sexta-feira, 30 de abril de 2010

TEORIA DA RESPIRAÇÃO


Está aí a crise... uhuhuh... chegou a crise. Agora é que vai ser... Bem, a verdade é que este país nunca chegou a viver sem crise. E isso é refrescante. Eu realmente tenho pena dos alemães, dos americanos, dos nokias e dos ikeas, dos bacalhaus e desses gajos todos das noites de seis meses. Aparentemente, esses gajos todos já não se lembram da crise e se esta lá chegar, meu amigo, temos pena, mas nós cá nos amanhamos. Vocês... amanhem-se também. Mas que vai ser o cabo dos trabalhos, lá isso vai.
A verdade é que a notícia não colheu ninguém de surpresa. Até porque nunca há surpresas na economia portuguesa. “Olha, os impostos aumentaram”, “Qual a surpresa?”. “Olha, o desemprego aumentou!”, “Qual a surpresa?”. “Olha, o Pinto da Costa anda com uma brasileira de 23 anos!”, “Qual a surpresa? Pensas que ele recasou com a Filomena por amor ou quê?”. Pois, não há surpresas em Portugal. O que não quer dizer que não haja gente surpreendida. São coisas diferentes. Penso que deve depender do nível de raciocínio.
Agora vêm as soluções. Aumentam-se juros, diminuem-se os salários, corta-se nos clips, nos agrafos e nos lápis Molin nº2, compram-se exclusivamente carros eléctricos, aumenta-se a electricidade, a água, a gasosa, a Super Bock e o tremoço, o gás natural e o desnaturado, acrescenta-se um ponto ao IVA, para passar a ser I.V.A.., mais um escalão no IRS, aquele que ninguém paga, encerram-se urgências junto à raia, cá e em Espanha, já agora, para não se ficarem a rir, introduzem-se portagens nas Scuts, acaba-se com os scuteiros, cancela-se a visita do Papa, cancela-se o TGV entre Cabeceiras de Basto e Ribeira de Pena, cancela-se o aeroporto de Lisboa e vende-se o do Porto, afunda-se o porto de Sines e fecha-se o de Leixões, constrói-se um terminal de contentores em Alcântara, mais um armazém de chineses em Porto Alto, acaba-se com a TVI, com a SIC e com a Porto Canal, acaba-se com a ASAE, com o Ministério da Cultura e com o mistério de Fátima, demitem-se os funcionário públicos e rapam-se pelos púbicos, veta-se a lei do casamento gay, descontinuam-se as operações stop e às cataratas, desarmam-se os polícias e as claques de futebol, vendem-se as bolas de futebol e o Tia Maria, o Burro Alves mais o Miguel Seboso, compra-se petróleo ao Chávez e vendem-se-lhe mais lancheiras com calculadora, aumentam-se os tamanhos das turmas das escolas, despedem-se os professores que sobram, formam-se mais advogados, tiram-se as togas aos juízes e as tangas aos jornais, vende-se a EDP à PT, a CGD ao PSD, a REN à DREN, o PEC à PAC, a CAP ao ACP, a CGTP ao PCTP MRPP, o BE ao FMI, o CDS ao FBI e os submarinos à Hungria, mandamos os russos para casa e os morenos para o domicílio, pomos os presos a trabalhar na Bolsa, as prostitutas no Parlamento e os chulos nas Câmaras. Podemos vender o Douro e deixar ladrar o Tejo, secar o Alentejo e fazer excursões de camelos, pintar a Serra da Estrela de branco e convidar o Garcia, fechar as fronteiras com a Madeira, contratar uma carpideira, fazer um velório, seguido de um casório, ir rezar à missa, mamar na... quinta pata do cavalo, ir a Fátima a pé e passar a mijar sentados, fechar as tampas da sanita, levar o almoço numa marmita, vender o carro e depois o resto da cana, ouvir um fado, cagar de lado, acordar mais cedo, dormir cheio de medo... Porque a crise está aí!
Ouvi dizer que o Governo vai taxar a respiração... Vou deixar de respirar, desenvolver guelras como o cavalo e deitar-me ao mar. Será um passo atrás na evolução, mas que posso eu fazer senão borrar-me todo com a crise? Nem tudo é preferível a viver em Portugal, e por isso eu estou enganado. Porque toda a gente fala em soluções, mas ninguém fala em trabalho, caralho!

