quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

AO LONGO DO ANO...

Imagem Google
É, provavelmente estavam à espera de uma lista de coisas que correram bem ao longo de 2010 e outras que correram mal e outras ainda que não correram e aqueloutras que correram tanto que nem as vi. Pensem outra vez. Não sou dado a balanços e penso que quem muito olha o passado pouco quer do futuro. O ano passou, penso que não foi nada de especial, a não ser no aspecto  financeiro, que foi muito bom, abençoada crise. E no profissional não foi mau, mas 2011 é que é importante, e já estou assim a desviar-me do assunto. Mas esta coisa dos balanços tem o que se lhe diga, pois penso que todos fazemos balanços no final dos anos. O Governo, os clubes da bola, as empresas... Todos identificam perfeitamente o que fizeram mal, de modo a que possam fazer uma cagada ainda pior no ano seguinte. Todos aprendem com os erros, especialmente a repeti-los no ano seguinte, que é coisa que me deixa intrigado. Adiante.
Estamos nos saldos!!! Ei e tal, festa e coiso, lá vamos nós às compras e mais não sei o quê... Normalmente, compram-se coisas nos saldos das quais não temos a mínima necessidade. Mas há aquelas vezes que até achamos que fizemos umas excelentes compras, pois até passamos naquela loja e aquele par de sapatos que estava a 100 euros agora está a 40!! Ou o casaco com o desconto de 50%!!!
Deixem-me dizer-lhes que é puro engano. Desengane-se quem pensa que faz bons negócios nos saldos. No máximo, faz um negócio justo. As lojas sujeitam-se a ganhar uma margem normal de lucro, digamos, dez ou até vinte por cento. Então porque razão não é um bom negócio? Bem, uma compra nos saldos pode ser um bom negócio - para as duas partes.
E já alguém se perguntou porque razão aqueles produtos, ao longo do ano, estão com margens de lucro de 70%, 80% ou até mais de 100% (muito usual)? Ah, pois... Ou então acreditam no Pai Natal e no facto de os comerciantes estarem a perder dinheiro nos saldos...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

PRENDAS DE NATAL!!

Natal à Portuguesa - Imagem Google
O Natal deixa-me sempre muito feliz. É aquela época do ano em que temos a oportunidade rara de ouvir a gravação do coro de Santo Amaro de Oeiras a desejar a todos um feliz Natal. Mas o Natal passou e agora quero que venha é o Ano Novo. 
Para o famoso reveillon, uma espécie de ritual de passagem em que, sem razão aparente, adultos fazem figuras parvas, vou para fora. E vou de carro! E não me interessa o que diz o senhor subcomissário da GNR, vou a 200 kms/h. E venho mais bêbado que o próprio carro! E vou passar todas as contínuas! E vou ultrapassar em todas as lombas e curvas, mesmo que não haja qualquer viatura para ultrapassar! E não vou usar cinto! E vou e venho a falar ao telemóvel, e até levo o carregador de banana no cu do carro!! E vou mudar de pneus, vou tirar os que estão bons e comprar quatro carecas como o Collina. E vou e venho sem luzes, durante a noite!
Para onde vou? Sei lá! Penso que devo ir lá para os lados da minha terra. E vou fazer tudo isto durante a viagem porque não tenho medo de ser multado! E porquê? Porque vou fundar um partido (estava a pensar no IPC)!! Se for multado, ponho para despesas do partido e depois o Estado paga-me a multa!
Mais uma excelente cagada dos nossos politiqueiros. Agora, qualquer partido pode ser multado por transgredir a Lei, mas se considerar a multa como uma despesa, o Estado devolve o dinheiro! Já estão a ver para onde foram as deduções ao IRS? Com a alegre conivência dos nossos corrupto-mestre e do corrupto-mor, Cavaco e Sócrates, aqui vai mais uma prendinha de Natal para o povo português!!
Melhor mesmo só o Cavaco se ter empertigado todo com o possível corte de verbas ao Ensino privado ministrado pela sua caríssima Santa Madre Igreja Católica! Ora porra, acabou o Natal! Venha o Ano Novo!!

