segunda-feira, 30 de novembro de 2009

HÁ 74 ANOS

Morreu a 30 de Novembro de 1935

THE WALL - 30 ANOS



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

Passam hoje 30 anos sobre a edição do álbum The Wall. É o último álbum de Pink Floyd com a sua formação habitual. Acima de tudo, é um álbum de Roger Waters. Ironicamente, a única faixa da autoria de outro músico da banda é esta. Chama-se Comfortably Numb e foi recentemente eleita como a melhor faixa rock de todos os tempos.

The Wall é o álbum temático por excelência. Mas, ao contrário do Dark Side of the Moon ou do Animals, é um álbum que não elege um tema por si próprio, é antes uma colecção de temas sob o rótulo Waters. No fundo, é uma biografia de Roger Waters, dividida em quatro partes completamente diferentes. A primeira versa a infância, o trauma da perda do pai na II Guerra Mundial e o controlo exacerbado da mãe:



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

A segunda parte conta como era a vida de um adolescente na Inglaterra, e junta a primeira e a terceira partes na trilogia Another Brick in the Wall. Trata-se do primeiro afloramento político do álbum, tão forte que a faixa mais poderosa ficou para sempre associada à rebeldia estudantil:



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

Entretanto, a parede em que se enclausurava Roger Waters começava a fechar-se à sua volta. O casamento falhado e o refúgio na música tornavam-se novos motivos de autocensura e trauma. Tudo servia, nessa altura, para atenuar o fardo. É a terceira parte de The Wall, quando a parede já está fechada, depois da sua despedida do mundo. Waters não se suicida, mas deixa de viver em sociedade. Torna-se um recluso da sua própria loucura, já bem patente nos álbuns Dark Side e Animals. O trauma com o casamento serve de desculpa para as mais desregradas iniciativas:



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

Finalmente, a última parte. A parte em que Roger se compara ao genocida que tirou a vida ao seu pai. Mas também onde chama a atenção do mundo dos novos movimentos absolutistas que estavam a erguer-se, talvez uma referência velada à então chamada Comunidade Económica Europeia e aos poderes ocidentais. É também agora que Waters é julgado e condenado. Não à morte, mas a sair da parede, a mostrar-se a todos como é. O seu grande medo, revelado dois anos antes em Toronto, torna-se realidade e a parede é arrasada. Dez anos antes do Muro, Waters derruba um outro muro, o seu próprio muro, e assina a sentença de morte dos Pink Floyd. Para sempre.



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

The Wall aproxima-se dos 40 milhões de cópias vendidas, sem contar com as reedições ao vivo e em vídeo, e não dá sinais de parar de vender. A tournée foi memorável, mas pequena, resumindo-se a cinco localizações, quatro na Europa e uma nos EUA. Isto ficou a dever-se a diversos factores. Primeiro, porque a logística envolvida era tão massiva que se tornou incomportável transportar o palco e o muro. Por outro lado, as relações entre Gilmour e Waters estavam finalmente a ponto de romper definitivamente.

A digressão acabou por ser quase estática, não sendo por isso menos concorrida. O facto de ter de ser levada a cabo em espaços fechados levou a que o espectáculo se repetisse ao longo de vários meses nas mesmas instalações. O espectáculo foi imaginado por Storm Thorgesson e animado com os famosos cartoons e insufláveis de Gerald Scarfe, incluindo, além da mãe, do professor, da mulher e do juiz, o célebre porco voador, desta vez com os martelos cruzados no dorso. Passaram a ser, além do muro construído em palco à medida que o show se desenrolava, o ícone identificativo de The Wall.

Depois, veio o filme. Mas isso... é outra história!

domingo, 29 de novembro de 2009

ANTECIPANDO

Foto Rolling Stone Magazine

Em 1977, os Pink Floyd estavam no auge da sua criatividade. Depois do poderoso Dark Side of the Moon de 73, passaram a ser a banda mais reconhecida do Mundo. Em 75, o álbum Wish You Were Here consolidou essa fama, misturando regressos intensos às origens, registados com Welcome to the Machine e Shine on You Crazy Diamond 6-9, com sons mais melodiosos em Wish You Were Here ou em Shine On 1-5, faixas que rapidamente se tornaram ícones da música contemporânea. Depois disto, o que havia para fazer? Bom, havia o Animals.

Animals é o mais brutal álbum de Pink Floyd, e ainda hoje um dos mais duros álbuns de sempre do rock. Não pelo seu som, mas também, mas mais, muito mais, pelas suas letras. Waters passou ao papel a sua ideia de sociedade de então, distinguindo os seres humanos em três raças distintas: as ovelhas, os cães e os porcos. Não cabe aqui uma análise mais profunda do tema, até porque já antes havia alguns modelos bem conhecidos deste tipo de associação. Mas os porcos passaram a ser mais um ícone da já vasta iconografia floydiana. Se em 73, foram as pirâmides de Gizeh, em 75 o Mar Morto, em 77 foram definitivamente os Porcos Voadores.

A Animals Tour foi pensada por Storm Thorgesson, o homem dos cartoons floydianos, e incluía dezenas de porcos voadores, como aquele que se vê na foto. Waters levou mesmo a moda ao extremo ao voar num dirigível com a forma de porco cor de rosa por cima de Londres. Num dos concertos londrinos, um dos animais soltou-se e causou sérios problemas de navegação aérea em Heathrow. Mas o facto que mudou definitivamente a vida artística de Roger Waters estava ainda por vir. No concerto Animals em Toronto, Canadá, um fã entusiasmado aproxima-se demasiado do palco, até um escasso metro de Roger. A reacção não foi nada simpática, e Waters cuspiu no fã. Já fora do palco, Waters ficou tão abalado pela sua reacção que desejou que essa tournée terminasse imediatamente, ou então teria de tocar atrás de uma parede que o não deixasse encarar a multidão. Além de tudo, achava que tinha chegado onde jurara nunca chegar, ao ponto em que uma estrela rock pudesse ter um poder quase ilimitado sobre uma multidão que se encontrava totalmente submissa à sua frente. Fazia-lhe lembrar outros estádios e outros protagonistas e isso angustiava-o profundamente.

A tour continuou e com enorme sucesso. A notícia do arrependimento e recolhimento de Waters trazia ainda mais gente aos concertos, mas Waters cada vez se sentia com mais medo de encarar a multidão e do poder que cada vez mais sentia nas suas mãos. Desejou muitas vezes tocar atrás da parede. Mas nesta tournée nunca chegou a acontecer. Depois de terminada a digressão Animals, os problemas na relação entre os diversos elementos da banda, nomeadamente entre Waters e Gilmour, que nunca foram famosas, agudizam-se. A banda parte para um novo álbum conceptual, mas desta vez totalmente (ou quase) da autoria de Waters. E conseguiu aquilo que queria... tocar atrás da parede.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

TUDO BONS CRISTÃOS

Imagem Wikipédia

A investigação que decorre na Irlanda acerca de abusos sexuais, físicos e psicológicos a menores , conhecida por Ryan Report, aproxima-se do seu final. Amanhã, em princípio, sairão as conclusões da investigação deste caso. Ou seja, ainda não se sabe se a ordem católica Irmãos Cristãos, ou Christian Brothers, será ou não condenada por estes crimes. A acusação envolve abusos sexuais, tortura física e psicológica e trabalho clandestino de menores à guarda desta organização, desde 1940 até aos dias de hoje. Pelo menos 450 menores foram abusados, e estes são apenas aqueles que deram a cara, pois como sabemos, não é fácil sair cá para fora para falar destas experiências.

Apesar de ainda não ser conhecido o veredicto, a Christian Brothers fez um comunicado hoje, dia 25 de Novembro de 2009, a anunciar que indemnizará os visados dos abusos perpetrados pelos religiosos ao seu serviço num montante de 161 000 000 de euros. Sim, são mesmo cento e sessenta e um milhões de euros! Naquilo que pode ser legitimamente considerado como uma operação de lavagem de imagem, a organização católica dispõe-se, desde já, a indemnizar, e ouvir o veredicto depois. É necessário relembrar que esta organização tem ramos e filiais nos cinco continentes.

Apesar de tudo, a Christian Brothers sublinha que “Este conjunto de medidas expressa o nosso reconhecimento, vergonha e dor causados pelas revelações do ‘Relatório Ryan’. Sabemos e lamentamos que nada do que possamos dizer ou fazer fará com que as vítimas dos abusos sexuais se esqueçam do que viveram passado”. E, de facto, isto é verdade. E sabemos que organizações destas, espalhadas por todo o mundo, sob a capa do humanismo e caridade, perpetraram crimes hediondos contra a dignidade e integridade física de milhares, se não milhões de menores. Nada do que poderão fazer poderá devolver essa dignidade aos envolvidos, nada do que possam agora anunciar poderá alguma vez lavar as memórias de milhares de crianças violentadas e para sempre marcadas no seu íntimo. Tudo feito em nome da Fé, tudo feito sob o protectorado da Igreja Católica e de outras Igrejas e outras religiões.

Pergunto até quando as pessoas deixarão estas situações repetir-se, quanto faltará para se darem conta dos crimes imensos, contra toda a Humanidade, que a religião perpetrou e ainda perpetra? Quando se ouvirá um NÃO a este estado de coisas? Mais, pergunto como pode uma organização religiosa, supostamente destinada à caridade e à misericórdia, além dos crimes que cometeu, dispor de 161 milhões de euros para pagar indemnizações? Em que mundo vivemos? Será que não será legítimo perguntarmo-nos para onde vai o nosso dinheiro dado a estas instituições?