PS: A foto é do FDP do Google!!

32 comentários:

  1. Gostei das soluções.

    Até diria que andaste a treinar apneia para escreveres as soluções assim de enfiada... eu pelo menos fiquei quase sem fôlego ao lê-las!

    Olha é um bom exercício para quando o Governo taxar a respiração...

    Falar em trabalho?! Tás doido ou quê?!... isso dá muito trabalho!

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  2. Pronúncia, foi só um desabafo... A solução é simples, e como eu sempre disse: o trabalho. E não é preciso muita transpiração no mesmo, basta que cada um faça o seu. Difícil de entender?

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  3. Não, para mim não é difícil de entender.

    O que me chateia é que começo a ficar farta de trabalhar por mim e por mais alguns, e pelos vistos ainda vou ter que trabalhar por mais uns quantos... Trabalhar demais também cansa!

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  4. Pronúncia, esse é um erro crasso, seja visto pela tua perspectiva pessoal quer na perspectiva social. Esse é o início do fim.

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  5. Cirrus, não percebeste o meu comentário.

    Não estou a falar de excesso de trabalho por acumulação de funções (assim tipo médico/reformado/catedrático, nem gestor/consultor/administrador/reformado... e por aí fora).

    Referia-me ao facto de a tecla "é preciso é trabalhar" ser uma tecla onde bate há anos, continuo a bater, mas parece que alguns só agora começam a ouvir.

    E além disso, saber que nos vão ser pedidos sacrifícios a todos para pagarmos a boa vida, os enganos e a pouca vergonha dessa cambada de inúteis que nunca trabalharam na vida, sempre tiveram tudo de mão beijada, que nos governa.

    Era só isto...

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  6. Pronúncia, eu percebi. Mas penso que isso é errado. É desresponsabilizar quem devia também trabalhar, e desresponsabilizar socialmente quem te emprega. Se têm quem faça tudo, para quê empregar mais alguém? É nessa perspectiva que te disse o que te disse. Se o trabalho é um esforço de equipa (e pode não ser), há que o distribuir pela equipa. Se a equipa falha por falta de trabalho de algum elemento, que se saiba que assim foi, pois esse elemento não merece estar na equipa.

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  7. Não, Cirrus, continuas sem perceber.

    Concordo com o que dizes, mas não foi a "quem faça tudo" que me referi.

    Também sou apologista de que quando o trabalho é de equipa é preciso que ela funcione... o problema é quando herdas equipas que são tudo menos equipas, antes pelo contrário, e tens que as motivar, convencer e pôr a funcionar como equipa... isso dá uma trabalheira do caraças!

    E ainda dá muito mais trabalho, quando finalmente lá vão trabalhando em equipa, os maus ou aprendem as regras ou saem, os bons até ficam motivados e contentes, a coisa começa a funcionar bem, pensas que finalmente vais ter um bocadinho de descanso merecido, mas o boss descobre que afinal esta já está resolvida (outro que tome conta dela) e manda-te "educar" outra não-equipa que tem obrigatoriamente que funcionar como equipa... é motivador, é um desafio, mas é desgastante como o caraças!

    Além disso, sei perfeitamente que nos tempos que se avizinham vai ser ainda mais difícil motivar seja quem for... incluindo a mim! Enquanto uns trabalham, quem deveria a esta hora estar preso, anda a pedir mais trabalho e mais sacrifícios a quem já pouco tem para dar. isso é que me irrita, é que me chateia, é que me tira do sério, é que me faz espumar pela boca... mas, macacos me mordam se eu desisto!

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  8. Sim, agora percebo. És uma "desmamadora". Azar do catano!

    ;D

    Deixa lá isso... A verdade é que já ninguém liga ao que se diz. O que temos de fazer é aquilo que fazemos melhor: votar sempre nos mesmos, deixá-los fazer merda até estarmos enterrados até ao pescoço e pagar pelos erros dos outros.

