domingo, 31 de maio de 2009

Génesis - Capítulo Terceiro - Alteração Climática


  1. Assim andava Deus, contemplando todas as suas criações, embevecido com a perfeição do que criara;
  2. E Deus estava sobretudo exultante com o facto de ter expulso a humanidade do Éden e de a ter colocado numa planície estéril entre os dois rios;
  3. E os Anjos dos Céus tiveram ciúmes da humanidade e quiseram ser tratados como os humanos;
  4. E desceram então dos Céus, e se fizeram gigantes, e viveram entre os homens; e comiam e bebiam e conheceram as mulheres dos homens;
  5. E eram piores que coelhos, porque no Céu não faziam nada daquilo e aquilo sabia bem, e eles eram gigantes e as mulheres dos homens gostaram da medida;
  6. E a raça miscigenada que resultou do conhecimento dos gigantes tornou-se má e corrupta e dominava a raça humana, e intitularam-se grande capital e corporações globais e inventaram os suspensórios;
  7. E Deus andou a ver o resultado daquilo tudo durante uns anitos, mas depois fartou-se. E resolveu castigar a humanidade, não se sabe bem a razão, pois a humanidade não tinha culpa nenhuma, a mulheridade é que gostava dos gigantes, e lixou este mundo pela segunda vez e mais se hão-de seguir;
  8. E escolheu um justo, raça humana pura, de nome Noé, de tamanho normal e pouco impressionante para as mulheres daquele tempo (chamava-se Noé porque as mulheres diziam, assim que se despia: "Pequenito, num é?"), e durante o sono, apareceu-lhe e falou-lhe:
  9. Porque Eu sou teu Deus, Todo-Poderoso, resolvi terminar com a raça humana tal como ela existe; e vou fazer chover durante sete dias e sete noites, e vou inundar a terra, e todos perecerão;
  10. E tu, Noé, farás a minha vontade e construirás uma arca, onde porás a salvo um casal de cada espécie que habite a Terra, e os sete elementos da tua família;
  11. Noé acordou no dia seguinte de ressaca e com a sensação que tinha tido o mais louco de todos os sonhos; mas depois Deus colocou-lhe uma trave no caminho da testa, e empurrou-o escada abaixo, -lo cair da cadeira onde almoçava e mais sinais; Noé, no entanto, nada percebia;
  12. Até que ouviu uma voz, que lhe disse: Oub'lá, és estúpido ou quê? Vai lá construir a treta do barco, porra!!! Estás no gozo ou quê?? Já não há respeito?
  13. Noé prostrou-se por terra, e adorou o senhor, e abençoou cada costela partida durante o dia, e afirmou ao senhor:
  14. Mas, Senhor, se foste tu que causaste o problema, ao deixar os teus queridos anjinhos virem cá parar, estás a reclamar do quê? Resolve lá o problema e deixa-me em paz!
  15. E o Senhor irritou-se e deu-lhe porrada com fartura! E disse-lhe que sim, senhor, Ele sabia que tinha feito asneira, mas ninguém era perfeito, a não ser Ele!! E Noé respondeu, dizendo que não percebia porque razão Ele não eliminava os impuros com um ataque de raios e coriscos, ou então de caspa ou gripe A;
  16. E Deus disse-lhe: Porque Eu sou teu Deus, o Omnipotente, mas farei de maneira a que pareça que seja a Mãe Natureza a lixar isto tudo, pois não posso andar por aí a interagir directamente com os humanos;
  17. E Noé perguntou-lhe se as pisaduras que tinha eram virtuais, ao que Deus lhe respondeu que aquilo era diferente, ele tinha merecido um arraial de porrada porque era estúpido!
  18. E Noé construiu uma enorme arca, em madeira do Líbano, caríssima por sinal, e pôs lá a salvo um casal de cada ser que habitava a Terra, e construiu aposentos para a sua família e mudou-se para a Arca e esperou o Dilúvio; e esperou um ano e não havia sinais de chuva; e começou a pensar que realmente era estúpido por morar num barco no meio do deserto rodeado por bicharada que não parava de procriar, pois só coelhos já eram milhares!
  19. E Deus falou a Noé, dando-lhe porrada antes, e dizendo: És mesmo muito estúpido! Vai lá pôr os peixes no rio, porra!! Achas que eles se afogam?? E substitui um dos mosquitos, pois são dois machos;
  20. E Noé foi buscar a lupa, e verificou que os mosquitos eram dois machos; já tinha achado estranho, pois eles já tinham acasalado várias vezes e mosquitinhos, nada! Separou o mosquito gay e enviou-o ao mundo e chamou-o de padre e enviou-o para a Irlanda;
  21. E veio o Dilúvio, e choveu durante sete dias e sete noites, e toda a prol dos gigantes desapareceu da face da Terra; depois apareceu um enorme arco-íris ao som dos Village People e do YMCA, que era o sinal combinado por Deus para o fim do dilúvio, que teve efeito em Noé, que, além de pouco avantajado, era agora considerado pelo Senhor como gay;
  22. E Noé soltou primeiro uma baleia para que esta encontrasse terra seca (que foi??? Não é peixe!!!), mas a baleia não voltou;
  23. E depois Noé soltou um corvo, e este voltou, com más notícias: não havia terra seca, mas na que havia, o Pinto da Costa tinha sobrevivido! E Noé soltou finalmente uma pomba, que voltou com um ramo de oliveira na boca, o que pouco adiantava, pois Noé tinha-se esquecido de fazer um leme...
  24. E Noé falou a Deus, e pediu o seu conselho e a sua orientação e fez-lhe perguntas:"Senhor, quando acabará esta provação, pois estamos atulhados de dejectos de elefante? Quando poderemos sair daqui, Senhor? E porque raio poupaste o Pinto da Costa, porra?? Estás parvo?
  25. E Deus, na sua infinita misericórdia, disse-lhe: Porque Eu sou teu Deus, o Omnipresente, e descerás daí quando puderes, e não metas o estrume ao mar, pois a Greenpeace tem três botes atrás de vocês!! Quanto ao Pinto da Costa, estou a guardá-lo para Sodoma e Gomorra! Não perde pela demora...