domingo, 19 de dezembro de 2010

A EPOPEIA DE GILGAMESH

Gilgamesh chorando a morte de Enkidu - Google
A Epopeia de Gilgamesh é a epopeia mais antiga que se conhece. Relata as aventuras de Gilgamesh, que parece ter sido uma personagem com identidade histórica, tendo sido o quinto rei de Uruk, cidade mesopotâmica, integrado na primeira dinastia da época pós-diluviana, sendo igualmente referido que terá reinado por uns mirabolantes cento e vinte e seis anosi. A sua preponderância no mundo antigo, particularmente nas regiões mesopotâmica e limítrofes é plenamente elucidada pelo facto de existirem traduções hititas e hurrianas, que atestam da sua disseminação pela Ásia Menor. Uma versão da epopeia terá igualmente sido descoberta na região cananeia. A versão mais completa que se conhece é do séc. VII a.C., e pertencia ao bem conhecido Assurbanípal, último dos grandes reis assíriosii.
Gilgamesh é de ascendência divina, sendo filho da deusa Ninsun. Por esse facto, foi dotado de invulgares capacidades a nível mental e físico. Era, na verdade, um Rei despótico, embora sensato, e que, entre outros atributos, era possuidor de uma luxúria extrema, levando a tomar as mulheres alheias como muito bem entendia, fosse a vítima casada ou não. O povo de Uruk acaba por pedir à deusa Aruru que criasse o homem capaz de vencer Gilgamesh em combate. Aruru acede aos desejos do povo e cria, a partir da lama, Enkidu, um homem que cresce entre os animais e se torna notório pela sua força e inteligência superioresiii.
Gilgamesh sabe da existência de Enkidu e envia uma das suas cortesãs para o seduzir, procurando enfraquecê-lo (notar as semelhanças com a história bíblica de Sansão). Ao perder a sua virgindade e pureza, Enkidu é rejeitado pelos animais e dirige-se à corte de Gilgamesh. Aí chegado, dá-se um combate intenso entre os dois seres semi-divinos. Embora o resultado deste combate seja dúbio, sendo que algumas versões dizem ter havido vitória de um dos contendores, é comummente aceite o empate, que origina uma amizade entre os dois homens que perdurará por toda a vida. Companheiros de vida e de viagem, partem em inúmeras aventuras e viagensiv.
Uma dessas aventuras acaba em tragédia. Ao aceder ao pedido do povo, que queria madeira mas não podia recolhê-la dos bosques graças à protecção da deusa Ishtar e do seu monstro guardião, ambos se põem a caminho, Enkidu combate e mata o monstro, e trazem a madeira ao povo (numa região como a Caldeia, não deixa de ser relevante esta referência à necessidade de madeira). Ishtar fica encantada com os atributos de Gilgamesh, confessa-se uma apaixonada pelo Rei e tenta seduzi-lo. Gilgamesh rejeita a ligação com a divina Ishtar que, furiosa, engendra um plano para matar Enkidu, acabando por o conseguir, através do envenenamento. Ishtar vinga-se assim de Gilgamesh, torturando-o até ao fim dos seus dias com o fantasma do seu amigo Enkiduv.
Como forma de reaver Enkidu e atingir ele próprio a imortalidade, Gilgamesh parte em busca de Utnapishtin, o último dos homens sobreviventes do Dilúvio, que vivia já há vários séculos, imortalizado pelos deuses, que o informa que a sua busca é vã, pois os deuses criaram os homens para a morte e não para a imortalidade. No entanto, e após uma descrição pormenorizada do Dilúvio, Utnapishtin, por intercedência de sua mulher, acaba por revelar a Gilgamesh que existe, no fundo do mar, uma planta que, picando as suas mãos, lhe poderá dar a eternidade. Gilgamesh mergulha até ao fundo do mar e recolhe a dita planta, e resolve regressar a Uruk. No caminho, e enquanto descansa, uma serpente, atraída pelo perfume da planta, rouba-a e renova-se, deixando a sua pele sobre o campo e desaparecendo definitivamente com a planta. Gilgamesh apercebe-se tarde demais do furtovi. Regressa como os demais, condenado à morte, quando teve a imortalidade ao seu alcance, caraterística que, segundo a mitologia mesopotâmica, distinguia os deuses dos homensvii.
Esta epopeia é importante em muitos aspectos. Primeiro, pelo aspecto religioso. Nenhum deus é inferiorizado por qualquer homem, a sua força é superior e não deve ser nunca desafiada. O homem foi criado para serviço dos deuses, apesar da sua semelhança, a partir do pó da terra. Por outro lado, a eterna busca pela imortalidade por parte do homem, que nunca chega à sua conquista, que faria dele um deus. Essa busca é sempre inglória, e damo-nos conta no final desta epopeia que os seus heróis conquistam a imortalidade pela história e não por qualquer artifício ou objecto sagrado.
Mas a Epopeia tem uma outra característica extremamente importante que não raras vezes é referida, e essa é a sua consistência mítica no que diz respeito ao Dilúvio. Sabemos ou julgamos saber que o Dilúvio poderá ter sido consequência dos degelos repentinos no final da última Era Glaciarviii. Assim sendo, poderá ter sido um acontecimento global e não apenas local. É necessário notar que a região mesopotâmica resulta, geograficamente, da planície aluvial dos rios Eufrates e Tigre. No entanto, o relato do Dilúvio presente na Epopeia de Gilgamesh é inteiramente coincidente com o relato bíblico de Noé, talvez o mais conhecido mito do Dilúvio.
Assim, os deuses decidem destruir os homens. Ea, deus das águas e protector natural do homem, dá instruções a Utnapishtin para construir um barco, para o qual deve levar as sementes de toda a vida na terra. Anu, deus do firmamento, Enlil, o executor, Ishtar, deusa da guerra e do sexo, e Ea, nessa altura, habitavam a terraix. A cheia veio por acção de Adad, deus da tempestade. Desde o início até ao final da história, em que Utnapishtin vai libertando diversos animais para atestar a habitabilidade, a correspondência com a história de Noé é total, sendo que provavelmente esta seria um decalque de parte da Epopeia de Gilgamesh. No entanto, relatos a nível mundial da grande cheia aparecem no Egipto, pelas palavras do próprio deus Tothx, na Grécia Clássica (a lenda de Deucaliãoxi), na América Centralxii, América do Sulxiii, América do Nortexiv, Índia (a Epopeia de Manu)... Na realidade, parecem existir 62 registos, similares e independentes dos mitos sumérios e hebraicos, do Dilúvio - por todo o Mundoxv. A Epopeia de Gilgamesh aparece, assim, como primordial para o entendimento deste fenómeno, dado ser o mais antigo relato de um acontecimento extraordinário, a verdadeira génese da história humana como a conhecemos.
iJbara, Santos, Freitas, Ribeiro, Melo
iiInfopedia
iiiA Epopeia de Gilgamesh
ivIbidem;
vIbidem;
viIbidem;
viiTavares, 1995
viiiDonald W. Patten, The Biblical Flood and the Ice Epoch: A Study in Scientific History, 1982
ixHancock, Footprint of the Gods, 1995
xLivro dos Mortos, CLXXV
xiThe Gods of the Greeks
xiiMayan History and Religion
xiiiLenormant, The Antediluvian World / Popul Vuh
xivLynd, History of the Dakotas
xvFrederick Fibry, The Flood Reconsidered

