sábado, 27 de fevereiro de 2010

DIZEM QUE SIM, É ARTE!

Foto DN

Eu já sei o que me vão dizer. Já sei. Vão-me dizer que sou insensível, que não aprecio a arte e que não percebo nada disto e coiso e tal e mais não sei o que camandro se lembrarão. Eu, assumidamente, nunca gostei muito de arte plástica. Não sei bem porquê, se é algum trauma Tupperware de infância, ou pior ainda, não sei se me caiu alguma bacia Domplex em cima, mas isso de arte em plástico não é para mim. Quantas vezes?... Quantas?!... não dou por mim a olhar para um quadro qualquer, qual boi a olhar para um palácio?? Tipo o grande quadro da bola amarela ou os arabescos ridículos do Picasso? Está bem, não são ridículos, as pessoas só não são simétricas porque o artista coisa e tal e mais daqui e d'acolá. Já sei disso. Gosto do Dali. Gosto. Sempre gostei. Mas também é certo que me faz lembrar sempre o Time.

O facto de um artista fazer uma obra de arte não implica, na minha óptica, que o seja na plenitude. O artista ou a obra? Ambos! Não quero saber, mas para mim aquilo que ali está não é arte. Foi alguém que foi a uma loja de óculos e trouxe os óculos com oferta das prateleiras. Qualquer óptica tem este tipo de arte. Não me venham lá com teorias, se o puto indiano é artista por fazer aquilo, então qualquer um de nós é artista porque em determinadas alturas somos capazes de fazer cagadas ainda maiores. E sem a pretensão de sermos artistas.

Então o que é arte para mim? Qualquer forma de arte é válida para mim. Mas tal como não ouço peças musicais com apenas duas notas, também não gosto de ver um quadro com dois riscos apenas e dizerem-me que é arte, o risco de cima é Deus e o risco de baixo é o Homem, e se virarmos o quadro ao contrário tem uma conotação sexual sugestiva. Vão lá inventar para o car#$%&, aquilo são dois riscos!! Querem um exemplo? Aí vai:

Rothko, "Número 14"

Interpretem lá este!! Esta borrada custa milhões. O artista, interpelado sobre o enigmático significado desta genial obra, disse que queria representar o início dos mitos, a criação das lendas. Olhando bem, consigo perceber o que ele quer dizer. Este quadro, esta obra, é um mito. Ou seja, não existe, toda a gente já sabe que aquilo não foi obra de arte nenhuma, apenas uma tentativa falhada de recriar o emblema do FC Penafiel, que por si só, como clube, é também um mito. Mas devo dizer que dada a belíssima textura da parte negra do quadro ( a vermelha deixa um pouco a desejar), Rothko é um excelente pintor de construção civil, só que ainda não sabe.

Pronto, desanquem lá no ceguinho que não percebe nada de arte! Mas primeiro digam-me o que raio é aquela coisa ali em cima, tanto a do puto do Quem Quer ser Milionário Indiano como esta do Rothko. Por falar nisso, alguém sabe o que é um Rothko?? Já alguém tinha ouvido um nome destes? Ai é artístico??? Bem, a julgar pelas obras dele e pelo esforço que lhes dedica até admira ter arranjado um nome tão comprido. Devia ser Tó ou Ni. Ou Tinóni, como fazem as ambulâncias do Magalhães Lemos quando passam com doentes em camisas de forças... E um deles deve ser o Rothko... Ouvi dizer que fugiram 125 doentes do Magalhães Lemos... Mas não se preocupem, já apanharam 250!!! Pena não terem apanhado nenhum dos que fugiu...

20 comentários:

  1. Cirrus, subscrevo na íntegra o teu post!!! Não tenho paciência nenhuma para pseudo-coisas nem para os fãs acérrimos que me querem fazer sentir uma ignorante so porque nao acho que um quadro com rabiscos é arte!!

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  2. Mas fãs de quê?? Quem, no seu perfeito juízo, pode ser fã de Rothko e do seu Número 14??? Mas isto é brincadeira ou quê???

    ;)

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  3. Cirrus, já me ri hoje.
    Atão não percebes nada de arte, hã? Eu tb não, pelo menos desses dois exemplos que mostraste.
    Gosto do Dali e de um quadro que me fascina: "o grito" de Edvard Munch.
    Agora essa arte que depois precisa das explicações do artista para quem quer que a olhe soltar um tremendo: AAAAAAAHHHHHHHH pois é, tava mesmo à vista, até parece que... tem razão o Sr. artista.

