quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

LEMBRAM-SE DISTO?

Foto Público

Às vezes, dá-me assim uma nostalgia dos tempos de antigamente. Quase como os velhotes que dizem que agora é uma pouca vergonha, dantes é que era bom e que eram precisos dois Salazares para endireitar isto. Depois vão lanchar e lembram-se que dantes quase nem comer comiam. É mais ou menos isto. Gosto de recordar coisas de infância, como ir para a escola sozinho aos 6 anos, comprar um pião ou jogar à caricasameira!). Gosto de recordar as desculpas que dava para não ir à catequese e o facto de, já nessa altura, fazer os "deveres" antes da brincadeira. Eram 15 minutos, não havia grande crise...

Estas recordações são algumas das que me são caras. Lembro-me de, há muito tempo, uma senhora simpática de feições asiáticas ter vindo à TV anunciar uma pandemia de gripe A, que era suína mas era feio dizer gripe dos porcos, até porque de cada vez que comêssemos carne de porco ou olhássemos para o camarote presidencial do estádio do dragão nos confrontaríamos com a doença. Isto foi há tantos anos, e vi tanta vítima de gripe cair, quais moscas depois do Shelltox (este também era da mocidade), que já nem me lembro em que década foi! Parece-me terem sido séculos, tal o sofrimento a que assisti!

Foi tanto o esforço para uma pequena parte da Humanidade escapar a esta doença e à morte certa que foram descurados problemas menores, no que toca à saúde, como o problema da cólera e da Sida em África, do dengue, da malária... Enfim, o dinheiro foi todo para salvar uns poucos da morte certa pela Gripe A, por isso nem meia dúzia de tostões havia para eliminar ou minorar estas doenças. Quando pensava que estava quase a acabar, depois de sessenta e oito sessenta e nove avos da Humanidade perecer, eis que a senhora simpática nos vem anunciar a possibilidade de extinção, pois diz que ainda é cedo para levantar o alerta de Pandemia Mundial de Gripe A. Estou estarrecido, não me cabe um feijão frade no , tenho suores frios à noite e quentes de dia, sendo assim assim ao amanhecer e anoitecer, tremo como varas verdes, ou jogadores verdes, estou em estado de absoluta prostração. Nem sei se vale a pena ir trabalhar ou lutar seja pelo que for. Vamos todos morrer, finalmente. Depois dos biliões de pessoas infectadas e mortas pela Gripe A durante todas estas décadas de imenso sofrimento, não sei se resistirei a dar um tiro na moleirinha!

PS: a propósito, a Ordem dos Médicos confirmou hoje que, afinal, a homossexualidade não é uma doença! Estamos sempre a aprender! Mas é tarde de mais, até os gays vão morrer todos de gripe A!!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

REVIVER O PASSADO NO PORTO

Imagem Google

Não sou das mais piedosas criaturas deste país no que concerne aos clientes do BPP. Este banco não era um banco comercial no sentido do termo, não domiciliava ordenados mínimos ou emprestava dinheiritos para comprar um apartamento ou pagar uma boda. Era um banco de investimento. Assim sendo, os seus clientes não eram, ao contrário do que nos querem fazer crer, o "pé rapado" com três tostões guardados ao longo da vida de trabalho. Eram pessoas com posses, e procuraram o melhor investimento para o seu capital, decidindo entregar fundos na mão do senhor sorridente ali da foto. Um vencedor, um perito em mercados, o homem certo para dar conselhos para investimentos proveitosos.

Nada mais errado, como sabemos, o homem afinal só sabia era desviar esses fundos não se sabe bem para onde, iludindo a vigilância de um Banco de Portugal bonacheirão, quase simpático, mas que não serve verdadeiramente para nada, a não ser aprofundar o défice orçamental através dos milhões em ordenados todos os meses. A coisa correu mal, não só o retorno não surgiu como nem o dinheiro investido apareceu.

Mas tudo isto não implica que os clientes do BPP não possam sentir-se defraudados, indignados até, com a situação. E nada mais natural que protestar. E fizeram-no hoje, na sede do BPP no Porto. Ocuparam as instalações durante 11 horas. Até que a Administração do Banco (ainda tem uma??) decidiu chamar a polícia para normalizar a situação. Ora, se eu fosse polícia, que faria? Recusar-me-ia a acorrer? Não, não poderia fazer isso. Estaria a desobedecer a ordens e o ordenado mal dá para pagar as fardas. Mas se me passaria pela cabeça acorrer e virar o feitiço contra o feiticeiro? Sim, sem dúvida.

Acontece porém que a Polícia não só acorreu como acorreu de forma violenta, expulsando os clientes à bastonada e com recurso a sprays de gás pimenta. E como pimenta no dos outros é refresco, a mim não doeu nada. Mas deve ter doído àquelas pessoas que apenas foram exigir o que era delas. Podem acusar-me do que entenderem, de populismo ou demagogia.,pouco me importa, não tenho eleições para ganhar, pelo que me é igual ao litro. No entanto, não deixa de parecer, na minha óptica, que a força policial não só não puniu os verdadeiros prevaricadores como se pôs declaradamente do seu lado. Já sei, cumpriam ordens e nada contra isso. O protesto não era legal, também já sei. Mas fica só a ideia de quão distorcido pode ser o nosso sistema policial/judicial, protegendo os ladrões das suas vítimas!

Por outro lado, uma carga policial! Não faz lembrar o passado? Qual Reviver o Passado em Briteshead (grande série), isto foi mesmo Reviver o Passado no Porto. A democracia à portuguesa, em todo o seu esplendor!

O BOM EXEMPLO

Foto Google

Eu gosto mesmo quando quem deve dar o exemplo o dá. Gosto que quem mande não mande apenas, mas também ensine os outros a mandar. Adoro o governante que consegue dizer a verdade, não interessa a quem possa atingir. Há países, quer acreditem quer não, que tem destes governantes, exemplos para o seu povo, que conseguem conciliar os seus discursos com as suas acções e iniciativas. Esses têm o meu respeito e admiração. Devem ser países pequenos, ou então já morreram todos.