    O argumento de que se chegou aqui porque gastamos mais do que podemos é muito válido. Acontece que nunca fiz isso. Vou agora pagar como quem fez. Por isso é que desabafei. Estou farto desta treta. Podiam pelo menos distinguir os casos... Mas agora o machado vai baixar e a cabeça vai rolar. A de todos, prevaricadores ou não. E isso sim, é que me recoze todo por dentro.

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  9. Finalmente compreendeste... ;)

    Já ninguém liga há demasiado tempo, por estas razões todas é que isto chegou ao ponto que chegou.

    Nem tu fizeste, nem eu fiz, mas sabes tão bem como eu que vamos pagar como os outros, especialmente por aqueles que nos deixaram neste estado, os que nunca souberam o que é trabalhar, e sim isso deixa-me verde de raiva, e ainda me deixa pior saber que, mesmo pagando por esses, vou continuar a dar o litro... ou melhor os litros, que isto com o litro já lá não vai!

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  10. Oh pá, tu olha o que eu te digo!

    Poe os olhos no nosso Jet7, dedica-te a penetrar nas festas todas, porque ainda as há muitas, apesar da crise. Levas umas pataniscas nos bolsos para o almoço do dia seguinte. Como as roupas te vão ser todas emprestadas, que se lixem as manchas do óleo requeimado nos bolsos. Deixas-te fotografar a ganância, porque disso depende a tua escalada na Socielite(nao confundir com Coors Light porque essa é bebida de pobre). Falamos tanto do Brasil e dos brasileiros e daqui a pouco estamos piores que eles. Tanto em modo de vida, como em personalidade. Só nos falta mais umas colheradas de açúcar no sotaque. De resto, começa a valer tudo...

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  11. Pronúncia, fazer o melhor de podemos não é uma necessidade, é um hábito. E ou se tem ou não se tem. Pagar vamos pagar todos, mas eu espero pagar menos. Sem dramatismos nem falsas modéstias, penso que me preparei bem para o que já ando a pregoar há muito tempo. Quem for apanhado com as calças na mão, que dê o pacote.

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  12. Francisco, poderá vir a ser a machadada final nessa gente e em muita mais que gira à volta destes acontecimentos. Vai haver comunicação social à rasca para se safar. E depois digam que a culpa é de não sei quem, mas parece-me que o país tem de ser intolerante com a falta de qualidade. E já.

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  13. Teria de ser! Agora se vai ser ou não...é muito difícil mudarem-se mentalidades e vícios enraizados, amigo.

    O que sim creio é que chegou a hora de se pagarem pelos devaneios do passado. Escusam de chorar e espernear, porque os erros tem de ser pagos. Também era só o que faltava, que continuasse apenas o justo a pagar pelo pecador. Para isso já nos bastam os políticos e os outros do patamar superior, que pouco ou nada pagarão.

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  14. Já lá vão os tempos do "quem não tem dinheiro não tem vícios". Mas estão a voltar. Ai estão, estão...

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  15. Johnny, nada disso! Apenas algum arrependimento de não ter vivido sem regras.

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  16. Amigo, estás com o gás todo, eu acho que se calhar seria melhor parar para pensar, talvez perceber quais são as nossas vantagens competitivas e que País queremos para daqui a 20 anos.

    Abraço

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  17. Forte, as nossas vantagens competitivas são claras há séculos. Ninguém as potencia.

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  18. Eu também sei quais são: Mas parece que poucos percebem isso.

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  19. Forte, será que poucos querem perceber?

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  20. Talvez um dia aqueles que acreditam num Portugal melhor se juntem se unam e façam um documento do que querem, talvez, sem cores ou partidos ou outros interesses, só e só o bem de Portugal.

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  21. Dizes bem, sem interesses nem partidos. E porque será que dizemos isto? Qual o factor comum? Interesses?

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  22. Há cerca de 2 anos que nós falamos sobre isto,provavelmente nem seremos daqueles que mais sentem na pele, mas nós não temos esses interesses. