quarta-feira, 29 de junho de 2011

DOS MUROS ÀS PORTAGENS DO CALÃO

Ministros apresentando o Programa de Governo

O governo apresentou o programa. Eu acho mal, porque ninguém me consultou e penso que devia. Até porque eu sabia que aquele senhor que perdeu o emprego não ia ser secretário de estado como disse o Marcelo, e que ia ser o outro, aquele, o coiso. Por isso, acho que devia ser consultado. Mas a verdade é que ninguém me ligou raspas de cornos e fizeram tudo à maneira deles. São uns rufias, os gajos. Apresentaram o programa e eu a pensar que era o Último a Sair ou coisa assim com classe, mas não, saiu-me uma coisa tipo Plano Inquinado.
E a verdade é que é mais uma desilusão. Que tremenda desilusão. Agora que eu pensava que iam privatizar a sério, nada disso. Ficam-se pela TAP, talvez a RTP, pouco provavelmente a CP, mais provavelmente os hospitais, centros de saúde, escolas e universidades. Não interessa, não me consultaram e por isso vão fazer asneira e ficar aquém daquilo que era pretendido, como aliás é habitual.
Ora eu acho assim para o mauzito. De homem era privatizar a minha rua. Ainda hoje estive meia hora para me meter no meio do tráfego e não me agrada. A minha rua, devidamente privatizada, era mais facilmente acedida. Também não percebo porque não se privatizam as pedras da calçada. Um gajo vai por ali abaixo, apetece mandar uma morteirada em alguém e não pode, as pedras são públicas e a gente pode sujeitar-se a processo por abuso de coisa pública. No caso de ser privado, era mais fácil, que a gente arranjava um acordo com o dono das pedras. Nunca mais teremos sharia por cá, por este andar.
Uma coisa que me mete confusão é não se privatizar o calão. Por cada palavrão que se dissesse, pimba! Portagem! Sei lá, aí uns cinquenta cêntimos por cada caralho e uns vinte e cinco por cada foda-se. Era de homem, mas também é verdade que mais uma vez se discriminava o norte do país. Isto porque por cada cinquenta cêntimos que um lisboeta pagasse de portagem à Mota-Engil, já os próprios engenheiros da empresa estavam falidos e de malas aviadas para Paços de Ferreira por dívidas. Claro que poderia haver isenções, como por exemplo no caso da palavra puta, sempre que acompanhada pela palavra filho à frente. É fácil de entender, é que caso contrário os políticos do governo (e os outros também) perderiam a sua classificação profissional.
Também me choca que não se privatizem os bancos. É verdade, uma medida que seria tão corajosa fica de fora. Privatizava-se o BES, o BCP, o BPI... E assim evitávamos os imensos prejuízos que o Estado tem tido com eles. Mas não, vão privatizar a RTP... Ora grande merda... Aquilo até pode ser público, mas o serviço já o deixou de ser há muito. Não... Espera, se calhar deixou de ser serviço, mas ainda é público... Ora se calhar é isso.
A privatização das águas é um passo em frente. Tal como o FC Porto do João Pinto, aquele que estava à beira do abismo. Eu acho bem. É verdade que já quase em todo o lado a distribuição é privada. Mas privatizar a captação é de homem. Mas há um imenso problema por ali, que é o de vedar os rios. Sim, porque depois de privatizada a água dos rios, o dono tem de impedir que qualquer fdp de agricultor encha dois ou três baldes de água à fartazana para regar os rebentos de tofu. Ora isso só se pode resolver com a construção de muros à israelita. Não, não é para impedir que gajos vestidos com lençóis façam explodir aventais de nitroglicerina do lado do rio, mas simplesmente uma medida de protecção normal, como qualquer ourivesaria que monta grades de protecção contra romenos mais civilizados.
Por outro lado, a água dos rios não é a única que pode ser captada. Então e a chuva? Ah, pois, não tinham pensado nisso. Quer se dizer, está o dono da água muito bem sentadinho no sofá, vai fumar um cigarrinho à varanda e vê o vizinho a enfardar logo dois ou três litros de chuva em latões de 25 litros de Castrol GTX, não? Ora, podem construir-se guarda-chuvas, assim mesmo muito grandes, que cobrissem a área de Portugal inteiro – e, vá lá, Olivença e os Açores (a Madeira não paga puto que a gente já sabe) – que impedissem a chuva de chegar ao chão, assim montados a modos que com o cabo para cima. Ainda se a água se derramasse no chão, meu amigo, é vida. Agora ser aproveitada por algum chico-esperto para tomar banhos à borla ou para regar os tais rebentos de sushi é que não!! Não era sushi? Ah, pois, era tofu – a merda é a mesma, o sabor é que deve ser diferente. Racista, eu, por não querer sushi??? Tretas, ainda agora tivemos cá o S.João e não vi ninguém a ferrar sardinhas cruas.
E o ar? Ninguém se lembra de privatizar o ar, pá!!! Isso é que era de homem. Era só vantagens. A gente passava a pagar o ar ao litro, assim para o carote. Imaginem só, o pessoal só respirava depois de tomar café, assim um litrito ou quê. Para já, evitavam-se doenças pulmonares, que o ar anda cheio de E.Colis dos pulmões e coisas assim desse género de merdas. Além disso, duvido que alguém falasse contra o governo... O fôlego era capaz de não dar para tanto.

