sexta-feira, 30 de abril de 2010

TEORIA DA RESPIRAÇÃO


Está aí a crise... uhuhuh... chegou a crise. Agora é que vai ser... Bem, a verdade é que este país nunca chegou a viver sem crise. E isso é refrescante. Eu realmente tenho pena dos alemães, dos americanos, dos nokias e dos ikeas, dos bacalhaus e desses gajos todos das noites de seis meses. Aparentemente, esses gajos todos já não se lembram da crise e se esta lá chegar, meu amigo, temos pena, mas nós cá nos amanhamos. Vocês... amanhem-se também. Mas que vai ser o cabo dos trabalhos, lá isso vai.
A verdade é que a notícia não colheu ninguém de surpresa. Até porque nunca há surpresas na economia portuguesa. “Olha, os impostos aumentaram”, “Qual a surpresa?”. “Olha, o desemprego aumentou!”, “Qual a surpresa?”. “Olha, o Pinto da Costa anda com uma brasileira de 23 anos!”, “Qual a surpresa? Pensas que ele recasou com a Filomena por amor ou quê?”. Pois, não há surpresas em Portugal. O que não quer dizer que não haja gente surpreendida. São coisas diferentes. Penso que deve depender do nível de raciocínio.
Agora vêm as soluções. Aumentam-se juros, diminuem-se os salários, corta-se nos clips, nos agrafos e nos lápis Molin nº2, compram-se exclusivamente carros eléctricos, aumenta-se a electricidade, a água, a gasosa, a Super Bock e o tremoço, o gás natural e o desnaturado, acrescenta-se um ponto ao IVA, para passar a ser I.V.A.., mais um escalão no IRS, aquele que ninguém paga, encerram-se urgências junto à raia, cá e em Espanha, já agora, para não se ficarem a rir, introduzem-se portagens nas Scuts, acaba-se com os scuteiros, cancela-se a visita do Papa, cancela-se o TGV entre Cabeceiras de Basto e Ribeira de Pena, cancela-se o aeroporto de Lisboa e vende-se o do Porto, afunda-se o porto de Sines e fecha-se o de Leixões, constrói-se um terminal de contentores em Alcântara, mais um armazém de chineses em Porto Alto, acaba-se com a TVI, com a SIC e com a Porto Canal, acaba-se com a ASAE, com o Ministério da Cultura e com o mistério de Fátima, demitem-se os funcionário públicos e rapam-se pelos púbicos, veta-se a lei do casamento gay, descontinuam-se as operações stop e às cataratas, desarmam-se os polícias e as claques de futebol, vendem-se as bolas de futebol e o Tia Maria, o Burro Alves mais o Miguel Seboso, compra-se petróleo ao Chávez e vendem-se-lhe mais lancheiras com calculadora, aumentam-se os tamanhos das turmas das escolas, despedem-se os professores que sobram, formam-se mais advogados, tiram-se as togas aos juízes e as tangas aos jornais, vende-se a EDP à PT, a CGD ao PSD, a REN à DREN, o PEC à PAC, a CAP ao ACP, a CGTP ao PCTP MRPP, o BE ao FMI, o CDS ao FBI e os submarinos à Hungria, mandamos os russos para casa e os morenos para o domicílio, pomos os presos a trabalhar na Bolsa, as prostitutas no Parlamento e os chulos nas Câmaras. Podemos vender o Douro e deixar ladrar o Tejo, secar o Alentejo e fazer excursões de camelos, pintar a Serra da Estrela de branco e convidar o Garcia, fechar as fronteiras com a Madeira, contratar uma carpideira, fazer um velório, seguido de um casório, ir rezar à missa, mamar na... quinta pata do cavalo, ir a Fátima a pé e passar a mijar sentados, fechar as tampas da sanita, levar o almoço numa marmita, vender o carro e depois o resto da cana, ouvir um fado, cagar de lado, acordar mais cedo, dormir cheio de medo... Porque a crise está aí!
Ouvi dizer que o Governo vai taxar a respiração... Vou deixar de respirar, desenvolver guelras como o cavalo e deitar-me ao mar. Será um passo atrás na evolução, mas que posso eu fazer senão borrar-me todo com a crise? Nem tudo é preferível a viver em Portugal, e por isso eu estou enganado. Porque toda a gente fala em soluções, mas ninguém fala em trabalho, caralho!

