sexta-feira, 30 de setembro de 2011

REGRESSO

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Cada regresso tem uma partida, mas cada partida pode não ter regresso. Neste caso, dou-me ao regresso porque parti por uns dias para estranhas paragens com medo de não estranhar as paragens estranhas. E não estranhei, o que não deixa de ser estranho. Assuntos há muitos por onde escrever e dissertar e opinar, mas poucos por onde inspirar. E sem inspiração, pode haver expiração, mas é mau sinal.
Seja como for, deu-me por estes dias a preguiça digital, mediante uma sobrecarga mental de assuntos e temas e acontecimentos. Sempre pensei, sinceramente, que nos momentos mais lúgubres da nossa pequena estadia pela terra dos vivos, nada mais importaria, nada mais interessaria, apenas as tragédias pessoais que, aqui e por ali, nos vão batendo à porta. Ou então as ameaças das tragédias, bem piores pela expectativa. Uma solução é não abrir a porta, outra é levantar a cabeça e olhar em volta. Apercebemo-nos de que não estamos sozinhos e isso por si só conforta pela constatação de que o National Geographic não mente e por vezes a natureza é mais forte, e não é naquele sentido de quem emborcou uma dúzia de Super Bocks de rajada. A constatação do óbvio não retira o sentimento de desgosto, mas liberta pela inevitabilidade.
Para quem não percebeu patavina, o que quero mesmo dizer é que não consigo desligar-me da situação que vivemos todos. Não serei altruísta, nem egoísta, se calhar nem sei o que de mim faz, mas sei que estamos mal e mal ficaremos. Contra a minha vontade. E por isso continuarei a gritar a plenos pulmões, ou dedos, por este andar. E até porque os efeitos do tabaco nos pulmões é betuminoso e nos dedos é apenas estético. E há muita coisa para ser dita ou gritada aos ouvidos dos cidadãos do meu país. Tem é que ser bem alto. Não sei bem se estão hipnotizados ou dormentes, sei apenas que estão completamente estúpidos. E é de reparar que nunca gostei de gente que chamasse isso ao meu povo. Hoje aceito-o e até ouso corroborar. Como o Cavaco, que não afirma nada, mas corrobora tudo.
Perante 100 dias de novo governo, penso que qualquer pequena tragédia pessoal fica soterrada pelo imenso retrocesso civilizacional que esta centena maldita de dias nos impôs. E antes foram meia dúzia de anos de socretinismo, e antes disso foram os dias do cherne, e antes disso os da ditadura do cavaquistão, e antes disso... E não aprendemos, e não acordamos. E recuamos, aceitamos, sorrimos e ainda votamos e gostamos.
Acho que até quando a Assunção Cristas privatizar os nossos rios e as nossas nuvens, muitos de nós se levantarão e aplaudirão. É para mim uma ideia assustadora, que os nossos rios e as nossas nuvens tenham um dono. Não por ter de pagar por eles existirem, mas apenas porque é-me completamente estranha a ideia de que a natureza tenha dono. Que se seguirá? O ar?
Eu até já andava com ideias de desistir. Mas, sinceramente, não consigo. O que é preocupante. Isso significa que as minhas prioridades vão muito para além daquilo que eu desejava. Isso significa que gosto mesmo deste país, desta gente que não merece ser tratada desta maneira, apesar de fazer tudo para que tal aconteça. Isso significa que hei-de ter sempre uma razão para continuar a lutar. Se não por mim, por quem virá.
Eu acho que devia andar preocupado com outras coisas...