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

NÓS POR ONDE ANDAMOS

Foto Google, O Paraíso Português
Eu hoje, admito, acordei bem disposto. Levantei-me quase com vontade de enfrentar o dia, não ficasse quase com os testículos congelados quando saí da cama. Nada que não se cure com um duche bem quente. Quando acabei o duche olhei-me no espelho e decidi que estava tão bem disposto que não ia estragar o dia com a barba, que ficou por desfazer. Levei o carro à inspecção e não me chatearam! Isto é que é um dia!
Tão bom foi o dia que até divaguei pelo mundo inteiro. E sonhei com um mundo melhor, o mundo que nos espera amanhã mesmo. E vi como as coisas vão acontecendo de modo a termos de facto um mundo melhor. Há notícias que nos põem bem dispostos. O Prémio Nobel da Paz foi para um chinês que luta contra o regime! Boa, é só para chatear esses ditadores da treta! E as reacções, logo pela manhã? Espantosas! Os nossos políticos de direita, desde o CDS ao PS (D), todos três, todos se congratulando com o prémio, pois "é merecido da parte de quem luta pelos Direitos Humanos na China! E nenhum de nós, se se lembram, foi à Assembleia da República lamber as botas ao presidente chinês!". O PCP destoa, acha que é uma desgraça, um atentado a um país que tem feito progressos económicos fulgurantes! Meu amigo, há que ter direito à discórdia, e como esses concordam em concordar todos com os chinocas, a verdade é que o progresso económico serviu para melhorar a vida dos chineses que trabalham, não? Penso que agora os alimentam uma vez por semana!! Excepto aqueles que vieram para Portugal abrir lojas dos chineses. Dizia-se que esses comem cães, por isso até comem carne!
E o dia ia no início e eu bem disposto. Claro que tive de me desviar uns minutos pelas ruelas para não pagar SCUTs, mas a verdade é que sou preguiçoso e ainda não fui comprar laca para o cabelo para pôr na matrícula do carro e não pagar. E depois vieram as medidas do Governo para aumentar exportações, e no meu mundo de amanhã, vejo a perfeição, vejo o meu vizinho a chegar a casa todo contente e dizer à mulher que finalmente conseguiu acordar a indemnização a pagar pelo seu despedimento, e que até conseguiu pagar menos que aquilo que o patrão queria!! E no dia seguinte, o outro vizinho, também sorrindo, lendo uma mensagem de telemóvel onde lhe dizem que não precisa de ir para o emprego naquele dia, ou mais nenhum daí para a frente. 
E eu até nem percebia as minhas visões, mas depois explicaram-me que a melhor forma de diminuir o desemprego é fazer com que seja mais fácil despedir. E eu não percebia, mas depois esse alguém mais me foi explicando que é assim que funciona, pois por cada despedimento que houver, o desemprego baixa! Bem aventurados os economistas deste país, que sempre tiveram tanta razão no que diziam e agora se vê que realmente os resultados não tardam.
E ia vendo o futuro risonho, e o dia corria-me bem. E via um amigo consultar a conta no fim do mês e ver que já lhe tinham pago o ordenado. E como estava contente o meu amigo! Este mês a sua produtividade foi tanta que teve direito a receber três euros e meio em vez de pagar ao patrão! O mundo é perfeito! E um outro, que arranjou quatro empregos para mandar o filho para a primária, mas que diz que vale a pena o sacrifício, e até lá, quem sabe, não arranja dinheiro para o filho andar na escola seis ou sete anos?? Via também um velhote, feliz da vida, reformado e pagando uma pensão ao Estado, entrar num Hospital, mas não era um Hospital qualquer! Era um edifício novo, lindo, todo branco!! E ia receber tratamento grátis à artrite! Uma conquista. E curaram-lhe a artrite e todas as outras doenças, e ainda deu para a viúva pagar ao cangalheiro com um dinheirinho que tinha sobrado daquilo que pagava ao Estado!
E ainda imaginei a alegria dos funcionários do Tribunal transportando os 4531 volumes relativos a um complicado julgamento de um audacioso roubo de três laranjas do quintal do vizinho da frente! E ainda vi um pescador a dedicar-se, feliz, à faina, bem lá ao longe, ao largo da costa. E como ele nadava bem, enquanto estendia as redes! E passei por uma quinta, e via satisfeito o satisfeito agricultor acenando para mim, feliz da vida por estar a fazer a vindima ao pé de vinha que finalmente tinha conseguido que Bruxelas o deixasse plantar!
E, à tarde, de volta a casa, quase podia ver que a minha rua, outrora tão triste e espaçosa, de passeios largos, agora pululava de vida! E era lindo ver que os últimos espaços vagos no passeio eram ocupados pelas felizes famílias que haviam deixado para trás as dispendiosas casas e assim se mudavam para o passeio! Tudo isto vi com prazer! Será um futuro glorioso! Não fosse um ou outro relance desses terroristas gregos, belgas e espanhóis, que hoje decidiram manifestar-se por (imagine-se!) receber dinheiro em troca de trabalho!! Mas são uma minoria, o mundo que vi vem para todos! Felizmente, pois é isso que, pelo menos, 80% das pessoas do meu país querem. Se querem, é porque é bom! Vou-me deitar feliz hoje!

domingo, 12 de dezembro de 2010

FRIO

Foto Google
As cidades são frias debaixo do luar. Não sei explicar, apenas sinto que as cidades são frias debaixo do luar.
E até ficava bem em inglês, que agora é moda por essa net fora, com interjeições ridículas a acompanhar o português. Cities are cold under the moonlight. However, and nevertheless, I'm hardly english, certainly not american and I'm pretty sure that I've seen none too much of american movies. So, I'll keep on going, writting in an ancient latin language, obscured by clouds of time, and just as beautiful as villages under the moonlight. Which is a bit different of saying that cities are cold under the moonlight. Because they are, and I really think I can't do a darn thing about it.
As cidades são frias debaixo do luar. E pronto. E Lisboa é a cidade mais triste que conheço. E Podence é a aldeia lunar. São coisas diferentes. Só para quem conhece poderão ser. Só para quem sabe ver é que a diferença se revela. E não tem nada a ver com a paisagem.
Nothing to do with the landscape.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

E TRABALHAR, NÃO??

Foto Google da tal bactéria e coiso
Eu cá topo com cada uma que até parecem duas... Então, para que é que pagamos aos cientistas? Para fazer ciência. Certo. E aos cientistas da NASA? Para fazer o mesmo, ciência! - diria uma grande parte do pessoal.
Errado!
Os cientistas da NASA são pagos para dizerem coisas óbvias. E agora vieram com uma história de que descobriram uma bactéria que dispensa fósforo e que gosta é de arsénio. Ora bem, primeiro, há que meditar porque razão uma bactéria dispensa fósforo. Porque tem um isqueiro?? Porque não fuma?? Porque não cozinha??
Depois, vem a questão do óbvio. Ora o arsénio, não sei se sabem, mas sabem se estudaram a vossa tabela periódica com alguma regularidade, é um veneno! É tóxico que se farta e mata e o catano! É venenoso! Ora então, digam-me lá se estes cientistas não estão doidos, minha gente!!! À procura de bactérias com veneno!! Nós já sabemos que há seres vivos com muito veneno! Alguns são puro veneno!
Não acreditam??? Querem provas? Então ainda hoje o Fernando Ulrich apareceu na televisão a destilar arsénio por todos os poros!! Trabalhar, pá!!