PS: A foto é do FDP do Google!!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

terça-feira, 27 de abril de 2010

MEMÓRIAS

Há modas que pegam. Escrever livros autobiográficos é uma dessas modas. Várias pessoas já escreveram livros destes, ou tiveram alguém a escrever por eles. Até Cristiano Ronaldo lançou a história da sua vida, esquecendo-se de que até as borbulhas pararem de aparecer não se é sequer adulto. Além do mais, não pode contar a sua maior façanha, levar a Selecção Nacional ao título mundial. Mário Soares, no outro extremo da escala, já escreveu três, sempre na expectativa de bater a bota logo a seguir. Parece que já há versões IV e V.
Há autobiografias que devem ser interessantes de ler. A de Maradona, por exemplo, deve ser um espectáculo. Não é todos os dias que se podem misturar cocaína, futebol, italianas, Fidel Castro. Não lhe faltam memórias. Já a de Sócrates não deve sair tão cedo. Estava pronta, mas a Autoridade para a Concorrência proibiu a publicação, considerando ser publicidade enganosa. Já imaginaram a autobiografia da Raínha de Inglaterra? “Hoje, levantei-me e tomei chá no terraço. Dormi um pouco. Depois almocei. Dormi um pouco. Depois tomei chá no jardim. Dormi um pouco. Depois jantei. Dormi um pouco. Depois levantei-me e tomei chá no terraço...”
Outra personagem com uma fascinante história de vida deve ser Osama bin Laden. “Hoje foi o dia em que andei a brincar com aviões, mas o meu comando estragou-se e estavam sempre a bater nos prédios. Ontem levamos com tantas bombas em cima que acordei a meio da noite. Já andamos a comer cardos da montanha há três anos! Mas hoje decidi desligar a TV e dar uns mergulhos na piscina. Aqui na Florida faz um calorão!!”. E por falar em Osama, o seu maior inimigo, George W.Bush, decidiu escrever a sua autobiografia. Escrita em texano, será vendida a 35 dólares. Será um livro interessantíssimo para compreender a história do nosso tempo. Espera-se que venha aclarar alguns dos grandes mistérios do mundo actual, como o facto de chamar grécios aos gregos poderá ter precipitado a bancarrota grega. Ou uma visão mais alargada sobre a aerodinâmica do sapato, e a procura pela técnica mais perfeita para o seu lançamento.
Poderá também ser um importante contributo para a pedagogia mundial, pois poderá ser abordada a temática “criação – a verdadeira ciência”. Num registo mais pessoal, pode esperar-se que Bush ensine os leitores a invocar Deus para tomar café connosco todas as manhãs. Poderemos, obviamente, aprender o que não fazer no caso de um furacão atingir o nosso país, ou mesmo como nos livrarmos gratuitamente dos moradores de bairros degradados de uma grande cidade. Aqui o Sócrates aplica os impostos, Bush aproveitou as marés. Será interessante obter-se algumas visões internas sobre a temática “quero uma guerra só para mim”, ou mesmo “como transformar o seu aspirador numa arma de destruição maciça”. Seria bom demais para ser verdade, mas talvez até surja alguma referência a um facto conhecido como “Como encravar comandos de videojogos de simuladores de vôo dos outros meninos”. E seria o jackpot se nos explicasse esse absoluto milagre da ciência, um acontecimento único sobre o qual Bush pode verter algum conhecimento: “Como enfiar um Boeing 767 num buraco de três metros, fazendo evaporar as asas”. Ficamos a aguardar. Com alguma sorte, até explica isto:

