As últimas noites foram atribuladas lá pelas bandas do sul do país. Quique que vai, Jesus que vem, lagartagem sem presidente (há já três anos, diga-se), Paulo de risco ao meio cheio de losangos na cabeça, cabeça que parece ser coisa que Dias Loureiro já não tem, e coisa que alguns sindicalistas afectos a um determinado partido de esquerda gostavam de cortar ao Avô Cantigas. Tudo bons rapazes, e no meio da desgraça geral, está o Rui Costa de mãos na cabeça. Como se pode ver, podia haver outro terramoto em Lisboa que ninguém dava por nada.
Mas todas estas confusões não são nada comparadas com a confusão que vai num determinado bairro sadino, chamado de Bela Vista. Ora esta história é rocambolesca. É mesmo daquelas à "citoyen" dos velhos tempos de tomada da Bastilha. O povo revolta-se, o povo contra ataca. Obviamente, cheio de razão, quanto mais não seja, cheio de vontade de ter razão.
Parece que há uma esquadra da Polícia na Bela Vista. E parece que tem polícias lá dentro. Um dia destes, um dos elementos do povo foi apanhado a fazer uma assaltozito qualquer, e um polícia com um pouco mais de pontaria estoirou-lhe os miolos. Por si só, já seria uma grande notícia - um polícia que conta com três coisas extraordinárias e que não se vêm muitas vezes: primeiro, tinha uma arma funcional, coisa nem sempre garantida pela PSP; segundo, com uma pontaria invejável, o que nos diz que não faltou à chamada para treino de tiro na carreira; terceiro, conseguiu apanhar um assalto antes do fim - condição rara!
Mas, logo de seguida, alguém salientou que algo deve ter falhado. Por que razão o tiro não foi de aviso, mas sim logo para matar (nem para ferir foi!). O polícia, logo disseram os mais entendidos nesta matéria, abusou da autoridade e demonstrou excesso de zelo. Logo o povo se revoltou, pois "não havia direito de matar o rapaz, com um tiro a matar, logo para a cabeça!", como bem soube dizer às câmaras da TVI uma senhora do bairro.
É lamentável que um jovem, que apesar de ter sido apanhado em flagrante assalto, tenha visto a sua vida ceifada, sem hipótese de redenção. Eu penso que sim, é lamentável. E mais lamentável ainda é que o jovem em questão tenha resistido à detenção de caçadeira de canos serrados em punho, pois era com ela que ele tentava redimir-se. É evidente que o povo da Bela Vista tem razão em revoltar-se - afinal, qualquer um deles podia ter sido abatido pela Polícia. Bem, com excepção daqueles que não cometam crimes violentos, mas esses não contam. Vai daí, toca a atirar coktails molotov à Polícia, dar tiros na esquadra e incendiar carros.
Alguns simpáticos políticos aventaram que não se trata de um caso de polícia, mas antes de um problema puramente social, com raízes no desemprego e degradação das condições de vida. Não sei que desempregados estes senhores conhecem, os que eu conheço não andam para aí aos tiros com caçadeiras de canos serrados nem a atear fogos a automóveis... Mas eles devem saber do que falam, quem sou eu para duvidar do que eles dizem? Eu até concordo que as condições de vida propiciam muitas vezes actos desesperados, mas nem todos aqueles que ficaram sem emprego andam por aí de cocktail na mão.
Não podemos iludir a verdade. A verdade é que morreu um jovem, situação que lamento desde o início, e ainda mais lamento que não morram mais como este. Sei que não é agradável escrever isto, mas que raio, não justifiquem tudo com a sociedade! O indivíduo também conta para alguma coisa, não é só estatística. E há indivíduos que estão melhor assim: mortos!
Mas todas estas confusões não são nada comparadas com a confusão que vai num determinado bairro sadino, chamado de Bela Vista. Ora esta história é rocambolesca. É mesmo daquelas à "citoyen" dos velhos tempos de tomada da Bastilha. O povo revolta-se, o povo contra ataca. Obviamente, cheio de razão, quanto mais não seja, cheio de vontade de ter razão.
Parece que há uma esquadra da Polícia na Bela Vista. E parece que tem polícias lá dentro. Um dia destes, um dos elementos do povo foi apanhado a fazer uma assaltozito qualquer, e um polícia com um pouco mais de pontaria estoirou-lhe os miolos. Por si só, já seria uma grande notícia - um polícia que conta com três coisas extraordinárias e que não se vêm muitas vezes: primeiro, tinha uma arma funcional, coisa nem sempre garantida pela PSP; segundo, com uma pontaria invejável, o que nos diz que não faltou à chamada para treino de tiro na carreira; terceiro, conseguiu apanhar um assalto antes do fim - condição rara!
Mas, logo de seguida, alguém salientou que algo deve ter falhado. Por que razão o tiro não foi de aviso, mas sim logo para matar (nem para ferir foi!). O polícia, logo disseram os mais entendidos nesta matéria, abusou da autoridade e demonstrou excesso de zelo. Logo o povo se revoltou, pois "não havia direito de matar o rapaz, com um tiro a matar, logo para a cabeça!", como bem soube dizer às câmaras da TVI uma senhora do bairro.