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O DEBATE

E hoje houve debate na TV. E este debate, mais uma vez, era sobre a situação económica portuguesa e a possível entrada do FMI em Portugal. E todos disseram coisas interessantes, e tal seria de esperar, dados os convidados para o debate.
Destaco Medina Carreira. A forma como põe as coisas é directa e franca, e dali nada mais se pode esperar senão números. E números que dizem verdades inquestionáveis. Apesar da evidente colagem ideológica de Medina Carreira, a verdade é que o homem defende a sua dama com unhas e dentes. E é necessário reduzir despesas, porque não produzimos o suficiente para aquilo que gastamos. Até aí... tudo bem, concordo inteiramente. Embora seja infeliz a constante alusão a que o crescimento económico seja de 1,8% e o Estado Social cresça 6% ao ano. Sabemos, nós que entendemos um pouquinho de economia, que é um argumento completamente falacioso. Mas no geral, enquanto a economia cresce pouco, a despesa aumenta muito, isso é verdade. 
E mais, e uma questão que realmente já chateia, é ninguém referir, incluindo Medina Carreira, que a esse crescimento da economia e da despesa corresponde uma diminuição de receita. Onde está o dinheiro? Ora, isso ninguém sabe, as pessoas só pagam impostos se quiserem. Obviamente. Menos aquelas que são obrigadas a pagá-los e mais nada. Medina mostrou um gráfico, mostrando a evolução da despesa pública em Portugal. O desvario, a espiral de subida deste parâmetro tem uma origem ali por volta de 1985. Em 1990, já havia quintuplicado de valor, em 1995, era dez vezes mais. Ora, admitindo que o gráfico não fosse inteiramente proporcional, nessa altura era PM... Não me lembro do nome... mas quem era o homem?? Ah! O actual Presidente da República. Não deixa de ser curioso que Medina refira sempre os últimos 15 anos de má governação, e acrescente, quase logo de seguida, que desde 1985 o desvario tomou conta dos sucessivos governos. Ora... 2010 menos 1985 é igual a 15? Para brilhante economista, devia rever a aritmética - são 25!!
Daniel Oliveira, o outro destaque, obviamente convidado por ser figura de relevo do BE, foi fazer política. De economia, soube reter as quatro grandes causas da crise e por aí se ficou. Aliás, quando se falou de teorias económicas, não se sentiu minimamente à vontade. Sobressaiu porquê? Porque soube dizer que os responsáveis das Finanças portuguesas ao longo dos anos, incluindo Medina Carreira, sabem de facto apontar os defeitos todos de todos os outros, menos os seus e as suas responsabilidades actuais, indo ao ponto de dizer que nos dois anos de Medina Carreira como Ministro das Finanças, afinal, e apesar deste não deixar que aquilo fosse assaltado pelas máquinas partidárias, como bem frisou o próprio Medina, a despesa pública... subiu! Pois...
Ainda uma outra virtude de Daniel Oliveira: soube, apesar de não ser economista, apontar duas das principais causas que puseram a nossa economia de rastos: O CRÉDITO BONIFICADO (finalmente, o que eu ando a dizer há tanto tempo! - e foi preciso um não economista para o dizer) inventado pelo Cavaco, que nos custou e ainda custa milhares de milhões de euros de juros que o Governo tem de pagar aos Bancos, e as Parcerias Público-Privadas, aliás já referidas, e bem, por Medina Carreira.
Mas o que ninguém soube explicar neste debate foi que, para protegermos aqueles que criminosamente destruíram os sistemas financeiros de todo o mundo devido à sua ganância, a economia pode desbaratar milhões de milhões de euros, mas para proteger o Estado Social, as nossas reformas, o nosso direito a poder adoecer, o nosso direito a podermos ensinar as nossas crianças, o direito de não passar fome, para isso nem mais um tostão.
Ora a questão é simples e pode contar-se com imagens. O que querem impingir-nos a toda a velocidade é a ideia de que devemos proteger e incentivar, cada vez mais, estes rapazes:

Ora, esses rapazes, em Portugal, são representados pelos dois partidos geminados PS e PSD (COMO TAMBÉM DISSE, E BEM, MEDINA CARREIRA). Para poderem manter o seu estilo de vida e o estilo de vida dos que mais prezam, e esses sabemos que são empresas privadas "do sistema" (e basta olharmos para as tais Parcerias Público-Privadas e Ajustes Directos por aí fora, que esvaziam o Estado e enchem os bolsos desses verdadeiros chulos da sociedade), qual a solução? É simples, basta, por exemplo, enveredar pelas actuais políticas deste governo desastroso que temos! Ou então, melhor ainda, privatizar a Saúde e a Educação, como outros que querem (e vão) substituir o Governo. Claro que o estado terá de pagar possíveis perdas e prejuízos das negociatas e pronto, mais umas PPP e umas brincadeiras dessas para cima do pessoal. Mas tem de se mexer, forçosamente, na única coisa que pode dar dinheiro para isso tudo! Ora aí está a forma de o conseguirem:

 

ASSUNTO RESOLVIDO!!!!

sábado, 27 de novembro de 2010

ESTÍMULO À ECONOMIA

Foto Google
Os ingleses é que a sabem toda e não dão ponto sem nó. E nada melhor para disfarçar uma situação calamitosa das finanças públicas lá do sítio, onde o défice já atingiu 12%, forçando o governo a aumentar impostos e reduzir salários, que uma boa notícia.
E que boa notícia? Um casamento real. O neto mais velho da Rainha vai casar. Porquê o neto mais velho da Rainha? Bem, sempre é melhor dizer isso que o filho mais velho do Carlos... Já se triplicaram os preços dos hoteis londrinos para essa data, já se vendem copos e pratos e t-shirts com a cara dos noivos, aquilo está a dar um festival de incentivo à Economia.
Eu penso que isto pode resultar em Portugal também! Não com o Duarte e a Isabelinha (essa mania de lhe chamarem D.Duarte...), pois esses já casaram e convenhamos, não foi grande coisa. Os croquetes estavam demasiado duros. Nada disso! Penso que a melhor figura a casar seria o nosso PM, o José Sócrates!!
E pensando assim, é melhor começar a pensar no esponsal ideal para Sócrates. Pensei, pensei, pensei... Fernanda Câncio é uma escolha demasiado óbvia, além do nome não aparecer bem nos convites - a maioria ia perceber que o Sócrates tinha cancro. O que, salvo o devido drama humano, iria alegrar muitos portugueses, mas não ao ponto de desatarem a comprar souvenirs. E fui pensando em mais candidatas a noivas de Sócrates.
Penso que arranjei a solução ideal! Que tal se casássemos o nosso PM com esta figura??

Foto Google

Não me digam que não compravam pelo menos uma t-shirtzita?!?!?

