-nos a pensar nos extremos desta terra. Mas Marraquexe é assim. E desde que Yves Saint Laurent decidiu mudar-se para aqui, não faltam outras estrelas para abrilhantar este céu frenético fronteiro ao Atlas. Gente como DiCaprio, Cate Blanchett, Jacques Chirác e outros têm casa em Marraquexe. 
Medina de Marraquexe
A medina é como qualquer medina árabe, embora a cidade não seja árabe, mas sim berbere. É uma profusão imensa de cor, cheiros, pessoas. É um intrincado labirinto de ruas e vielas, todas elas com as características lojas das medinas, e não se dobra nenhuma esquina sem que se não vejam centenas de pessoas, quer locais ganhando a vida, quer turistas largando os necessários euros. Um euro vale dez dihram, e sem euros não vamos longe em Marraquexe. Embora tudo tenha preços acessíveis, o euro é a moeda corrente. Só se conseguem fazer compras com dihram ou euros, esqueçam a provisão de dólares que esqueceram da última viagem.
Face ao movimento da praça, mesmo diurno, consideravelmente mais calmo que o nocturno, quase merece pouca atenção o restante património da cidade. Há o Palácio da Favorita, os túmulos saadianos e a Koutoubia. Este minarete é um gémeo da Giralda de Sevilha e situa-se no extremo da praça virado para a porta principal da cidade, virada a sul. Domina não só a cidade de um milhão de habitantes, mas também os visitantes que se aglomeram abaixo. A longa avenida que liga a praça à torre e esta à porta é pedonal, o que não quer dizer que motoretas e carruagens puxadas a cavalo não transitem. No final desta, uma improvisada e gigantesca praça de táxis, sempre necessária aos incautos que percorrem a cidade a pé e calculam mal o caminho de regresso ao hotel ou o calor da tarde - em Setembro, 42,0ºC dão que pensar.
Uma palavra para os nossos amigos italianos que nos fazem o favor de nos acompanhar. São do pior. Não só confirmei aquilo que já pensava, como ainda aprendi meia dúzia de coisas sobre italianos. São antipáticos e belicosos. Fingem não entender a sua própria língua. Faltam ao combinado com uma frequência assustadora, têm uma especial tendência de dificultar o que é fácil na pior altura, como sair de um veículo. Hoje, uma turista italiana ficou a pé na medina, após termos secado três malditos quartos de hora à sua espera. por sinal, aquela que exige que os guias lhe falem em francês, pois sabe falar francês, apesar de ser italiana (??). Propus a um outro grupo de turistas que trocassem os espanhóis deles pelos nossos italianos. Nada feito. Os portugueses são difíceis de controlar, pois após a explicação do guia em espanhol ou italiano, seguem em frente para o próximo ponto de interesse. Coisa que os italianos não entendem: como podem os portugueses não ter um guia que lhes fale em português, e ainda por cima, entenderem o italiano? Coisa misteriosa, de facto...
Um dos inúmeros jardins da cidade
Está a chegar ao fim. Amanhã vamos à medina por nossa conta para as compras finais. Há umas especiarias e produtos de beleza à espera, pelos vistos... Depois, Casablanca, e depois Lisboa, e depois Coimbra e depois Leça.
Talvez quando o TGV estiver pronto cá venha sem aventuras de aeroportos. Arrancou este ano a obra, prevê-se que daqui a quatro anos esteja pronto, de Ceuta a Marraquexe. Local do mundo, destino a revisitar. Sempre.

7 comentários:

  1. Não sabia que Marraquexe estava na moda (no sentido mediático e VIP da coisa), nunca imaginei que as estrelas comprassem casa em Marraquexe. Sobretudo porque, na verdade, eu não conheço Marraquexe :P conseguiste despertar-me a curiosidade.
    É engraçado ler isso sobre italianos e espanhóis (tenho uma profunda antipatia por espanhóis, só apanho espanhóis egocêntricos, egoístas e demasiado barulhentos), mas isso acontece sempre que se vai num grupo: o pessoal começa a apanhar as manias e vícios de cada um :-) o pior é que há sempre alguém que gosta de fazer os outros de parvos e atrasar-se...

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  2. Sara, quase todos os anos passo férias em países árabes, que sei por que me fazem alhear da vidinha por cá, ao passo que os europeus ma fazem lembrar a cada hora. Mas sempre evitei Marrocos, pois desde há 20 anos não me deslocava lá e a minha impressão não era a melhor.
    Mas vale a pena. E penso que Marraquexe seria ideal para uma pessoa da tua idade. Experimenta, se puderes, e logo verás.

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  3. O que é bom acaba depressa... para o ano há mais!

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  4. Finalmente apareceram os italianos... estava a ver que não! ;D

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  5. Pronúncia, para o ano ano... Para Dezembro...

    Apareceram, sim. Oxalá nunca tivessem aparecido...

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  6. Eu gosto dos italianos. Acho que são muito parecidos connosco. E também tenho saudades de Marrocos. Nunca estive em Marraquexe. Falha minha.

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  7. Pulha, então já tive azar algumas vezes...

    Experimenta! É fácil de se chegar, há excelentes hotéis e a cidade... A cidade...

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