quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A RAPOSA

Foto Google
A raposa é um animal. Não é uma pessoa. Mas pessoas há que são como as raposas. Ao contrário do lobo, que caça em matilha e caso não tenha as costas quentes, pouco ou nada sabe fazer, com uma inteligência limitada àquilo que consegue caçar para sobreviver, a raposa caça só. Não precisa de ninguém. É independente, e aproveita todas as oportunidades para melhorar o seu pecúlio. A raposa, dada a sua graciosidade e beleza, consegue fazer uma coisa extraordinária: consegue roubar e mesmo assim parecer bela, nobre, quase apreciada no roubo. 
O pacote de medidas apresentadas pelo Governo que estarão presentes na sua proposta de Orçamento para 2011 é uma obra feita por lobos esfaimados e encurralados, cujo raciocínio é toldado pela desespero. Foi apresentado, no entanto, pela sua prima direita, a raposa, canídeo de direito que, já se sabe, tem uma graciosidade diferente. Impressionante a forma como os lobos se mantiveram encurralados depois de baterem com o focinho na trave e nada conseguir comer, e a raposa, que comeu que se fartou, ameaça escapar incólume. E mais, com a sua figurinha bem realçada, pois toda a culpa da confusão na capoeira foi da alcateia esfaimada.
Quando, há cerca de 3 meses (!) foi anunciado o chamado PEC 2 (já tinha sido apresentado um PEC 1, que na prática não era nada), tanto o PS como o PSD convenceram o país de que as medidas então tomadas eram absolutamente necessárias para a sobrevivência da capoeira. É de lembrar a atitude do lobo, que então pediu desculpas às galinhas por as devorar. Pois bem, passados 3 meses apenas, o PEC 2 não serve, a OCDE veio a Portugal a mando do FMI ( OCDE - Organização Começo Do Enrabanço; FMI - Foste Mesmo Inrabado), mandou uns bitaites e vai disto, a raposa anuncia as medidas que levarão à recessão e à diminuição do nível de vida de cada português. Não sei se as galinhas vão ser devoradas com ou sem cacarejos, sei que serão devoradas de qualquer maneira.
É bem verdade que os mercados não perdoam dívidas. E a nossa capoeira tem a dívida que tem e não outra. É bem verdade que o poder não está na finança, pelo contrário. O poder alimenta-se apenas dela. Poder não é poder comprar, mas sim decidir o que o outro deve ou não, pode ou não, comprar. Isso é poder. Não confundir com o instrumento do mesmo, a finança. Por esta altura, é óbvio para toda a gente que o sistema falhou. Falhou. Não por ser como é, mas por ser manipulado como foi. Não há sistemas maus, há pessoas más. Com poder. E quem pode manda em quem não pode. E porque razão é que quem pode havia de dar algum poder a quem não pode? Por caridade? E porque é que há galinhas que pensam que este sistema, dominado pelas raposas deste mundo, é óptimo e continuam a apoiá-lo resolutamente?  Se não pagarmos a dívida da capoeira, que nos acontece? Penhoram o país? Pois, com certeza... Não, provavelmente teríamos de viver apenas com o que produzimos internamente. Mas como produzir ovos se vendemos as galinhas todas? Como quer a capoeira sobreviver quando todos os dias há galinhas que deixam de pôr ovos e se tornam apenas concubinas do caseiro?
Privatize-se. A água, a energia, tudo o que dá lucro. Nacionalize-se as coisas boas, que necessitam de protecção, como o BPN. Aliene-se toda a receita do Estado, dê-se tudo, vendam-se as galinhas que põem os ovos de ouro. Depois, exija-se que esse mesmo Estado tenha dinheiro para pagar as suas despesas. E se não tem dinheiro, que se endivide. E que corte na despesa. E corta-se. Desçam-se aos médicos, professores, militares, técnicos de toda a espécie que trabalham no Estado, 10% dos seus salários. E dêem vivas aqueles que não trabalham no Estado. Por pouco tempo. O mesmo vai acontecer a todos os outros. Porque o privado segue as indicações do estado. Particularmente quando é para descer. Menos dinheiro, menos compras. Menos compras, menos negócio. Menos negócio, menos empresas a sobreviver. Menos empresas a sobreviver, menos impostos a cobrar. Menos impostos a cobrar, menos cobertura da despesa, menos cobertura da despesa, mais cortes...
IVA a subir, preços mais caros. Com menos dinheiro ao fim do mês, e preços mais caros, menos compras, menos, menos, menos... IVA incomportável, mais fuga ao pagamento do mesmo, menos receita, menos, menos, menos... Mais impostos, menos dinheiro na carteira, menos consumo, menos poupança, menos financiamento interno dos Bancos, mais financiamento externo, mais dívida, menos condições financeiras, menos, menos, menos... Mais impostos, menos dinheiro, menos consumo, menos negócio, menos empresas, menos emprego, menos dinheiro, menos consumo, menos, menos, menos... Espantoso este ciclo, acaba sempre em mais cortes. Mas nem todos estão tristes. Alguns estão contentes. Aqueles que ninguém ousa enfrentar, aqueles que levaram a esta situação desde 83, desde a última intervenção do FMI. Neste tempo de democracia, 36 anos de Governos, distribuídos por 20 anos de esquerda rosa e 18 de direita laranja, o que ganhou este país? Ganhamos uma coisa em quantidade industrial: aposentados de luxo. Muitos governos, muitas reformas, muitos altos funcionários do BP, enfim, nisso, pelo menos, somos recordistas. Mas nisso ninguém tem a coragem de cortar...
Voltando ao zoo e à capoeira, a raposa veio hoje apresentar o início da degola do resto das galinhas que ainda sobreviveram. Mas ao mesmo tempo, o seu encanto não desaparece, pois o culpado é o lobo. O lobo, que evoluiu rapidamente para a condição de asno, caiu na esparrela. E vai continuar a cair. Não percebeu ainda que, ao contrário da raposa, que captura discretamente na capoeira uma galinha de quando em vez, a sua gula, que ousou anunciar, e que o leva à limpeza da capoeira de uma vez, o leva a parecer o culpado pelo crime. A raposa leva a sua parte, afasta-se discretamente, deixa os lobos encurralados na capoeira. A culpa é dos lobos! E é. Mas não só. É culpa da astúcia da raposa e da gula do lobo. E se o lobo cai em si e rejeita a sua natureza e não limpa a capoeira, a raposa reaparecerá, depois de fazer de morta durante uns tempos, para pilhar uma galinha de cada vez. E até vai cuidar dos ovos, pois sabe que só pode alimentar-se indefinidamente com novas galinhas, bem criadas e gordas. E o lobo continuará a penar.
A pergunta impõe-se: onde anda o cão de guarda que possa pôr as raposas e os lobos fora da capoeira de vez? Porque não canta o galo?