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Cirrus Minor


No pátio da igreja perto do rio,
Descansando na neblina do meio-dia,
Rindo na erva e nos pastos
Pássaro amarelo, tu és solitário, cantando e voando,
E partindo.

O salgueiro chora na água
Acenando para as filhas do rio,
Hesitando na corrente e nos canaviais,
Numa viagem para Cirrus Minor, viste uma cratera no sol,
Mil milhas depois do luar.


E esta é a razão de eu ser Cirrus.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Os Melhores

Isto de opinar é tarefa árdua. Para todos, presumo. Mesmo que não nos demos conta. Há inúmeros factores a ter em conta. A opinião deve ser ponderada, pesada ao pormenor. Isto porque uma opinião não muda com facilidade, mas dada com termos impróprios ou demasiado ênfase pode encetar guerras infinitas que a nada levam a não ser discussões estéreis com as quais apenas aprendemos a descer alguns níveis na escala evolucionária de Darwin.

Não estou a dizer que não devemos chamar os bois pelos nomes, e sabemos que até temos nomes a menos para bois a mais. Pelo contrário, e já que em Portugal se instalou definitivamente a cultura octaviana do "vocês sabem do que estou a falar".
Mas as opiniões reflectem muito as nossas estórias, as nossas vivências, a nossa experiência de vida. E os outros, obrigatoriamente, não podem ter as mesmas experiências que eu tive.

Mas as coisas são como são, e somos muito propensos, por exemplo, a indicar os "maiores". Falamos destes maiores como os nossos ídolos, que atingem facilmente o estatuto de deuses na nossa vida, assim nos dêem motivos para tal. Os meus maiores nunca serão os maiores ou melhores dos outros. Alguns até os consideram como os piores, para nosso escândalo e horror. Injustificado. Cada um tem a sua experiência de vida e sabe com que linhas se coze, não precisamos das opiniões dos outros para termos uma só nossa. Graças a !

Os meus melhores são os melhores de outros, por certo. Isto quererá dizer que tenho bom gosto? Claro que sim, mas não sei o que é o bom gosto daquele que vem ler estas linhas. Há coisas quase unânimes, como o melhor jogador de futebol de sempre, que foi o Maradona, ou o actual, sem dúvida, o Ronaldo. Mas até aqui sei que muitos vão discordar, particularmente da segunda opinião. Primeiro, porque as opiniões são para se ter e não para se seguir. E segundo, ele é português e, como tal, na opinião de um português, não pode ser bom.

Emitir declarações do tipo "O melhor filme de sempre foi..." é redutor, mas é também revelador acerca do carácter do opinador. O melhor filme de sempre foi, sem dúvida, o 2001, A Space Odissey. Muitos discordarão, mas até esses pensarão "por que raio pensa ele que este filme foi o melhor de sempre"?? A melhor banda de sempre foi Pink Floyd, o melhor livro de sempre é "Os Irmãos Karamazov", de Dostoievski, seguido de perto do "Os Maias", do nosso Eça. Alguém tem dúvidas??? É natural.