José Eduardo dos Santos é o presidente da República de Angola. Segundo o que aqui vem descrito e escrito, José Eduardo dos Santos exortou o seu povo a "estabelecer "tolerância zero" à falta de transparência e má gestão da coisa pública." (!!!!!!!!!!!!!!). Além do mais, relembrou a grande directiva do último Congresso do partido do poder (único?) em Angola: "uma atitude "mais responsável" dos governantes e políticos angolanos perante o trabalho e a gestão da coisa pública." (ele não é nem político nem governante, pelos vistos...).

Melhor que um político responsável, que diga aquilo que sente e o faça de seguida, ainda "gosto" mais daqueles que são carpinteiros. Sim, carpinteiros, habilidosos no uso do martelo. É que isto de virar o cú ao prego não é para qualquer um. A foto em cima é do avião particular deste senhor, já agora. Assim anda de lado para lado, reunindo apoios aos seus muitos negócios mais que escuros, cuja face visível é a sua filha. Tem até uma cidade do interior de Portugal (e não é pequena). Sim, tem, é como quem diz, possui... Mas mantém o seu próprio povo, ou grande parte dele, na ignorância, na mais profunda miséria que se possa imaginar!

Mas será que não tem um pingo de vergonha naquela cara??!

domingo, 27 de dezembro de 2009

HORA DA MINI?

Foto Associated Press

Cá para mim, está na hora da mini. Há Minis Geladas está de novo a ser contestado nas ruas de Teerão. Possivelmente, ter-se-à criado um movimento que poderá ser determinante no futuro do país. A pena é mais forte que a espada, e os contestatários ao regime cinzento de Há Minis Geladas e do Ai a Tola Caminhei podem ter ganho uma supremacia moral que parece ser insofismável. Portanto, penso, cá para mim, que vai sair uma mini. Quanto ao Caminhei, o caminho faz-se caminhando, mas este já caminhou, é altura de marchar.

Para mim, é uma mudança bem vinda. Qualquer regime baseado na religião, seja ela qual for, é sempre factor de atraso do seu país. Isto independentemente das condições em que viviam os iranianos antes da Revolução Islâmica (não eram das melhores...). Um país que detém as riquezas que o Irão detém não pode viver voltado para si mesmo. Está na altura de o povo iraniano não só ter escolha (isso já tinha), mas de efectivamente não ter medo de escolher. E o medo que lhes é imposto, além da pressão física, é a pressão psicológica do "vais para o Inferno" ou "Deus não quer assim". Não é dessa forma que se obtém seja que progresso for, e nós, ocidentais, somos prova disso. Só quando começamos a mandar à fava os religiosos é que isto andou um pouquinho para a frente. É o que desejo ao bravo povo iraniano, que deixe de ouvir os homens que através de Deus manipulam a miséria humana a seu bel-prazer.

Serve este post para dar conta do fenómeno inverso na nossa sociedade. Cada vez se dá mais atenção, em Portugal, ao que a Igreja Católica e sua hierarquia têm a dizer sobre questões sociais. Por mim, nada terão a dizer, já que o foro da Igreja não é social, mas sim espiritual. Pode revelar-se no plano social? Pode, e revela-se. Infelizmente. Pode intervir nesse plano? Não deve, mas pode e manifesta-se, com uma força que todos julgávamos desaparecida, aliada a fenómenos de extrema direita, xenófobos e homófobos por natureza. Vemos ressurgido o chavão do "Deus, Pátria e Família". Vemos que são concedidas benesses aos membros da Igreja que não são concedidas a elementos da sociedade bem mais válidos e produtivos. Talvez estejamos na iminência de voltarmos a ter a nossa política ditada nos sermões de Domingo de manhã, na Igreja Paroquial (no tempo do Guterres era assim...), como não vai assim há tanto tempo.

De outra coisa apetece falar. Mudando diametralmente o rumo à conversa, esta poderá a vir a ser a oportunidade de ouro para a paz no Médio Oriente. Sem Hezbollah, sem Hamas, sem extremistas apoiados pelo Irão, poderá ver-se efectivamente qual a direcção que Israel deseja ver tomada naquela região. Veremos se serão invertidos alguns processos, algumas intenções. Bem sei que, para isso, também os extremistas israelitas teriam de ser destronados, e muitas famílias judaicas deslocadas das suas actuais localizações ilegais. Mas se desaparecerem as pressões do Irão, talvez a paz seja uma realidade mais próxima, e os povos da Palestina, de Israel e da Jordânia deixem de servir como arma de arremesso de Teerão e de outros interesses mais obscuros.

Quem sabe?? Vai uma Mini? Parece que podemos vir a festejar algo de jeito na passagem de ano afinal! Quem sabe?

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O NATAL DURA!

Foto Google

Estamos em tempo de Natal, tempo de felicitações colectivas, de festa familiar, de bolo rei, filhoses e bacalhau, das prendas, prendinhas e lembranças. Dos sorrisos, das luzes e presépios, da alegria em família, do convívio e de mesas fartas de gente e acepipes. Estamos na época em que todos estamos de boa vontade, de espírito aberto à entreajuda e comunidade.

Nesse espírito, a administração da Dura Automotive Portugal, do grupo DURA, com instalações em Vila Cortês do Mondego, concelho da Guarda, procedeu a um despedimento colectivo de 20 dos seus trabalhadores, chamados das linhas de produção um a um aos Serviços de Pessoal, onde lhes foram entregues as cartas de despedimento. Dada a crise internacional e nacional, não é de admirar que estes despedimentos ocorram, não por necessidade financeira (nesse caso, despedia-se antes qualquer quadro superior da empresa, que ganha o mesmo que estes 20 desgraçados juntos), mas por aproveitamento das administrações para aligeirar custos ao nível dos mais dispensáveis e necessitados. Tudo bem, as coisas viraram para este caminho e entende-se porquê, aceite-se ou não.

O facto é que esta é uma data pouco recomendável para despedir gente, e a administração da empresa denotou alguma falta de sensibilidade neste caso. Podia perfeitamente ter esperado até depois do Natal, dado o espírito de festa instalado por estes dias.
Falta de sensibilidade é uma coisa. Sadismo é outra inteiramente diferente.
Quando chegados aos Serviços de Pessoal, a cada um dos vinte funcionários despedidos, um a um, note-se, foi entregue um Cabaz de Natal, com um cartão de Boas Festas e Felizes Entradas, e uma carta de despedimento por cima do celofane dourado. De seguida, foram escoltados até à entrada da fábrica e nem regressaram às linhas nem lhes foi dada qualquer possibilidade de se despedirem dos colegas. Não imagino a indignidade desta acção, a desumanidade de quem decidiu fazer este despedimento no dia 23 de Dezembro com tamanhos requintes de malvadez. Não imagino a humilhação, o supremo esmagamento do orgulho profissional de cada um dos vinte despedidos.

Um Feliz Natal para todos!! É nesta época que se vê a humanidade das pessoas, não é?? Siga a alegria, de tristezas estamos todos fartos!!

É NATAL, VIVAM OS SANTOS!

Foto Google

É Natal, é tempo de perdão e compreensão. É nesta época que quase todos conseguem andar de bom humor, ver o que de melhor tem o mundo, apreciar os outros por aquilo que são e não pelo que têm, ainda que no dia 26 ou até mesmo no dia 25 mais à noitinha, tudo volte ao normal e à mesquinhez habitual. É nesta época que até o Presidente da República tem misericórdia de alguns prisioneiros e decreta alguns indultos. É caso para dizer que caem algumas prendinhas nos sapatinhos destas pessoas.

Já aqui me acusaram de ser particularmente crítico para com uma das figuras mais altas nos meios religiosos, o Papa Bento XVI. Pois, já sei, lá vem ele falar do desgraçado do Papa. Pois venho, pois venho. Lamento defraudar as vossas expectativas, mas aí vem post sobre o Papa. Muitos sabem que não vou à missa deste Papa. Não que outros me fossem particularmente queridos, mas este já foi aqui alvo de algumas poucas e ténues críticas, se bem se lembram. Bem, mas adiante. O Natal está aí e Bento XVI, o Ratopapa, ex-Cardeal Ratzinger (não faz lembrar um dos sete anões, o Rezingão?), também está numa boa com a vida e decidiu ele próprio fazer algo que simbolize o verdadeiro espírito de Natal.

Ora reza a lenda que Cristo nasceu na Palestina, em Belém, e que logo à nascença, foi perseguido por um Judeu, o Herodes (aquele do ou rezas ou te fazes amor). Cresceu em Nazaré e iniciou o seu ministério (não sabemos a pasta de Cristo, mas é estranho que tivesse apenas um Ministério, podia ser pelo menos Primeiro Ministro...) aos 30, e durante esses três anos foi perseguido pelas gentes da sua terra, judeus, pelos fariseus, judeus, foi efectivamente condenado à morte por judeus. Estão a ver o denominador comum, certo? Ora, Bento XVI aparenta não morrer de amores por judeus também, talvez em solidariedade para com Cristo. E porque digo isto? Bem, todos sabemos um pouco de História, e mesmo que saibamos muito pouco, nem saibamos sequer quem foi D.Afonso IV (era o pai do Pedro, porra! O Nicolau Breyner!), sabemos que houve a II Guerra Mundial e que havia o lado dos bons, que eram os americanos, dos estúpidos, que eram os italianos, dos malucos, os japoneses, dos maus, os russos, o dos resistentes, os ingleses, o dos atropelados, os franceses, os ignorados, holandeses, belgas e polacos e o dos filhos da puta, os alemães nazis. Andaram todos à batatada. Mas também nos lembramos do Holocausto, das barbaridades perpetradas pelos nazis contra ciganos, eslavos e, principalmente, judeus. Claro que houve outros massacres, como o dos russos contra todos e, particularmente, um genocídio que teve graves consequências 50 anos depois, o dos católicos croatas contra os sérvios ortodoxos, com Pavelic à cabeça. Se os nazis mataram 6 milhões à escala europeia, Pavelic conseguiu massacrar 450 mil sérvios só na Croácia, uma marca digna de (des)respeito!

Onde entra o Papa? Já lá vamos! Como sabemos, houve caça aos nazis e croatas depois da guerra, sendo que um dos primeiros grandes criminosos de guerra a escapar para a Argentina foi Pavelic, depois de ter sido admitido como reitor num Colégio do Vaticano, em Roma. Odessa foi o nome da operação que permitiu a milhares de genocidas nazis e croatas fugir para a América do Sul. Se alguns destacados líderes nazis foram apanhados, como Goering ou Hess, já os membros da Guarda Avançada da Igreja Católica, como chamava Pio XII, Papa da altura, aos ustachi, bandos de extermínio croatas, fugiram todos e nem um foi apanhado. A operação Odessa foi organizada pelo Vaticano e pelos serviços de espionagem de Pio XII, a Santa Aliança, de forma que, através do Vaticano, todos os genocidas, alemães ou croatas, conhecessem belos dias de exílio na Argentina, Bolívia, Paraguay ou Uruguay. O Papa Pio XII nunca condenou, fosse de que maneira fosse, o Holocausto ou o genocídio croata, financiando e abençoando os ustachi pela sua "acção benéfica em defesa da verdadeira Fé".

Ora, posto isto, não sei quem será a maior besta: se o Papa Pio XII, co-responsável pela fuga de genocidas e cobardemente cúmplice do maior genocídio de sempre nos Balcãs e no Holocausto, ou se Bento XVI, que num assomo de extrema clarividência e sensatez, como é de seu timbre, beatificou Pio XII, preparando o caminho deste para a santidade. Bento XVI não pode ser chamado de outra coisa, é uma besta, não no sentido literal do termo, como sendo burro ou mula. É um verdadeiro monstro, que passará à história como o homem que admira e aprova a obra hedionda de uma das figuras mais sinistras e maléficas da história do séc. XX, Pio XII, o protector de Hitler e seus amigos. Agora venham de lá dizer que Bento XVI não parece, nem remotamente, um filho da puta nazi! Com estas letras todas! É que não acerta uma!!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ACERCA DO NATAL E TAL

Foto Google

Pois a questão aqui não se põe em termos de inspiração natalícia ou coisa que o valha. A gente tem mesmo é de manter o bicho vivo, e não é o cabrito nem o bacalhau, é mesmo o blog. Por isso, avante camarada, que tem de sair texto nem que seja na marra, como dizem os nossos irmãos brasileiros (irmãos o tanas, não tenho irmãos brasileiros! Ouvi dizer que tinha primos, mas as provas são inconclusivas...). E assim sendo, resolvi escrever sobre o Natal, o que, nesta época, tem laivos de altiva originalidade e sapiência.

Ora anda tudo por aí a enviar mensagens de Natal. Sim, já começou. Os píncaros desta nova tradição atingem-se lá para dia 24, e nessa altura o tráfego de mensagens é tanto que tentar telefonar com um telefone móvel é uma tarefa hercúlea. Eu que o diga, que o velhote teve um AVC no dia 24 de Dezembro do ano passado e se não houvesse telefone fixo bem que nos morria nas mãos. Já recuperou, obrigado, e sem grandes mazelas. Ora eu não envio mensagens para ninguém, embora responda a quem me envie, por questão de boa educação. Enviam-me alguns aquelas mensagens curtas tipo "Boas Festas" ou Bom Natal" e eu respondo na mesma moeda. Mas depois há os artistas e poetas. Os artistas são aqueles que misturam coisas que sabem que nos chateiam com as mensagens de Natal. Tipo o Benfica ou o Benfica. Coisas simples como o Benfica. Este ano não vai chatear, de certeza. A esses respondo com "Bom Natal" e um ocasional "se metesses um troço de lombarda pelo acima é que fazias bem"... Penso que fica no ouvido e entra bem... no espírito natalício da coisa. Os poetas são aqueles que se fartam de receber e guardar e reenviar mails com anjinhos e correntes de boa sorte e de benfeitorias diversas, um pouco ao estilo da IURD, fazem uma adaptação de software e toca de enviar mensagens que demoram a noite toda a descarregar. A esses respondo simplesmente com "Bom Natal".

Se há coisa que me enerva solenemente é estar prestes a mergulhar no raio do bacalhau e o telemóvel dar aquele bip a avisar que caiu mensagem. É que toda a gente olha para nós, à espera que saltemos da cadeira com gula incontrolada à procura do dito cujo, procurando saber quem foi a alma caridosa que se lembrou de nós. Tudo bem, sei que a intenção é boa, mas não gastem mais dinheiro. Outra coisa que me enerva é que o Natal é suposto marcar o nascimento de Cristo, e, no entanto, não se vê Cristo em lado nenhum. É Pai Natal para aqui, para ali, para acolá, renas e magos, mas Cristo está quieto! Sei bem que andam por aí a roubar as figuras dos presépios, os Cristos, os S.Josés e até os burros! Curiosamente, deixam sempre a Virgem... Pois, pode ser virgem, mas acabou de dar à luz e não serve para... coiso! Para isso, até o S.José deve ser melhor... mas não sei, ainda não experimentei. Também pode ser porque muita gente sabe que a história está um bocado mal contada e que a Virgem deve ter metido os palitos ao bom do José com o Gabriel Arcanjo... Mas isto já é má língua.

Outra coisa mal contada é a história dos Reis Magos. Vieram de Oriente, e um era negro! Interessante, pois se vieram do Oriente, não deviam ser mais para o amarelo? Depois, andaram a seguir uma estrela. Pois, está bem, olha se fosse hoje... A ver estrelas andam muitos por aí por não terem atenção ao caminho. Os presentes! Os presentes dos Reis Magos. Ora um trouxe ouro. Não deve ter trazido grande quantidade, pois consta que José continuou a ser carpinteiro. Outro trouxe incenso! Incenso? Aquela merdice que cheira a charro seco que um gajo compra nos chineses a trinta paus o euro??? Rico presente! O terceiro trouxe mirra, mas o José deitou-a fora logo que pode. O facto de ainda não ter estreado a Virgem não queria dizer que o não fizesse mais tarde e pelos vistos fez mesmo, por isso não mirrou!

Os presépios são giros, também. Um espectáculo, alguns deles. Nunca falta o menino, a Virgem, o Corn... José, o burro e a vaca, que mantiveram o menino quente, uma manjedoura e, está-se a ver, os Reis Magos, que, no entanto, só chegaram 15 dias depois!!! Porra, que pais desnaturados! 15 dias dentro de uma gruta com o puto dentro de uma manjedoura, a ser aquecido pelo bafo de um burro e uma vaca?? Isto hoje era processo por maus tratos e o puto ia para uma instituição, de onde sairia aos 18 para pregar o evangelho. Ou não. Provavelmente sairia para pregar o conto do vigário. Por falar em conto do vigário, não é que os 3 paneleiros Magos demoraram 15 dias a chegar ao local? Ah, porque foi para despistar o Herodes, ah, porque o Herodes isto e aquilo é maluco e mais o camandro... Pois era maluco, mas para vos encher o papo de tudo o que era bom já serviu!! Vígaros, digo-vos eu!!! Por isso mesmo, quando lá chegaram, assim pelo sim pelo sim senhor, estava lá o senhor polícia (este sim, veio do Oriente, deve ser da mesma esquadra do Jackie Chan) para proteger o puto com karate-do, taekwon-do e fugir-do... polícia que está com cara de poucos amigos, quase como quem diz: "Ai os filhos das p#$%&s dos Magos que chegaram, marroquinos do car#$%&$!!

PS: Este post não intenta ser racista. Mas até pode ser...

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

ELES ANDEM AÍ!

Imagem Google

Eles andem aí, os Velhos do Restelo, e não estou a falar dos adeptos do Belenenses. O PSD vai avançar com uma proposta para se criar a união civil registada para homossexuais, que assim tornaria o casamento homossexual desnecessário como alargamento ao casamento civil. Neste projecto, o PSD aclara que a adopção será sempre uma impossibilidade por quem optar por esta modalidade. E modalidade é uma palavra que não escolho por acaso. Porque o que estes senhores querem é tornar o casamento uma coisa sagrada, aos olhos de Deus, que, como sabemos, anda cada vez mais desacreditado por estas bandas. Confundir as pessoas, levando-as a crer que a sociedade e a religião são uma e a mesma coisa, foi manobra que muitos ditadores seguiram para fazer valer os seus "direitos divinos". Depois, além do sacrossanto casamento, existem modalidades, como esta união civil registada. Mas sociedade civil não é sociedade religiosa, meus caros! Ninguém pede que um par de homossexuais vá ao altar, pede-se apenas que tenham o mesmo direito civil que qualquer um de nós tem.

Não sou contra nem a favor do casamento gay, entenda-se. Julgo que os únicos contra ou a favor são os homossexuais e serão eles que farão a sua escolha e não eu por eles. Este tipo de iniciativa, apoiada no mais profundo preconceito e homofobia, característicos de outros regimes de outros tempos, é atroz. Mesmo em relação à adopção, penso que sempre será melhor deixar as crianças nos centros de acolhimento, serão com certeza muito mais felizes! Até porque um casal gay nunca seria capaz de criar uma criança normal, embora os "normais", os "bons", sejam aqueles que abandonam e maltratam milhares de crianças por ano neste país. Provas de que estas posições não só são homófobas, mas baseadas no mais puro preconceito, sem base científica possível.

O PSD não avançará com um pedido de referendo ao casamento homossexual, mas apoiará qualquer petição popular que chegue à Assembleia da República nesse sentido. Ou seja, os deputados são demasiado puros para sujarem as mãos num assunto que poderia ser prejudicial, mas já os militantes desta espécie de partido político devem andar nas ruas a recolher assinaturas. Não deve demorar muito a chegar a tal petição. E depois, seremos todos chamados a decidir sobre um direito dos outros, como se eles não tivessem direitos, não fossem pessoas, como se fossem apenas sinos de uma igreja ou linhas num mapa. A notícia está aqui. Dá-me asco ver coisas destas, mas enfim, lá teremos que os aturar.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

VERGONHINHA NACIONAL

Foto Google - Red Bull Air Race Porto 2009

Sabe quem me conhece que não sou adepto de regionalismos. Gosto da minha terra, e mais uma ou duas regiões de Portugal acima das outras. Mas não as considero nem melhores nem piores que o resto do nosso território. Portugal é, para mim, uma nação una e indivisível, sem questões étnicas ou religiosas, um povo, um país, uma nação. Se há uma coisa de que particularmente não gosto em Portugal é das suas grandes cidades, à excepção de Coimbra. Em Portugal há apenas três grandes cidades, Lisboa, Porto e Coimbra. A primeira com um milhão e trocos de habitantes, as outras duas com populações muito semelhantes, na casa dos 350 mil. As cidades são belas, mas o que deita tudo a perder no caso do Porto e Lisboa é que têm regiões urbanas circundantes e... feias.

Pronto, não sou adepto de grandes cidades portuguesas. Mas não posso deixar de me sentir consternado com a mudança do Red Bull Air Race para Lisboa. É certo e sabido que Lisboa perdeu a Fórmula 1, mantendo o Moto GP, neste cenário de grandes eventos do desporto motorizado. Associou o seu nome ao Dakar, mas pouco ou nada se vê do Rally em Lisboa, e mesmo esse já foi com o baralho, por razões alheias à cidade. O Porto, por seu turno, tem o Campeonato Europeu de Turismo. Mas o ex-libris desportivo, em termos motorizados, da cidade, era mesmo o Red Bull. Em dia de corrida, 600 mil pessoas amontoavam-se nas margens do Douro para ver um espectáculo pouco usual e de grande qualidade.

Além de tudo, penso que a corrida estava mesmo melhor no Porto. O rio é mais estreito e espectacular que o Tejo, proporciona melhores vistas e proximidade, é ideal para a prática deste desporto. Aliás, quem conhece o Corno de Ouro em Istambul sabe do que estou a falar. A prova turca, que se realiza na mais bela cidade do Mundo, não se desenrola no Bósforo, mas sim no Corno de Ouro. Mas também é de referir outra questão. Como pode este governo defraudar a cidade do Porto, em detrimento da capital, apenas porque o presidente da Câmara de Lisboa é um destacado membro do aparelho socialista e o presidente da Câmara do Porto é uma destacado dirigente do PSD? E o povo, meus senhores? Alguém perguntou ao povo do Porto e do Norte em geral, que se deliciava com esta prova, qual a sua opinião?

Apesar de morar perto do Porto, nunca fui ver ao vivo as corridas de aviões. Não é a minha onda, sinceramente. Mas sei que 90% da população limítrofe da cidade já foi presenciar pelo menos uma das edições. Os lisboetas são livres de se meter no comboio ou carro ou autocarro ou avião e se deslocarem à bela cidade do Porto ou à Ribeira de Gaia para ver a prova. Ninguém os proíbe, e serão sempre bem vindos. Penso que é de mau gosto fazer-se as coisas desta forma dissimulada e maldosa. Agora que o erro está consumado, e perante a reprovação até dos próprios lisboetas, vem o Dr. António Costa afirmar que nem se importa de ceder a corrida ao Porto, um ano ou outro, desde que a organização assim entenda. Claro que isso não vai acontecer, seria o primeiro passo para perdermos este evento em Portugal. Mas a desfaçatez quase chocante com que este manhoso, que está atolado em jobs for the friends até à altura de três contentores em Alcântara, decide desdenhar assim do único exemplo de político e governante incorrupto e honesto deste país é difícil de engolir. É mais uma vitória do chico-espertismo português, e só não é uma vergonha nacional porque a questão nem é assim tão séria, convenhamos. Mas é uma vergonhinha nacional. Vergonha que António Costa deixou de ter na sua bolachuda cara (sai ao "pai"?). E assim se deu azo a mais uns ataques do mais corrupto ser da cidade do Porto ao Rui Rio...

Esta situação teve um paralelo muito antigo, quando D.Dinis (salvo erro), decidiu mudar os Estudos Gerais de Lisboa para Coimbra e os rebaptizou como Universidade de Coimbra. Nessa altura, foram os lisboetas a sofrer na pele o facto de não morarem na capital. Por falar nisso... Será que não te mexes, ò Carlos Encarnação? Olha que a corrida, melhor que no Porto, melhor que em Lisboa, ficava mesmo a matar... em Coimbra!!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

VERDADEIRA NATUREZA

Foto Google - Tumultos na Grécia

Copenhaga é por estes dias o centro do mundo. Apesar de não parecer, é onde muito daquilo que desfrutaremos no futuro ficará decidido. Não pelo aquecimento global, ou o degelo, ou as alterações climáticas. Mas sim porque é onde se perceberá como o mundo está balanceado neste momento. Onde se verá quem tem mais força, onde se definirão as novas superpotências deste planeta. E nós vamos assistindo a tudo isto sem grande vontade.

Apesar de uma cimeira para discutir aquilo que já é discutível, as alterações climáticas, não é isso que dela vai transparecer. As alterações climáticas são importantes, claro. Não tão importantes como nos querem fazer crer, pois nada há que impeça a Terra de aquecer. O planeta está num ciclo extremamente quente, pois o Sol encontra-se muito mais quente que o normal, e isso vai reflectir-se naturalmente. É um ciclo astronómico e geológico, apenas nos podemos adaptar e não apressar aquilo que é inevitável. Não uma extinção em massa, mas uma mudança de paradigma da raça humana. Já passamos por isso várias vezes. E sobrevivemos. Não todos, mas sobrevivemos.

É na geopolítica que os países reunidos em Copenhaga estão verdadeiramente interessados, não no ambiente. E não me admira se o acordo para o controlo da degradação climática seja insípido ou insuficiente, pois não é para isso que os chefes de Estado ali estão. Eles estão ali para medir a sua força. E se, anteriormente, a força se via pelas armas, hoje a força mede-se de forma global, de uma forma mais económica que bélica. Tudo se resume à quantidade de dinheiro com que cada país pode acenar aos mais pobres para obter as suas concessões. Não tenho dúvidas que os maiores consumidores de energia mundiais, e por isso os maiores poluidores também, com os Estados Unidos à cabeça, seguidos da China e Índia, as três maiores superpotências de hoje, levarão a deles avante e mais uma vez os mais pobres serão os mais prejudicados.

Mas há um problema com este aquecimento global ou alteração climática ou subida dos oceanos e todas essas balelas que vamos comendo, como se fôssemos os culpados. É que é bem capaz de vir atrasado. Nós somos muito bem capazes de fundar um novo paradigma da raça humana sem alterarmos o clima. Somos muito bem capazes de alterar este mundo para sempre. E parece que já faltou mais. Parece que Basta! é uma expressão cada vez mais ouvida. Ainda bem em surdina, mas começa. E vai acabar antes de os oceanos subirem, os pólos descongelarem, os Himalaias deixarem de ser brancos ou seja o que for que nos dizem que está a acontecer. Espero nessa altura estar a fazer tijolo, bem mais descansado e com uma vida de qualidade acabada. Porque isto, quando estourar, vai ser giro. Ai vai, vai!!

domingo, 13 de dezembro de 2009

A QUARTA DIMENSÃO

Imagem Google

Todos os anos há Natal. O que lhe tira brilhantismo. Aquilo que realmente se saboreia não acontece todos os anos. Como um Mundial de Futebol ou a passagem de um cometa, aquilo que realmente interessa não acontece todos os anos. Torna-se banal. E tem outro efeito perverso. Lembra-nos, ano após ano, que a quarta dimensão, o diapasão da existência, se esvai por entre os nossos dedos, se esgota, drena as nossas energias e cada vez mais nos torna mais chegados ao retorno. O Tempo. A quarta dimensão, a única que não pode ser manipulada. O cerne de toda a existência, aquilo que nos permite evoluir, viver, existir, morrer.

O Tempo é menosprezado. Havia uma civilização antiga, na América Central, chamada de Maias, que era obcecada pelo Tempo. Faziam calendários com uma precisão absolutamente notável. Tinham três calendários engrenados, cujo funcionamento em conjunto era preciso a um ponto que os nossos relógios atómicos ainda só agora começam a roçar. Porquê? Porque tinham os antigos Maias esta obsessão com o Tempo? E porque deve esta questão ser colocada desta forma e não ao contrário? E porque não somos nós obcecados com o Tempo? Na verdade, a Humanidade sempre se apercebeu da verdadeira natureza do Tempo, ou seja, da sua inexorabilidade, do seu curso inalterável, uma fatalidade para uma espécie que pensa dominar o mundo em que vive.

Onde nos levou a percepção da inexorabilidade do Tempo? Poder-nos-ia ter levado à constatação de que a vida é extraordinariamente preciosa, que vale a pena viver, que a dádiva do Tempo que passamos por cá é crucial. Mas não foi essa a direcção que seguimos quando nos apercebemos da fatalidade do Tempo. Pelo contrário, tratamos de arranjar algo que desafiasse o Tempo, que fosse tão extenso como ele, mas ainda mais absoluto, ainda mais poderoso. Surgiu a ideia dos deuses, e de Deus. Quem é cristão habituou-se a crer na vida eterna, quer seja no céu ou no inferno. Não está aqui em causa a classificação destes conceitos, mas antes o conceito de vida Eterna. O que é ser eterno? O que significa? Há quem diga que este é o derradeiro segredo religioso, a verdadeira essência dos ritos, perceber a eternidade. Mas, na verdade, o que é esta ideia, este conceito de vida Eterna, senão um gigantesco desafio ao Tempo? Não serão todos estes ritualismos, todas estas religiosidades, todas as religiões, ao fim e ao cabo, apenas tentativas desesperadas do Homem no sentido de controlar a única coisa que nunca estará sob seu domínio?