terça-feira, 28 de setembro de 2010

DIÁRIO DE VIAGEM - DIA 1

Foto Google
Casablanca, 18 de Setembro de 2010

As coisas pareciam estar a correr muito bem. Chegamos bem a tempo do comboio em Coimbra-B. E o Alfa cumpriu o horário até Lisboa, o que não deixa de ser positivo. Lisboa pareceu-me fresca e lavada, ou quase.
Normalmente, quando chego a Lisboa, fico sempre extremamente animado. Acima de tudo, fico confortado com a perspectiva de sair dali para fora em pouco tempo. Hoje muito mais. 
Chegados ao aeroporto, fizemos o check-in e mais uma vez rumamos à ínfima zona internacional do aeroporto de Lisboa (sim, há quem lhe chame aeroporto, vá-se lá saber porquê). E já sabíamos que iríamos encontrar, invariavelmente, o JPS Black e o Amber Leaf exactamente ao mesmo preço que cá fora, mesmo para voos para fora do espaço europeu.
O voo da Royal Air Maroc atrasou meia hora. Nada mau, tendo em conta o que já passamos de outras vezes naquele edifício a que alguns chamam aeroporto. O edifício cada vez se degrada mais, cada vez mais pequeno, e as idas às casas de banho são tortuosas experiências olfactivas que dispensava a qualquer hora. O avião da RAM é a êmbolo! Porreiro, já não são só os espanhóis que consideram Lisboa como um aeroporto interno. Agora até os marroquinos o fazem. Estamos cada vez mais bem vistos pelo estrangeiro...
O voo decorreu normalmente, uma hora e quarenta minutos. A entrada foi bastante simples, mesmo que este simples implique sempre cerca de uma hora de espera. Explicaram-nos que àquela hora Casablanca estava a receber dezenas de voos de outros países árabes, e a amostragem de passaportes, obviamente, não distingue nacionalidades. Levantar as malas foi bem mais complicado. Não estavam no cinto anunciado. Ninguém sabe onde param as malas portuguesas, e nós sabemos onde param as malas espanholas, mas não temos ideia de onde param os espanhóis... Encontramos as nossas malas no cinto reservado para Jeddah, que, para quem não sabe, serve Meca. Porreiro, há-de haver pouca confusão, há-de. Surpreendentemente, não havia. Mas obviamente saímos pela zona onde levantamos a mala. Obviamente, não encontramos quem nos esperava. Senão uma hora e meia depois. E estava tudo a correr tão bem... A propósito, nem sinal dos espanhóis...
O hotel Golden Tulip Farah Casablanca é muito bom. Um cinco estrelas típico, de decoração sóbria em tons de preto e branco. Apenas quatro pessoas, incluindo nós os dois, fazem a viagem em cinco estrelas. E foi com o outro casal que combinamos ir jantar ao restaurante do hotel.
Casablanca aparenta ser uma Lisboa grande. Vivem cá quatro milhões de habitantes, e é a capital económica de Marrocos. É noite, mas sabemos que estamos num país muçulmano. Os cheiros que povoam o ar que se respira do quarto do hotel são absolutamente assertivos nesse aspecto. Uma mistura de cheiro a deserto com as especiarias que se vêem à venda nas lojas das ruas percorridas no caminho do aeroporto para o hotel.
Vamos jantar. Espero que esteja bom, ando a guardar-me para comer carneiro toda a semana. Adoro carneiro, e à moda árabe ainda mais. E espero que sirvam entradas tipo Médio Oriente. Apetecia-me houmos e tahina. O casal é da Lousã. Pelo menos moram lá. A senhora é suiça germanofona, facto que a faz falar um português escorreito com um sotaque extraordinariamente agradável. Ele Carlos, ela Brigitte, parecem simpáticos, e é a primeira experiência num país muçulmano.
Amanhã visitaremos o palácio real (pelo menos as imediações, o interior do palácio está vedado ao público) e a mesquita Hassan II, a maior mesquita do mundo depois de Meca, com o minarete mais alto do mundo, com duzentos metros de altura. Estou algo ansioso pela visita ao edifício, que inclui o interior, que dizem fabuloso. Depois viajaremos para Rabat, a noventa quilómetros daqui, onde visitaremos o mausoléu de Mohammed V e a Torre de Hassan, réplica da Giralda de Sevilla, destruída pelo terramoto de Lisboa. O ponto alto do dia será a visita à famosa Kasbah...  