O melhor monumento ao engenho humano é a Grande Pirâmide, a maior figura histórica de sempre foi, indubitável e inevitavelmente, D.João II, também seguido de perto por D.Afonso Ibn Erriq. Pois, esqueci-me, para a maior parte dos portugueses foi Salazar... O maior aventureiro de sempre foi Corte Real, e a maior civilização antiga, a de Tiahuanaco. Ou a egípcia. A mais bela cidade portuguesa é Évora, a mais bela do mundo é Istambul. O mais belo castelo de Portugal é o da Feira e a mais bela montanha é o Marão. A mais bela província é Trás-os-Montes. O povo que mais odiamos sendo amigos é o espanhol de novo. O que mais odiamos sendo inimigos é o português. A melhor série televisiva de sempre foi o Twin Peaks, e o mais talentoso jogador português de sempre foi Vítor Baptista.

Concordam? Ainda bem que não!

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Colón era português e Camões não era castelhano! - II

Não é tão triste que o único político que fala português nas suas visitas de estado nem sequer seja... Português??? É mais português que qualquer um dos nossos, digo eu, mas isso é a minha opinião...

Colón era português e Camões não era castelhano!

Pois é, é como diz o título do post. Não quero aqui entrar em grandes discussões históricas, nem quero ferir a sensibilidade de qualquer castelhano que aqui veja cheirar o blog (lagarto, lagarto...). Pelas provas disponíveis e conhecendo a estrutura hierárquica portuguesa do séc.XV, está mais que na cara que Colón era português. Mas, pronto, deixa-se lá os castelas pensarem que era um genovês disfarçado de castelhano. Tudo bem.

Luís Vaz de Camões, além de ser um grande poeta, reconhecidamente era também português. Poeta ao nível dos maiores de outras línguas, como Cervantes ou Shakespeare, era um soldado aventureiro, que perdeu um olho na defesa de Ceuta contra os Mouros e conheceu as Índias, tendo sido por aqueles lados que escreveu a sua mais conhecida e épica obra, os Lusíadas, uma espécie de resumo alargado da (já naquela altura) extensa História de Portugal.

Porque falei nestes dois grandes vultos da História de Portugal? Porque um foi um grande navegador, que assegurou a Portugal o domínio naval no Atlântico e Índico, e o outro é para sempre referenciado como o pai da nossa língua.

Mas será Camões pai do português? É óbvio que não, o português já existia muito antes de Camões e o galaico-português é anterior até à nossa existência política. Então porque se diz que o português é a língua de Camões?? Talvez por ser um grande poeta, e talvez, e mais importante ainda, porque, utilizando o português, finalmente foi o primeiro a enaltecer a grandeza de Portugal.

O facto permanece um mistério, mas é mais que sabido que o português actual, e particularmente o político português dá o dito e três tostões para parecer mais inteligente e culto do que na realidade é. Então toca de pôr o português de lado, simplesmente a quinta língua mais falada do Mundo (penso que a seguir ao inglês, castelhano, mandarim e árabe), quando se desloca ao estrangeiro. O pior é ver, como vimos este fim de semana, o triste espectáculo que o nosso primeiro ministro protagonizou, ao deslocar-se a Espanha.

Não coloco a questão da oportunidade ou benefício da manobra política que Zapatero e Sócrates protagonizaram. É lá com eles e não votarei em nenhum deles, por isso, estou perfeitamente a leste. Mas Zapatero veio a Coimbra, a nossa eterna capital da cultura e do conhecimento, falar em castelhano. O que é perfeitamente normal, sendo a triste sina do senhor a de ser espanhol... Mas que raio passou pela cabeça do Sócrates ir a Espanha falar em... castelhano???

Se coisa há no Circo que nunca apreciei eram os palhaços. Na política também não. Lá que nos tenham roubado o Colón, tudo bem. Que não conheçam Camões, azar. Que nos queiram roubar a língua, nem pensem nisso!!! Podem-nos roubar o Sócrates, se faz favor?

PS: Já alguém viu Angela Merkl falar noutra língua que não o alemão, aquela língua de escarros e batatas quentes na boca??

quinta-feira, 21 de maio de 2009

As meninas não são jovens para sempre!

Pois, pois, já sei que é uma questão de auto-estima e coiso... Mas que fazer plásticas e liftings e botoxs está na moda é coisa que não surpreende ninguém. As meninas não podem ser jovens para sempre, convençam-se lá disso de uma vez por todas.

Além disso, ficam todas iguais. Olha aqui a Manuela. É gira, não é???

