Será o Tempo... Deus? O Tempo é Deus? Será uma ideia disparatada, dirão. Mas talvez não. Porque será que o Tempo não pode ser Deus? Qual é o nome de Deus? Segundo os escritos, é O que É, ou Aquele que É. E quem mais poderá ser, não sendo, senão o Tempo? Pois, se no nosso imaginário, Deus não pertence a este mundo, ou seja, não pertence a nenhumas das dimensões físicas que dominamos, onde existe Deus? Só pode existir na quarta dimensão, o Tempo. Serão Deus e o Tempo a mesma coisa? Talvez sim, mesmo teosoficamente considerando a existência de Deus, este parece estar muito mais ligado ao Tempo do que se pensa. Simultaneamente, levados ao extremo do racionalismo, a própria ideia de Deus, que é uma ideia humana, não tem uma condição física, não existe fisicamente, não cabe nas três dimensões. Só pode existir na quarta dimensão. O mesmo acontece com todas as ideias, estão todas na dimensão do Tempo. E é isto que verdadeiramente aterroriza o Homem. É ter a noção, ainda que remota, que tudo o que pensa é Tempo, tudo o que o rodeia é terreno e perecível, mas o Tempo é absoluto, seja em que local for. Logo, o Tempo é a única dimensão da nossa existência que é omnipresente.

Mas será o Tempo poderoso ao ponto de influir não apenas no mundo das ideias, mas também no mundo físico? Congele-se o Tempo. O que ficará? Será que o universo pode resistir sem o Tempo? Uma acção, física ou psíquica, seja ela qual for, não está dependente do suporte físico em absoluto. Se tal fosse verdadeiro, não conseguiríamos ter um pensamento, uma Ideia. Mas não pode existir sem o Tempo. No fundo, sem ele, não há condições de vida, nem mundo onde viver. Tudo se resumiria a um brevíssimo momento fugaz de existência. As manifestações físicas da natureza só se manifestam devido ao Tempo. Logo, o Tempo é omnipotente. É o Tempo que constrói incessantemente o mundo que vemos a cada momento que passa, para o destruir no momento seguinte e assim consecutivamente. Por isso temos apenas recordações do passado, pois o mundo físico em que essas recordações se dão está destruído, mas não o Tempo, em cujo seio depositamos as ditas recordações e demais Ideias. Se é no Tempo que se acumulam as Ideias, as recordações, os pensamentos, até os sonhos da Humanidade, isso não faz com que o Tempo seja omnisciente? Não é no Tempo que está acumulado todo o Saber? Mesmo que as pessoas esqueçam aquilo que foi aprendido há milhares de anos, o facto permanece: esse conhecimento existe e está perdido no Tempo. Logo, está no Tempo, onde todas as coisas regressam, afinal.

Omnipotente, omnipresente e omnisciente. Têm dúvidas? Tem dúvidas que o Homem quis criar um ser todo-poderoso, chamado Deus, por se recusar a aceitar a sua total dependência do Tempo, o verdadeiro Deus?

LEITURAS DE NATAL

A Ana, do blog Essence of Self, gostaria de saber que livros gostaria de receber por este Natal, ao mesmo tempo que me oferece este selo de Natal sem Pai Natal, o que não deixa de ser refrescante.
Assim, cá vai a lista dos livros que gostaria de receber no Natal:

-Supernatural, Graham Hancock;
-Underworld, Graham Hancock;
-Os Irmãos Karamazov, Dostoiévski;
-Secrets From the Sand, Zahi Hawass;
-Fúria Divina, José R. Santos;

E daqui o selo irá para o 13, do blog Porque é que o mar é azul, para Maria do Lusibero e para o Catsone, do Mundo Catso. Vamos lá a ver o que andam a ler... ou gostariam de ler este natal...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O DESERTO

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Porra, isto está um deserto. Não há novidades, não há notícias interessantes, nada de nada. Está tudo muito mal. As notícias que gosto de comentar não aparecem, embora o Papa venha a Portugal e a Igreja queira ter o assunto do casamento gay resolvido até lá. Como se tivessem alguma coisa a ver com isso! Por outro lado, anda por aí uma espécie de fúria assassina derivada de maus tratos domésticos. O que nem é nada de espantar, dada a frequência a que assistimos a este crime em Portugal. Não percebo é porque apelidam estes assassínios de "crimes passionais". Quer-me parecer que a paixão desapareceu há muito, caso contrário os tiros seriam outros, e não para matar, mas direitos "ao fígado". Pasmaceira, pá!

Parece que apareceu a febre Q na Holanda. Depois da gripe aviária, que tinha um nome adequado, pois nunca se viu fora dos aviários, da gripe dos porcos que mata gente mas muito pouco, parece que lá inventaram mais alguma coisinha e deram-lhe o nome de febre Q. Provavelmente outro nome bem escolhido, para a gente perguntar "Febre quê?! Vai trabalhar, chulo!". Por outro lado, Obama veio à Europa, a Oslo, capital da Noruega, receber o Nobel da Paz. Palpita-me que deve ter passado na Holanda e contactado com a febre, porque anda tudo por aí a perguntar por Q... Sabemos também que a Selecção Nacional derrotará o Brasil, a Costa do Marfim e a Coreia do Norte na África do Sul. Nada demais, são clientes. Continua a pasmaceira, pá!