É lamentável que um jovem, que apesar de ter sido apanhado em flagrante assalto, tenha visto a sua vida ceifada, sem hipótese de redenção. Eu penso que sim, é lamentável. E mais lamentável ainda é que o jovem em questão tenha resistido à detenção de caçadeira de canos serrados em punho, pois era com ela que ele tentava redimir-se. É evidente que o povo da Bela Vista tem razão em revoltar-se - afinal, qualquer um deles podia ter sido abatido pela Polícia. Bem, com excepção daqueles que não cometam crimes violentos, mas esses não contam. Vai daí, toca a atirar coktails molotov à Polícia, dar tiros na esquadra e incendiar carros.
Alguns simpáticos políticos aventaram que não se trata de um caso de polícia, mas antes de um problema puramente social, com raízes no desemprego e degradação das condições de vida. Não sei que desempregados estes senhores conhecem, os que eu conheço não andam para aí aos tiros com caçadeiras de canos serrados nem a atear fogos a automóveis... Mas eles devem saber do que falam, quem sou eu para duvidar do que eles dizem? Eu até concordo que as condições de vida propiciam muitas vezes actos desesperados, mas nem todos aqueles que ficaram sem emprego andam por aí de cocktail na mão.
Não podemos iludir a verdade. A verdade é que morreu um jovem, situação que lamento desde o início, e ainda mais lamento que não morram mais como este. Sei que não é agradável escrever isto, mas que raio, não justifiquem tudo com a sociedade! O indivíduo também conta para alguma coisa, não é só estatística. E há indivíduos que estão melhor assim: mortos!
Concordo plenamente com a tua análise. Chega de impunidade. Hoje ouvi na televisão um morador já de alguma idade que sabia quem eles eram. E deu para perceber que existe um clima de medo imposto por os tais gangs àqueles que são pobres mas que lá vivem e não são bandidos. Todos se esquecem é que estes meninos cada vez que fazem um assalto à mão armada se deslocam a velocidades inacreditaveis e se por acaso for a passar uma criança um idoso ou até uma pessoa que não os veja passam-lhe por cima.
ResponderEliminarPara não dizer que podem apanhar inocentes em fogos cruzados, provocar estragos irreparáveis às vidas de comerciantes já angustiados com a crise, etc, etc...
ResponderEliminarPlenamente de acordo.
ResponderEliminarSó te esqueceste da quarta coisa rara no polícia que o matou. Não teve medo, nem fugiu. Fez aquilo para que é pago... zelar pela segurança da comunidade.
Mas aposto que se há alguém que vai ter chatices e das grandes vai ser este polícia. Vai começar com um inquérito, e o homem semi asfastado e depois logo se vai ver...
Enfim!... Mau demais!
"Jesus que vem"?
ResponderEliminarDesde quando o "Richard Gere" (Gay) português, depois do Folha, vem para o nosso clube?!
Olha que eu já vivi no bairro do Cerco do Porto. Rebento-te todo...
ResponderEliminarAhahhahahahahaha
Pronúncia
ResponderEliminarMuitos polícias deste país não são medrosos nem fogem às suas responsabilidades. Dizes que é para garantir a nossa segurança que eles são pagos.
Agora, pergunto-te: quanto vale a tua segurança? 750€/mês? Ou vale mais? Achas que eles são bem pagos ao ponto de se arriscarem a levar com um tiro de caçadeira? Ou de levarem um processo disciplinar por abater um suspeito armado?
Dylan,
ResponderEliminarFala-se no Jesus (essa do Gere Gay foi boa). Não sei é onde é que ele vai meter o pré-contrato assinado com o Pinto da Costa...
Gostava que aquela imensa nau finalmente tivesse um rumo, com ou sem ajuda divina do Jesus...
Cirrus, claro que não!
ResponderEliminarAgora, uma coisa é certa, há polícias para quê?! Independentemente do que eles ganham por mês.
Se eu mandasse, podes ter a certeza que, no mínimo, trocava o ordenado dos polícias pelo dos deputados. Os polícias sempre vão sendo úteis.
Quanto à questão de colocarem a vida em risco por 750,00€ por mês, tens de concordar que ninguém os obrigou a ser polícias, e quando escolheram aquela profissão de certeza que sabiam os riscos a que estavam sijeitos...
Continua a afirmar que o polícia do caso da Bela Vista, cumpriu o dever dele. Lamento é que venha a ter problemas por causa disso, porque de certeza que os vai ter...
Pronúncia
ResponderEliminarPartes de um princípio perigoso, que pode ser válido noutras profissões mas não tanto no caso dos polícias... Sei lá, pode ser que algum tenha sentido vocação para aquilo, ou até (pasma lá tu!) goste do que faz... E nem tenha ido para polícia pelo ordenado... mas é só uma sugestão...
Cirrus, que princípio perigoso?!
ResponderEliminarSim, muitos haverá que escolheram a profissão por terem vocação ou por gostarem, e ainda bem se assim é, seja lá qual for a profissão.