A suprema ironia está em que a Christian Brothers pertence à Igreja Católica. A mesma Igreja que deseja impedir uma lei que permita o casamento homossexual em Portugal tem no seu seio uma organização que gere orfanatos para rapazes, que tem 161 milhões de euros para pagar em indemnizações referentes a actos que, além de pedófilos, preconizam a homossexualidade dos seus perpetradores. Pelo menos os homossexuais que se casarão poderão ter relações deste género de forma consensual e mutuamente consentida e desejada, coisa que nem perguntaram às centenas (?) de rapazes abusados na Christian Brothers. Como pode a hipocrisia falar tão alto?

Fica o link para a notícia.

São tudo bons rapazes, são tudo bons cristãos. 161 milhões deles...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

DORMIA TÃO SOSSEGADO...

Imagem RTP

Dormia tão sossegado. Eram por aí umas sete e meia da manhã, dei um descanso ao despertador e virei-me. Mais meia hora. Oito e é hora de levantar. Um duche quente, e estou na cozinha a tomar o pequeno almoço. Nestum? Nestum. Com mel. Ligo a TV da cozinha, pois não há TV a não ser na sala e na cozinha. RTP. Notícias. Forum não sei de quê não sei das quantas, tinha a ver com economia e eu, agora desperto pelo duche, mas ainda em câmara lenta, tentava acertar na boca com uma colher. Raio de colheres com pegas de plástico! Parecem legos! Enquanto procurava uma colher como deve ser, aparece esta carinha laroca a ocupar boa parte do visor. Sorri, uma vez que é sempre bom começar o dia com stand up comedy.

Dizia o homem que lhe parecia ser necessário, de modo a controlar o défice orçamental, “um aumento de impostos, não em 2010, mas até 2013”. O Nestum soube-me bem e já estava naquela fase em que comemos a parte mais grossa e fica uma espécie de pó mais fino a flutuar no leite. Enquanto rapava a tigela, ia reflectindo naquilo que ouvia. Bem, o entendido é ele, que hei-de eu dizer? Ele é que nos avisou que o sector imobiliário estava sobrevalorizado, ele é que nos avisou sobre as fraudes bancárias, ele é que previu a crise... Comecei a ficar preocupado, enquanto esfregava um olho ao mesmo tempo que fazia festas na gata. E eu que dormia tão sossegado...

De repente, fiquei mais animado, uma vez que este senhor não nos avisou da sobrevalorização do imobiliário, não nos avisou sobre as fraudes bancárias, e não tinha sequer noção que havia uma crise, mesmo depois dela estalar com força. Portanto, se o homem dizia que ia haver uma subida de impostos, é porque não ia haver subida nenhuma. Desliguei o aparelho e decidi-me a enfrentar o dia de trabalho com força e boa disposição, coisa que é perfeitamente normal.

Jantar. Fui o último a chegar a casa, caso raro. Normalmente sou o primeiro. Comecei o jantar, que se fez com entreajuda e alegria. Notícias. RTP. Reacções às baboseiras de Constâncio. Uns dizem que não, os outros dizem que não também. Empresários dizem que sairão do país se houver aumento de impostos, economistas dizem que Constâncio deve estar louco, pois a economia não comporta um aumento de impostos, o cidadão comum é comum e não apareceu às entrevistas, mas ficou no ar um leve ar de preocupação. De novo Constâncio. Afinal, veio dizer que não disse nada, que não disse que os impostos iam aumentar e que as suas palavras foram mal interpretadas. Aquelas lá de cima, as tais “um aumento de impostos, não em 2010, mas até 2013” . Afinal, ele não disse estas palavras. Ele não disse estas palavras de manhã, embora à tarde confirmasse que disse as palavras de manhã, mas à noite desmentiu que à tarde tivesse dito que tinha dito aquelas palavras de manhã. Pensei logo que há economistas que de manhã deviam estar calados à tarde e silenciosos à noite para não sair asneira de madrugada.

Comecei novamente a ficar preocupado, pois se ele disse que não disse o que disse, equivale a dizer que não disse nada. Ou equivale a dizer que disse o contrário do que disse quando disse que disse à tarde e não disse à noite? Porque se ele de manhã disse que ia haver aumento de impostos e confirmou à tarde que disse de manhã, mas desmentiu à noite o que disse à tarde a confirmar que disse de manhã, no fundo o que disse ele? Que interessa? Alguém lhe liga ainda? Por muito que ele disse, nós mais dizemos dasse.

Preocupado fiquei mesmo foi quando ouvi as reacções do Primeiro quando soube que o Constâncio disse que ia haver aumento de impostos, embora depois ele tenha dito que não disse o que disse. Disse o Sócrates que não haverá aumento de impostos. Fiquei para morrer. É que se o Sócrates disse que não vai haver aumento de impostos, tendo em conta que ele disse que não foi engenheiro ao domingo, disse que não assinou projectos na Cova da Beira, disse que não está envolvido no Freeport, disse que não despediu a Manela Moura Guedes e o marido, disse que não governava em minoria, disse que não gerava menos de 300 000 empregos (ser sócio do Benfica ainda não é emprego, pá!), disse que não deixaria de telefonar aos amigos e até disse que não percebeu se é legal ser escutado ou não, tudo na negativa, não será de desconfiar que vem por aí mais imposto?

E eu que dormia tão sossegado...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CA GAY, PÁ!!

Desenho Mike Lukovich

Ora aí está um tema de actualidade, que parece ser tabu para muito boa gente que por aí anda. O casamento gay, ou casamento entre pessoas do mesmo sexo, ou como dizem os americanos, "fruitcake marriage". O tema é tão absurdamente simples que vos é penoso escrever sobre isto, já sei. Pelo menos é a desculpa de muitos. O que é facto é que a moral judaico-cristã não é assim tão liberal e insiste em nos limitar o julgamento, e penso ser essa a verdadeira razão porque tanta gente evita este assunto. Ora, como limitado doentio ateu agnóstico adorador do diabo adepto de politeísmos arcaicos (isto são tudo epítetos com que já me brindaram), é lógico que abra as hostilidades neste pequeno sector da blogosfera. Que estas sirvam para se falar disto, pelo menos.

Quem são os gays? Ahahah!! Pensavam que eu ia começar pelos conceitos básicos? Nada disso, todos nós sabemos quem são os gays. Homens e mulheres que apreciam a companhia íntima de pessoas do mesmo sexo. Há-os em todos os sectores da sociedade, desde uma boa parte dos padres católicos, passando por muitos deputados e políticos, até acabar no pedreiro ou varredor. Não é por aí que se distinguem. Há, no entanto, como acontece com o heteros, uma parte dos gays particularmente odiosa, e são aqueles que se fazem valer da sua condição sexual para arranjarem empregos imerecidos nas chamadas áreas sociais. Nada demais, também há gente hetero que faz coisas parecidas.

Há uma coisa nos gays que não consigo nem perceber nem concordar. São as paradas. Que raio lhes dá naquelas cabecinhas para se juntarem e fazerem uma festa só porque têm a mania que são diferentes? Estão a dar pontos à concorrência, a uma camada da população profundamente reaccionária, saudosista de outros tempos, tempos da outra senhora, onde quem sofria neste país eram as mulheres às mãos dos homens. Outras histórias, talvez um dia cá volte... Mas, por que raio de razão se hão-de fazer paradas gay com aquele espalhafato todo? A vida dos gays é só sexo? Não? Então mostrem aquilo que valem, deixem lá isso que não vos favorece em nada. Digo eu... Diferentes também são os diabéticos e não fazem paradas. Mas avancemos para o casamento.

Ah e coisa e tal tudo bem mas não lhe chamem casamento... Este é um dos argumentos dos supostamente não homófobos, que só demonstra toda a sua homofobia latente. Têm medo de quê? Que substituam o vosso amado cônjuge por um gay durante a noite? Então vamos chamar-lhes o quê? União matrimonial parcial? Talvez relação marital semi-coiso! Se é um casamento, chamemos-lhe casamento. O vosso também é e não deixará de ser, com a vantagem (para vocês) de ser heterossexual.
Outro argumento é que as relações gay são contra-natura. Estes nem são homófobos, são apenas burros, sem desprimor para a legítima opinião de cada um, não estou cá para ofender ninguém... Deve ser a primeira vez... Mas são contra a natura de quem? Da vossa? Óptimo, não são obrigados a apanhar no traseiro nem a lamber vulvas... mas esta última deviam ser. Não era para dizer? Num post destes??? A natura de cada um é coisa que, graças a , ninguém controla, não é apenas resultado da nossa excelsa educação cristã. Convençam-se que somos todos diferentes e, desde que com isso não andemos por aí a prejudicar os outros, ninguém tem rigorosamente nada a ver com isso.
Sinceramente, penso que 90% dos que não concordam com o casamento gay são aqueles que, no seu casamento, nunca conseguiram (elas) ou nunca conseguiram que elas (eles) chegassem a um raquítico orgasmo, assim uma coisita leve, que vos devia parecer uma avalanche "contra-natura"... Ah, pois, esqueci-me, a nossa moral apenas permite que haja sexo para procriação - desde que se seja mulher, claro. Os homens podem andar a espalhar genes por aí... A maior parte das vezes espalham é germes, mas tudo bem. São os tais que deviam ser obrigados a lamber vulvas. E daí, talvez não, não é coisa que mereçam.
Depois há aqueles que simplesmente não concebem os "homens sexuais". Para estes, gays são os paneleiros, os gajos que apanham nele! São tão abjectos que nem sabem que elas também podem ser. Ou então, daquela tão portuguesa maneira, pensam que as meninas são lésbicas apenas para darem uns linguados e umas lambidelas em frente aos machos, o que os põe perfeitamente loucos. EH!!! Acabem lá com o filme, que agora chegou o macho! Tira daí a língua!! Há sempre a noção, por parte dos homens, que eles, devido à sua pujante virilidade a habilidade nata para o acto, conseguem "curar" qualquer lésbica. A maior parte destes acabam por ser traídos por bissexuais "amigos" das esposas... Ui, que doeu!!! O quê, não me digam que não sabiam????