Depois andam por aí as notícias da moda, ou a moda das notícias, também serve. Desde há uns tempos, a imprensa nacional inventou novo desporto, o tiro ao Socas. E é cada tiro ao lado que nem dá para acreditar. Como já vinha a dizer há muito, vieram as eleições e foi-se o Freeport. Até os ingleses desistiram. Agora vêm dizer que um mânfio que ganha 35 milenas de euros por mês se vendeu por dez mil. Deve ter sido para ir jantar com a família. Isto é cada notícia que até arrepia... No meio disto tudo, até tem graça ver a deputada mais tia do parlamento chamar palhaço a outro digníssimo espécime. O que não deixa de ter graça, pois andamos nós cá fora a chamá-los de nomes bem piores. E, pelo amor de Rá, de Osíris e seu filho Hórus, diz-se chamar nomes e não apelidar. Palhaço é um nome. Ou substantivo. No meu tempo era os dois, agora com tanta contrareforma educativa já não sei bem, mas apelido não é de certeza!! Isto é um deserto informativo.

Li também uma notícia que dizia que o Viagra dá força aos futebolistas. Bem, isto é embaraçoso. Pensei que desse força a qualquer um... Mas pronto, um destes dias, veremos as equipas da Liga a entrar para o campo recorrendo a manobras para sair do túnel. E isto fez-me lembrar a velha anedota, que todos conhecem:

"A polícia recebe uma queixa por barulho a horas impróprias. Chegada ao prédio em questão, o queixoso informa que deve ser droga, pois além de muito barulho, ouve-se muito a palavra "passa!".
Os agentes arrombam a porta do andar de cima discretamente e deparam com quatro casais envolvidos em frenética actividade sexual.
-Pá, isto não é passa, pá! Isto é só sexo mesmo! - diz um dos polícias. Entretanto, os homens dos casais envolvidos iam gritando Passa! e as mulheres ia passando para o homem seguinte!
-Espera lá, e aquele caramelo ali ao canto, a observar com cara de parvo e aspecto de drogado?? Aquele é que deve ser o freak da passa! - responde o outro, e avança pela sala até ao homem que estava no canto, com aspecto manhoso, vestindo uma gabardina sebenta, e pergunta-lhe de rajada:
-Você é que é o freak da passa???
-Quem me dera! Eu sou é o fraco da pi#$!!"

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O CLUBE DOS CAVALHEIROS

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Há marcas que se confundem com o produto que fabricam e disponibilizam ao público. Quantas vezes não dizemos que aquele tipo tem um Kispo da Adidas, ou que precisamos de comprar um Black & Decker, nem que seja da Bosch? A Gillette é uma dessas marcas. Ninguém diz que precisa de comprar lâminas de barbear, antes se ouve que é preciso comprar Gillettes. Na verdade, esta coisa da barba é interessante, porque aqui há dias um colega meu comprou uma "Philishave da Braun" muito jeitosa. Pondo de parte a polémica sobre fazer ou não a barba todos os dias, polémica estúpida por ser obviamente contraproducente, a Gillette é uma marca de peso do imaginário masculino.

Com uma marca que se vende a si mesma, como publicitar? Pois, a Gillette apostou forte na personalização do produto, como sendo o produto pretendido por homens de alta performance desportiva. E assim surgiu a célebre publicidade Gillette, com os três protagonistas conhecidos como Roger Federer, Thierry Henry e Tiger Woods. E se Federer e Woods são os expoentes máximos nos seus desportos, o ténis e o golfe, já a escolha de Henry se deve ter devido a erro de casting, ou então à indisponibilidade de estrelas maiores, como CR9, Messi ou Kaká. Bem, seja como for, é um grande futebolista e pronto. Não foi o melhor, mas anda por lá a cheirar.

A questão é como se apresentam os protagonistas nesta publicidade. São vistos como homens de rendimento elevado, de imaculada figura física e integridade à prova de bala. Isto é na publicidade. Na realidade, vemos Henry enfiar uma bola numa baliza com uma mão. Evidentemente, o senhor, respondendo aos críticos, apressou-se a dizer que não tinha culpa nenhuma, o culpado era o árbitro. Sim, de facto, compreendemos que caso ele não tivesse jogado andebol naquele jogo, o árbitro seria sempre culpado! Lá ganhou um pouco de vergonha na cara e veio a terreiro, contrariado mas forçado pelas circunstâncias, admitir que ele é que jogou intencionalmente a bola com as mãos e não o árbitro.

Tiger Woods parecia ser o protótipo do grande desportista, símbolo máximo do fair-play e lisura de carácter. Mas alguém teve de ser transportado de sua casa para o hospital. Soube-se que era uma mulher e não a sua esposa, pois esta estava fora. Logo o Sr.Woods veio clarificar que seria a sua sogra, que se sentiu mal e teve de ser hospitalizada. Alguém no Hospital não achou muita graça à brincadeira e deixou escapar que uma sogra não tem nunca vinte e poucos anos... Pois, é um bocado difícil. Afinal, o Sr.Woods, novamente contrariado e forçado pelas circunstâncias, veio a terreiro admitir que a menina era sua amante. E já que muitas mais vozes perderam a vergonha e ameaçavam-no com chantagens, Woods admitiu ter mais oito amantes. Por enquanto, é o número oficial, mas é provável que este continue a subir pelo menos até ao número de torneios que já venceu.

A Gillette, por esta altura, deve ter administradores de mãos na cabeça. É melhor desde já avisar o Federer que, quando surgir o seu escândalo, tem de dizer logo a verdade. Será que os desportistas de alto rendimento são todos mentirosos? Talvez. Mas uma coisa digo: para tanto investimento numa publicidade, a coisa está a sair furada. Não pelas vendas, claro, mas antes pela imagem que fica destes senhores. Safa-se o Roger - para já - mas como será que ele votou no referendo dos minaretes? E o Henry, será que se vai dedicar ao andebol? E o Tiger, será que a jogar golfe tem a mesma performance que nos tempos livres da esposa?

E, já agora, escrevo no dia seguinte a mais um banho de futebol de um menino que nasceu na Madeira, território português, e um dos homens mais odiados de Portugal! Que devia estar a fazer a publicidade da Gillette, claro!