domingo, 18 de setembro de 2011

IDADE DAS DESCOBERTAS

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Portugal é um país estonteante. Um país de belezas escondidas, muitas das quais completamente desconhecidas dos seus habitantes. É um país de sol, boa comida, boa bebida, maravilhas da natureza de uma diversidade imensa. Mas o que mais espanta em Portugal é o sentido da descoberta. O que não devia ser espanto nenhum, dado que foi este país que se deu ao trabalho de descobrir meio mundo em tempos idos. Não tendo agora meios para explorar o espaço nem o fundo dos oceanos, Portugal, no entanto, continua numa senda de descobertas.
A mais recente descoberta foi a Madeira. É certo que a ilha em si, mais Porto Santo, as Desertas e as Selvagens há muito foram descobertas, já no séc. XV (1419). Mas agora Portugal descobriu novamente a Madeira. Descobriu que a Madeira tem uma dívida e, adivinhe-se, é grande. Enorme. Colossal, diria o Soninho. Até o Ollie Rennie, o gajo com cara de azia que nos aperta as porcas dos tostões ficou admirado e quase sem palavras.
Não é Portugal um país espantoso? É, de facto. O facto de descobrir agora que as regiões podem endividar-se é espantoso e inaudito! Um avanço nas contas públicas que por certo poderá dar um prémio Nobel da economia a toda a população portuguesa – o que dava dez cêntimos a cada um.
O facto de este país continuar a assobiar para o lado e ignorar o monstro que o consome a cada passo espanta-me deveras. Sidera-me a falta de vergonha dos portugueses - madeirenses, alentejanos, todos – que preferem ver os seus direitos aniquilados em vez de se combater os monstros que nos corroem. Um desses monstros, sem dúvida o maior de todos os monstros não é a Saúde. Nem a Educação, nem sequer o Exército ou as Obras Públicas. O maior monstro português é a Administração Local e Regional. Ignorar isso, como tem sido feito ao longo dos anos, é meio caminho andado para nos arriscarmos a cortar no essencial para manter o supérfluo. Só espero que não (ou sim) mexam muito neste ninho de vespas. É que o que pode de lá sair ameaça fazer da dívida da Madeira uma dívida de quiosque da esquina... Portugal pode não sobreviver à sua idade das descobertas se deixarmos que nos enganem. E estão a enganar-nos. E bem.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

