Há dois anos, quando o avião que me transportava se preparava para aterrar na Venezuela, como é hábito, o comandante do aparelho dirigiu-se aos passageiros para dar as informações de última hora. Preparou-nos para o calor que se iria sentir, com uma humidade obscena, informação que me pôs a transpirar, como sempre que viajo para climas doentios tropicais. Mais algumas informações e a hora local: sete e trinta da tarde.
Dois minutos mais tarde, e num castelhano lento, pausado e bem pesado, o comandante interrompe de novo o nosso leve sono para informar que, por decreto do Presidente Chávez, afinal a hora local não se fixava nas sete e trinta, mas sim nas oito.
Foi o meu primeiro contacto com a facilidade legislativa de Hugo Chávez. Mais tarde, em terra, perguntei porque o presidente havia mudado a hora de um momento para o outro. Recebi sorrisos e poucas explicações. A melhor foi a de que o presidente se tinha atrasado para uma reunião de manhã em meia hora, o que pode ter atrasado o tempo no país.
O que encontrei na Venezuela foi diferente do que esperava, mas isso fica para outra altura. O que interessa no momento é assentar bem que Chávez pode acordar mal disposto e desata a legislar e decretar que não há mais mão no homem. E se começa a falar também não é lá aquela coisa, como bem experimentou o Rey D.Juan Carlos de Espanha. Todos sabemos que Chávez não é um erudito, nem um académico. É um pára-quedista. Literalmente, pois era oficial graduado do Corpo de Páras lá do sítio quando subiu ao poder - ou desceu, de pára-quedas, pode acrescentar-se. Embora eleito, foi mais a sua demagogia que o fez subir ao poder que propriamente a sua capacidade de gestão, que na altura era desconhecida.
Mal ou bem, e aqui as opiniões podem divergir, Chávez tem levado a Venezuela em direcções que não aventaríamos há poucos anos atrás. Terá, como qualquer outro, feito coisas muito boas e outras muito más. Suscitou simpatias e ódios. E aqui está o cerne da questão. Com as simpatias, o presidente venezuelano pode bem, como com os maneirinhos ministros portugueses Pino e Lino, Lino e Pino, assim elevados a uma qualquer dupla de galácticos marretas ou palhaços de circo. Não andará muito longe da verdade...
Mas com os ódios, Chávez não lida. Não lida bem nem mal, simplesmente não lida. Odeia quem o odeia. Até pode estar nesse direito. Mas esquece que o poder não é para usar em proveito próprio. A sua decisão de equiparar as manifestações de rua a crime é uma decisão anti-democrática e que cheira claramente a tique bolchevique de início de século XX. Ou seja, além de grave, pois põe em perigo um dos direitos fundamentais da democracia, o de indignação, já nem se usa num país moderno.
Chávez está a fazer da Venezuela aquilo que o país era antes dele: uma ditadura. Se antes víamos os ditadores e carrascos de direita por um canudo, o mais certo por este andar é passarmos a ver Caracas por outro canudo, pois se ele odeia tudo o que o odeia, ainda vai a meio do caminho. E o caminho, visto de relance, parece que vai acabar numa ditadura... de esquerda.
Já uma vez escrevi esta frase, noutro contexto: Olha o exagero, ò faxabor!!!
Dois minutos mais tarde, e num castelhano lento, pausado e bem pesado, o comandante interrompe de novo o nosso leve sono para informar que, por decreto do Presidente Chávez, afinal a hora local não se fixava nas sete e trinta, mas sim nas oito.
Foi o meu primeiro contacto com a facilidade legislativa de Hugo Chávez. Mais tarde, em terra, perguntei porque o presidente havia mudado a hora de um momento para o outro. Recebi sorrisos e poucas explicações. A melhor foi a de que o presidente se tinha atrasado para uma reunião de manhã em meia hora, o que pode ter atrasado o tempo no país.
O que encontrei na Venezuela foi diferente do que esperava, mas isso fica para outra altura. O que interessa no momento é assentar bem que Chávez pode acordar mal disposto e desata a legislar e decretar que não há mais mão no homem. E se começa a falar também não é lá aquela coisa, como bem experimentou o Rey D.Juan Carlos de Espanha. Todos sabemos que Chávez não é um erudito, nem um académico. É um pára-quedista. Literalmente, pois era oficial graduado do Corpo de Páras lá do sítio quando subiu ao poder - ou desceu, de pára-quedas, pode acrescentar-se. Embora eleito, foi mais a sua demagogia que o fez subir ao poder que propriamente a sua capacidade de gestão, que na altura era desconhecida.
Mal ou bem, e aqui as opiniões podem divergir, Chávez tem levado a Venezuela em direcções que não aventaríamos há poucos anos atrás. Terá, como qualquer outro, feito coisas muito boas e outras muito más. Suscitou simpatias e ódios. E aqui está o cerne da questão. Com as simpatias, o presidente venezuelano pode bem, como com os maneirinhos ministros portugueses Pino e Lino, Lino e Pino, assim elevados a uma qualquer dupla de galácticos marretas ou palhaços de circo. Não andará muito longe da verdade...
Mas com os ódios, Chávez não lida. Não lida bem nem mal, simplesmente não lida. Odeia quem o odeia. Até pode estar nesse direito. Mas esquece que o poder não é para usar em proveito próprio. A sua decisão de equiparar as manifestações de rua a crime é uma decisão anti-democrática e que cheira claramente a tique bolchevique de início de século XX. Ou seja, além de grave, pois põe em perigo um dos direitos fundamentais da democracia, o de indignação, já nem se usa num país moderno.
Chávez está a fazer da Venezuela aquilo que o país era antes dele: uma ditadura. Se antes víamos os ditadores e carrascos de direita por um canudo, o mais certo por este andar é passarmos a ver Caracas por outro canudo, pois se ele odeia tudo o que o odeia, ainda vai a meio do caminho. E o caminho, visto de relance, parece que vai acabar numa ditadura... de esquerda.
Já uma vez escrevi esta frase, noutro contexto: Olha o exagero, ò faxabor!!!