Mas, e se a operação corre ainda pior?










terça-feira, 19 de maio de 2009

Cravos e Ferraduras


A vida em Portugal é interessante, e somos felizes por nos podermos rir de vez em quando. Ok, a maior parte das vezes rimos de nós próprios, mas às vezes temos o raro prazer de nos rirmos dos outros. Mas isto é quando dá para rir. Outras vezes, queremos rir, porque tem graça, mas não conseguimos, por ser de tão mau gosto.

Refiro-me aos últimos desenvolvimentos da situação ministra da Educação vs. Professores. Vêm aí uns exames, umas provas, ou coisa que o valha, de carácter nacional (ou seja, obrigatório para todos e no mesmo dia), de importância extrema, mas que de importante não têm nada, pois não contam para nota nem para mais nada, a não ser para dar trabalho ao INE. Chamam-lhes Provas de Aferição. Não sei bem porquê - na linguagem do meu meio, aferir quer dizer afinar ou calibrar. Será que estão a afinar as notas, a afinar com os alunos ou a calibrar os professores?

Seja como for, os alunos devem ter a obrigação de estudar para estas provas. Não se sabe bem porquê, mas deve estar escrito no contrato ou coisa parecida. Mas até aí, ainda a coisa não anda tão mal que cheire muito. Começa a cheirar a esquisito quando os professores recebem um manual de instruções para as provas. Será que é um manual para resolverem as provas? Não, nada disso. Afinal, o livrinho contém instruções para uniformizar a conduta dos professores durante as ditas provas.

Assim, o livrinho tem coisinhas giras como: Diga "Bom dia" ou então "Vamos realizar a prova da disciplina x...". Mais aconselha que os professores não devem tentar decorar ou adaptar as palavras, mas antes lê-las do tal livrinho, dirigindo-se aos alunos. Roça o ridículo? E de que maneira! Não é ridículo que se esteja a esbanjar um dia inteiro de trabalho de milhares de professores quando meia dúzia de gravadores de voz faziam o trabalhinho? Nem precisavam de ser um por sala, bastava um no sistema de som da escola respectiva (para aqueles que o possuem, evidente).

Estava eu aqui quase a dar razão ao senhor do sindicato, penso ser o Prof. Mário Nogueira, aquele professor com aspecto de GNR dos anos 70 que já não dá uma aula desde essa altura, quando as notícias dão conta de um caso hilariante (seria, se não fosse tão estranho e grave) passado numa escola de Espinho, meu concelho natal, na EB2,3 Sá Couto.

Pelos vistos andava por lá uma professora amalucada que falava de orgias em plenas aulas, explicava como se perdia a virgindade e coisas práticas do dia-a-dia parecidas com estas. Mais não se poderia exigir a uma aula de Educação Sexual, só que a aula era de História, e, mesmo que não fosse, penso que o grau de iniciação sexual ali focado ficava um bocado além da compreensão de crianças de 13 anos... Seria mais adequado para o público do Sá da Bandeira em dias de folga do Fernando Mendes...

Acrescendo a tudo isto, a dita professora ainda insultava os pais das crianças com base na sua "educação" superior, ela que tem um mestrado. Fica sempre bem ensinar às crianças que se devem discriminar as pessoas pelos graus académicos. Agora, queixem-se da Popota, também conhecida por "Gaja da DREN", que vai cair em cima desta professora como a chuva de Janeiro cai na horta.

É caso para dizer: uma no cravo, outra na ferradura!!

domingo, 17 de maio de 2009

Paragens IX


Petra, Jordânia

Petra era a antiga capital dos Nabateus, povo de comerciantes de origem semita.
Foi aqui que Cleópatra VII se refugiou depois da derrota, na Batalha de Actium, de Marco António frente a Octaviano Augusto, primeiro Imperator romano, sobrinho de Júlio César Augusto, último dictator da República de Roma. Os Nabateus, debaixo do domínio egípcio e ciosos da sua independência, acabaram por entregar a rainha a Octaviano, enquanto esta transferia, por terra, toda a sua armada de guerra para o Mar Vermelho, calculando a fuga para a Índia. Cleópatra VII foi a última rainha do Egipto Faraónico, pondo termo à dinastia grega dos Ptolomeus, acabando por se suicidar antes da viagem para Roma, onde seria exibida como troféu de guerra.

sábado, 16 de maio de 2009

É lindo!


Quando o convívio entre bloggers se dá como se deu ontem, é lindo!! Estava eu em Vila Real, num quarto de hotel, quando se despoletou a mais acesa troca de comentários de que tenho memória na minha curta vida de blogger. E tudo graças ao Todd!