DA PIROMANIA, IMPOSTOS E OUTRAS TARAS SEXUAIS

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Temos pois que um dado primeiro ministro de Portugal, no caso o corrente, veio lembrar ao povo que este pode manifestar-se, fazer greve e até gazeta à catequese. Mas que não pode causar tumultos, incendiar ruas e comer Cornettos no Inverno. Sendo que este povo, no horizonte temporal do seu mais velho membro, apenas pegou em armas para ir à caça de codornizes e gafanhotos ou quiçá a um filme do Chuck Norris. Sim, porque o Rambo é um tanso e o Arnold um autómato da família dos Tele Tubbies. E a propósito disso, há que dizer que esses bonecos assustam os putos de morte, e deve ser por isso que passam às seis da manhã.
Ora, não perdendo o fio à meada, que é uma expressão estranha, uma vez que uma meada é uma... meada de fio, o que equivale a dizer que não podemos perder o imposto ao governo, o Pê Mê acabou de lembrar ao povo que pode incendiar ruas! Assim à grega e tal. Como me dizia um dos mais estimados membros da blogosfera, o Pê Mê (opto por esta designação por respeito às aulas de B, A, BA do Prof. Soninho Gaspar) antecipa que o povo dê largas à sua indignação nas ruas deste país. À indignação e ao fim de semana alargado, uma vez que as primeiras manifestações estão já brilhantemente no horizonte de inícios de Outubro, altura em que dá jeito mais um dia para fazer ponte para o feriado a dia 5. Ora vai um homem pela rua abaixo, tentando chegar às passadeiras antes dos peões e das piorrinhas (isto para quem se lembra), cheio de moral de dia de trabalho e tal e leva com uma coisa daquelas nas orelhas. ''Ah pois e que sim senhor e pronto, mas nem se lembrem de tumultos e tal''. O homem não era eu, eu ia a pé pelo passeio e só constatei a condução aligeirada. E o que pensa o homem? ''Eh pá, isto incendiar uma ou duas ruas é que era... Talvez a da Trindade, pá. Não, essa não, que a gente não sabe o que precisa no futuro. Talvez mesmo a Constituição ou a Boavista...''. Ora então é caso talvez para pensar que uma manifestação ou greve faz do Pê Mê um casmurro pela falta de diálogo à Guterres, mas um tumulto a sério, tipo Lisboa a arder ou coisa que o valha, isso já é coisa de homem e de fazer do personagem uma vítima. Aliás, os próprios estragos poderão dar jeito em conversa mais ou menos apologética com a famosa Santíssima Trindade, FMI Pai, UE Filho e BCE Espírito Constâncio.
A verdade é que a coligação que suporta o governo – e apenas o suporta, qual bando de machos num bar gay – não me parece sólida. É que logo veio o submerso Portas a reclamar que as greves tornam Portugal mais pobre. Pode ter sua razão. As greves tornam toda a gente mais pobre, particularmente quem as pratica. Pelo menos num dia de salário. Se tiver, se não estiver em atraso e se ainda não tiver pago o IRS e o passe social. Isto torna óbvio que o Portas, que tem estado muito desaparecido desde que foi experimentar os submarinos e respectivas tripulações para o mar alto - dizem as más línguas, que garanto não ser a minha, pois ainda não tenho escorbuto – veio desmanchar o esquema do Pê Mê. Já estavam em pontas opostas do jardim, agora vem mais esta.
A situação é dramática e exige o máximo de criatividade possível para poder ser remendada, não vão os carapaus dar de frosques pelos buracos da rede, e quem diz carapaus diz chaputas ou charroques de profundurra. Que somos nós, aqueles que se lembraram de repente que se podem incendiar ruas, só porque o Pê Mê se lembrou de nos lembrar. Claro que também podemos incendiar redes de pesca, mas perceberam a analogia e até porque incendiar redes de pesca é privar os novos amigos do pedaço de pau do sustento e não é nada fácil debaixo de água, particularmente nas praias de Vila Praia ou de Moledo. E quem diz dessas diz mesmo dessas. Experimentem.
Ora assim sendo, penso que a solução pode passar por alguma coisa como o que vos vou expor. Ou pode passar pela Arrábida, se o Campo Alegre estiver vazio ou com os semáforos avariados. Eu penso que o Soninho nos vai pregar com mais um imposto. Já sei que não é novidade, mas temos de ter em conta as capacidades e habilidades do homem, e não me parece que tenha outras assim à mão de semear. Ou de plantar, ou mesmo de podar. O novo imposto será sobre as greves. Ora toma, faz lá greve mas deixas aqui o pataco, e és livre de fazer greve desde que tenhas cartão de crédito para pagar na hora, pois nunca fiando em documentos de identificação, não vão ser falsos como os certificados de habilitações dos outros que querem ser polícias. Passa na máquina, pilim do lado de cá, vai lá à tua vidinha gritar vivas ao Carvalho da Silva e ao Che Guevara. Ah pois!
Depois pode entrar em acção o Crato, impondo nas escolas uma disciplina de Ética, cujos dois pontos únicos do programa seriam ''Como apedrejar grevistas'' e ''como estudar muito e ganhar muito dinheiro quando for grande, para poder pagar 49% de IRS ao governo do meu país''. Pois, é certo que isso já é o ensinado, de facto, mas é só nas Universidades e essa malta não é de confiança porque já aprendeu a ler mensagens sms.
O ministro da saúde pode tratar da saúde aos grevistas! Pode, mas não o fará, porque se perguntará se Portugal pode ter tantos grevistas. A verdade é que este governo considera, pelos vistos, um grevista como uma pessoa doente dos cornos, no mínimo, quando não do fígado e mal dos intestinos de comer tanta serradura dos móveis de cozinha que felizmente já lá estavam encastrados quando se meteu numa dívida para 120 anos ao Ulrich. Como tal, o ministro considera que Portugal não tem condições para ter tantos doentes.
O Relvas, o super hiper mega ministro pode com certeza anunciar que descobriu 687 grevistas com vontade de trabalhar nesse dia e rapidamente retirar credibilidade ao protesto, mesmo que depois se descubra que 647 nem apareceram à manifestação e os outros 40 afinal são desempregados. Além disso a ministra da jardinagem precisa de calor para poupar no ar condicionado.
Resultado disto tudo? O pessoal não vai pelas greves, puxa das carteiras de fósforos (por essa altura já teremos de ter licença de uso e porte de isqueiro, como no tempo do Salazar) e incendiar ruas! O Pê Mê fica todo feliz, justifica-se perante a Santíssima Trindade e a Angela Merkel finalmente pode chamar nomes aos portugueses. Toda a gente feliz! E os portugueses, como ficam? Ora, com uma ou duas grades de bejecas no meio da rua a cantar ''The roof, the roof is on fire, let the motherfucker burn''. Ou em português: ''O rufo, o rufo isola a faia, letra da mal da faca burro''. Com tremoços, de preferência. Azeitonas já é luxo.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