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

RAIOS OS PARTAM

Raios os partam

Desta vez nem preciso de escrever... E como a campanha eleitoral já começou para alguns partidos de poder... Mais vale assim.

sábado, 18 de setembro de 2010

PASSEIO NO DESERTO OU ÊXODO CAP IV.

Objecto de Fuga - foto Google
     
  1. No dia seguinte à décima praga, Moisés anunciou ao povo a boa nova, e o povo ficou a saber que a Boa Nova era o terminal de carga da Galp e onde se fez um novo Hospital privado;
  2. E assim que Moisés deu ao povo a notícia que iriam emigrar para leste, o povo de Deus gritou a plenos pulmões:
  3. "Mas estás doido ou quê?? No deserto vais comer calhaus? Além disso, achas que somos ciganos e o Faraó o Sarkozy?" - o que demonstrava a organização do Povo de Deus, pois não é fácil coordenar tanta gente a dizer tanta coisa ao mesmo tempo;
  4. E assim partiu o povo, e eram muitos milhares, com seus pertences e todos os seus animais, incluindo maridos;
  5. E Moisés os levou para leste, de encontro ao mar, através do deserto, e chegados ao mar acamparam e passaram a noite;
  6. E durante a noite o coração do Faraó de novo se endureceu, e este deu por maldita a hora em que comprou manteiga Novaçores em vez de Becel sem sal;
  7. E o Faraó se lembrou que havia ganho 30 euros à sueca ao Moisés; e chorou os trinta euros, e logo pôs de sobreaviso todo o exército do Egipto, todos os seus soldados e carros de combate, scuds e patriots, rockets e boeings da American Airlines;
  8. E assim que amanheceu, o Faraó saiu em perseguição de Moisés; e o Povo de Deus, vendo que o exército egípcio se aproximava e tinha via verde na autoestrada do Suez, atemorizou-se e interpelou Moisés:
  9. "Ouve lá, ò menino, não sabes que as dívidas de jogo não saem da mesa? Vê lá se o gajo se lembra de nos matar todos os animais, incluindo os maridos!"
  10. E Moisés clamou ao Povo: "Nada temais, pois ele fez batota! Não tenciono pagar-lhe cheta nenhuma! Mas Deus é a minha testemunha que nada vos acontecerá!";
  11. E Deus apareceu em pano de fundo, abanando a cabeça e dizendo que não havia sala nenhuma em Elvas, e por isso não era porra nenhuma de testemunha; e mais a mais, tinha recusado entrar para as testemunhas de Jeová, por lhe parecer graxa;
  12. E eram sete e meia da manhã, e os dois catamarãs da Transtejo chegaram, e levaram todo o Povo de Deus para a outra margem, e ficaram lotados, e tão cheios iam, com todos os animais incluindo os maridos, que avariaram e não regressaram àquela margem;
  13. E o Faraó amaldiçoou o facto de ter privatizado a Transtejo e eles agora fazerem o que muito bem entendem e não darem cavaco a ninguém, e apareceu o Pedro Passos Coelho a afirmar que a culpa não era das privatizações, era dos funcionários públicos;
  14. E assim o povo de Deus, com todos os seus pertences e animais, incluindo maridos, seguiu Moisés para o deserto; e era o deserto do Sinai, e era um deserto seco e sem água, e quente e fazia transpirar como o caraças, e eles sem Vasenol;
  15. E Moisés pediu indicações a Deus, que lhe disse que o seguisse até à Terra Prometida, pois sabia o caminho. Havia perguntado a uns trabalhadores de uma petrolífera que por ali trabalhavam num rig;
  16. Mas alguns dos trabalhadores eram portugueses, e um enviou-os para sul, outro para leste, outro para oeste e outro ainda para norte, e o quinto queria jogar à sueca com Moisés, e o povo não deixou, dizendo que se sabia lá quanto iria perder o burro desta vez;
  17. E a sede era muita, e o povo definhava e os primeiros maridos começaram a cambalear, bem como outros animais. E o povo pegava em pedras e espremia-as, tentando obter água, e depois tentava acertar em Moisés com elas, e assim nasceu a noção de lapidação;
  18. E Moisés pegou num arbusto com dois ramos, e procurou água, e encontrando o veio, disse-lhes que cavassem ali, ao que o povo retorquiu se não bastaria a Moisés tocar o solo com o seu bastão, e este disse que não tinha pilhas, e um dos do povo logo disse que comprasse Duracell como os coelhos;
  19. E de novo apareceu Pedro Passos Coelho, dizendo que a culpa não era das pilhas privatizadas, mas sim dos funcionários públicos que faziam pilhas, e que a água que dali saísse devia ser privatizada;
  20. E surgiu água do poço escavado pelos animais incluindo os maridos, e correram com Pedro Passos Coelho, que logo lhes exigiu 1 euro por copo; e escasseava a comida, e era um dos problemas do povo, e Moisés se compadeceu muito, e os calhaus com que apanhou na testa lembraram-no de se compadecer;
  21. E Moisés retirou-se do povo para orar ao Senhor, e também para curar as feridas das pedras e dos paus e das fisgas e canivetes que os ciganos lhe tinham atirado; e logo orou ao Senhor e disse-lhe:
  22. Senhor, para que me tiraste da corte do Egipto, se o Faraó era um gajo porreiro e o teu povo não morria de fome?", e Deus respondeu: "Porque jogas sueca mal e porcamente e o gajo ia te sugar o tutano, seu burro do catano!"
  23. E reapareceu Pedro Passos Coelho, corrido pelo povo, reclamando que seria necessário privatizar Deus, ao que o Senhor e Moisés responderam com violentas chapadas nos gónadas do candidato a primeiro ministro da Terra Prometida;
  24. E Moisés clamou a Deus, e suplicou-Lhe; e Lhe disse que não seria por ele, pois sabia que era o herói daquela história e que de alguma maneira iria sobreviver àquilo tudo, mas pelo Povo e seus animais, incluindo os maridos;
  25. E logo ali Deus lhe disse que não contasse com aquela vida toda, que o ar do deserto é assim para o quente e queima, e mais lhe disse que conduzisse o povo por mais vinte e três metros e quarenta e nove centímetros, até ao Dive-In da ManãCDonald's, "seu cego de excremento";


Foto Google - e é mesmo verdade, até daqui a uma semanita ou quê...