E eu? Qual a minha opinião sobre o casamento gay? Sou a favor ou contra? Quero lá saber disso para alguma coisa senhores!!!! Não sou gay, não tenho de concordar nem discordar! Caguei, pá! Eu tive direito a casar com quem muito bem entendi (bem, ela também entendeu, isto não é um casamento real!), espero que os outros façam o mesmo! Sinceramente, penso que não serei homófobo só por dizer que não sou nem intento ser num futuro próximo (entenda-se curso natural da vida) gay. Gosto, não de mulheres, mas de mulher, e essa é única. É a minha. Não tenho mais nenhuma. Quem tiver, problema seu também, e isso já é outro assunto e vocês não tinham nada de o puxar! Apesar de não ser nem querer ser gay, entendo que quem for tem o mesmo direito que eu tive, o de unir a minha vida à de outra pessoa aos olhos da sociedade e sair da sua clandestinidade.

E o Referendo?? Quando houve referendo para a regionalização, quem foi consultado? Os portugueses, porque seriam todos afectados. Para a instalação de um novo sino na igreja da aldeia de Alcolhões de Baixo, do concelho de Santo Ocarário, quem foi consultado? Os alcolhonenses de baixo, tomates para os púdicos (tomates de baixo até está bem pensado...), porque seriam os afectados pela decisão.

Um referendo para o casamento gay faz todo o sentido, e sou inteiramente a favor, desde que apenas os gays possam votar. Porque são os únicos afectados. Como impedir heterossexuais de inquinar a votação? Simples, publique-se em cada Assembleia de Voto, no dia seguinte, quem votou. Verão que só aparecem os gays mesmo!

Quem sou eu, ou qualquer um de vocês, para decidir acerca de um assunto que não nos diz minimamente respeito? Está tudo maluco ou quê? Qualquer dia chamam-me para decidir os preços do gasóleo ou o camandro!

domingo, 22 de novembro de 2009

BRONCOS

Foto Google

Há dias que correm assim. É necessário fazer compras, de quando em vez. Não falo de compras normais, aquelas de todas as semanas, de comida. Para mim são normais. Por vezes, há que comprar roupa e calçado. Tenho verificado que, para muita gente, são compras normais, de todos os dias. Para mim, não, são mais uma necessidade que se vai suprindo conforme se manifesta, e não por modas ou ter que ser para mostrar aos outros.

Da maior parte das vezes, não representa grande sacrifício, pois a minha menina é bem mais rápida que eu. Entra numa loja, vê, gosta, compra e vem-se embora. Nunca usei o famoso varão da Zara, aquele varão sempre ocupado por homens em frente à porta da Zara ou qualquer outra loja de roupa, esperando as mulheres saírem da mesma. Não faz muito sentido, esperar por esperar, esperavam lá dentro e até iam dando uma olhada àquilo que a esposa está a comprar e outra na secção de homem. Só que, como são as mulheres que lhes compram toda a roupa, estes sempre pensaram que é obrigação delas. Aliás, comprar roupas, para muitos homens deste país, é tabu, uma vez que é coisa "de mulher".

Hoje foi um desses dias, e lá acompanhei a minha menina a uma loja de vestuário e calçado, na minha sede de concelho natal. Andamos um pouco por ali, ela pergunta-me a opinião, digo que sim ou que não, pega na peça, larga a peça... enfim... o normal, mas tudo para o rápido, porque nenhum de nós gosta muito de andar por ali. Tinha-me já chamado a atenção um homem empurrando uma cadeira de rodas com um idoso, aparentemente imóvel. E chamar a atenção é mesmo simpático, para quem se baixou para ver o preço de uns sapatos e levou com a cadeira nos costados. Fiquei a adorar o duo dinâmico...

Passeando pela parte da loja que mais perto se encontrava da secção de lingerie, a minha menina e eu íamos vendo aquilo que poderia interessar ver na secção de senhora. Até que ouço a voz do deficiente (não o que estava na cadeira de rodas, antes o que a empurrava) dizer alto e bom som para um jovem, aparentemente da família, que se aventurava acompanhando uma jovem, talvez sua namorada, na dita secção de lingerie:
-Ò xxxx..., sai daí, isso é para as mulheres, nem podes estar aí!
E depois pensei cá para mim que os broncos não se notam só quando abrem a boca, mas quando abrem... Rá nos livre!!!

sábado, 21 de novembro de 2009

É BRINCADEIRA, NÃO É?

Foto Público

O Tratado de Lisboa vai entrar em vigor e, com ele, entrarão dois cargos novos na estrutura da União. O cargo de Presidente do Conselho Europeu, uma espécie de santo de igreja, decorativo e imóvel, e o de Chefe de Política Externa, uma espécie de Jorge Amado mas acordado. Escolheram-se as pessoas para os lugares. O presidente fica a ser um belga, von Rompuy, que tem um olhar penetrante e é conhecido por ter sido o primeiro ministro que pacificou a Bélgica, o que seria um cartão de visita excepcional, tivesse havido algo para pacificar na Bélgica, como uma guerra civil, ou pelo menos um caso de escutas ilegais ou até uma manifestação de professores.

O Chefe de Política Externa, neste caso, a chefe, trata-se de uma inglesa de meia idade que se poderia chamar perfeitamente Armanda ou coisa do género. Ninguém sabia da sua existência até hoje, mas agora é a figura europeia que medirá forças com os Obamas, Hus, Clintons e afins deste mundo. Chama-se Catherine Ashton e já ocupou vários cargos políticos em Inglaterra, embora nenhum com a envergadura duma presidência da Câmara Municipal do Corvo, por exemplo. Trata-se de uma senhora que subiu meteoricamente na cena nacional e internacional, sabe-se lá por cunha de quem, pois se há três anos ninguém a conhecia em Inglaterra, a subida foi tão meteórica que ainda hoje ninguém a conhece. Deve ter passado à velocidade de um asteróide... tem pouca experiência europeia, pois só está em Bruxelas há um ano, o que só indica que esta escolha foi extremamente criteriosa e a pensar na importância do cargo. Pelos vistos, é para decorar também.

Mais ainda, a senhora é da nobreza, pois trata-se de uma Baronesa, mais precisamente Baronesa de Upholland. Como sabemos, up é acima e holland é Holanda, e acima da Holanda há o Mar do Norte. Começa a fazer sentido o facto de ninguém a conhecer. Deve ser de algum arquipélago e, já se sabe, das regiões autónomas só se conhecem aqueles que verdadeiramente só dizem barbaridades. No entanto, não é pelo facto de ser obviamente uma "Boy" que coleccionou "Jobs", de ser desconhecida ou até da nobreza que esta senhora não terá o meu apoio e confiança, que não lhe farão falta alguma (era mais pelo apoio moral).

Não, o facto é que a senhora pode ir e vir à Lua com os pés de fora... Mas com aquela cara... PORRA!!!

Andamos nós a queixar-nos da Manela... Enfim, mas nem todos serão desta opinião, pois, pasme-se, a senhora é casada!! O amor é extraordinário, além de cego como um morcego. E o marido desta senhora não é nenhum pé rapado, não senhor! É um distinto milionário inglês, dono de uma prestigiada empresa de... sondagens... a You Gov, e chama-se Peter Kellner. Se fosse cá em Portugal, todas as más línguas diriam que a senhora está onde está porque o marido é dono da mais prestigiada empresa de sondagens da Inglaterra, mas isso seria cá, onde tudo é à cunha. Mas lá, na escorreita Inglaterra, que ocupa por aí um honroso 2º ou 3º lugar dos países menos corruptos, segundo a ONU, que encomendou este estudo à empresa de sondagens... YouGov... Porra... (atenção, isto não passa de especulação!)

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CHAMA O HORÁCIO!

Foto Google

Portugal está entre os países mais avançados do mundo. E não digo isto a brincar, é mesmo verdade e para que verifiquem a veracidade disso, só em África há 60 países e na América do Sul para cima de uma dúzia... Mas mesmo assim, há coisas que nos deixam estupefactos. Morre um senhor. Encontrado por dois vizinhos que iam levar nabos à casa do falecido, o corpo encontrava-se deitado de bruços no chão da cozinha, com uma pequena mancha de sangue ao lado. Dado o historial diabético e de anterior AVC, os vizinhos concluem que a vítima terá tido mais um destes acidentes. Chamaram a GNR, que logo tratou do assunto e, por sua vez, convocam o Delegado de Saúde, neste caso, uma Delegada.