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O ATRASO

Imagem Google
Três pancadas discretas e rápidas na porta era o sinal. Abriu-se a porta e apareceu um homem.
- Bocê é que é o...
- Nada de nomes, entrem. Rápido!
Ahmed e Ali entraram rapidamente para a casa. 
- O que é que vocês andaram a fazer? A Cimeira já terminou!
- Pois, a gente tibemos um contratempo.
- Contratempo? Que contratempo?
- Bem, a gente tínhamos de ir ao aeroporto buscar os telemobes, pás bombas e o cªrª£hº... e a gente fomos. Mas a gente chegamos lá antes do tempo do boo que trazia o material, e fomos até ao bar beber um café. A gente tabamos muito bem ali sentados a mirar as cabronas que passabam e tal, e uns gajos bieram ter cu a gente. E disseram para a gente os acompanharmos e prontos, lá tibemos de ir lá para um cubículo cu eles.
- Era o SEF?
- Não, era o Agente Pereira.
- Não é isso, o serviço que vos foi buscar era o SEF?
- Querssezizer, a bem zizer, num podemos nos queixar do serbiço do bar. O café até era bom e não tinha borras. A cabrona que nos serbiu era uma cabrona alta e loura, não foi por aí... A gente até deixamos uma gorja de dez cêntos.
- Não é nada disso! Quem vos prendeu?
- Ah! Foi uma tal de ASAE. O Agente Pereira disse-nos cagente num debia estar a fumar naquele sítio. Ora eu num sei porquê, se estibéssemos a buber café lá em casa, a gente estábamos a fumar na mesma, só que em vez duma cabrona alta e loura, a gente erámos serbidos por um gajo de bigode. Eu ainda desconfiei que eles estibessem a gozar cagente, mas não. E a gente fomos cu eles.
- E não vos entregaram ao SEF?
- Pois, depois o Agente Pereira deixou a gente entregues ao Agente Figueira, se calhar foi isso. E o Figueira disse logo à gente que a gente debíamos ser estrangeiros para estarmos a fumar num aeroporto. E começou logo a perguntar coisas e o cªrª£hº...
- E vocês deram com a língua nos dentes?
- Quersezizer, a gente demos. Aqui o Ali nem precisaba, que ele num falou. Mas eu quando falo dou com a língua nos dentes, e pensaba que toda a gente fazia isso.
- Enfim... Não é isso! Conta-me lá o que se passou!
- Atão, o gajo, o Figueira, perguntou o cagente andaba ali a fazer no aeroporto, e eu disse que ia ali buscar umas merdas e coiso, e o gajo disse logo cagente éramos brasileiros e que íamos buscar as gajas que binham do Brasil. E onde estão as gajas, e os nomes das gajas, e para onde iam trabalhar e mais num sei o quê... E eu sempre a dizer cagente ia buscar umas coisas, uns telemobes e merdas, cagente num éramos brasileiros e que nem conhecíamos nenhumas gajas brasileiras nem nada, mas o gajo insistia cagente estabamos lá para ir buscar as gajas e queria saber o nome das gajas, e que num deixaba a gente sairmos dali se num déssemos os nomes das gajas e o cªrª£hº...
- E tu que fizeste?
- A gente demos o nome das gajas. Primeiro, a gente lembramos de dizer nomes à sorte, assim Bahira, Hayat e merdas assim. O gajo alebantou-se e atirou-se às paredes, parecia que estaba possuído, o filho da putª... Cagente tábamos a gozar cu a cara dele e mais num sei quê. E a gente num tábamos, a gente tábamos era todos cagados de cagufa e num cabia um feijon frade no olho aqui do Ali. E a gente sempre a dizer nomes de gajas, assim ao Alá dará, e o gajo até puxou da arma pagente e tudo! Só se acalmou quando eu disse Fátima e Jamila, e prontes, o gajo lá se acalmou e apontou o nome das gajas. E depois perguntou as medidas das gajas. Ora a gente num tábamos à espera e dissemos cas gajas eram assim umas cabronas altas e louras e tal e queram uma murconas todas jeitosas, cumas mamas grandes e o cªrª£hº...
- E então, o que ele perguntou mais?
- Perguntou qual era o desconto dele quando fosse à casa da gente. E eu aí desconfiei cu gajo num era certo e queria era brincadeira ou o cªrª£hº... Pra qué cum gajo quer um desconto quando for à casa da gente? A gente até moramos em casas diferentes, eu e aqui o Ali. Cá prá gente, a gente desconfiamos logo cu gajo era paneleiro ou o cªrª£hº... Mas prontos, lá dissemos cu homem será sempre bem bindo a nossa casa e num precisa de pagar porra nenhuma, nem a mim nem aqui ao Ali.
- E depois?
- A gente biemos embora.
- Então não ficaram detidos? Então porque se atrasaram tanto?
- Então, fºdª-$e, a gente estábamos à espera do abion expresso lá das cargas e merdas e o cªrª£hº, mas hoube algum filho da putª que meteu uma bomba no abion e birou aquela merda abaixo!! Tibemos candar por aí a comprar telemobes em segunda mão durante a semana inteira, fºdª-$e!
- Então e porque não compraram telemóveis novos?
- Fºdª-$e, porque enquanto a gente mudabamos as cuecas apareceu outra vez o Pereira a dizer à gente que nos ia multar por a gente tarmos a esfumaçar no bar!
- Então?!... E quanto foi a multa?
- Num sei, fºdªa-§e! A gente num somos estúpidos e untamos as mãos ao gajo com mil aeurios e prontes! Só ca gente ficamos sem guito e o cªrª£hº...

terça-feira, 23 de novembro de 2010

A CAMINHO DE QUÊ?

Foto Google
Escolhi aquela faixa do meio. E enquanto tirava o cartão para pagar a portagem, e lhe juntava o ticket, constatava que já há algum tempo não passava pela saída da A4 em Amarante.
Fiquei algo surpreso porque a portagem ainda está a ser atendida por portageiros.
-Boa noite - saudei, reparando que lá estava o senhor de sempre, aquele que sempre conheci naquela cabine daquela portagem. Reparei que não estava com grande humor.
Boa noite - respondeu, quase a contragosto, passando o ticket e, a seguir, o cartão.
-Então não vão pôr aqui as maquinetas? - insisti eu, que normalmente dou sempre uma palavra àquele portageiro, enquanto colocava o cartão e o recibo no banco do passageiro.
-Está a ver aqueles tubos vermelhos ali à frente?
-Sim - respondi, reparando nuns pequenos tubos vermelhos que emergiam do solo à frente da cabina.
-É para as instalar...
-Está a brincar comigo!
-Não estou, não... - e reparei que o homem estava quase a chorar - vinte e cinco anos da minha vida, passei-os aqui dentro, aqui e na outra lá em baixo, quando existia. Tenho cinquenta anos. Tenho mulher e dois filhos. Vou a caminho de quê, agora?
-Vai ver que ainda alguém as vai encher de chumbo, quando começar a caça!
-Não duvide - o homem esboçou um discreto sorriso, muito breve. Voltou rapidamente a uma cara desolada e rematou:
-Mas nessa altura já vai ser tarde para mim. E para os meus...
Engrenei a primeira, lentamente. Não estava ninguém atrás de mim. Gostava de ter conversado mais com aquele portageiro que conheço há tantos anos.
-Boa sorte - foi a única coisa que me saiu.
-Obrigado e boa viagem! Eu é que já não sei para onde vou...

domingo, 21 de novembro de 2010

INTERLÚDIO PROFILÁTICO

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O Papa Bento XVI mudou de opinião. E porque só e apenas os burros não mudam, é bem vinda esta nova tomada de posição do líder da Igreja Católica, que, assim, se coloca na vanguarda no que toca ao uso de preservativos, pelo menos em relação a outras religiões cristãs e não cristãs. Tem a minha simpatia pelo facto.
Apraz-me, por outro lado, ver que grande parte da estrutura católica e dos seus fieis aprova esta mudança. No entanto, há coisas que me fazem impressão. E quando, aqui há um ano atrás, aqui neste mesmo blog, dei conta da posição conservadora e, na prática, verdadeiramente assassina da Igreja, relativamente àquilo que Bento XVI tinha dito em Angola, por exemplo, fui atacado por todos os lados por esses mesmos fieis. Agora, parecem estar de acordo com o seu líder e, por arrasto, comigo. Um conselho: independentemente da posição, agora menos conservadora e consentânea com o mundo actual do vosso líder, arranjem um tempinho para pensarem pela vossa cabecinha. É para isso que ela serve.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