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

DESRESPEITO PELAS CRENÇAS CRISTÃS

Imagem JN
A imagem à esquerda não deve ser grande novidade para ninguém, faz parte de uma campanha publicitária que anda por aí a rondar as TVs de toda a gente. Eu achei graça à campanha, a sério que achei. Achei graça porque o gelado é "imaculadamente concebido". O facto de o gelado ser imaculadamente concebido nada diz, no entanto, sobre a concepção do bebé que está na barriga da freira que aparece na campanha, mas deixa sugerir que este também o será. Uma forma engraçada de brincar com a Imaculada Conceição de Maria, mão de Jesus Cristo.
Reza o mito que Maria terá recebido o arcanjo Miguel (ou Gabriel, segundo outras versões) num sonho, que lhe terá anunciado o glorioso destino de ser mãe do Cristo, o Redentor, ao mesmo tempo que lhe terá implantado a respectiva "semente". Isto de engravidar em sonhos é interessante, sem dúvida, permanecendo a questão no ar que este verão fez furor: Mas quem será, quem será, o pai da criança?
Ora quem não gostou nada disto foi a Advertising Standards Authority, que regula os termos da publicidade do Reino Unido, vulgo Grã-Bretanha, que impôs a proibição do anúncio. Alegou este instituto público britânico o título deste post, ou seja, que o anúncio leva ao desrespeito pelas crenças cristãs. De acordo parecem estar muitos consumidores daquelas paragens, pois a campanha foi mesmo assim publicada em duas revistas, facto que levou a diversas queixas.
Numa altura em que se sabe que 14 dos 22 padres condenados por pedofilia em Inglaterra e Gales continuam a exercer o sacerdócio, ou seja, que as instâncias da Igreja se estão borrifando para a justiça e continuam a proteger os seus pedófilos, levando à conclusão óbvia, para os mais maliciosos, que a Igreja apoia a pedofilia, não deixa de ser interessante este tão grande empenho em proteger as crenças cristãs. No fundo, deve ser a mesma coisa, proteger os conceitos católicos, os seus mais firmes dogmas e saltos de fé, ou seja, a Ressurreição, a Imaculada Conceição e, aparentemente, a pedofilia...
Cartoon Google
Mais ainda se torna estranho que países cristãos (notar que a Grã-Bretanha nem sequer tem uma maioria católica) tenham tão arreigadamente defendido uma suposta "liberdade de expressão" no caso da indignação dos muçulmanos aquando da publicação de diversos cartoons, como este que apresento aqui em baixo. Uma freira grávida é gravíssimo, padres que continuam padres depois de cumprirem penas de prisão por pedofilia, tudo bem... Representar Maomé num corpo de cão, óptimo... A hipocrisia raramente conhece limites e é bem verdade, e não é necessário recorrer a entidades oficiais, pois muita gente também pensa, aparentemente, da mesma forma.
Quem me conhece sabe e já leu as minhas críticas às religiões, principalmente à cristã e muçulmana. Para mim, ambas e as demais, se desaparecessem, representariam enormes favores à Humanidade. Mas se é para as protegermos desta forma, mostremos, pelo menos, coerência. Por mim, podem engravidar as freiras todas, encornar o S.José quantas vezes quiserem e até acreditarem na existência de Cristo, facto não provado cientificamente. Mas pelo menos preocupem-se com aquilo que é mais importante e não protejam pedófilos. Pelo menos isso...