PS: Partido Socialista mas não, é só para dizer que não tenho nada contra israelitas, gajos vestidos com lençóis ou romenos. O que é dizer mais do que alguns deles dizem de mim...

sábado, 25 de junho de 2011

OS NOVOS FARISEUS?

Imagem Google

O povo português cada vez mais não se dá ao respeito. Não se dá ao trabalho de se fazer respeitar. É um povo desmoralizado, alegremente triste, abatido, quebrado. E ainda não sofreu nem um décimo do que por aí vem. E o que vem por aí? Uma figura da Bíblia, Jesus Cristo, era conhecida pelos seus combates teológicos com uma classe de doutores da Lei de então, a quem chamavam os fariseus. E é isso que por aí vem, o tempo farisaico?
O novo Primeiro-Ministro, Passos Coelho, apressou-se a tomar posse para poder assistir já como PM ao Conselho Europeu. Nada de estranho, até porque é nessa instância que grande parte do nosso futuro se joga. Como teve de viajar para Bruxelas, apressou-se também a anunciar que, em vez da costumada viagem em classe executiva, para si e seu séquito, viajaria em turística. A poupança é para se ver, ainda que pequena - um exemplo!
Obviamente, o povo acreditou que 2000 euros seriam poupados desta forma ao erário público. E interpretou isto como um sinal da vontade deste governo em mudar as coisas, em poupar em tudo o que seja possível. Um sinal de novos tempos de rigor e de verdade.
Pedro Passos Coelho começa o seu mandato com uma mentira. Não é uma mentira grande, pode até ser insignificante. Mas a poupança anunciada, sendo insignificante, teria um significado: o da seriedade, da verdade, da poupança. A mentira, ao invés, e apesar de insignifivante em si mesma, anuncia da mesma forma os tempos que por aí vêm: os da hipocrisia, da mentira dos fariseus. Será assim interpretada? Talvez não, afinal o Governo estará ainda por muitos meses em estado de graça e nenhum português quererá que o governo falhe na governação. Demos-lhe, pois, o prejuízo da dúvida.
Mas é de homem pequenino, mesquinho, a invenção de que qualquer membro do Governo Português pague bilhete de avião, seja em executiva ou turística, na TAP. Não paga, a TAP não cobra nem nunca cobrou estas viagens.
Muito mesquinho. Muito pequenino. Muito “poucochinho”.
Mas o que dizer de um povo que acredita nisto??

domingo, 12 de junho de 2011

MÁQUINAS HUMANAS

Foto Bloomberg
Há no mundo países e depois há a Alemanha. Há no mundo povos e depois há o povo alemão. É assim que pensam os alemães. A certeza da superioridade do seu povo e do seu país é tanta que tendem a esquecer que, por várias vezes na história europeia e mundial foram responsáveis pelos maiores desastres humanos. A certeza da sua superioridade é de tal ordem que se esquecem que raramente tiveram motivos para se orgulharem da sua história, antes pelo contrário, têm todos os motivos para se envergonharem dela.
A Alemanha, mais uma vez, portou-se da única forma que sabe portar-se. Portou-se à altura dos seus pergaminhos históricos, à altura daquilo que melhor sabe e sempre soube fazer, provocar os outros, destruir o que é alheio e depois imputar as culpas a esses mesmos.
Diz-se muitas vezes que os países do sul da Europa são pouco rigorosos, pouco trabalhadores, pouco produtivos. Em contraponto, está a Alemanha, terra onde nasceu a maravilha política da idade moderna, o capitalismo. Um país de rigor, de seriedade, de sobriedade e de trabalho. Pode até ser verdade. Diria que Portugal, entre tantas vergonhas que tem escondidas no seu armário da história, tem outras tantas jóias de que se orgulha imensamente. Diria que não é só dizer-se sério e competente que é importante. É necessário sê-lo. E o povo português pode até estar longe disso, acredito. Mas estará o alemão mais perto?
Não é só dizer-se sério. É também necessário ser-se. Não apenas sério, mas também ser-se simplesmente. E para se ser, é necessário ter uma memória, é necessário ter-se um passado. Talvez por isso nós sejamos. E somos o que somos, talvez graças às imensas glórias que tivemos no passado, que nos fizeram um povo de recordações felizes e portanto feliz naturalmente. Somos o que somos também por esbanjarmos escandalosamente os recursos que essas glórias nos proporcionaram, e mesmo outros que tão bem soubemos desbaratar, mormente nos idos anos 80 e 90. Somos por isso um povo feliz e calmo, quase diria manso, com tiques de espertice saloia e falta de visão colectiva. Mas somos.
Contrariamente, os alemães não são. Eles têm memórias, e sabem disso. Tentam escondê-las no mais fundo e recôndito canto, bem reprimidas, pois a vergonha é um sentimento anti-alemão, tão anti-alemão que é o único que conhecem. E não são. Podem ser superiores a toda a gente, mas não são nada. São apenas máquinas humanas. Ao fim e ao cabo, os seus antepassados roubaram-lhes a vida há muito.
A Europa vai pagar as indemnizações aos agricultores vítimas da prepotência, do sentido de suprema superioridade que esconde a sua grande menoridade e da falta de higiene dos alemães. Vamos pois todos pagar por um erro alemão. Não está certo nem errado, é o que é. Diz-se que a Alemanha pagou tudo o que nós tivemos até agora, por isso será hora de retribuir.
Não esqueçamos, porém, que a Alemanha emergiu de duas guerras mundiais como potência fracassada. Foi graças à Europa que se ergueu de novo. A Alemanha reunificou-se. Foi graças ao chapéu de sol do mercado interno europeu que conseguiu combater as desigualdades no seu interior. A Alemanha prosperou como nunca graças à Europa. É altura de pensar, seriamente, no que é que a Europa favoreceu cada um dos seus estados membros, e quais destes mais lucrou. Numa altura em que vem à baila que a União Europeia paga a 200.000 portugueses para não plantarem nem semearem nada nas suas terras, o que nos pode vir à baila, assim de repente, é esta questão: PORQUÊ?

domingo, 5 de junho de 2011

A GRANDE NOITE!

O Grande Vencedor da noite

Há já algum tempo que não escrevia neste espaço e na verdade não poderia ser de outra forma, tendo eu estado fora de Portugal e literalmente me defecando para os computadores e mais não sei o quê. Mas isto, não sendo vício, é um gosto que ainda perdura e tem de alimentar-se o bicho dê lá por onde der.
Houve eleições! Ah pois é, a gente não desiste de disfarçar o que somos e lá vamos dando uma ideia de que quem governa esta coisa são os portugueses. Correu-se com o Sócrates, que levou uma merecida abada de todo o tamanho, depois de ainda anteontem mais algumas sondagens o terem colocado em empate técnico com o PSD... Mas também quem nos manda pôr os nossos peritos económicos a fazer sondagens? Será que o Teixeira Pinto tem mão nisto?
A abstenção é mais que muita. E coisa estranha é o facto de termos mais votantes que habitantes em Portugal. Ok, está bem, não é bem assim, temos 9,8 milhões de eleitores para 10,3 milhões de população. Ou seja, só temos 0,5 milhões de pessoas abaixo dos 18 anos... Entre mortos e pessoas que já têm o novo Cartão do Cidadão e que portanto votam em dois sítios, nas próximas eleições já teremos mesmo mais votantes que habitantes. Mais um recorde para Portugal, e isto nenhum outro país da OCDE consegue. Isto porque os outros países da OCDE sabem fazer contas, e têm registos de nascimentos e mortes. Nós não, mas assim sempre somos mais. Ou pelo menos aparentamos e sempre são mais algumas cabeças por quem distribuir a dívida externa.
Engraçado é o facto de, dos pequenos partidos, o que mais perto ficou de eleger um deputado para a Assembleia foi o PAN, que defende o direito dos carapaus ao voto. De uma forma geral, toda a esquerda portuguesa levou na tarraqueta, excepto, mais uma vez, a CDU, que se manteve impassível às troikas e baldroikas. Ora, quer-me parecer que entre PS e PSD venha o diabo e escolha! E o diabo veio e escolheu, e o Portas lá terá o Ministério da Agricultura, onde poderá exercitar os seus dons de ressuscitador de sepultados.
Entretanto, o Governo segue atentamente tudo isto, e apenas espera que a poeira assente para, depois de substituir o PM, a mãos com rabos de saia em Nova Iorque, vir cá cobrar a quem nada tem tudo o que puder sacar. Tenho a certeza que bons tempos nos esperam.