PROBLEMA DE EXPRESSÃO

Nerd made in Clipart

Há uma banda portuguesa, não sei de que estilo musical, que tem uma faixa muito peculiar chamada “Problema de Expressão”. Apesar de eu não apreciar minimamente a banda e nunca lhes ter visto grandes centelhas de talento, o mesmo é dizer que nunca lhes liguei puto e graça é coisa que não lhes acho e nem mesmo de graça os quero ver à frente e em cima de um palco, o título da faixa parece ser pau para toda a obra e aplicar-se de forma quase perfeita aos governos que temos tido ultimamente neste Portugal sem fim. Sem fim, sim, porque descobrimos que somos um país com cinco dimensões – longitude, latitude, altitude, falta de atitude e profundidade – a da dívida, que é um buraco ao qual não se vislumbra fundo, embora se admita que esteja ainda acima do manto terrestre, caso contrário, tínhamos cá um vulcão maior que aquele que explodiu na Islândia e que não se conseguia dizer o nome, mas que eu desconfio que era dívidaexternunsson.
O governo anterior não tinha grandes problemas de expressão, para ser mais explicito. Tinha, isso sim, dois problemas. Um, do primeiro ministro, que era o de delírio, um pouco ao jeito de Hitler antes de matar a Eva, o cão e a si mesmo, e foi pena, pois o cão era um pastor alemão de belo porte e que por certo entendia bem melhor a situação que o dono. E que o Sócrates. O outro, do resto do governo, por acção ou omissão, de desviarem ligeiramente os assuntos das conversas para temas inverosímeis. As chamadas petas do órgão sexual masculino.
Este governo, no entanto, tem problemas de expressão. Começaram bem cedo, e bem nos podemos lembrar do la-la-la do primeiro ministro, excelente barítono mas nem por isso com muito jeito com as palavras, o que se compreende de um recém-licenciado de universidade privada, obviamente com pouca experiência profissional, não contando com o seu emprego de sempre, o de colador de cartazes. Vêm-me à cabeça pérolas como a da “enxadinha” ou aquela da miúda nova oportunista que lhe agradeceu os “elogios”. Obviamente, não são só problemas de expressão, uma vez que o delírio parece acometer muitos destes políticos, e obviamente ele delirava e acreditava mesmo no que dizia, quando afirmava que cortar o subsídio de natal era uma “parvoíce” ou ainda que nunca um seu governo subiria os impostos, pois “sei exactamente onde cortar na despesa de forma a que uma subida de impostos seja dispensável”. Como podemos ver, delírio em último grau. Ou isso ou andou a meter coisas nas paredes vezes de mais, que não cartazes. A serem cartazes, deve ter aspirado metade da cola.
Depois veio a poupança nos bilhetes de 1ªclasse na TAP, trocados por bilhetes de turística. Obviamente depois alguém se lembrou que os bilhetes para o governo não são pagos na TAP, o que não atrapalhou nada o primeiro ministro, que nunca mais foi visto a falar do assunto. Depois veio a ministra da agricultura e de mais uma porrada de merdas que ninguém sabe dizer em condições a dizer que ia poupar uma carrada de euros em ar condicionado proibindo o uso de gravata no edifício do ministério, a menos que se tratasse de representação oficial. Azar do órgão sexual masculino, Verão veio e foi e ninguém sabe por onde andou e vai daí poupança foi porque realmente calor ninguém teve. De seguida, veio o desvio colossal. Para além do diz que disse e não disse e terá dito o que depois desdisse que tinha dito o não dito, houve aquela idílica, dir-se-ia quase angelical explicação do ministro do pataco, o Gaspar, que fazendo jus ao nome com que o baptizaram, trouxe os amigos do Gaspar e da árvore dos estapafúrdios e improvisou uma interpretação de sua “exclusiva” responsabilidade. O que foi giro foi a forma teatral com que o fez, prenunciando que aquele era uma comunicador nato, confirmando-se pela alcunha que lhe deram de “Soninho”.