Obtidas todas as certezas e certificações, o corpo é liberado para a preparação das exéquias, e entregue a uma funerária. Ao lavar o corpo, o funcionário da funerária repara que o pescoço do cadáver está dilacerado por vários cortes e apresenta inclusivamente sinais de perfuração. O homem chamou o patrão e diz peremptoriamente que não mexe mais no corpo. Face aos ferimentos, a Delegada de Saúde "admite a possibilidade" de crime e chama a PJ para início de investigação. A notícia está AQUI, e isto passou-se em S.António, freguesia do concelho de Vagos.

Ora eu não sou perito em medicina forense, mas algumas questões assaltam-me a mente de arma em punho. A atitude dos vizinhos não é de espantar, são pessoas com pouca formação médica e terão concluído que o sangue proviria de algum corte na cabeça, em face da queda da vítima. A GNR, apesar de não ter muito mais formação médica, já não terá a mesma desculpa, devia pelo menos ter verificado o estado do cadáver. Mas, como sabemos, mexer num cadáver em Portugal é quase proibido, até chegar o todo poderoso Delegado de Saúde.

Não quero chamar nomes a ninguém, mas esta delegada de saúde não sabe fazer o seu trabalho? Das duas uma, ou não sabe ou não quis. Um pescoço estraçalhado não lhe chamou a atenção? Mais ainda, será que alguma consequência advirá a esta senhora por tão crasso erro, naquilo que lhe compete fazer, e que poderá eventualmente comprometer de forma irreversível a investigação da PJ? Provavelmente não, em Portugal já nos habituamos a que os responsáveis por erros crassos não sejam responsabilizados. Em contrapartida, não sei se o Estado não virá a processar os vizinhos da vítima, por quererem levar nabos ao vizinho, sem guia de remessa nem declaração do IVA. Não sei se os chegaram a levar, mas penso que sim, pelo menos um grande nabo apareceu por lá, a dita Delegada de Saúde.

Solução? Chamem o Horácio. Sim, esse mesmo, o homem CSI, o das listas! Já estou a ver o gajo a falar com os assistentes, pedindo uma lista de pessoas assassinadas com o mesmo método, uma lista de lojas onde se vendam roupas da marca das do falecido, uma outra lista de moradores do bairro, uma lista dos GNRs que sabem da história, uma lista de marcas de semente de nabo, uma lista dos 60 dias que os nabos demoraram a desenvolver, uma lista de distribuidores de lâmpadas como a da cozinha, uma lista de fabricantes de chiclets de mentol e uma lista de compras. Tudo por ordem alfabética, naturalmente. Depois, borrifa o corpo com uma substância vaporosa e aparece num LCD de 500 polegadas o nome do assassino. Com uma nota por baixo, a dizer: "Despeçam essa Delegada de Saúde, a incompetência tem limites! Contratem o funcionário da Funerária, fica mais barato".

Até a morte toma foros de anedota perante o cenário de desresponsabilização que grassa em Portugal, verdadeira razão do estado do país. Ninguém fez nada, ninguém sabe de nada, somos todos profissionais e pertencentes a uma ordem qualquer, mais poderosa que a justiça. E claro, assim, é difícil dizer que alguém não faz o seu trabalho... São todos excelentes!!!...

A FERRAMENTA

Raras vezes algo acontece que me surpreenda no mundo da música. É um pouco consequência de se ouvir música proveniente da década dos grandes, a década de 70. Apelidada de década pobre da música, foi sem sombra de dúvida a mais rica, quando as grandes bandas, aquelas que ainda hoje perduram e se veneram tiveram os seus mais belos momentos. Falo de nomes como Pink Floyd, Led Zeppelin, The Doors, The Velvet Underground, Queen, Police, Sex Pistols, Grateful Dead, The Who, Supertramp, Barclay James Harvest, Rolling Stones e muitos outros. Algumas das grandes bandas actuais nasceram no final da década de 70, como os U2 ou os Metallica.

De todas estas bandas, havia uma em particular, que era muito curiosa. Formada por quatro jovens estudantes de arquitectura, não sabiam ou não gostavam de pautas musicais. Começaram a compor música recorrendo à linguagem que melhor conheciam, a matemática. Tinha como nome The Architectural Abdabs, e deram início a uma ilustre carreira de décadas em 1964, acabando eventualmente por chegar a ser a melhor banda do mundo. Com este nome, talvez não conheçam, mas Syd Barret, Roger Waters, Nick Mason e Richard Wright eram os Abdabs. Mais tarde, juntou-se à banda David Gilmour e pouco depois saiu Barret, directamente, ou quase, para o sanatório onde passou a maior parte da sua vida.

Mas os Abdabs, que mais tarde, em 1966, mudaram de nome para Pink Floyd, acabaram ou não fizeram nada de novo desde 1994. Muitos começaram a procurar alternativas para o lugar cimeiro da música mundial, e logo apareceram, consoante o estilo de música tocado, como os referidos U2, os Metallica ou os Radiohead. A pobreza obriga a estes sacrifícios. Se bem que esta última não representa qualquer sacrifício, antes pelo contrário.

Mas para o ambiente, para a simbologia e, principalmente, para a genialidade dos Floyd não parecia haver grande alternativa. Mas existe. É minha opinião e convicção que a melhor banda do mundo actualmente dá pelo nome de TOOL e desde já digo que os considero os dignos sucessores da Banda. Porquê? Por tudo aquilo que disse anteriormente, pelo ambiente, pela mensagem, pela invulgar capacidade de tocar, mas acima de tudo, por coisas como aquilo que está ali na barra lateral.

E ainda, por coisas como esta, que é absolutamente impressionante e dá uma ideia do rigor, seriedade e competência extremos que uma banda consegue incutir à sua música:





Penso que agora percebem porque considero Tool a maior banda do planeta e sucessores da herança Floyd. Se ainda não perceberam, vejam o vídeo da faixa lateral.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

OS SUIÇOS É QUE A SABEM TODA

Foto Google

Os suíços é que a sabem toda. O português é burro. Quem não se reveja está no seu direito. Falo por mim, o português é burro. Eu, pelo menos, sou mais burro que o burro do Catrepa.
A Suíça é um país da Europa Central, assim que modos que encravado entre a Itália, a França e a Alemanha. É uma unha encravada. Mas é uma unha encravada em que ninguém repara. Ninguém na Europa vai ao podologista por quem tem a Suíça encravada. Ao longo dos tempos, a Europa tem tido guerras terríveis, como as duas Grandes Guerras. O que fez a Suíça? Nada. Deixou-se estar quietinha no seu cantinho e até tratou de ganhar dinheiro com ambos os lados beligerantes. Neutralidade, dizem eles. Esperteza, digo eu. Como diz o puto na foto: Guerras??? Chupa cavalo!!

O português não é suíço. Por muitos defeitos que os suíços possam ter, não têm um que os portugueses têm em demasia. Melhor dizendo, este português tem em demasia. É burro que nem uma porta. Isto porquê? Porque este português, sem ninguém lhe pedir nada, andou a tentar servir de emissário de paz entre contendores e arranjou alguns belos sarilhos. Nada demais, não parti nenhuma perna nem vou tomar vacinas, mas que chateia, lá isso, chateia, e não é pouco. Gosto desta coisa dos blogs, é giro. Venho cá para me distrair do stress do dia a dia. Para me aborrecer de morte, ia ver um jogo do Porto, ou para me chatear a valer, ia a um concerto do Tony Carreira. Aqui, venho para me divertir.

Para quem esteja por aí a perguntar pelos cantos e à boca pequena, porque não são a Manuela Moura Guedes, o que aconteceu, diria apenas que há por aí caracteres que colidem. Nada de mais, novamente, também o meu carácter já colidiu com alguns outros e ninguém morreu por causa disso. Lembro-me, de, na altura, ter lutado virtualmente só contra outro contendor. Acabou e não lhe quero mal nenhum, que seja feliz. Actualmente, surgiram para aí umas contendas entre vários meus amigos (meus amigos não significa amigos entre si), que tentei mediar. Sem sucesso, e, pelo contrário, ainda me acusam a mim de defender o outro. Soubessem o esforço que tive para os defender, cada uns junto dos outros, e não teriam (penso eu) essa veleidade. Mas não sabem e por isso não lhes parece que o meu esforço tenha valido a pena. A este ponto, também eu não penso que tenha valido minimamente a pena.

Por tudo isto, aprendi uma lição valiosa: deixa-te estar quieto, Eusébio, eles são brancos, que se entendam.

E por causa desta lição, posso dizer-vos que, pela primeira vez na minha vida, vou fazer aquilo que não compreendia que se deve fazer, por vezes, mas agora começo a compreender: vou ficar no meu canto e o resto bem se pode fazer amor, porque não mexo mais uma palhinha. Para andar a consumir horinhas de sono a tentar ajudar e depois ainda me virem com excrementos e coisa e tal, acusarem-me de defender não sei quê nem sei das quantas, prefiro enfiar o cu numa colmeia. Passou-me ao lado (a colmeia e o resto).