 
Vídeo Youtube

domingo, 25 de abril de 2010

O ESPÍRITO DE ABRIL DE 1969

Foto Google


O facto de podermos aqui estar a escrever estas coisas é por si só razão para celebrar Abril e os seus ideais. Não são ideiais de esquerda, nem são de direita, nem de corrente política alguma, apenas os ideiais universais da igualdade e liberdade. O 25 de Abril foi o culminar do processo de mudança de regime em Portugal. E Depois disso nem tudo correu bem, como sabemos. E hoje mais do que nunca.
Mas não esqueçamos o dia em que realmente tudo começou. E esse dia não foi o que hoje faz 36 anos que passou. Foi um outro, há 41 anos, e não foi perpretado por militares, nem deu origem à mudança imediata do regime. Mas plantou as sementes daquilo que hoje podemos colher: a liberdade.
E, apesar de nunca lá ter estudado, penso que só mesmo num local do país um movimento de estudantes poderia ganhar a força que ganhou. De um ex-estudante grevista e manifestante, por outros motivos, fica a minha homenagem ao dia 17 de Abril de 1969, o dia em que a Academia de Coimbra começou a revolução dos cravos.

sábado, 24 de abril de 2010

ESTADO DE DIREITO

Foto Google


Estamos em vésperas de mais um 25 de Abril. Sendo uma data importante para o país, que neste dia de 1974 se desfez de uma ditadura que fez o país atrasar-se décadas, não deixa de ser curioso como, passados 36 anos, ainda tantos valores de tempos anteriores parecem ser estandartes de uma importante parte da nação portuguesa. Em 1974, ou pouco depois disso, depois de refreados os excessos de uma revolução em que houve a tentação de se seguir a reboque de Estados estrangeiros, e de fracassados vários planos de reacção, instituiu-se um Estado de Direito.
Mas não podemos confundir um Estado de Direito com um Estado do Direito. Infelizmente, parece-me que há muito caímos nesse erro. O Direito em Portugal tem momentos brilhantes. O actual, protagonizado por advogados e juízes, é absolutamente hilariante. Isto advém do caso Bragaparques, em que um Domingos com Névoa tentou subornar um advogado da capital, irmão de um vereador da Câmara que não ia em conversas de parques de estacionamento. Esse parece que prefere parques de contentores. Adiante.
O Tribunal decidiu condenar o tal Domingos por tentativa de suborno e aplicou-lhe uma multa de, salvo erro, 5000 euros. O caso passa para o Tribunal da Relação, que profere a sentença: absolvição. E não interessa aqui se foi bem ou mal resolvido. Um distinto advogado da praça (o tal irmão do vereador que antes era do BE mas agora já é PS, embora sendo independente), veio à TV bradar contra a decisão do Tribunal, considerando que o Juíz em questão foi complacente para com a corrupção. Logo veio o presidente da Associação Sindical dos Juízes dizer que a Ordem dos Advogados devia ser extinta, pois não estava a cumprir a sua função, uma vez que um advogado não pode discordar da decisão do Tribunal desta forma, pois trata-se de um atentado ao Estado. De seguida, vem o Bastonário da Ordem dos Advogados dizer que os senhores juízes deviam ter alguém que os acordasse e lhes dissesse que estamos numa democracia, e que o 25 de Abril se deu há já 36 anos.
Ora, eu sou daqueles que há muito perdeu confiança no sistema judicial português e particularmente no Direito português. Quem segue minimamente o que já escrevi no passado deve lembrar-se disso. E também já fui muito criticado por isso. Mas, depois de todas estas trapalhadas, por parte de homens que devem ser os mais ponderados da Nação, no exercício de funções importantes, em que a imparcialidade tem de ser total... Depois disto tudo... Alguém tem coragem de me dizer que não tenho razão em relaçaõ a esta gente?
Sou pela integração de todos os recursos da Nação para melhorar aquilo que se adivinha vir a ser uma longa travessia do deserto em termos económicos, e que não deve demorar muito a começar. A travessia do deserto financeiro já começou. Somos todos necessários. E há muita gente no sistema judicial que nos pode fazer um favor a todos: mudem de profissão e entrem no mundo dos portugueses. Desçam lá desse Olimpo e vamos a isto.
É por estas e outras que o 25 de Abril foi tão importante. Durante 36 anos, este país viveu com dificuldades, advindas, segundo muita gente, do grande problema deste país, que serviu de desculpa para tudo e mais alguma coisa, sendo assunto para outros posts. Mas agora se vê, que, afinal, o país tem problemas bem mais graves que esses. E esses problemas vieram a acumular-se ao longo dos anos, à medida que ordens profissionais e associações sindicais e outras que mais deixaram que o corporativismo que outrora era imagem de marca da ditadura pré-25 de Abril se voltasse a instalar, e que os respectivos profissionais esquecessem que vivem num país e se preocupassem mais com o seu próprio umbigo. E enquanto esta estruturação profissional continuar a existir, pouco ou nada poderemos fazer para melhor a nossa rentabilidade como país. Porque essa só se atinge colectivamente.
Esta é a minha opinião, não é uma verdade insofismável. Aceito que me digam que estou errado, é normal, assim como aceitarão esses que lhes diga que eles é que estão errados. É apenas uma opinião. Mas posso dá-la, graças ao 25 de Abril que ainda não entrou em muita cabeça por aí. E ao expor a minha opinião, não quero que mudem a vossa. Discutamos ambas, é para isso que serve a democracia. Mas não nos deixemos afectar por imperativos profissionais e sindicais, deixem isso lá fora. Bem como as velhas razões para tudo estar mal em Portugal, que já sabemos quais são, desde há muito tempo, embora cada vez seja mais evidente que, afinal... Havia outra...