Depois veio o homem que manda, Relvas, o afro-brasileiro, com a história que encontrou num baú enterrado no chão da casa de banho do Instituto do Desporto 687 facturas por pagar, num valor astronómico de quase sete milhões de euros. Soube-se mais tarde que realmente das 687, 647 estão pagas e 40 aguardam prestação do serviço ou auto de recepção. Igualmente Relvas não mais foi visto a falar do assunto. Depois foi o Álvaro, o ministro da economia, que veio prometer, duas vezes ao dia, normalmente após as refeições, colossais cortes na despesa do Estado. Depois foi a Espanha e veio com um TGV de mercadorias. Passados dias, já não tinha o TGV consigo. Depois foi a Espanha outra vez e trouxe um TGV de passageiros e deixou o de mercadorias, enquanto anunciava cortes na despesa do Estado como não se viam há 50 anos, para uma hora depois dizer que afinal eram desde 1950. Nunca disse uma palavra sobre aquilo que tutela, a economia e como a vai revitalizar. Pelos vistos está mais preocupado em ser o segundo ministro das croas. Juntando os dois, dão uma excelente equipa. O Soninho, de cada vez que fala, inventa um novo imposto. O Álvaro, de cada vez que fala, promete mais cortes na gordura do Estado, mas sem inventar, porque ainda não se lembrou de como pode fazer isso (nem cortar nem inventar). Devia cortar na sua própria gordura, aquilo é pré-obesidade mórbida.
Depois veio o ministro dos cangalheiros. O gajo que era o cobrador das Finanças mas que depois se foi embora porque perdia dinheiro ali mal parado. Da Saúde!! Da Saúde, não dos cangalheiros. Mas parece que chegou à conclusão que Portugal faz transplantes a mais e vai daí deixar morrer uns quantos desgraçados a precisar de iscas de fígado novas parece ser uma boa maneira de cortar nas despesas e ao mesmo tempo revitalizar a actividade dos cangalheiros e funerárias. Um visionário! Depois veio o Crato, um gajo atinado que veio não sei de onde para ser ministro da educação, e que diz que era um bocado “nerd” quando era mais novo – para aí a semana passada – que diz que estudar é bom porque se ganha mais dinheiro. É óbvio que tinha razão muito antes da altura em que era “nerd”... Hoje em dia, a questão é um pouco mais complicada. O que é facto é que temos, assim, não um, mas quatro ministros das croas!!
O país já se começou a habituar a tremer quando qualquer um destes fulanos vem falar à comunicação governamental. Ou social, isso... Um diz que os outros não pagaram o dinheiro, outro diz que não quer que os outros paguem mais dinheiro, vem uma dizer que vai poupar dinheiro, enquanto outro diz que estudar dá dinheiro, para que um outro possa cobrar mais impostos em dinheiro a quem estudar e ganhar mais dinheiro, enquanto ainda outro diz que faz da gordura dinheiro (sabão??) - e finalmente, aparece um último a dizer que nos enterra a todos e ainda poupa dinheiro! Não é só, mas na boca não lhes falta dinheiro. Nunca o povo português transaccionou tanto dinheiro!
Ah, entretanto o presidente da República das Bananas diz que a culpa da dimensão profundidade da ilha das bananas é culpa do mentiroso compulsivo, uma vez que este lhe dava todo aquele que ele lhe pedia! O quê? Dinheiro!...