A partir deste momento, posso ver pancadaria, insultos às mães, braços cortados, pernas amputadas, corações arrancados ou unhas encravadas, que não mexo palha. Todos são meus amigos e espero não perdê-los. Mas como disse alguém que conheço, consigo viver com a perda de um amigo. Não consigo é viver com a minha própria perda. E, para não ir contra os meus valores (até porque me poderia magoar seriamente), prefiro afastar-me e apenas observar onde param as modas, como fazem os árbitros de rugby quando há porrada no campo por causa da feijoada que está cá fora.

Bem haja a todos os que leiam os textos deste blog e estejam envolvidos nestas guerras, espero continuar a escrever e a contar com os vossos bons olhos cá postos uns minutinhos por dia. Se isso não acontecer, paciência. Vivo sem um dedo, braço ou perna. Sem cabeça é que não. E isto aprendi a ver os Tudor!! Ah ganda maluco, Henrique V...I... coiso! Era oitavo, para aí, não?

Eh pá, recuperei o bom humor... Boa!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

INCONGRUÊNCIAS

Foto Google

Já dizia a Ivone Silva, acompanhada pelo Camilo de Oliveira, que este país é um colosso, mas está tudo grosso. Eu sou uma pessoa com orgulho em ser português, mas não confundir isso com ter uma percepção de que está tudo bem cá dentro. Não está. A foto mostra medicamentos e alguns até podem estar agora a pensar que me apetecia falar sobre as grávidas que perdem bebés logo após serem inoculadas com a vacina da gripe. Não, não vou falar disso, mas sim, apetecia-me falar disso, fica para mais tarde.

Hoje levantei-me e, enquanto tomava o pequeno-almoço, olhava de soslaio para a TV, salvo erro canal 1 da RTP, que a essa hora tem um programa de informação cujo nome me escapa totalmente. Uma das notícias do dia é que Portugal está em quarto lugar no uso de antibióticos, a nível europeu (ou mundial, sei que estava em quarto, mas o microondas estava a chamar...). Esta situação, dizia o jornalista, pode ser potencialmente grave, uma vez que o efeito destes medicamentos pode ser diluído e assim perderem eficácia. O convidado, um Dr. Não sei das quantas (nesta altura estava de volta do Nestum...), afirmou esse perigo. À pergunta "de quem é a culpa", o Sr.Dr. deu a resposta da praxe: é de todos. Isto porque as pessoas cada vez recorrem mais a antibióticos para curar doenças banais, e porque não tomam os medicamentos na posologia correcta, etc.

Diz o doutor que muitas das pessoas guardam restos de medicamentos em casa, mas que o correcto a fazer é devolver o medicamento à Farmácia assim que terminar a posologia indicada, que pode não ser (palavras dele) toda a embalagem de antibiótico. O jornalista, vívidamente, perguntou porque ocorrem situações de doenças banais curadas com antibióticos, ao que o médico respondeu que as pessoas cada vez mais deixam à responsabilidade dos médicos a cura dessas doenças. E eu pensei cá para mim se não é para isso que lhes pagam. E se não são os médicos que prescrevem antibióticos, uma vez que este tipo de medicamentos precisa de prescrição médica, de receita? Sr.Dr., se nós tomamos antibióticos a mais, não será porque são receitados por si e outros como o senhor? Para depois virem dizer à televisão que "A culpa é de todos?". Só a brincar se acredita nisto. Incongruência 1!

Logo a seguir, veio o minuto verde, aquele programa de um minuto que dá conselhos sobre ambiente, normalmente apresentado pelo carequinha da Quercus ou por uma mocinha muito simpática com pouco gosto em roupas. Hoje foi a mocinha e falou sobre... farmácias caseiras! Na mouche, seguimos no mesmo ramo. Siga. Disse a menina que convém adoptar um único espaço em casa para guardar medicamentos, uma vez que estes, muitas vezes, não são utilizados na totalidade, podendo depois ser reutilizados em casos posteriores, e assim sabemos sempre o que temos, até os reutilizarmos ou darmos a instituições de utilidade pública. Incongruência 2!

Por esta altura, já a minha cabeça fervia por todo o lado. Como é? Por motivos de Saúde, devo devolver restos de medicamentos à Farmácia, por motivos de ambiente, devo reutilizá-los ou dar a Instituições? Incongruência 2. Até havia imagens da menina a mexer na farmácia lá de casa, de onde apareceu uma vistosa caixa de Halibut. Não vou aqui dissertar sobre a utilização de Halibut, o Nuno Markl já o fez sobejamente. De seguida, uma outra vistosa caixa de pomada, desta vez Hirudoid, outro ícone da nossa farmacopeia. Mas... esperem lá! A Hirudoid não foi retirada do mercado pelo Infarmed, por ser nociva em relação a não sei o quê?? Incongruência 3! (Em relação a este ponto, o Dylan assegura-me que não, e eu só tenho de acatar - as minhas desculpas aos leitores e à pomada Hirudoid, essa velha senhora)

Não sei o que devo fazer. Entre um médico que adverte que o uso excessivo de antibióticos é nocivo, que estes são medicamentos sujeitos a Receita Médica, mas que a culpa é de todos, e que se devem devolver os fármacos incompletos à Farmácia, e uma mocinha meia hippie que diz que se devem reutilizar esses mesmo fármacos, ou então doá-los a Instituições, que mostra uma farmácia doméstica com fármacos proibidos... Que devo fazer?? É um dilema.

Um dos defeitos deste país é cada um dizer o que quer. Ou melhor, esse não é o defeito, o defeito vem a seguir - cada um diz o que quer, mas poucos assumem as responsabilidades sobre o que dizem. Muito poucos. É uma incongruência? Não, é uma forma de estar na vida! Estúpida, mas é!

ECLIPSE



All that you touch
All that you see
All that you taste
All you feel
All that you love
All that you hate
All you distrust
All you save.
All that you give
All that you deal
All that you buy,
Beg, borrow or steal.
All you create
All you destroy
All that you do
All that you say.
All that you eat
everyone you meet
All that you slight
Everyone you fight.
All that is now
All that is gone
All that's to come
And everything under the sun is in tune
But the sun is eclipsed by the moon.
"There is no dark side of the moon really.
Matter of fact it's all dark."


É bem verdade que nos ocultamos atrás de eclipses, por vezes. Esta é uma das vezes.

"E tudo está em sintonia debaixo do Sol, mas o Sol está eclipsado pela Lua".

Há palavras que, mesmo ditas por outros, são nossas mais que nunca.

"Não há um lado negro da Lua. Na realidade, ela é toda negra."

Pois é.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

INFINITA VERGONHA

Foto JN

Há uma cimeira a decorrer. Trata-se da cimeira da F.A.O. Tem lugar em Roma. Quem melhor para fazer um discurso? Quem mora em Roma, claro. Ora, em Roma moram 2 milhões de pessoas, mas nem todas têm a notoriedade do Papa Bento XVI. Logo, o Papa fez um discurso na F.A.O. Já sei que estão todos à espera daquilo que daqui possa sair como mais uma achega ao chamado Santo Padre, uma vez que já assumi a minha antipatia por esta personagem há muito, custasse a quem custasse - e a algumas pessoas custou muito. Águas passadas não movem moinhos. Na realidade, nenhuma água move os moinhos, eles não se movem. Apenas fazem mover a mó... vem a propósito, acreditem!

Seja como for, o Papa discursou e disse algumas coisas interessantes e que merecem a minha reflexão e mesmo o meu acordo. Independentemente daquilo que dele penso, há coisas em que não posso deixar de concordar com o que o homem diz:
"É necessário contestar (...) o egoísmo que permite à especulação penetrar mesmo no mercado de cereais, pondo a alimentação no mesmo plano que todos os outros bens".
E é bem verdade! Como, em que parte de todo este processo chamado globalização, a raça humana decidiu colocar no mercado uma das poucas coisas absolutamente indispensáveis, a comida?
"A própria convocação desta cimeira testemunha, num certo sentido, a fraqueza dos mecanismos actuais da segurança alimentar e da necessidade de os repensar
".
Mais uma vez, estou plenamente de acordo. Fracassamos. Somos um embuste completo. Somos uma raça que nem com ela própria se preocupa. Como é possível gastarmos milhões em produtos de beleza, em roupas caras, em automóveis para subornar funcionários de empresas públicas, e até em produtos que nos ajudam na digestão, quando tantos milhões de pessoas (pelo menos 1000) não têm digestão para fazer?

O Papa Bento XVI tem toda a razão. Não é possível fechar os olhos a esta realidade. Não é possível que nós, aqueles que tudo têm, nos refugiemos numa pretensa crise, numa pretensa miséria. Sabemos lá nós o que é a miséria! Sabemos lá nós o que é o desespero!
Ainda aqui há dias vi um ser humano de 32 anos cometer suicídio, numa atitude cobarde, que deixou para trás mulher e filha, sós neste mundo. Mas esse era um herói e não um cobarde. Mas então o que são aqueles que perdem filhos uns atrás dos outros, que vêm toda a família desaparecer, esperando a sua vez de pertencer à estatística, desaparecendo indelevelmente, sem memória, sem nome, sem ninguém que o chore?