O DIÓSPIRO ENTRA

Foto Google
A 4L rolava pela estrada sem entraves. O dia estava bonito mas frio. A despedida de terras espanholas estava para breve. Ahmed conduzia despreocupadamente e ao seu lado seguia Ali, sonolento e chocalhando ao ritmo do velho veículo de matrícula francesa.
- Num sei porqué que tínhamos de bir numa 4L! Num arranjaram melhor lá na sede? – perguntou Ali, visivelmente desconfortável com as costuras das calças Levi’s nas virilhas.
- Oh pá, lá tás tu cum essas merdas! – Ahmed estava irritado – já te expliquei, c@r£hº! Portugal está em crise, é melhor a gente num chamarmos a atençon da bófia, e nada melhor que uma 4L a cair de podre para andar à bontade no meio dos gajos!
- Oub’lá, aton porqué que estamos a bestir roupas caras, Levi’s e o c@r@£hº? Eles num ton em crise?
- Fºd@-$€, qués um cepo do c@r@£hº!! Aton num bês, meu murcon, cagente estudou os gajos? Eles memo em crise usam sempre merdas que num pode!
- Aton e o carro, canudo? Num debia ser melhor, se eles usam merdas que num pode pagar?
- Aton tu num bês, seu cagon, que comprar roupas e merdas é mais fácil que comprar carros? Os gajos devem andar todos bem bestidos mas em 4Ls, pá!
- Olha, bem ali um carro com matrícula portuguesa! Bê lá a marca!!
- É um BMW… Mas este deve ser dirigente desportivo ou o c@r@£hº...
- Olha bem outro atrás! Bê lá a marca, ò murcon!
- É um Mercedes… Debe ser jogador do esférico…
- E aquele que aí bem, e até é uma gaja sem burka a conduzir??
- Está bem, fºd@-$€, já bi, é um Aude. Debe ser mulher do outro que passou!
- De qual dos dois?
- Sim, dos dois!
Uma placa divisava-se ao longe. Estava nela escrita a palavra Portugal, com umas estrelinhas à volta. Passaram a placa e meio quilómetro à frente, à entrada da aldeia perdida no meio dos montes, um jipe da GNR estava parado na berma. Um guarda ergueu a mão e pôs-se no meio da estrada, fazendo sinal à velha 4L para encostar.
- Bom dia, xenhor condutor – o guarda fez a continência – pode parar o motor da xua viatura, por favor? Gostava de ver o xeus documentos e os da viatura, por favor.
Ahmed rebuscou na sua velha carteira de pele de camelo australiano pelos documentos, ao mesmo tempo que ia sorrindo para o guarda, que mantinha uma posse impassível por detrás dos óculos Ray Ban. Assim que os encontrou, deu-os para a mão do guarda. Este deu uma volta ao veículo, olhou atentamente para os selos expostos no pára-brisas, e voltou para junto de Ahmed, que se sentia cada vez mais em pânico.
- Ora, Xenhor Ahmed Dióspiro, temos aqui um problema. A xua viatura tem matrícula francesa e não traje ali no vidro o selo de inspexão periódica obrigatória.
- Mas, ò senhor guarda, eu tenho aqui o comprobatibo da inspecçon feita ali em Salamanca, só num tibe tempo para pôr o selo ali no bidro. Num tenho mais daquelas saquetas, sabe? – e Ahmed deu ao guarda a declaração falsificada.
- Ah bom! Axim é diferente e não xeja por ixo. Pegue lá uma das noxas! Mas temos dois problemas, então! Uma viatura franxeja, um xelo espanhol, uma xaqueta portugueja e dois ocupantes marroquinos!
- Marroquinos, senhor guarda?? Pelo amor de A… Deus, aton nós somos lá marroquinos? A gente somos finlandeses, num se bê pela cor da fuça? A gente bem em passeio por essa Europa fora, e até bínhamos no Inter Rail, mas depois aquilo abariou em França e a gente alugamos esta biatura.
- Finlandejes em paxeio? É o que dije o xeu BI, mas isto é esquijito, porque ainda a xemana paxada houve dois marroquinos a bender tapetes lá na terra e eram muito parexidos com voxemexês…
- Ò senhor guarda, se calhar eram finlandeses, olhe qu’os tapetes finlandeses são muito bons, assim em pele de urso polar e tal. Eu próprio tenho uns cinco lá em casa…
- Pois, xe calhar eram, não xei… Olhe, vai ter de me dar xem aeurios, por favor.
- Aton, mas ò senhor guarda, mas eu tou a ser multado? Porquê? Binha em excesso de bolina? Ou falta algum documento?
- Nada dixo, é para pagar o Dispojitivo de Pagamento de Portages, eu por acajo até tenho aqui uns quantos e xão muito jeitojos, axim num tom ajul bebé, ou então também tem este rojinha que também é muito lindo.
- Ò senhor guarda, mas isso dos coisos dos chips num eram só setenta e cinco? Olhe que eu até penso que li alguma coisa sobre isso…
- Pois, mas leu mal. O xenhor condutor está por acajo a inxinuar que o agente da autoridade perante xi está a pedir um xuborno?
- Não, ò senhor guarda, pelo amor de A… Deus! Nada disso!
- Então proxeda ao pagamento, por favor. Não… nada dixo… ixo, ixo, em notas de auerio, por favor. Não temos o terminal a funxionar. E vai-me desculpar, mas esquexi-me do livro de rexibos… Muito obrigado – disse o guarda, guardando o dinheiro no bolso das calças – e pode xeguir, xenhor condutor!
- Então e o dispositibo?
- É virtual, o xenhor depois vai a uma payshop e dá a matrícula e paga.
- Mas o senhor guarda até me disse que eram azuis bebé e rosinha e o camandro!
- Xim, pois, pode imaginar a cor que quijer, é a vantagem de xer virtual. E pode ir à xua vida, lá para a Ximeira da Nato e o catano, faxa uma boa viagem!
- Mas como é que o senhor guarda sabe que eu bou para a Cimeira da Nato, canudo?
- Ora, numa 4L, ou é terrorista ou marroquino a vender tapetes, voxemexê dexida-xe lá! E xendo um terrorista finlandês, com xerteja os meus colegas da capital limpam-lhe o xebo antes de dijer um pio. Xe foxem árabes ou quê… E já agora, o que quer dijer Diójpiro em finlandês? Ou era o pai do xenhor que não gostava de xi à naxenxa?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