domingo, 4 de setembro de 2011

HIPOCRISIA

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Em Agosto de 2009, escrevi este texto. Na altura, parecia-me abusiva a liberdade com que Kadhafi armava a sua tenda nos jardins de Nova Iorque. Hoje, os hipócritas do costume reclamam a cabeça de Kadhafi numa bandeja. E alguns até o ajudaram militarmente, imagine-se... E outros até à revelia dos seus próprios Chefes de Estado... 
Todos podemos ser hipócritas, é bem verdade. Gosto de julgar que tento adiar isso todos os dias da minha vida.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

POR CÁ NADA DE NOVO

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    Aí vem mais uma saraivada de impostos. Nada de novo. Sempre que fala o “soninho”, sabemos que aí vem mais uma saraivada de impostos. Recordo com nostalgia os dias de campanha, em que tantas soluções engenhosas eram aventadas para resolver a crise, não sendo nunca necessário subir os impostos. Eles preferiam subir o IVA ou cortar os pulsos a subir os impostos sobre os rendimentos do trabalho, eles achavam que cortar subsídios de Natal era uma grande parvoíce, eles achavam que se deviam cortar os custos supérfluos do Estado. Afinal, subiram IVA, IRS, cortaram o subsídio, tardam a dizer em que vão cortar e ainda por cima têm os pulsos intactos e com bons relógios a enfeitar.
    A ideia de Buffet, um daqueles super bilionários americanos, de que a sua classe devia pagar mais impostos nunca me entusiasmou por aí além. Talvez porque já cá ando há quase quatro décadas, e embora me sinta cada vez mais jovem, não embarco facilmente em fantasias nem acredito piamente em unicórnios, fadas e elefantes cor-de-rosa. Das pessoas mais ricas de Portugal, uma ou duas disseram que sim senhor, se calhar talvez, a maior parte nem sequer respondeu e até houve um, que dizem ser o mais rico de todos, que disse que era um mero assalariado. O que me leva a dizer que pode ser uma pessoa muito abastada, mas eu sou muito mais rico que ele, pois tenho aquilo que dou mais valor e que ele provavelmente nunca teve: dignidade.
    Assim sendo, o nosso primeiro ministrinho disse hoje em Berlim, ao lado da mais influente pessoa em Portugal, a chanceler Angela Merkel, que considerava um possível imposto sobre grandes fortunas um disparate, pois iria originar uma fuga de capitais do país. Mas, surpresa das surpresas, admitiu que iria taxar os lucros superiores a 1,5 milhões de euros de empresas portuguesas. Ora, estava para aqui a pensar se isso não levará igualmente a fugas de capitais para fora do país.
    Muitos vieram dizer que este imposto é uma desgraça, pois taxando os lucros das empresas, tira-lhes a hipótese de reinvestir esse dinheiro na economia. Claro que nem Passos Coelho é assim tão burro como querem fazer de nós todos. Os lucros das empresas que vão ser taxados são os lucros que serão tirados dessas empresas e distribuídos pelos accionistas, não o dinheiro que será reinvestido. Isto porque o dinheiro reinvestido entra nas contas, não é lucro, é Investimento.
    Voltando aos mais ricos e ao pretenso imposto, a verdade é que de facto os empresários (não se é rico desta forma trabalhando para outrem, mesmo que o outro energúmeno diga o contrário) provavelmente fugiriam com as fortunas para as Ilhas Caimão ou para a Suíça ou qualquer outro lado, como aliás alguns ameaçaram já fazer se o imposto avançar. Ora, assim sendo, acabemos de uma vez por todas com um mito urbano em que muitas pessoas acreditam, que é do que os empresários portugueses (com excepções, evidentemente, e que se saúdam) estarem interessados no bem-estar do país. Acabe-se lá com esse excremento de ideia, porque isso é uma tanga do órgão sexual masculino! Se assim fosse, pagariam o imposto de boa vontade, para o bem do país, e não sairiam a correr para a estranja com o carcanhol, ok? Querem é ganhar dinheiro, querem lá saber do resto! É uma cambada de oportunistas que, mesmo ganhando fortunas à custa do país que meteram na miséria, não se importam de virar costas na hora da verdade. Como, meteram na miséria? Sim, a verdade é que a maior parte do endividamento deste país foi feito pelas empresas – ou não sabiam?
    Seja como for, ficamos a saber que o barco só será levado para a frente graças ao povinho que trabalha, e que tem de fazer mais alguns sacrifícios para seguir em frente. Pagar mais impostos para menos serviços públicos, pagar mais por menos, pagar mais impostos para que um dia destes aqueles que ameaçaram ir-se embora do país e que assim demonstraram que nada lhes importa senão o lucro, não se importando minimamente de verem o seu país afundar de vez, peguem nos Hospitais, nas Escolas e até na Segurança, como fizeram já com as Estradas, as Águas e as Energias. E nessa altura, talvez se sintam bem mais satisfeitos por serem portugueses, quando o povinho pagar impostos para manter o Estado, para que este subsidie as empresas que vão pegar em todo o serviço supostamente público, e estas por sua vez cobrem o que entenderem por esses mesmos serviços ao tal povinho. Fecha-se o ciclo. Estamos na época feudal.