Como é possível que os bens alimentares sejam admitidos nos mercados das bolsas? Como podemos brincar assim com o destino da Humanidade? Quem dá a meia dúzia de crápulas esse direito? Até quando estaremos dispostos a assistir a isto? Não, não me venham com aquela velha conversa do idealismo e dos comentários do tipo "este quer salvar o mundo". Não, nem é nada disso. É apenas a constatação de que há causas pelas quais se luta neste país (e noutros) que são tão mesquinhas, tão comezinhas, tão insignificantes!

Não, não é vontade de salvar o mundo.
É apenas vergonha. Uma infinita vergonha.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

S.JOÃO E O PORNO

Foto Google

Ora aí está mais uma obra de pôr os cabelos em pé aos mais religiosos. Ou então, lá está o gajo a atacar a Igreja. Ou melhor ainda, este pensa que é o Saramago e agora vem dizer que S.João era actor pornográfico. Por mais que queira dizer isso tudo (excepto a terceira, penso que não faz aquele sentido todo...), não tem nada a ver com tamanhos pecados este post. A verdade é bem mais prosaica e nada complicada e tem mais a ver com a ajuda ao próximo. Agora hão-de estar a pensar sobre desde quando me deu para isto... Não fui eu.

Há pessoas, em S.João da Madeira, que têm recebido filmes pornográficos nas caixas do correio!!! A notícia é desenvolvida AQUI. Uma senhora já recebeu 34 filmes pornográficos, em capas explícitas, como não se coibiu de dizer, sem remetente nem envelopes. Ou seja, quem os lá mete na caixa fá-lo anonimamente. Ora a senhora transformou o caso em caso de polícia. Quando descobriu que havia mais pessoas a receber os filmes, decidiu entregar tudo ao Ministério Público.

Tenho para mim que neste momento, o Ministério Público deve estar a tirar as certidões dos filmes, para enviar ao supremo tribunal, que depois de visionar as certidões, dará o seu aval. Obviamente, os agentes da PSP de S.João da Madeira já tiveram oportunidade de ver o conteúdo das provas e devem neste momento ter montado uma caça ao homem para apanhar o perigoso perpetrador dos filmes porno. Evidentemente, quando o apanharem, metem-no na cadeia até ele confessar onde arranja os filmes de borla, para depois averiguarem, todos os dias durante seis meses, se a informação é verdadeira, tentando sacar um filme por dia à fonte original. Estes filmes, por sua vez, serão enviados ao Ministério Público que tirará novas certidões e as enviará ao Supremo e assim por diante. No meio disto tudo, quem lucra? Não sei bem, já estou apanhado da mona. Mas suponho que os fabricantes de cremes "hidratantes".

Voltando à vaca fria, ou seja, à senhora que recebeu os filmes, ela afirma que nunca viu nenhum, mas guardou-os a todos para servirem de prova. Minha senhora, pelo menos via o raio dos filmes, que mal lhe pode fazer? No mínimo, pode aprender alguma coisa, no limite pode tornar-se uma pessoa normal. É certo que nem todas as pessoas vêm filmes porno, mas não conheço ninguém que tenha ficado pior ao vê-los. Pelo contrário, ficam sempre mais iluminados. E quem diz que nunca viu um filme ou pelo menos um bocadinho, nem que seja para ter dito "que nojo!" e depois ir para casa reflectir sobre o assunto, mente com todos os dentes que possa ter. Penso eu... Não vá surgir para aqui algum cigarro fumado e apagado...

Ora, em vez de aproveitar para apimentar as suas relações sexuais, a senhora, diligentemente, guardou a "porcaria", como ela própria a classificou, para entregar à Polícia, assim que houvesse mais queixas! Ou seja, guardou a porcaria durante três meses, num total de 34 filmes, e só depois se decidiu a contar à Polícia! Incrivelmente, nunca viu nenhum, segundo afirma. 34 filmes e três meses de espera? Estava à espera do quê? Que aparecesse alguma novela com a Maité?

Agora, o criminoso. O senhor (ou senhora) criminoso é perigoso demais para eu o qualificar! Ajudar assim os outros a terem uma vida sexual mais apimentada é um perigoso delito que é previsto no Código do Processo Sexual, no qual está bem explícito que esta prática constitui uma séria ameaça à ordem púbica. Pública. O senhor, ao invés de deixar estas encomendas em caixas de correio de gente séria, porque não as manda para a caixa de correio de gente normal?? Não lhe vou dar a minha morada, mas se eventualmente passar pelo prédio, seja discreto... Por causa dos cigarros fumados apagados... Assim, só lhe posso desejar que seja apanhado rapidamente, que toda a gente saiba quem é efectivamente. É que, caso contrário, os vizinhos desta senhora não têm como lhe agradecer.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

DOIS EM UM??

Em tempos idos, eu era sócio da Igreja Católica. Os meus pais pagavam as quotas e tinha lugar cativo na Igreja Paroquial de Paramos. Isto durou uns anos, que pareceram décadas, mas, quando atingi a vetusta idade de nove anos, o meu pai, a modos que dizendo na brincadeira as coisas de forma séria, perguntou-me "Mas, ò menino, tu queres mesmo fazer a Comunhão Solene?", ao que eu prontamente respondi: "Eu não!", pensando cá para os meus botões que estava safo. E estava. Foi o meu último contacto oficial com a Igreja, e o último jogo que fui ver acho que foi com o Sta. Clara... levamos uma abada das antigas...

Mas agora, vendo toda esta polémica dos casamentos gay, dei por mim a tentar perceber qual a verdadeira posição da Igreja sobre o caso. Pelo que, vai daí, pensei em fazer um périplo pelas igrejas desse mundo fora, a ver se apanhava algum padre ou bispo a falar do dito cujo assunto. Numa das paragens desse périplo, dou por mim numa igreja qualquer de Itália, com aqueles nomes arrevesados que eles dão às coisas... devia ser para aí S. Spaghetti, Sta. Tortellinni, S. Bentinni di Portinni Abertinni ou Vaticanninni. Não interessa o nome da igreja, entrei lá para dentro que estava a nevar cá fora!
Entrado no recinto lúdico-religioso, sentei-me no último banco e decidi-me a esperar pela homilia, perante o olhar reprovador de duas beatas velhotas que se sentavam ao meu lado. Ainda ouvi um "Questo nem fez o sinalzinni da Cruzinni... Jeovázinni, pero" mas não liguei muito. Ao meu lado, encontrava-se um daqueles objectos da foto lá em cima. A princípio, não percebi muito bem o que seria, mas depois chegou um senhor, meteu a mão debaixo do sensor, foi espirrado com água na mão e fez o sinal da cruz. Eureka! Um doseador de água benta! Ali, à minha frente, destinado a evitar a propagação da Gripe A!! Grande ideia! Continuando a admirar o maravilhoso objecto, chega um puto de uns dez anos, mete a mão ao doseador uma, duas, três, quatro vezes, coloca a água toda no cabelo e vai lá para fora a esfregar o couro cabeludo!! Fantástico! Um dois em um, também serve de champô!! E ainda veio um outro senhor de meia idade que colocou a mão, molhada no aparelho, na cabeça, fazendo o movimento para trás, alisando o cabelo que vinha todo alvoraçado com o vento frio que fazia lá fora! Boa - pensei - também serve ou de amaciador ou de gel ou de brilhantina. Fiquei sem perceber muito bem, mas decidi-me pelo gel, sempre fazia mais sentido.
O serviço foi decorrendo, até que algo me chamou a atenção: isto de estar sempre sentado chama a atenção, pois a missa, já não me lembrava, exige que a gente faça exercício aeróbico, e às vezes as velhotas estavam sentadas, mas de repente já estavam em pé e até fui dar com elas a fazer agachamentos de joelhos! Cada vez ranhosavam mais na minha direcção, mas eu só ouvia "jeovázinni isto, ateínni aquilo, putinni que parinni aqueloutro"... decidi ficar na minha posição de defesa, sentado. Até que o padre disse uma coisa que me arrepiou a espinha. Além de não proferir palavra sobre os casamentos gay nem sobre os crucifixos nas salas de aula lá do sítio, ergueu as mãos e disse algo como "saudai-vosini em nomini Dei". Ao ouvir aquilo, toda a Igreja se acotovelou, começaram todos a dar beijos uns nos outros, aos abraços e apertos de mão e lá se foi a minha teoria da Gripe A. Aquilo era mesmo um doseador de champô dois em um. As velhas começaram a avançar para mim, mas quando chegaram ao sítio onde eu ainda estava sentado, resolvi mandá-las à favinni, corri dali para fora e só parei quando acordei... E agora, venham de lá dizer-me que não há sonhos do caraças!

OS DESENHOS DE JULIAN

Já todos devem ter ouvido falar de Julian Beever, um artista de nomeada (agora) mundial. Dedica-se a pintar calçadas com um domínio inigualável da arte do desenho em perspectiva, tão espectacular como difícil. Alguns dos seus desenhos são divertidos, outros mais sérios, mas todos eles são absolutamente geniais.
Que Julian é genial, portanto, todos sabemos. Mas, como qualquer grande artista, Julian Beever põe muito daquilo que é efectivamente na sua arte. Assim sendo, deixo este desenho absolutamente brutal, e espero ter da parte da meia dúzia de gatos pingados que me comenta o blog (pingados de mel, diga-se... eu depois explico!) a sua própria interpretação desta obra de arte tão peculiar:
Julian Beever Street Art

terça-feira, 10 de novembro de 2009

UMMAGUMMA - 40 ANOS



"Careful With That Axe, Eugene" é um dos pontos mais altos do álbum ao vivo Ummagumma. São oito minutos de outro mundo, não necessariamente melhor nem necessariamente pior, mas simplesmente outro. A explosão, nesta versão, dá-se ao minuto 5:00. No álbum, dá-se aos 3:15. Assim, quem tem a visão "clássica" de Pink Floyd não deve sequer ver este vídeo, mas muito menos depois do minuto 5:00.
Para quem quiser conhecer, aconselho que tenham calma...