ENTREVISTA COM O DIÓSPIRO

Isto também tem que servir para serviço público, e por isso vos aviso a todos que vai haver atentado em Lisboa durante a Cimeira da Nato. E não posso revelar a fonte, mas fica a entrevista ao terrorista responsável pelo mesmo:
"- Sr. Terrorista, boa noite, diga-me: então vai haver um atentado em Lisboa?
- Prontes, lá bêm bocês cum essas coisas. Eh pá, num bamos estragar a surpresa, sim?
- Mas que motivos poderiam levar alguma organização terrorista a atacar Lisboa? É pela presença de tantos líderes para a Cimeira?
- Bom, querssezizer, ajudaba a gente apanhar assim algum peixe mais graúdo, num é? A gente anda praqui a sacrificar-se comó c@r@£hº e coiso e... e, olhe, ainda no ano passado, a minha classificaçon foi assim a modes qu'um nobe e meio, canudo, quase que reprobaba!
- Então é seguro dizer que não querem apenas matar o primeiro transeunte que encontrem?
- Não, pl'amor de Alá! A gente aprende na escola de terrorismo que a gente temos de ser produtibos, isto num é assim 3 bez nobe binte e tal! Nada disso, a gente nunca quer matar o primeiro qu'aparece, canudo! Bocêses, tamém...
- Então vão evitar baixas civis?
- Bem, eu explico, a gente somos eficientes e nunca matamos o primeiro qu'aparece. A gente esperamos sempre pelo segundo. É cu segundo traz sempre mais gente, o primeiro é assim a modos qu'um gajo que por ali begeta, e aquilo arrebenta e coiso e prontes, e mata-se ali o primeiro e mai nada. A gente espera pelo segundo, que já sabe que o primeiro escapoue e traz reforços e pumba, a gente matamos aquilo tudo! Quanto a isso das baixas cibis, a gente evita sempre isso. A gente sempre preferimos as altas cibis, mas se forem altas militares, olha, prontes, lá traque ser, num é?
- Mas têm uma escola de terrorismo? 
- Atão onde é cagente ia aprender a terroar, canudo!? Claro que temos uma escola de terrorismo. Eu, prontes, até era trolha lá na terra, mas depois perdi o emprego e fui-me inscreber nas Nobas Oportunidades e escolhi este curso. Mas era difícil entrar, olhe qu'isto deu para cima duma trabalheira. Isto durou três anos a tirar o curso e depois escolhi uma especializaçon e fui para comunicaçons.
- Então é encarregado pelas comunicações do grupo?
- Querssezizer, sim, pois. É assim, quando a gente rebentamos cum as merdas, eu é que carrego no botão do telemóbel para chamar para a bomba e dizer para ela explodir. Eh pá, já sei o que bai zizer, qu'era melhor ser suicida, e o c@r@£hº. Pois, eu tamém queria, pá, mas aquilo foi assim a modos que, pá, num tinha tempo, pá. Aquilo era uma especializaçon muito demorada e eu prontes, fºd@-$€, tinha uns hobes e coiso... sabe o qué qu'era? Andava na columbofilia, e aquilo dos pombos tiraba-me um pedaço de tempo e tal... E aton fiquei pelas comunicaçons... Mas tenho pena, fºd@-$€, pois tenho, de num ser suicida! Paga melhor e o c@r@£hº...
- Mas então foi treinado num campo terrorista?
- Pois, isso... tamém. Mas a gente nem sempre chegaba a tempo de alugar o campo, e às bezes já estabam lá uns putos a treinar e o c@r@£hº. Quando eram poucos, a gente fazíamos uma equipinha e jogábamos contra eles, e até era um gosto, ber aqueles jobes a treinar com afinco, pá. É bom a gente sabermos que a nossa arte tem um futuro, pá, que tem gente noba para continuar a fºd€r esta merda toda.
- Então mas como sabem que têm aquilo que é necessário para ser um terrorista?
- Oh pá, a gente sabemos porque o padrinho dá-nos o material, pá, tás parbo ou o c@r@£hº?
- Não, a nível pessoal, quando soube que podia ser um bom terrorista?
- Ah bom, isso, pois. Pá, a gente temos que ter raça, pá! Isto é 10% de talento e 90% raça. E eu sempre soube que tinha raça, porque até a belhota me dizia que eu era da raça dos tomates, pá, que devia ser pelo menos amigo deles, porque tanto os coçaba. A minha belha era assim, pá, directa e mai'nada! E lá está, isto para a gente seguirmos a carreira de suicida já num podemos ser da raça dos tomates, já é preciso ser da raça do c@r@£hº... Son coisas...
- Uma raça superior, portanto...
- Querssezizer, num sei sé assim superior, agora aquilo é tudo sócio e não sócio, já num há bancada nem superior... Mas os nossos suicidas eram assim da raça do c@r@£hº pela mesma razon qu'eu era da raça dos tomates, tamém andabam sempre a coçar o c@r@£hº e...
- E então, desculpe interromper, o atentado em Lisboa vai ter alguma parecença com o 11 de Setembro?
- Eh pá, é assim, prontes, querssezizer, a gente gostábamos de prometer assim um bom espectáculo e coiso, mas... eh pá, o c'agente às bezes se esforçamos para fazer assim um brilharete, pá, assim as coisas serem eficientes mas assim bonitas, cum nota artística alta, comó Jesus quer e o c@r@£hº, pá... Mas nem sempre calha, a gente às bezes tamém apanha òs cinco de cada bez... São coisas... Por isso é qué melhor a gente num dizermos nada. Pode às bezes correr mal e assim ninguém fica com as espetatidas muito altas.
- Uma última pergunta: porque tem sotaque do Porto?
- Aton, ò meu murcon, porque a gente quer ber Lisboa a arder... e o c@r@£hº..."