Mas se escolheram essa profissão de certeza que estavam cientes dos riscos, ou não?!...
Também corro riscos na minha, mas escolhia-a por gosto, por vocação, e não a trocava por outra. Mas quando a escolhi sabia bem para o que ia e quais os riscos inerentes... (claro que não corro os riscos que os polícias correm)
O princípio é esse: o de gostarem de ser polícias e terem ido para polícias porque sentiram vocação e, mesmo sabendo dos riscos, não quiseram saber do ordenado... Olha, um bocado ao contrário dos médicos e advogados, e dos outros, aqueles...
ResponderEliminarMas, mesmo assim sendo, não censuro nenhum polícia por facilitar a sua própria vida evitando riscos, que incluem o fim daquela, por 150 contos...
Mas não me leste a criticar os polícias (pelo menos todos).
ResponderEliminarO que cririquei e critico é o sistema que vai fazer a vida negra a um polícia que até cumpriu o dever dele.
Se escolheram aquela profissão, seja por vocação ou gosto, continuo a afirmar que deveriam conhecer os riscos, independentemente se ganham muito ou pouco (também já disse que ganham muito pouco para os riscos que correm) e são pagos para cumprir um determinado papel, é isso que eu espero deles... que o cumpram.
Ok, já vi que estamos de acordo em muita coisa, mais vale não começara divagar!!
ResponderEliminarÉ evidente que este polícia vai ter problemas por, como dizes, cumprir o seu dever. E vamos ver pelo menos uma das TVs generalistas crucificá-lo...
Parabéns pelo "politicamente incorrecto".Eu penso o mesmo.
ResponderEliminarRosebud
ResponderEliminarOs parabéns são desnecessários, pois expressar-nos é um dever e um direito, mas apraz-me verificar que os receios que tinha em publicar este texto, pronto já há algum tempo, não tinham razão de ser. É com satisfação que vejo que as consciências deste país estão a mudar, a tornarem-se mais tolerantes para quem merece e menos tolerantes para quem apenas prejudica os outros, independentemente das razões que pode invocar para tal, uma vez que, para estes fins, não há meios justificáveis.
Cirrus,
ResponderEliminarsó esqueceste dois apontamentos.
O primeiro não referires o nome pelo qual era conhecido - que eu "adoro" - do jovem produtivo, bon vivant e estimado pela comunidade: 'Toninho Tchibone'.
O segundo foi a declaração de uma moradora que afirmou não haver direito de tirar a vida - e não acredito que tenha havido intenção, mas isto sou eu... - a quem deixa cá filhos. Já agora, onde andava o Toninho em vez de estar a cuidar do filho?
Ah é claro, um terceiro apontamento, achei fantástico a ida ao funeral para homenagear o jovem.
Treze
ResponderEliminarTens toda a razão!!
Mas sabes que o texto já ia longo e, sinceramente, nem acompanhei muito bem todos os desenvolvimentos, dado o rocambolesco da situação.
Mas foi bem observado!
A verdade é que morreu um jovem, situação que lamento desde o início, e ainda mais lamento que não morram mais como este.Exactamente!
ResponderEliminarÉ interessante como, depois de mortos, todos são santos.
ResponderEliminarnão consigo ver qual é o problema... alguem pratica um crime, e é baleado na fuga. e então?
ResponderEliminarmau, é ser morto na beira da estrada por um engano qualquer.
NÃO MEXAS COM O FOGO, VAIS-TE QUEIMAR!
Bicho
ResponderEliminarO problema é como se lida com estas coisas. Parece que o criminoso é a sociedade. Claro que a sociedade não é perfeita, mas imagina só como seria se todos andássemos por aí a defender assassinos. E depois, vêm os políticos dizer que é um problema social. O tanas! Problema social é o desemprego, não é andar armado até aos dentes a aterrorizar os outros!
Tens muita razão quando dizes que não percebes o problema. Nem eu! Mas vai lá dizer isso aos marmanjos da Bela Vista!
Estou farta de hipocrisias e dos politicamente correctos! Andam marginais diariamente a criar insegurança, a roubar, a agredir, são detido e logo soltos, desrespeitam as autoridades... Não me venham com balelas de jovem inocente e polícia tirano! Pode ser que com isto, da próxima vez, o ladrão já reaja de maneira diferente. Eu acho que os polícias têm muito poucos poderes (também é verdade que alguns abusam deles), nomeadamente em relação a perseguições e etc. Este morreu? Não tenho pena nenhuma, por mais triste que seja escrever isto.
ResponderEliminarSara,
ResponderEliminarNão penso que seja triste. pelo contrário, penso que todos ficamos algo mais aliviados, com menos um assassino nas ruas.
As pessoas têm de se lembrar de uma coisa, quem vai à fruta arrisca-se a que o dono da propriedade esteja mal disposto e até calhe a mandar uns tirinhos de sal, depois "ai que dói e não era preciso" mas quem foi roubar falhou primeiro independentemente das consequências, pôs-se a jeito. Há muito inocente que morre para sequer pensar nos culpados.
ResponderEliminar