quinta-feira, 22 de abril de 2010

DIGAM LÁ QUE O TGV NÃO DAVA AGORA UM JEITAÇO DO CATANO!!!

Foto Google

O Conselho de Administração da Assembleia da República decidiu aprovar o pagamento de uma viagem e respectivas despesas a Paris, por semana, à deputada do PS Inês Medeiros, também conhecida pelos seus dotes de actriz e pelas suas ligações familiares, nomeadamente os factos de ser irmã de Maria de Medeiros e filha do fantástico António Vitorino de Almeida, o famoso "maestro". O Conselho deliberou, votou e aprovou, com votos contra da oposição, à excepção do CDS-PP, e votos a favor do PS e voto de qualidade de desempate do presidente do Conselho, José Lello, também ele deputado do PS.

Podemos, de facto, estar descansados. Este caso estava para explodir como mais um escândalo de trazer por casa passado na Casa dos Horr... da Democracia. Não é o caso, foi tudo feito dentro da legalidade. Apesar disso, não deixa de ser estranho que uma deputada a trabalhar em Lisboa necessite de ir a Paris todos os fins de semana. Poderia ser estranho, mas até nem é. Inês de Medeiros é moradora em Paris há já vários anos, sendo esta a sua residência habitual e onde moram os seus filhos, principal razão das idas semanais a Paris.

Para ser franco, quando soube deste caso, há já vários meses atrás, sempre acreditei que talvez Inês de Medeiros fosse uma daqueles deputadas eleitas pelo círculo da Emigração. Vendo bem as coisas, mora em Paris, terra de muitos portugueses. Nada faria mais sentido. Claro, sabemos bem porque o engenheiro foi "pescar" Inês de Medeiros. Ter um deputado em cada sector de actividade é importante e, embora eu pense que não faltam artistas no parlamento, o engenheiro pensou em agradar ao sector cultural com a inclusão de uma artista (mesmo) consagrada.

Mas o facto é que a senhora foi eleita pelo círculo eleitoral de Lisboa. Ora, há coisas que me deviam explicar melhor. Sei que há homens de Lisboa a concorrer por Aveiro, homens de Bragança a concorrer por Évora e coisas assim. Coisas que não dá para entender, sinceramente. Mas esta nova modalidade de ter uma residente de Paris a concorrer por Lisboa... É original. Além do mais, o caso é legal, ou foi enquadrado na legalidade. Mas depois vem a ética. A ética de um partido como o PS que consentiu nesta originalidade. E a ética de Inês de Medeiros, que sabendo que não se mudaria para Lisboa com a família, mesmo assim se deixou inscrever nas listas eleitorais do PS. Duvido que Inês de Medeiros não tenha noção daquilo que custam viagens em classe executiva para Paris. Porquê executiva? Exigências da senhora. Isso de voar em turística num avião com destino a Paris pode sempre dar azo a levar com bacalhau semi-demolhado, galináceos vivos, chouriças transmontanas e garrafões de Favaios de cinco litros. Nós estamos solidários, obviamente.