domingo, 14 de novembro de 2010

FÉRIAS NO SINAI OU ÊXODO CAP. V

  1. E  Moisés, encontrando-se agastado com a atitude do seu povo, os deixou a todos, e todos os seus animais, incluindo maridos, e se retirou, e entrou na casa do Senhor, que naquela época era o Monte Sinai, porque os terrenos em Roma estavam pela hora da morte mesmo para imortais;
  2. E Moisés rumou pela montanha árida, e procurou a Deus, e por vários dias o procurou. E o Senhor não estava em casa, e Moisés crashou num dos quartos de hóspedes;
  3. Até que uma noite, o Senhor o achou dormente, descansado das agruras da subida, e o acordou, dizendo-lhe: Moisés, porque Me procuras? Não sabes que é perigosa a subida, e que o calor te assa a moleirinha?
  4. E assim respondeu Moisés: Por onde tens andado? Já estou aqui em tua casa há semanas e tu nada! Estou farto de comer pizza congelada! - ao que o Senhor respondeu: 
  5. Ainda que nada tenhas a ver com isso, fui de férias para Sharm-al-Sheik ver os corais; e mais te digo, com essa atitude não vais longe, e é melhor prostrares-te na minha presença!
  6. E Moisés começou a sentir na cara o calor da presença de Deus, e antes que tivesse de dar entrada na Unidade de Queimados dos HUC, lá baixou a cabeça até ao chão, e queixou-se ao Senhor da impaciência de seu povo;
  7. E isto irou muito o Senhor, e imediatamente deu a Moisés um livrinho, e lhe disse que, a partir de agora, o seu povo se regeria por aquele livro, e que não pensasse sequer em lhe fazer alguma revisão;
  8. Moisés recebeu o livro, e o livro chamava-se Constituição; e Moisés saiu da presença do Senhor, e iniciou a descida da montanha; e a moleirinha começou a assar-se-lhe;
  9. E a descida era difícil, e Moisés teve dificuldades e deixou cair o livro; e o desespero dele foi muito, e pensou no que havia de fazer, pois nem teve tempo de o ler; 
  10. E assim encontrou gravuras rupestres, e reparou que não havia nenhuma barragem que as afogasse, e as picotou com uma agulha que trazia no bolso das moedas das Levi's, e as trouxe para o povo inscritas na pedra;
  11. E quando chegou ao seu povo, este fazia uma festa à volta de um bezerro de ouro; e vendo os seus esforços cada vez menos reconhecidos, Moisés quebrou as gravuras no chão, e o povo parou o bailarico e lhe perguntou onde raio tinha andado;
  12. E Moisés, irado, juntou os pedaços das pedras, o que lhe demorou muito tempo, e tomou gosto por puzzles, e foi comprar uma revista Sudoku às bombas, por 3,5€, 100 puzzles nível fácil, para começar - e uma Super Bock em lata, que a moleirinha estava a ferver; 
  13. E lhes disse que o Senhor lhes tinha mandado a Lei, e que todos lessem, pois era a Lei; e o povo queixou-se que já não havia escolas primárias naquelas paragens e ninguém sabia ler;
  14. Então Moisés, com infinita paciência, deu-lhes a conhecer os Mandamentos de Deus, depois de Pedro Passos Coelho ter reclamado a privatização das Tábuas da Lei:
  15. "Não terás outro Deus além do Senhor"; e Cavaco Silva retirou-se, pois o seu maior Deus era o Deus Mercado;
  16. "Não farás imagens para adorares"; e este mandamento foi expressamente para lixar o povo que ainda olhava para o bezerro de ouro em vez de olhar para Moisés, e Sócrates retirou-se do povo, pois aquilo que melhor sabia fazer passava a ser proibido;
  17. "Não invocarás o nome do Senhor em vão"; e foi deste mandamento que o povo inventou os palavrões, no orgasmo e fora dele;
  18. "Lembra-te a guarda o dia de Sábado, no qual não trabalharás"; e Pedro Passos Coelho insurgiu-se contra, dizendo que não havia "razão atendível para um dia de descanso para os escr... trabalhadores que até já ganham 475€ por mês sem descontos"; 
  19. "Honra a teu pai e tua mãe"; e mais um socialista se retirou do povo, e este tinha o nome de João Soares;
  20. "Não matarás"; e este mandamento até foi bem tolerado, era tudo boa gente, e só tinham alguma vontade de matar Moisés, por os fazer andar às voltas no deserto por quarenta anos;
  21. "Não cometerás adultério"; e foi a vez de outro homem se afastar cabisbaixo, dirigindo-se ao apartamento de Valongo onde tinha a concubina brasileira para afogar as mágoas;
  22. "Não furtarás"; e o povo ficou reduzido a metade, e muitos foram morar para a Ilha do Sal, e outros foram trabalhar para a Mota Engil, outros até foram para Deputados, outros para a Sonae, e outros para o Governo;
  23. "Não levantarás falsos testemunhos"; e o site dos bufos foi encerrado assim que abriu, e um presidente de uma grande construtora até disse "E eu?", e todos o calaram dizendo que estivesse calado, porque não era o caso;
  24. "Não cobiçarás"; e todo o povo ficou circunspecto, que é uma palavra demasiado avançada para textos bíblicos, mas achei que aqui ficava bem, e o povo caiu em si, e viu que a cobiça da situação dos gregos lhe ficava mal;
  25. E Pedro Passos Coelho de imediato quis rever os mandamentos, mas assim que lhe disseram que não falava de Hospitais nem Escolas, ficou mais descansado; mesmo assim, considerou a observância do Sábado um "grave obstáculo à nossa competitividade; e alguém lhe disse que se fosse fazer amor.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

UM NOVO MANDAMENTO

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No princípio, era o Verbo. Depois, já era o Adão e a Eva. Depois foram todos exterminados pelo Dilúvio e só ficou o Noé e a famelga. Depois veio o Abraão. E andou o Moisés quarenta anos a secar no deserto para trazer dois calhaus dum monte, com umas gravuras do Côa. E chamou-lhes os Dez Mandamentos. Depois veio Jesus que deu o décimo primeiro mandamento.
É só gente importante, não é? Pois, mas nenhum como o Profeta Cavaco! O iluminado em Finanças, o inquestionável, o imprescindível, o homem que raramente tem dúvidas e nunca se engana, o nosso presidente da República é um profeta! E não é como esses profetas mixurucas, tipo Maomés e John Smiths e coisas do género! Não, o Profeta Cavaco é diferente. Os outros profetas antes dele vinham anunciar a palavra de Deus, ou seja, diziam sempre a mesma m€rd@, mas sempre em nome do mesmo Deus. O Profeta Cavaco deu um passo em frente! Vem dar o 12º Mandamento, que já era um dos originais dez! Ou seja, diz sempre a mesma m€rd@, como os outros profetas, Deus, Pátria e Família. Pois, mas a inovação do Profeta Cavaco é completamente revolucionária. Profeta Cavaco é um profeta, mas não é de Deus! Ah pois, toma, vai buscar! Não estavam à espera pois, não?? Ou melhor, é de Deus, mas não o mesmo que o dos outros.
O Novo Mandamento do Profeta Cavaco:

"Não invocarás o nome do teu Deus, o Mercado, em vão! Serás punido com morte imediata se invocares o nome do teu Deus, Mercado, em vão!"
Vá, meninos, todos para casa e vejam lá se cumprem o mandamento do presidente Profeta Cavaco e deixam de profanar o nome do Senhor Deus Mercado em vão, sim? Só pode ser invocado em oração e antes das aulas ("Mercado! Mercado! Mercado!"). Já agora, fica a oração que o Mercado nos ensinou:

Mercado nosso, que estais no réu,
Rentabilizado seja o vosso nome,
Vá a vós o nosso dinheiro,
Seja satisfeita a vossa ganância, 
Assim na bolsa como no banco.

A subida de juro de cada dia nos dai hoje,
Perdoai-nos os nossos empregos,
Assim como nós trabalhamos 
Para quem nos quer depenar,
Não nos deixeis cair em abundância,
Mas livrai-nos de poder comer.

PS: O Profeta Cavaco presidirá à próxima celebração da Eucaristia Mercantil, a ter lugar na BVL, pelas 11:00 da próxima 2ªfeira, dia da abertura do Senhor Deus Mercado. Assistirão ao Sr. D. Profeta Cavaco os seus acólitos D. José de Oliveira e Costa, Bispo de Caxias e D. Dias Loureiro, Bispo da Ilha do Sal, renomados clérigos do culto do Senhor Deus Mercado e da sua Igreja da Ganância Divina.