Quem é o Todd? Pois, essa é uma outra questão a que não é fácil responder.

Tudo isto veio a propósito de um desafio que propus à Pronúncia, que doravante será conhecida como Maria. O desafio era o mais simples possível. Constatando que as coisas andavam um pouco negativas, pois todos estávamos fartos de ouvir dizer mal do nosso país, em que muitos insistem em apenas ver o que está efectivamente mal, propus que ela fizesse um post com as coisas que Portugal tem de bom. Que são muitas. E que são tónicos para quem, como nós, tem de lutar para ajudar este país a endireitar-se e, acima de tudo, orgulhar-se de novo. Sermos mais felizes na adversidade só nos pode dar mais força.

A Pronúncia focou alguns aspectos positivos de Portugal, mas não todos. Nem eu seria capaz de os enumerar, e ainda bem. Mas alguns passaram-me pela cabeça. Penso que são coisas pelas quais vale a pena lutar pelo meu país, que adoro.

Começando pelos óbvios aspectos geográficos, Portugal deve ser o país que mais diversidade geográfica apresenta em tão pequena área. Temos de tudo, desde as serras verdes do Minho, as escarpas abruptas de Trás-os-Montes, a beleza agreste da Beira Interior, as densas florestas do Pinhal Interior, a Ria de Aveiro, as imensas planícies alentejanas e até às costas dormentes do Algarve. Isto para não falar das Ilhas.

Mas há aspectos de outra ordem ainda mais importantes. Um deles é a História. A nossa História é riquíssima, de origens tão remotas que é ainda difícil distinguir-lhe o início. Como país, existimos desde o séc XII, mas milénios antes disso já havia histórias para contar, de acordo com os cultos a deuses pagãos por estas bandas. Um deles em particular, o de Serápis, liga irremediavelmente a existência dos grupos de protoportugueses (lusitanos e protoceltas) ao Egipto faraónico. Aliás, em lugar algum do mundo se pode encontrar uma tão grande proliferação do culto da Deusa como em Portugal, culto esse originário do Egipto, em honra da deusa Ísis, e da Suméria, em honra da mesma deusa, mas tomando o nome de Astarte ou Cíbele para as civilizações circundantes das ruínas de Baalbeck, no actual Líbano (civilizações que deram origem aos actuais palestinianos). Para isso, basta contar o nº de Senhoras disto ou daquilo que existem em Portugal, uma vez que, como é sabido, esses santuários foram erguidos em locais de cultos femininos anteriores. Como podemos ver, a nossa história liga-se com a dos primórdios conhecidos da história humana. É um motivo de orgulho imenso, até porque as populações europeias foram mais resultado de invasões durante o primeiro milénio do que da fixação de autóctones.

Depois há a cultura, feita de grandes vultos, como Torga, Camões, Eça e Pessoa, entre outros gigantes. Mas também a cultura do homem simples, daquele que vive das agruras da terra, daquele que, nunca saindo da sua aldeia e não conhecendo a cor do mar, tem tanto para nos ensinar, assim soubéssemos aprender.

Mas há também a questão da identidade. Poucos países existem no mundo com a unidade nacional que nós ostentamos. Para um português é impensável preferir a sua região ao país. Se perguntarmos a um espanhol ou francês ou britânico o que prefere, sabemos que as respostas que darão não serão como a dos portugueses. Os portugueses não reconhecem qualquer entidade geográfica superior ao seu país. Primeiro somos portugueses, depois somos alentejanos ou beirões. Isto tudo ao contrário do que pensa Todd.

E assim veio o Todd, para nos unir ainda mais em redor de uma ideia que é Portugal, imaginada para lá dos confins do tempo, cujas coisas boas nos farão ultrapassar as dificuldades a que outros já sucumbiram. Assim tenhamos nós essa consciência e a coragem e força de acreditarmos em nós próprios e no nosso país. Porque o nosso país é lindo!

Os Rebanhos e o Grande Lobo Mau


A tecnologia é uma coisa espantosa. Imaginem agora que há possibilidade de enviar e receber mensagens à distância, escritas no ecrã de computador. Pois, chama-se Internet e tem coisas boas e más. Uma das boas é o blog. O blog é fixe, porque dizemos umas coisas porreiras (ou não) e os outros respondem, e a gente fica toda contente por estar a comunicar com os outros.

Isto é um blog. Há outros, mas este é meu, pelo que deve ser melhor que os outros, pelo menos para mim. Já escrevi algumas coisas porreiras, outras nem por isso e outras enfim. Reconheço as minhas limitações de originalidade e inspiração. É que às vezes não sai nada de jeito.