40 ANOS

Ummagumma Cover Art

10 de Novembro de 1969 foi o dia escolhido para o lançamento nos EUA do álbum Ummagumma.

Trata-se de um duplo álbum, com uma parte gravada ao vivo em Julho desse ano e um inovador álbum de estúdio como segunda parte.

E merece estar aqui porquê? Porque é o meu preferido!! Quem nunca ouviu, que admito seja 99% das pessoas, que ouça!

DEIXEM LÁ OS MUROS EM PAZ!

Foto Google

Hoje faz anos, ou ontem fez anos, ou coisa que o valha ou o camandro, que deitaram abaixo o muro de Berlim. Ninguém sabe muito bem se é hoje, se foi ontem, ou anteontem que faz anos que começaram a deitar abaixo o muro, só se sabe que amanhã se comemora um dia em que muro já tinha ido abaixo. Aquilo começou às tantas da matina, o pessoal já estava todo megatron com os copos e ninguém se lembra quem mandou a primeira biqueirada na parede, quanto mais quando! Há até quem afirme que o muro já tinha começado a ser derrubado uns anos antes, pois o caruncho do cimento já andava a esfarelar os alicerces! Não sei se é verdade ou mentira, foi o que me disse um romeno mal amanhado que limpa vidros no semáforo do João de Deus. Isto de dia, à noite faz carjacking, mas é só nos dias em que as lavagens dão menos.

Eu sou contra! Isto de deitar muros abaixo é uma coisa que não se faz. Eu também tenho as minhas memórias de muros e não sou apreciador de pessoas que os derrubam. O meu pai mandou fazer um muro, e os meus vizinhos de cima logo trataram de andar a fazer buraquinhos para escoar a água. Aquilo era preocupante, pois dava origem a infiltrações nos alicerces e podia deitar abaixo a construção. Eu até me estaria marimbando para aquilo tudo, não tivesse passado um verão inteiro a transportar blocos de cimento maciços de 27 kg para construir aquela coisa! Depois até fizemos as pazes com os vizinhos, que são gente porreira e só se mete na vida dos outros quando não têm mais nada para fazer.

Outro muro que me traz gratas recordações é um muro que estava em frente ao primeiro café que frequentei, que se chama, ainda, Zip-Zip. Certa noite de tempestade seca, estava eu e um amigo meu a ver se os copos estavam bem lavados no fundo, ali, à face da estrada, quando desaba um tremendo dum relâmpago em cima do muro, mesmo do outro lado do sítio onde estávamos!! Se não fosse o bendito do coiso, e estávamos hoje a fazer tijolo ou a enriquecer urânio! Grande muro que me salvou a vida!! Deu-me uma tosga, mas essa curei-a com uma francesinha e três finos!

Um outro era em frente ao café de sempre, o Maçarico, ali para os lados da linha férrea. O Maçarico fechava às duas. Ou três. Às vezes nem fechava... Mas quando fechava, a gente trazia uma grade de água de Leça do Balio (juro que nem sonhava vir para aqui morar) cá para fora e estávamos ali umas horas a contemplar o céu à procura de chuvas de meteoritos. E uma vez até tivemos sorte, que houve uma tempestade de meteoritos e tudo! Quem não teve sorte foram os donos dos carros estacionados, pois aquilo vê-se bem é na horizontal e deitar no asfalto não era ideia que nos passasse pela cabeça. Capots e tejadilhos sempre eram mais higiénicos. E deitados também se disfarça melhor os efeitos secundários. Mas adiante. Havia ali um terreno em frente, que tem um muro alto, mesmo do outro lado da rua. Ora, a água de Leça é altamente diurética!! Se não tivéssemos o muro, mijávamos onde??

Eu cá para mim houve foi dois ou três alemães pândegos que, saindo do café Maçarico lá do sítio, lá na porta de Vá-de-burro ou lá o que era aquela coisa (isto fez-me lembrar a anedota do "vamos de burra", mas isso fica para depois...), meios em coma alcoólico, meios cama de hospital, meios caminhos andados para a cova, que se encostaram ao muro a mijar. E lá algum deles tentou fazer os desenhos da praxe, ou tentou escrever o nome, o que é o que se faz quando se mija contra um muro. Vai daí, saiu algum aranhiço de uma brecha a tentar fugir à enxurrada e o gajo pensou que aquilo estava a cair!! Começou ao biqueiro à coisa e as pessoas que passavam pensaram que era uma Revolução! daí à desgraça foi um ápice e o Maçarico lá do sítio ganhou uma fortuna em água de Leça!

Conclusão: tenho muito apreço pelos muros! Deixem lá os muros em paz, pá, porra, c'um canudo e o catano!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

UM POUCO DE MIM...


Este desafio foi-me lançado pela Teresa do blog Continuando Assim.

Há que completar as seguintes cinco frases:

- Eu já...

... realizei os maiores sonhos quanto a onde ir, a quem ver, com quem estar;
... passei necessidades para conseguir algo no início da vida adulta;

- Eu nunca...

... consegui, ao longo de toda a minha vida, aceitar um facto por si mesmo. Tenho de saber a razão para aquilo que está a acontecer!
... roubei nada a ninguém.

- Eu sei...

... quais são os meus defeitos e tento não os esconder de ninguém.
... do que gosto, e do que não gosto. O que sei, e o que não sei. O que quero, e o que não quero.

- Eu quero...

... continuar a viver a minha vida como sempre a vivi: alegre, simples, honesta e livre.
... que a minha vida profissional decorra sempre desta forma.

- Eu sonho...

... que o meu país venha a ter uma Justiça, e que as pessoas se preocupem com aquilo que é realmente importante e não com devaneios de classes profissionais, que os portugueses se convençam que não moram no Inferno e que são capazes de tudo!
... que a Palestina viva em paz.
... que Portugal seja campeão do Mundo de futebol

Tenho de passar o desafio a 5 blogues. Penso que resolverei isso desta forma: quem ler este post deve fazer este exercício. E nada de desculpas!

sábado, 7 de novembro de 2009

A ALEGORIA DA CAVERNA

Imagem retirada do filme The Descent (se não viram, VEJAM!!!)

Há meia dúzia de tempo atrás, para cima de uma carrada de séculos, Platão elaborou a sua ideia da sociedade e formulou a Alegoria da Caverna. Não confundir com Plutão, que agora é calhau em vez de planeta nem com o Pluto, o cão do Mickey Mouse, o mais apaneleirado personagem BD de sempre. Nesta alegoria, Platão introduz um conceito extremamente importante, a de modelo do qual apenas vemos a imagem distorcida, a que chamou Arquétipo. Segundo o brilhante pedóf... filósofo grego, um arquétipo é um modelo perfeito. Nós, acorrentados no fundo de uma caverna, apenas vemos as sombras desse arquétipo, e daí depreendemos a nossa realidade, que assim é composta de imagens imperfeitas de objectos perfeitos em si.

Ora, eu não sei qual a opinião da generalidade das pessoas. Mas, na minha opinião, há que colocar esta alegoria em dois planos: o físico e o social. Do plano físico, temos exemplos modernos que nos ajudam, com certeza, a perceber melhor a alegoria. O filme Matrix é o exemplo acabado e perfeito da Alegoria da Caverna no plano físico. O filme, tirando os efeitos especiais e cenas de acção perfeitamente hilariantes, apresenta-nos a derradeira distorção da realidade, através da manipulação dos sentidos. Mas, até prova em contrário, e até me provarem que sou apenas uma pilha para pôr a máquina a funcionar, isto soa a treta. Interessante, mas peta...

Já no sentido social, e penso ser este o plano a que Platão se referia, a Alegoria faz perfeito sentido. Penso que deve haver pessoas neste mundo que estão a um nível social, ou político, que têm acesso aos verdadeiros arquétipos do nosso mundo. Devem lembrar-se do primeiro briefing de Obama, para saber alguns dos segredos de Estado do país que lidera. Lembram-se com certeza de que entrou negro e saiu mestiço, quase pálido. Até o discurso mudou do "yes, we can" para "maybe we can not!". Seja como for, penso que está a fazer um excelente trabalho, que não chegará ao fim, evidentemente. Contas de outro rosário! Mas essas pessoas serão poucas, e nem mesmo Obama será uma delas, na minha opinião. Então que percepção é esta que temos do mundo em que vivemos? Serão apenas as sombras projectadas, que Platão denominou por imagens?

Pois, eu penso inteiramente como Platão. Bem, inteiramente não, não ando por aí vestido com um lençol mal amanhado com um braço ao peito e a desflorar rapazinhos de treze anos. Estou a falar apenas da Alegoria. De facto, aquilo que nos chega aos sentidos é tão ínfimo em relação à grandeza dos factos que só conseguimos imaginar o que se passa realmente. Surgem duas coisas, nesta altura: a aceitação resignada da realidade apreendida e, por outro lado, as teorias da conspiração.