domingo, 5 de setembro de 2010

O JARDIM DAS FIGUEIRAS

Reza a lenda que Judas Iscariotes, o tesoureiro do grupo restrito mais afecto a Jesus Cristo, se terá suicidado. Nada mais adequado a um escroque que vendeu o seu melhor amigo por umas míseras moedas de prata. Ainda se fossem de ouro, percebia-se. Seria uma espécie de Dias Loureiro, um Sr.Dr. a viver de "parcos" rendimentos na ilha do Sal, apesar de ser arguido no caso BPN. De prata, é escroque mesmo, vendeu-se por pouco, apenas para cumprir uma complicada profecia que já vem dos tempos em que Moisés andou a passear no deserto do Sinai carregando dois calhaus com pinturas rupestres. O que realmente interessa reter é a figueira. Sempre achei uma injustiça aquilo que Deus fez com as figueiras, que são uma das poucas árvores que não dão flor. Mas depois há figueiras e Figueiras. E algumas Figueiras dão-me quase vontade de olhar para cima e dizer: "Tu sabes o que fazes...". Quase, não caio em misticismos facilmente.
Vejam, se quiserem, obviamente, esta notícia do JN. A mim deu-me uma vontade imensa de ir ao grego... É assinada por uma tal Alexandra Figueira. E, tal como a árvore, desde os tempos de Cristo não dá flor. Obviamente, esta figueira não é dos tempos de Cristo, mas certamente mais antiga, baseando uma pretensa notícia em depoimentos de alguns dinossauros como Eduardo Catroga e Miguel Beleza, por isso deve vir dos tempos do Jurássico.
A afirmação do facto de cinco milhões de portugueses viverem do dinheiro do Estado é, em absoluto, uma tentativa mal disfarçada de uma autêntica declaração de guerra civil num país à beira da asfixia económica. E vejamos as contas que faz esta Figueira para chegar aos 50% da população nacional: 
  • 3,5 milhões de reformados (reformados, não pensionistas);
  • 675 mil funcionários públicos;
  • 390 mil beneficiários do Rendimento Social de Inserção;
  • 352 mil beneficiários do Subsídio de Desemprego;
Isto dá, grosso modo, 5 milhões de pessoas que, neste país e segundo a análise de Alexandra Figueira, vivem do dinheiro do Estado, dinheiro esse que provém dos impostos pagos por quem trabalha e desconta.
Equiparar os pensionistas (os tais reformados) a quem recebe RSI parece-me sinceramente de muito mau gosto. Pior ainda, equiparar 675 mil funcionários públicos, que são pessoas no activo e descontam sobre os seus salários (aliás, como grande parte dos pensionistas) a beneficiários do RSI não é de mau gosto, é um atentado à dignidade de quem trabalha. E pode pôr-se aqui a questão, eventualmente, para os que odeiam o sector público, e desses há muitos, por diversas razões, umas válidas outras nem por isso, sendo a primeira de todas a inveja (não se percebendo bem porquê), se esses funcionários públicos trabalham ou não, se são efectivamente necessários ou não.
Ora, o sector público não é muito diferente do privado, e há aqueles que trabalham e outros que não. Simples. Não esquecer, no entanto, que destes 675 mil, só professores são cerca de 150 mil. E muitos médicos, enfermeiras, juízes, magistrados, homens do lixo, piquetes de água e saneamento, funcionários das Finanças, polícias, militares e outros que mais - são todos funcionários públicos. E não esquecer que foi durante o governo de Cavaco Silva, em que pontuaram nomes como Eduardo Catroga e Miguel Beleza, que se deu um salto de 250 mil para 600 mil funcionários públicos aproximadamente.