E depois ainda há quem fale contra o TGV... Que jeitaço não dava agora!

terça-feira, 20 de abril de 2010

sexta-feira, 16 de abril de 2010

LAPSOS LINGUAE

Palavras de Bento XVI:

"Perante os ataques do mundo que falam sobre os nossos pecados, lembramos (...) que é necessário fazer penitência e, assim, reconhecer os erros cometidos durante a vida"… "Nós, cristãos, nos últimos tempos temos evitado a palavra penitência"…

Há vários lapsos nestas palavras do Santo Padre. E parece-me oportuno rectificar esses lapsos antes que entendam as palavras no sentido literal:

  • Quando o Papa refere “perante os ataques do mundo”, quer apenas dizer “perante as descobertas do mundo”;

  • falam dos nossos pecados” quer dizer apenas: falam, falam, mas não os vejo a fazer nada;

  • é necessário fazer penitência” – quis ele dizer Penitenciária;

  • Nós, cristãos” – vocês, crentes;

  • temos evitado a palavra penitência” – temos evitado que os nossos padres acabem na penitenciária;


Palavras de D.António Marto, o Peter Sellers português:

[Os abusos sexuais envolvendo membros do clero] "são uma questão muito dolorosa para a Igreja"

Aqui não se trata bem de Lapsos Linguae, mas antes uma falta de senso incomum, num homem que eu aprecio. É uma questão dolorosa para a Igreja??? Para a Igreja é que é dolorosa? E para as crianças violadas? Foi um passeio no parque, não?

PS: Foto JN

quinta-feira, 15 de abril de 2010

SOB ATAQUE

Foto Google

Deixando a brincadeira para trás, é altura de falar sério. E há coisas que são sérias, é verdade. E uma das coisas mais sérias e preocupantes é ninguém falar disto. Anda por aí a blogosfera muito preocupada com os blogs de gaja, que pelos vistos entraram em guerra civil. Não sei, não conheço o suficiente. Ou então anda tudo preocupado com o programa das danças ou das cantigas e mais algum que agora me escapa, como me escapam na TV. Ou é azar ou nunca apanhei um programa desses.

O que não deixa de ser um facto é que ninguém fala da Igreja. Andam todos calados como ratos. Para ser franco, evitei escrever sobre este assunto, conhecida que é a minha propensão para desprezar as religiões, o que curiosamente não corresponde à verdade. Ser do contra nem sempre significa desprezo e esta é uma dessas ocasiões. Mas não deixa de ser um facto que já viram por aqui perfiladas críticas às mais diversas religiões, desde a católica ao Islão e outras mais. Não gosto, pronto. Penso que ainda não falei do budismo, mas também pouco há dizer sobre gajos vestidos de laranja, sentados em posições cómicas, que ninguém sabe o que querem, e nem eles próprios sabem o que querem. Acabei de descrever um congresso do PSD...

Sendo assim, há quem defenda que todos estes casos que têm vindo a lume sobre padres católicos pedófilos é uma acérrimo ataque à Igreja. E sabemos que isso é verdade. A questão não é saber se há ou não um ataque à Igreja, mas antes saber se esse ataque tem fundamento ou não. Não nos precipitemos, até porque nem todos os padres católicos são pedófilos. Alguns são apenas depravados sexuais ou homossexuais sem coragem. E eu escrevi isto?? Bem, é a minha costela que não gosta de religiões, por mais parvas que estas consigam ser. Mas o facto é que existe um ataque à Igreja e penso que isso é inegável.

Tarcisio Bertone veio a terreiro defender que o celibato nada tem que ver com a pedofilia, pois não existem estudos a comprovar isso. Existem estudos a comprovar, diz ele, que a pedofilia está relacionada com a homossexualidade. Bem, isso é tão válido como dizer que há estudos que comprovam a relação entre a inclinação da torre de Pisa e o sexo dos gambuzinos à nascença. Agora há estudos para tudo e mais alguma coisa, cujos resultados dependem apenas de quem encomenda e qual o resultado que quem encomendou o estudo pretende.