Mas o facto é que, sendo que em muitos casos, as teorias da conspiração são absolutamente disparatadas, há uma fortíssima possibilidade de uma teoria da conspiração por vocês engendrada ser real ou aproximar-se muito da realidade. Julgo que é do Mel Gibson o filme Teoria da Conspiração, em que esse facto é exposto com alguma graça. Portanto, podem ter uma certeza: não descartem as teorias da conspiração. Uma boa parte delas é imaginada por pessoas bem informadas que sabem fazer contas, apesar de apenas terem acesso a imagens e não a arquétipos.

Serviu tudo isto para terem um pouco de curiosidade e lerem a Alegoria da Caverna(Teoria da Conspiração) de Platão, verificarem que Plutão já não é planeta, evitarem o canal Disney, saltarem as cenas de acção do Matrix, verem o The Descent e a Teoria da Conspiração, seguirem a política norte-americana, e até a estarem atentos aos preços de bens de consumo. Claro que este post vai merecer desenvolvimentos, e prometo que os farei. Mas, no entretanto, quem é amigo, quem é?? Quem vos incentiva à cultura??

Agora, atirem lá essas postas de pescada (teorias da conspiração) acerca deste post...

PROCURAM-SE FUNCIONÁRIOS


Vídeo Youtube

Todos os blogs, de uma forma geral, ou pelo menos os que visito, de vez em quando lá fazem referência a situações, regra geral, menos positivas, que têm com profissionais de outras áreas. Visitas a repartições públicas, nomeadamente Câmaras ou Finanças, são as que mais conflitos geram. Já vi queixas sobre quase todos os quadrantes da sociedade portuguesa. Atenção que eu não sou excepção, e todos conhecem os sectores onde coloco mais críticas. Mas já li queixas sobre os futebolistas, os políticos, os funcionários públicos, os autarcas, os vendedores por telefone, os portageiros, os polícias e até os homens do lixo!

Acontece, não é nada de novo e nem todos temos de entender-nos perfeitamente bem com todos os outros, ou este mundo seria uma seca das grandes e para isso não estou disponível. O que penso ser interessante é que quase todos os comentadores concordam, em geral, com as críticas feitas pelos bloggers em questão. Ora aqui é que a porca torce o rabo! Aqui há uns tempos, editei um post sobre determinada matéria, em que dois bloggers, e muito bem, discordaram da crítica a determinada classe profissional. Isto é pura especulação, mas calculo que algo tenham a ver com a profissão visada. Não tem nada de mal defendermos os nossos, é até salutar.

Mas, por onde andam estas pessoas? Funcionários públicos com blogs? Políticos que vão à Internet? Autarcas com Hi5? Por onde andam os futebolistas? É que, vendo todos a concordar com as críticas, tantas vezes injustas, admito (não era o caso no outro post meu, a meu ver...), penso que a Internet está repleta de desempregados. Todos falam contra grandes empresas, em que aparentemente não trabalha ninguém. As vendas agressivas por telefone? Pfff... Ninguém tem essa profissão. Ninguém é homem do lixo e polícias, nem vê-los!!! Já políticos, vemos por exemplo o PP, com o seu blog Abrupto, que bem podia ser abruptamente fechado, por mim... e pouco mais!

Mas... Por onde andam os empregados deste país??

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O LIVRO

Foto Google

É o Livro Sagrado. Um verdadeiro best-seller. É o livro mais vendido de sempre, o primeiro a ser impresso, um dos primeiros livros do Mundo. Poucos há que sejam mais antigos, mas mesmo esses desapareceram quase por completo sob o peso da Bíblia Sagrada. Livros como o Livro dos Mortos, os Vedas indianos ou a Epopeia de Gilgamesh são mais antigas, mas não têm tantos seguidores nem tanta força. A Bíblia Sagrada é a base das três grandes religiões monoteístas, também chamadas religiões do "Livro": o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, por ordem de aparecimento.
O Livro sagrado do Judaísmo, a Torah, é composta pelos primeiros cinco livros da Bíblia; A Bíblia por inteiro é o livro sagrado do Cristianismo; O Islão baseia a sua doutrina na Bíblia, e a sua prática no outro livro sagrado desta religião, o Corão. Sagrado para todas.
Há dias, e foi assunto que não me mereceu uma postagem, um grande escritor português, ateu por sinal, veio a terreiro afirmar que a Bíblia é uma espécie de manual de instruções para os maus costumes, e que não preza grandemente o Deus da Bíblia, mesquinho e cruel. São as palavras dele, não as minhas. E nem vou aqui julgá-las, já foram demasiado julgadas por todos.
Conheço a Bíblia. Não de cor, porque aquela coisa é grande que se farta! Mas li-a, por duas vezes, por puro interesse. Tal como o Corão e alguns dos Vedas, que constituem as escrituras de uma das grandes religiões politeístas actuais, o Hinduísmo. Uma análise textual do Livro dá razão, quer queiramos, quer não, ao tal escritor. Querem alguns exemplos?

"E [Deus] à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás à luz filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará." Gen, 3, 16

"Mais ou menos três meses depois, vieram dizer a Judá: "Tamar, tua nora, conduziu-se mal: vê-se que está grávida." Judá respondeu: "Tirai-a para fora, que ela seja queimada!". Gen, 38, 24

Ou seja, Deus condenou a mulher a eternamente ser objecto de desejo para o seu marido, sob a sua dominação. No segundo caso, Judá condena a sua nora a ser queimada viva por se encontrar grávida de outro que não seu filho (o que, por acaso, era mentira). Nem falo na morte da criança, que, pelos vistos, já tinha ultrapassado todos os prazos para o aborto... Aqui temos belos exemplos da mais cristã piedade. E estes foram escolhidos à sorte, abrindo o livro e lendo meia dúzia de versículos. Podem imaginar o que por ali vai. Depois, há os fenómenos incríveis. Quem não se lembra da Criação em seis dias? Do apartar das águas por Moisés? Da queda das muralhas de Jericó apenas por se terem tocado as trombetas? Das Dez Pragas do Egipto? Da sarça ardente? Da transfiguração de Moisés e de Cristo? Da estrela que anunciava o nascimento do menino? Dos milagres de Cristo?

Ora, afinal, estávamos todos enganados, vieram alguns doutores da Lei elucidar as mentes inquisitivas dos curiosos e maledicentes. Afinal, estas demonstrações de crueldade eram comuns na altura, mas não podemos esquecer que já foi há muito tempo, para aí para cima de uma porrada de séculos, e que devem ser vistas como usos que agora não se justificam. Aliás, algumas destas demonstrações de extrema crueldade e estes fenómenos que relatei são metáforas das quais devemos apenas retirar o seu sentido poético ou moral e não o sentido literal. A Bíblia, vieram elucidar-me, não pode ser retirada do seu contexto e não devemos esquecer que através destas metáforas é que ela mantém a sua actualidade.

Ok, funcionou. Percebo agora porque os muçulmanos e os judeus não se exaltaram muito com o caso. Mas não percebo como pode um cristão falar assim do seu Livro Sagrado. Cristão que se preze não pode negar todo o fundamento da sua fé. Os acontecimentos fantásticos, como a destruição de Sodoma, as Pragas, a Criação, são apenas metáforas do poder de Deus, que o demonstram plenamente. Pena é que o maior desses acontecimentos (em escala) tenha ocorrido mesmo, negando assim os próprios doutores que encontraram a explicação. Estarão agora a pensar que estou doido. Não estou, o Dilúvio aconteceu mesmo! Mas tudo bem, por o Dilúvio ser real, não quer dizer que todas as outras coisas não sejam metáforas. Estão a ver as brechas a aparecer?

Mas o principal acontecimento bíblico, aquele que motivou todo o Cristianismo, a pedra basilar da Fé Cristã, que respeito mas não acarinho, é outro. Não é o Êxodo, como para os Judeus. Nem a colocação da primeira pedra da Caaba por Abraão, que a retirou da "primeira pedra do Mundo", para os islâmicos (essa primeira pedra está em Jerusalém, debaixo da Cúpula da Rocha - talvez se perceba melhor por que razão a cidade é santa para o Islão, não?). Nada disso!!
O principal alicerce da fé cristã, a pedra basilar do Cristianismo é um acontecimento invulgar, tão invulgar que nunca foi testemunhado nem nunca foi repetido. E esse acontecimento, virtualmente impossível, como a destruição de Sodoma, ou a abertura das águas por Moisés, ou as Pragas ou a Sarça Ardente, mas ainda mais estonteante, ainda mais inverosímil, ainda mais fantástico, dá-se no Novo Testamento.

Será que estes teóricos da Bíblia, afinal, negam por completo toda a sua Fé, ao nos dizerem que a Ressurreição de Cristo não passa de uma metáfora? Será que a fé cristã não se baseia quase exclusivamente na Ressurreição de Cristo, crucificado, trespassado, com os joelhos desfeitos a golpe de maça, passados 3 dias da sua morte? Será que este evento é um acontecimento real, ou apenas mais uma "metáfora"?

Em que ficamos, acreditamos literalmente no que nos diz a Bíblia e em todos os seus horrores, mas também na Ressurreição de Cristo, ou desvalorizamos tudo, como "metáforas" que são e deixa de existir Cristianismo? Em que ficamos, meus senhores?