Mas a Dra. Figueira emenda mais à frente a mão: admite que a maioria das pessoas trabalham ou descontaram para ter direito às prestações sociais. Exclui-se, obviamente, o RSI, que tal como o Subsídio de Desemprego, devia ser alvo de maior e mais eficaz fiscalização. Mas essa seria feita por quem? Por funcionários públicos, evidente. Uma pescadinha de rabo na boca... Já Eduardo Catroga considera que a margem de manobra é pouca para manter o Estado Social, advogando a célebre medida que vai ser implementada não tardará muito: o corte nos salários da função pública. Que todos vão achar muito bem, que esses calaceiros ganhem menos (recordar o salário mínimo nacional e o mesmo salário na função pública, 20% mais baixo). Obviamente, de seguida, virá o corte nos salários do privado e aí veremos como as coisas funcionam.
Por outro lado, o fim do Estado Social implicará, obviamente, e a menos que as pessoas todas deste país sejam comidas por parvos, o que não é inédito de forma alguma, e alguns até o serão mesmo (há de tudo em todo o lado), a devolução de todos os descontos efectuados em sede de Segurança Social, ADSE e demais sistemas contributivos aos que os efectivamente fizeram. Veremos como, se isso, por mera hipótese académica, beneficiaria o Estado, ou melhor, quantos séculos este Estado teria de pagar juros para fazer face a mais essa despesa. Lembro que, por exemplo, medidas tão populares como o Crédito Bonificado, inventado por aquele governo que mecionei atrás, ainda estão a ser pagas pelo Estado português, e é só fazer as contas para chegarmos ao valor astronómico que representa. Embora ninguém se lembre disso.
Um requinte extraordinário, esta notícia, que inclui Eduardo Catroga e Miguel Beleza e suas doutas opiniões. Sendo dois dos responsáveis pelo estado a que este país chegou, não se ouvem pedidos de desculpa ou simples contatações de erro. Melhor ainda, há que mandar umas papaias para o ar para se dizer como isto se resolve. Claro que Eduardo Catroga e Miguel Beleza são pensionistas deste estado. Catroga recebe 9700 euros mensais em pensões várias. Aliás, bastam cinco anos de desconto no Banco de Portugal para se ter direito à pensão. Bem sei que é apenas uma gota no oceano, mas cortar em 90% a reforma a este senhor seria uma boa medida de justiça social. Ficaria com uma pensão de aproximadamente 1000 euros mensais, três vezes superiores a quem, em muitos casos, descontou 40 anos. Eu acho, mas posso sempre incluir-me no grupo dos parvos.
Quanto à senhora jornalista que escreveu não uma notícia incorrecta, mas uma total falácia ao estado das coisas em Portugal, um período de permanência na Suécia, por exemplo, em que 50% da população activa trabalha no estado, poderia eventualmente ensinar algo. Ah e tal, mas a Suécia é um país que não é exemplo para ninguém, está de rastos e vive-se lá muito mal... Pois, é provável... Não menos provável é que não será por ter essa percentagem de trabalhadores públicos que está no estado em que está. Mais provável é que tenha tido uma classe política responsável, que apesar do bom trabalho desenvolvido e, por isso, ter toda a legitimidade, não atira papaias para o ar. E a Suécia até pode falir amanhã. O problema é que já levam muitos anos de vida minimamente aceitável, e nós muitos de vida sofrível.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

CAP III - FEIRA DE VAIDADES

Imagem Google




  1. E assim Deus enviou Moisés para a terra do Egipto para libertar o seu povo, dizendo-lhe: "E não voltes sem o tabaco para o naguilé, estás a ouvir? Sabor a melão! E já agora traz uma daquelas estatuetas do gato deitado, acho graça...";
  2. E Moisés dirigiu-se ao Egipto com o seu irmão Aarão; e chegados à terra do Egipto, de imediato pediram uma audiência com o Faraó, e o funcionário lá apontou e os informou que estavam em 435892º lugar, e que portanto voltassem daí a cinco séculos e meio;
  3. E não desesperando, Moisés insinuou que um 5 com dois zeros seguidos abre muitas portas e por artes mágicas e influência do Dias Loureiro lá foram presentes ao Faraó;
  4. E assim que se viram na presença do Faraó, assim Moisés lhe disse: "Deixarás partir o meu povo?", e o Faraó de imediato retorquiu: "Deixo, quero lá saber é disso! Tu também fostes passear no deserto por quarenta anos e cá não fizeste falta nenhuma!";
  5. E Moisés retorquiu: "Por não deixares partir o meu povo, provarás do poder do seu Deus!"; e o Faraó clamou: "Eh pá, leva lá os gajos, não ouviste?"; mas Moisés estava preparado para o endurecimento do coração do Faraó e lhe disse que, quando tocasse com o seu bastão no Nilo, as suas águas se tornariam em sangue!
  6. E o Faraó respondeu: "Ouve lá, as areias do deserto devem ter tapado a merda dos tímpanos, mas pronto, já que o teu Deus agora quer demonstrar o seu poder, vamos a isso, e é bom que seja algo que se veja. Não perder tempo com merdices, ouviste?"
  7. E Moisés tocou com o seu bastão as águas do rio, e estas se transformaram em sangue, e assim ficaram por uns dias, para o efeito ser mais dramático, findos os quais, Moisés de novo visitou o Faraó, e de novo lhe perguntou se deixava partir o seu povo, ao que o Faraó anuiu de imediato, mas acrescentando: "Mas faz mais um truquezito antes de ires... e jantas connosco, hã?"
  8. E então Moisés anunciou que o senhor iria enviar a segunda praga para castigar o Egipto; e avisou da proximidade da chegada de uma vaga de rãs que iriam invadir toda a terra; e Moisés virou costas, e de novo se cumpriu o que disse, e as rãs invadiram toda a terra;
  9. E recuando as rãs para o rio, novamente Moisés foi à presença do Faraó, e de novo lhe exigiu a partida do seu povo, no que o faraó fez questão. Mas antes convidou Moisés a ver os Marretas, que tinha acabado de inventar com uma rã mais esperta, e ambos jantaram em frente á TV, jantando coxinhas de rã fritas;
  10. E disse Moisés, enquanto beberricava o malte e chupava o havano, que o Senhor iria enviar a terceira praga ao Egipto; e o Faraó estava tocado e lá lhe disse que sim, senhor, manda vir que eu bebo! E Moisés lá mandou vir os piolhos, que ameaçavam atormentar bestas e homens de todo o Egipto;
  11. E, passados os dias dos piolhos, de novo Moisés se dirigiu ao palácio do Faraó, que o recebeu de braços abertos: "Estava a ver que não vinhas jantar cá outra vez! Mais um truquezito?? Olha que este ficou caro, o que eu não gastei em Quitoso, porra!"; e ficou Moisés a saber que os piolhos se preveniam com Quitoso;
  12. "Ai é? E não deixas partir o meu povo?"; e o Faraó dizia que agora queria ver mais, e até onde a vaidade do Senhor ia, e Moisés disse: "Eh pá, fala lá baixo, se ele sabe que disseste essa merda ainda te manda alguma praga de moscas ou o catano. Mas agora que falas nisso, o gajo é um bocado destas merdas, a mim apareceu-me a arder em forma de arbusto, imagina lá...";
  13. E assim o Senhor ouviu a palavra "moscas" e as enviou à terra do Egipto para atormentar o povo daquela terra. E assim as moscas desceram sobre toda a superfície do país, e depressa tomaram conta da Assembleia da República; e assim passaram os dias das moscas, desde Abril de 1174 a.C. até aquele dia;