Tarcisio Bertone é Secretário de Estado do Vaticano, uma espécie de Primeiro Ministro do Estado Pontifício. Tem responsabilidades morais e políticas e não devia ser tão leviano. Até porque já foi desmentido pelo Vaticano, e por certo por alguém abaixo dele na escala de evolução dos rept... ora porra! Na Hierarquia do Vaticano. O que fica mal. “Deixem lá o que disse o chefe, ele às vezes pensa com a ponta das unhas...”. Não, fica mal. Mesmo!

Mas os problemas de Bertone não acabam por aí. Primeiro, as reacções de defensores dos homossexuais! Tipos com vozinhas aveludadas e de lencinho ao pescoço a afirmar que foram palavras simplesmente horríveis, um autêntico retrocesso civilizacional e outras coisas do género. Claro que se fosse um pedreiro na rua, mandava o Bertone para o real car#$%& e acabava a conversa, mas Bertone não falou dos pedreiros, falou dos homossexuais... Logo, levou com críticas mais aveludadas. E com isto não estou a dizer que os homossexuais são menos homens que eu, embora sejam, claro. No sentido sexual da palavra... E não me fo#$% o juízo, que isto não é dizer nada que não seja óbvio.

Mas Bertone tinha uma intenção clara com estas afirmações e penso que todos sabemos qual era. A de desviar as atenções, deflectir o tal ataque para um grupo que, julga ele, ainda é mais odiado que a Igreja Católica. E esta pretensão não deixa de ser correcta. Pode ter-lhe saído o tiro pela culatra, mas entendemos bem que um dos grupos com mais acérrimas lutas com a Igreja é mesmo o Lobby Gay. Até aí , entendido, pois a Igreja ataca veeementemente a homossexualidade e condena automaticamente ao Inferno quem for homossexual. O meu caso pessoal com as religiões (todas condenam a homossexualidade) nada tem a ver com a homossexualidade, até porque não sou gay. Podia ser, mas não sou. Porque não quero. E isto não é descriminar. Não quero e acabou. Aceitar como igual um homossexual é diferente de ser igual a um homossexual. E venham de lá essas línguas afiadas a acusarem-me de homofobia. No meu caso, até é verdade, não “gosto” de pessoas do mesmo sexo que eu, por isso sou homofóbico. Isto fez sentido? Não, OK. Ainda bem.

Mas o grande problema de Bertone é ainda um terceiro. Pois é. Não há duas sem três. Sujeitar-se a ser desmentido por alguém inferior na escala de evolução do Vaticano (não deve ser muito longa a escala, avaliando pelo exemplar máximo...) e levar com as críticas de meia dúzia de homossexuais pseudointelectuais não é nada comparado com o facto de Bertone se confrontar com estes cenários:

-Cenário pré-declarações: a Igreja tem pedófilos no seu interior. Ou se protegem a todo o custo (o que sinceramente foi o que foi feito, e todos sabemos disso, durante séculos), ou começam a queimar-se, aqui e ali, uns padres com umas fotos nos computadores para tapar as vistas ao granel. Como já não há Autos de Fé, este queimar não é literal.

-Cenário pós-declarações: a Igreja, de acordo com as afirmações do seu líder político, passou a ter no seu interior (não digo no seu seio porque aquilo lá dentro é só gajos de saias, não seios de gajas, nuas ou não), não só pedófilos, mas também homossexuais.

Isto para Bertone deve estar a ser difícil de engolir. Sente que lhe estão a ir ao pacote e pouco pode fazer. Ou melhor, pode sempre gozar a oportunidade...


E agora, importam-se de me dizer porque tão pouca gente fala sobre isto??


quarta-feira, 14 de abril de 2010

PARABÉNS!!!


Não sei se sabem o caminho para Oeiras... Mas perguntem!!

Não sei quantos levarão do Fóculporto, mas... Já ganharam!!