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  4. Cat, se calhar a ideia é mesmo essa: o significado estar tão escondido que dá trabalho a descobrir. A propósito, já descobriste o significado das obras que postei?

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  5. Estou como tu, mas eu não percebo nada de arte, apenas sei do que gosto ou não... e para chamar arte a alguma coisa (música, bailado, pintura, literatura, etc) a peça tem que me fazer sentir qualquer coisa. Manias!

    Por acaso conhecia o Rothko, "Número 14" e o "Número 3" também... o tipo tinha uma tara qualquer por números e por vermelho. Manias!

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  6. Pronúncia, o gajo pode ter as taras todas que quiser... O que me assusta é que muitos parecem ter as mesmas taras. E pior, eu sou "obrigado" a ter a mesma tara, pois se não gostar sou "inculto"... Rothko, o teu trabalho (?) não vale merda nenhuma!!!! E isto é para ti também, ò indiano!!

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  7. Cirrus, lá está... eu diria que qualquer um desde que seja excêntrico e faça boa publicidade de si próprio, pode ser chamado de... artista!

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  8. Não, não pode! Só pode ser chamado de artista por meia dúzia de lambe-botas emproados.

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  9. Continuo a achar que a arte é demasiado subjectiva. Eu não chamaria artista a nenhum deles, assim como não chamo a alguns cantores e a alguns escritores, mas isso é a minha sensibilidade artística (ou a falta dela) que não me deixam apelidar aquilo de arte... mas se há quem chame, porque gosta, ou porque é lambe-botas, ou porque é bem achar, por mim tudo bem... não será com o meu contributo directo (indirecto já não digo que eu pago impostos e estes são usados para subsídios a muito pseudo-artista... aqueles que na minha terra têm o nome de calaceiros) que esses artistas sobreviverão!

    Bom domingo!

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  10. Pronúncia, ora é isso mesmo que queria anunciar: a minha indisponibilidade total para pactuar com situações destas. Quando se faz um David, ou um Guernica ou uma Sagrada Família (catedral), há arte. Porque perdura, porque tem valor intrínseco e passa a pertencer ao espólio mundial. Mas quando se rouba meia dúzia de prateleiras com óculos de sol... Vão lá mas é...

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  11. Cirrus, não me faças perguntas difíceis, mas vou tentar.
    A primeira parece a reconstituição de um assalto à uma óptica de Nova Deli.
    A segunda parece-me um negativo fotográfico que ficou "queimado".
    Serve?
    Abraço.

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  12. Cat, penso que está no caminho certo... Não da interpretação de obras de arte, mas a caminho do CSI...

    ;)

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  13. Não gosto de dizer estas coisas, mas tenho que subscrever este post na íntegra! ;)
    É escandaloso, mas até na menção de Dali, tenho que concordar! Esse genial ARTISTA é um dos que prefiro...




    Saevium

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  14. Venus, Dali foi um artista em tudo o que fez, incluindo na sua forma de vida. Estes meninos... Fazem-me lembrar o Rui Pedro Soares...

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  15. Então, aquilo é tão simples e naturalmente a cena que parece que é e não é, ao mesmo tempo que dá a total sensação do que poderia ser e no entanto acaba por não ser...

    (Parece-me óbvio o significado do quadro: É a superioridade do Benfas - o vermelho - sobre todos os outros - o preto é a mistura de todas as cores)

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  16. Noya, em relação à primeira obra, penso que estás enganado. Penso que aquilo é mesmo... uma valente m...

    No segundo caso, a tua interpretação é no mínimo pertinente, deveras oportuna e assaz verdadeira.

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  17. Aqui venho eu, aqui venho eu dizer ... que gosto de Rothko. E de Sean Scully. E de Mondrian.
    (tenho 2 'cópias' compradas no IKEA (ou foi na AREA?) ... penduradas na entrada de minha casa.

    Que é que se há-de fazer? :)

    Pronto, tá decidido, não te convido a ir a minha casa.

    (e não gosto de Dalí, nem de Picasso).

    E gosto dos impressionistas.

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  18. Maya, está bem, pronto. Já foi sorte não me teres chamado nomes...

    ;)

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  19. Rothko é very fine! É Nietzsche mas em imagens que retratam aquilo de que Niet falava por palavras, a saber, a experiência do trágico. beijos

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  20. Loulou, pode até ser. Curiosamente, para mim, é quase a mesma coisa: em vez de experiência do trágico, é uma trágica experiência.

    ;)

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