Outras vezes, ouço umas notícias aqui, outras ali e dá para formar uma opinião sobre determinado assunto. Liga-se a TV na CNN, de seguida na Al-Jazeera e a verdade encontra-se algures no meio. Depois é só deitar a opinião cá para fora, da melhor maneira possível.

Foi o que fiz no último post que escrevi. Não neste, no anterior!!! É um post em que critico a atitude ambígua e opiniões assassinas da personagem vertente, o actual Papa. Já me estiquei demasiado no outro post, não vou agora repetir-me. Se quiserem, leiam-no.

O meu blog, chamado Cirrus Minor, foi sempre e sempre será casa democrática, onde todos têm direito a opinião. Não há aprovação de comentários nem censura dos mesmos. Quem vier, venha por bem, concorde ou discorde do que digo, não conte é com complacência ou carneirismo. Se o comentário é de acordo com a minha opinião, reforço. Se não é, rebato e começa uma coisa gira que dá pelo nome de debate.

Pois importante mesmo é que o post anterior chocou muita gente. Porquê? Primeiro, pela imagem, em que associo o Papa à suástica. Nem fui que associei, já existia esta imagem, limitei-me a copiá-la. Mas achei-a adequada, depois de todas as barbaridades que temos ouvido do personagem. Assumo que a ideia de a colocar foi minha, e não de mais ninguém. Depois, chocou pela violência das palavras (!!), pois, pelos vistos, há quem me considere uma língua viperina que apenas diz mal por dizer. Estão enganados, digo mal daquilo que penso ser mau, como este Papa, que é um mau homem, um horripilante ser humano.

Vai daí, muitos que leram o post e não comentaram foram comentar o meu post e o meu blog para outras bandas. Não sei bem porquê, parece-me que lhes faltou alguma coisa ao longo das costas (talvez espinha dorsal?), e preferiram escudar-se nos cómodos sítios onde todos têm a mesma opinião e tudo funciona muito bem e onde o rosa é cor dominante, com laivos de azul bebé. Só que o mundo não é rosa nem azul bebé. Tem cores mais vivas e é bem mais interessante do que se possa imaginar. Tem muitas coisas boas, como a liberdade, e tem muitas coisas más, como este Papa.

Os rebanhos são coisas impressionantes. No fundo, são macro organismos, actuam de forma defensivamente racional, para defender o grupo de carneiros, mas não há um carneiro de entre todos os do rebanho que tenha opinião própria. Além disso, têm os cães de guarda, bem mais armados, mas com as mesmas limitações: a única ideia é proteger o grupo. E ai daquele que diga algo de uma das ovelhas ou carneiros, do cão de guarda ou até do dono do rebanho. É um tal chocalhar que até fura os tímpanos.

No fundo, estou feliz pelo resultado. Se fosse mais um post em que ninguém reparasse, era bem pior. Digam bem ou digam mal, mas digam algo! Sempre estou mais vivo que vocês todos, aí aconchegados no interior do rebanho. Pelos vistos, eu sou um grande lobo mau e até os meus blogs amigos foram acusados de fazer parte da alcateia. We are bad to the bone!! Look out, we´re outta get ya!!! AUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Papa... Maizena!


Pois é... Isto há coisas do diabo. Diatribes, é o que é. O Papa morreu. Eh! Nada de festança aí atrás, oh se faxabor!!! Não é nada disso. Morreu o Papa, o outro. Aquele que vai ser Santo. Ainda gostava de saber quantos espanhóis enfardou o João Paulo II, conhecido enquanto gajo normal da Igreja como Karel Woytila, para ser proclamado santo ao lado do nosso digníssimo D.Nuno. Tudo bem.
Dizia eu que o Papa morreu, e toca a tocar os sinos e fumar charros para a chaminé da Sistina em sinal de que há novo Papa (neste aspecto, o contributo do nosso patriarca foi precioso). E foi eleito novo Papa. O verdadeiro Papa misto. Ele é um misto de tudo. Ele é misto de clérigo com erudito, ele é misto de amante da paz com nazi, ele é misto de preocupação com Sida em África com proibição de uso do preservativo... Penso que ele até deve ser misto de casto com maricas, mas isso sou eu que penso, não posso escrevê-lo em voz alta.

O homem também gosta de passear. Não vai de modas, e até os EUA visitou no tempo do Bush, correndo o enorme risco do ex-presidiário... presidente americano enviar o avião papal, o famoso aeropapão, de encontro ao Empire State Building para de seguida proclamar guerra à Coreia do Norte. Mas isso é um risco que qualquer pessoa corria nos tempos do presidiá... presidente Bush. Ele foi Angola, ele foi tudo quanto é sítio e lugar. Penso que ele se sente a mijar com os pés para a cova e quer aproveitar.

A ideia agora foi o Médio Oriente. Estou mesmo a ver o Papa Lento 16 a dormitar mais uma missa falada em inglês macarrónico com aquele sotaque bávaro de mecânico da BMW, e o auricular a anunciar: Sua Santidade e coiso e tal, a próxima viagem é ao Médio Oriente. E o Ratzinger (nome de baptismo, que quer dizer Ratatoui em alemão, mas em versão padre em vez de cozinheiro) lá benzeu a multidão e os McCann e o gajo da agência de viagens lá pensou que sim senhor, era mesmo para lá ir. E o Bento, a pensar com os seus botões, lá deve ter ido para dentro do avião a dizer mal da vidinha, que só lhe arranjavam viagens para países de raças inferiores, que era só amarelos, pretos e Bushes, e agora até árabes!!

Em pleno voo, alguém lhe deve ter dito que não, não eram só árabes, também iam ao país dos judeus. Deve ter sido por alturas de Genebra, pois o berro de desespero do homem quase fazia cair o avião dos deputados portugueses! E da Dulce Pontes, que, como boa portuguesa que é, se ofereceu para o sacrifício de morrer em prol da nação, caso conseguisse arrastar os deputados com ela, incluindo o Jaime Gama, o chamado "Sapo cheio de AR".

O Papa está perto do fim, garanto-vos eu. Na Jordânia, já condenou aqueles que negaram o Holocausto da 2ªGuerra Mundial. Isto, evidentemente, para árabe ver e judeu escutar, pois retirou a excomunhão a um bispo que professava essa mesma ideia nas missas que dava. Mas isto eu compreendo que lhe saia naturalmente. Nada mais natural do que confirmar a existência do Holocausto, pois foi o país dele que o protagonizou, através do partido a que ele próprio pertenceu - portanto, quem melhor para saber que o Holocausto existiu??

Mas o Papa vai ter um treco, um AVC ou coisa que não lhe valha!! Vai, pois!!
Em Israel, há o triste hábito de tornar todos os visitantes em judeus nos dias em que lá estejam. Assim sendo, está sempre programada uma visita ao Memorial do Holocausto, que tem uma chamazinha a arder e coiso, assim ao estilo das olimpíadas.
Uma coisa é confirmar a existência do Holocausto, outra, bem diferente, é homenagear as vítimas do mesmo... Vai-lhe dar um treco!!!

Já dizia o nosso ministro da economia em letra pequena que um tinha de comer muita Papa Maizena para chegar aos calcanhares de um outro! Aproveitem agora! Se tiverem as colheres à mão, não deve demorar muito a cair o manã do céu!!! Papa Maizena Ratzinger, produção dos restaurantes Shoarma por aí espalhados! Bom proveito! (Mais burro não fica de certeza).

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A vista é bela?

As últimas noites foram atribuladas lá pelas bandas do sul do país. Quique que vai, Jesus que vem, lagartagem sem presidente (há já três anos, diga-se), Paulo de risco ao meio cheio de losangos na cabeça, cabeça que parece ser coisa que Dias Loureiro já não tem, e coisa que alguns sindicalistas afectos a um determinado partido de esquerda gostavam de cortar ao Avô Cantigas. Tudo bons rapazes, e no meio da desgraça geral, está o Rui Costa de mãos na cabeça. Como se pode ver, podia haver outro terramoto em Lisboa que ninguém dava por nada.

Mas todas estas confusões não são nada comparadas com a confusão que vai num determinado bairro sadino, chamado de Bela Vista. Ora esta história é rocambolesca. É mesmo daquelas à "citoyen" dos velhos tempos de tomada da Bastilha. O povo revolta-se, o povo contra ataca. Obviamente, cheio de razão, quanto mais não seja, cheio de vontade de ter razão.

Parece que há uma esquadra da Polícia na Bela Vista. E parece que tem polícias lá dentro. Um dia destes, um dos elementos do povo foi apanhado a fazer uma assaltozito qualquer, e um polícia com um pouco mais de pontaria estoirou-lhe os miolos. Por si só, já seria uma grande notícia - um polícia que conta com três coisas extraordinárias e que não se vêm muitas vezes: primeiro, tinha uma arma funcional, coisa nem sempre garantida pela PSP; segundo, com uma pontaria invejável, o que nos diz que não faltou à chamada para treino de tiro na carreira; terceiro, conseguiu apanhar um assalto antes do fim - condição rara!

Mas, logo de seguida, alguém salientou que algo deve ter falhado. Por que razão o tiro não foi de aviso, mas sim logo para matar (nem para ferir foi!). O polícia, logo disseram os mais entendidos nesta matéria, abusou da autoridade e demonstrou excesso de zelo. Logo o povo se revoltou, pois "não havia direito de matar o rapaz, com um tiro a matar, logo para a cabeça!", como bem soube dizer às câmaras da TVI uma senhora do bairro.

É lamentável que um jovem, que apesar de ter sido apanhado em flagrante assalto, tenha visto a sua vida ceifada, sem hipótese de redenção. Eu penso que sim, é lamentável. E mais lamentável ainda é que o jovem em questão tenha resistido à detenção de caçadeira de canos serrados em punho, pois era com ela que ele tentava redimir-se. É evidente que o povo da Bela Vista tem razão em revoltar-se - afinal, qualquer um deles podia ter sido abatido pela Polícia. Bem, com excepção daqueles que não cometam crimes violentos, mas esses não contam. Vai daí, toca a atirar coktails molotov à Polícia, dar tiros na esquadra e incendiar carros.

Alguns simpáticos políticos aventaram que não se trata de um caso de polícia, mas antes de um problema puramente social, com raízes no desemprego e degradação das condições de vida. Não sei que desempregados estes senhores conhecem, os que eu conheço não andam para aí aos tiros com caçadeiras de canos serrados nem a atear fogos a automóveis... Mas eles devem saber do que falam, quem sou eu para duvidar do que eles dizem? Eu até concordo que as condições de vida propiciam muitas vezes actos desesperados, mas nem todos aqueles que ficaram sem emprego andam por aí de cocktail na mão.

Não podemos iludir a verdade. A verdade é que morreu um jovem, situação que lamento desde o início, e ainda mais lamento que não morram mais como este. Sei que não é agradável escrever isto, mas que raio, não justifiquem tudo com a sociedade! O indivíduo também conta para alguma coisa, não é só estatística. E há indivíduos que estão melhor assim: mortos!

sábado, 9 de maio de 2009

Paragens VIII

Escarpas do Douro Internacional, junto a Miranda do Douro. Quem apenas conhece o Alto Douro Vinhateiro não sabe o que é o Douro!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Porque


Porque o mundo não foi criado por Deus. Porque Deus não foi criado por Deus, ou o homem foi criado por Deus.
Porque tudo o que nos rodeia é apenas o reflexo daquilo que somos. Tudo o que somos é apenas um reflexo daquilo que gostaríamos de ser. Logo, tudo o que nos rodeia não passa de um desejo não concretizado.
É assim o Homem. É assim a natureza do Homem. Porque o verdadeiro Ser aspira àquilo que sonhou numa outra noite de neblina mental. E quando a neblina passa, porque passa, novo banco de nevoeiro se forma na alma, e nada é como dantes costumava ser. E os reflexos mudam como a noite muda daquela de neblina para a outra de nevoeiro. Algo em comum, algo que não nos deixa ver o caminho.
Mas é assim o Homem. O verdadeiro Ser não vê o caminho, apenas sabe que tem de caminhar. Provavelmente nem vê os escolhos do caminho, nem a gravilha que o faz resvalar, apenas sabe que tem de continuar. Apenas sabe que tem de sair do nevoeiro. Para encontrar nova noite de neblina, para fazer de novo o caminho.
Mas o verdadeiro homem, com ou sem H grande, é aquele que quer descobrir o que está para lá do nevoeiro, é aquele que cai e se levanta, é aquele que aprende na jornada, porque o caminho se faz caminhando e nenhum objectivo se atinge com resignação. O verdadeiro ser, com ou sem s grande, é aquele que caminha na escuridão, porque procura o dia, e não aquele que acende a luz, por sempre ser noite.
Porque o que será do homem se mais vale o destino que a viagem?
Porque o que será daquele que atinge todos os objectivos?
Porque o que será daquele que apenas vê o que o rodeia e não procura o que tem dentro de si?
O que é feito daqueles que apenas vêem a desgraça ao seu redor, sem perceberem que são parte dela, e sem nada fazerem para a minorar?
E o que é feito de todos aqueles que se resignaram, que deixaram de caminhar?
Porque a felicidade não está lá fora, está cá dentro.
Porque a felicidade não é o sol ou a chuva.
Porque a felicidade está na viagem.
Porque se aprende na viagem. E esta não acaba.
E eu que tanto quero aprender.
O que será do homem sem dignidade?