Parabéns, rapazes!!!

terça-feira, 13 de abril de 2010

GENTE DISTRAÍDA

Não é novidade para ninguém, anda por aí muita gente distraída. Há pessoas neste país que não vêm a verdade mesmo quando ela se alapa nos olhos. Recusam-se a aceitar a realidade apenas porque não lhes convém, ou então… Andam distraídos.


Destes, sem dúvida os leitores do Jornal de Notícias devem ser os piores. Não sei se é de ler o próprio Jornal, ou se será qualquer outra coisa. Querem um exemplo? Sabem qual a diferença pontual entre Benfica e Sporting? Bem, antes do jogo de hoje era de 23 (vinte e três, por extenso, para se perceber bem) pontos. Agora, depois do jogo no Estádio da Luz, é de 26 (VINTE E SEIS, por extenso e em maiúsculas, para chamar a atenção dos distraídos) pontos.


Estes leitores são tão distraídos, tão distraídos, que conseguem proezas deste género:


Não é o cúmulo da distracção??? Está bem, o Benfica até perdeu, na minha perspectiva, pois 3-0 para mim é empate, e até estou triste pelo facto. Mas…

segunda-feira, 12 de abril de 2010

HOMENAGEM OU REGRESSO?


Foto Google

Parece que o presidente da República fez uma inauguração ontem. Parece que já temos uma Avenida Marechal António de Spínola. Parece que o nosso presidente acha que o acto de inaugurar uma avenida em homenagem ao Marechal é de “inteira justiça”.

Não sei se este acto é mesmo uma homenagem. Talvez não. Talvez seja um regresso. Um regresso a dias idos, de um passado que julgava longínquo. Há quem goste e quem não goste de Spínola. Conheço ex-combatentes que o idolatram, outros que o odeiam e nunca cheguei a conhecer aqueles que pereceram nos famosos massacres na Guiné, actos de loucura de um General tresloucado pelo sentido do dever e pelo amor à Pátria e ao racismo.

Não é todos os dias que se homenageia um homem que lutou ao lado da Legião Condor em Espanha, ao lado dos nazis de Hitler. Um homem que por muito pouco não fez abortar o 25 de Abril. Um homem que foi recebido de braços abertos pelos fascistas franquistas depois do 11 de Março...

Quanto ao nosso presidente, (assim mesmo, com letrinha pequenina, pois mais não merece, por ainda estarmos a colher os frutos da sua desastrosa governação de mais de 10 anos, em que o desbaratamento das verbas comunitárias foi nota dominante, criando um sistema novo na política portuguesa, o tachismo), é o mesmo homem que recusou a pensão de sangue a Salgueiro Maia e a foi dar aos dois Pides que assassinaram Humberto Delgado. É este o homem que agora acha estar a fazer justiça, ao dar o nome de mais um símbolo do fascismo em Portugal a uma avenida portuguesa.

Obviamente, não estou contra esta iniciativa pelo que ela representa politicamente. Pelo menos, não só. Estou muito mais contra aquilo que ela representa para as famílias dos homens que perderam a vida a lutar pela mudança de regime em Portugal, cujo caso mais flagrante é o de Salgueiro Maia.

Penso que o presidente afirma demasiadas vezes que o povo tem de se sacrificar. Para quê? Para, paulatinamente, regressarmos aos tempos de outrora? Para entregarmos de novo o país a fascistas e facínoras, como tem ocorrido desde o 25 de Abril? O que mudou o 25 de Abril? A Nomenclatura do Regime? Que se lixe lá isso...

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O PLANALTO

Foto Google

Há em Portugal um planalto. Há um sítio mágico de planuras rodeadas pelos vales dos imensos rios, pelas escarpas amarelas dos líquenes que mergulham nas águas volumosas, escuras, furiosas. É um sítio onde nada é igual. É um sítio que muda todos os dias. E no entanto é imutável. E no entanto é eterno. Como as águas furiosas e escuras dos rios que a rodeiam, que já ali estão há uma eternidade.