  14. E Moisés tornou à presença do Faraó, e este lhe disse que podia partir, pois as moscas não o haviam incomodado, ele tinha promulgado; mas que eram assim a modos que animais para o nojento: "São uns trombadinóceos da merda, não fazem nada de jeito... o teu Deus não tem assim nada mais original para mostrar? Quer dizer, rãs, moscas, piolhos... daqui a pouco ainda manda uma invasão de tremoços..."
  15. E Moisés anuiu, vendo que os milagres do senhor não impressionavam o Faraó, e assim pediu ao Senhor para enviar a quinta praga, e as chagas invadiram os corpos dos animais; e o Faraó dizia a Moisés que "depois das moscas e dos piolhos, esta era mais ou menos óbvia, o teu Deus agora desiludiu, não foi aquela exibição... Falta para aí o Ramires ou o camandro... Olha, mete o Carlos Martins de início, pá!";
  16. E assim Moisés, vendo que o Faraó endurecia o seu coração, pediu ao Senhor uma exibição realmente de luxo, com goleada e tudo; e assim Deus enviou ao Egipto a sarna, que rebentava em pústulas e chagas, e quase levava o SNS do Egipto à falência. Quase, mas o Faraó tinha aprovado uma revisão constitucional uns meses antes e o SNS que antes funcionava quase à borla, agora era de graça;
  17. "Não me impressionou, ò Moisés, porra! Para gajo vaidoso, está fraquito o teu Deus, pá... insectos e dói-dóis... ui ca medo!!!"; e perante este reparo, Moisés pegou no telemóvel e discou o número do Paraíso; e após uns minutos, lá disse: "Tava a ver que não, porra!!! Até que enfim, uma praga a sério! Deixa lá essa merda do défice, diz ao patrão que depois eu pago isso, porra!";
  18. E caiu granizo sobre a terra do Egipto, e o granizo pegava fogo assim que tocava o chão, e Moisés temeu pela vida de todos os egípcios e dormiu em temor essa noite; e na manhã seguinte, o Faraó acolheu-o nos seus aposentos e disse-lhe: "Olha, nem sei porque não faço queixa no TPI contra o teu Deus, que esta merda do napalm já não se usa desde a Guiné!! Original comò catano, deixa-me lá dizer-te!! Já reparaste que as colheitas já foram feitas e que esta merda de país é deserto???"
  19. Vendo Moisés que o coração do Faraó de novo se endurecia, embora este dissesse que era apenas do facto de ter acabado o JPS e agora andar a fumar SG Gigante, pediu ao Senhor mais uma grandiosa praga, mas o orçamento andava em baixo para efeitos especiais e lá tiveram de ser gafanhotos, que foram embora mal chegaram, pois aquela merda estava toda queimada e não havia nada para comer;
  20. E o Faraó já rebolava a rir, e gozava muito com Moisés, e Moisés nem ousava perguntar se este deixava partir o seu povo, não fosse o gajo dizer que sim e depois lá se acabava a Feira das Vaidades de Deus. Vai daí, e pediu mais uma praga, e o Senhor mergulhou o Egipto nas trevas!
  21. "Olha, faltou a luz! Queres ver que não paguei a conta! Não, é geral..." - dizia o Faraó, e Moisés anunciou que era uma praga do senhor. "E isto dura muito tempo?" - "Uns diazitos" - "E chamas a isto praga numa terra em que se torra com 50ºC à sombra? Começo a pensar adoptar esse teu Deus para animal de estimação de Rá..."; e Rá torceu o nariz e disse que já tinha uma série deles e todos deuses, estava a casa lotada;
  22. E Moisés novamente ligou para o Céu: "Quem??? Pedro??? Qual Pedro??? Portaria? Nada disso, liga-me ao patrão, pá!!... Mas quem será este gajo agora?... Tou, patrão, tudo bem o tanas! Meteste a pata na poça, pá! Manda lá uma praga que este gajo não esqueça, o gajo já parece um adepto do Fóculporto, tá insuportável!! Se deixa o povo partir? Deixa, mas tu é que... Pois! Não há orçamento???";
  23. E o Faraó perguntou a Moisés: "Más notícias???"
  24. E Moisés mais não aguentou e explodiu: "P#$% que pariu esta merda, pá, aquilo tá falido, não há guito. F&%$-se, car#$%&, os cab#$%s dos arcanjos andaram a desviar fundos e o car#$%&, e agora não há guito! Filhos das P#$%s!!!
  25. "Ouve lá, com essa linguagem, não te quero cá! Pôe-te mas é andar daqui para fora que isso não admito! E leva os gajos todos da tua laia, e gajas também! Não quero cá essa gente! Olha, até te digo mais, pago um bilhete a cada um e ainda vos dou 300 brocas para vos ver daqui para fora!".