É um sítio onde há enormes montanhas, de picos apontados ao céu, desafiando os deuses que há milhares de anos velam pela eternidade do local. Mas as montanhas altas, das mais altas de Portugal, mais não são que colinas partindo do já elevado planalto. Quase não se dá por elas, mas elas lá estão, verdes de pastagens e cinzentas de granito, duro, tão duro como esta gente que aqui habita. Há em Portugal um planalto.


Há em Portugal um planalto, rasgado pelos carreiros que conduzem aos prados verdes, como as veias aparentam rasgar as carnes e as peles dos corpos da gente que os cultiva. Os prados de onde sai o dourado grão, lá para os píncaros da estação seca, que o bafo imenso do sol amadurece e endurece e aloura. É deste grão que vem o pão desta gente que habita este planalto deste meu país. Ambos de uma alvura que deixa adivinhar a sua pureza, como o dialecto que falam, puro desde os tempos antigos.


É um sítio de pequenas e preguiçosas aldeias, que sem pressas desconhecem o mundo que lá fora se ergue para destruir a sua beleza. Porque o planalto é eterno, mais do que o homem ou suas obras, o planalto é obra dos deuses e só por eles pode ser destruído. Mas como destruir um sítio que já há tantos milénios abençoaram para sempre? É um sítio onde as maldições dos deuses são as mais poderosas bênçãos, um sítio onde abunda o trabalho e a vida árdua, um sítio onde as vilas são sítios grandes e se chamam bilas. Há em Portugal um planalto.


Há em Portugal um planalto, um sítio de calma altiva, onde o céu e a terra se casam todos os dias, sob o calor tórrido do verão, que faz resplandecer as penedias no seu cinzento granítico cromado a pique para as águas furiosas dos rios. Onde a terra e o céu se casam todos os dias, sob o frio glacial do rigoroso inverno que pinta de branco as pedras cinzentas e faz mais negras as águas dos rios. É o sítio que regressa à vida nas flores imensas e brancas da primavera que teima, todos os anos, em não surgir, mas que a terra fecunda empurra para o seu destino. É o sítio onde os tapetes de folhas recobrem as pedras cinzentas, acabando por tombar das penedias para as águas tumultuosas dos rios. Dos rios que correm muito abaixo daquele sítio. Há em Portugal um planalto. Um sítio sagrado, o último dos paraísos lusos, o testemunho da eternidade dos deuses que tanto bem lhe querem.

terça-feira, 6 de abril de 2010

AS MARAVILHAS DO FACEBOOK

Andam por aí a tentar-me convencer que há novas formas comunicação, que há uma nova linguagem que temos de aprender, que há novos canais para a globalização da linguagem, quer seja escrita, quer seja falada. Por mim tudo bem, não sou daqueles que ficam parados a olhar e tento actualizar o meu arsenal de vez em quando, não fosse proprietário de um blog.


No entanto, há coisas que se podem fazer através da informática e outras que me parecem abusivas. Esta parece-me claramente abusiva. O Facebook, ao que dizem, é uma forma de expandir a rede social, seja lá o que isso for, uma forma de nos darmos a conhecer ao mundo, seja lá o que isso for, ou seja lá que mundo a que nos queremos dar a conhecer for. Como devem desconfiar, não tenho página no Facebook. Não porque já não tenha tido curiosidade, mas mais por falta de entendimento sobre a utilidade da ferramenta. Mas fiquei a saber que pode ser utilizada para isto:


Ser despedido por ter perdido dez libras não deve ser inédito. E até se poderá especular se o dinheiro foi perdido ou não. A questão não é essa. A questão é que esta responsável de loja inglesa despediu esta colaboradora via Facebook. Mas faz todo o sentido, não faz? Afinal, não temos de nos actualizar? Não temos de aceitar as novas formas de comunicação? Eu até penso que um dia esta opção vai ser seguida por muitas entidades empregadoras, em muitas empresas, que têm colaboradores permanentemente ligados ao Facebook. “Ora deixa lá ver se ele está ligado... Está! Es-tás-des-pe-di-do... Prontes!”.


PS: Vamos a ver se ninguém me acusa de ser mesquinho e preconceituoso só porque esta aventura se deu em terras de Sua Majestade...

PS 2: Imagem JN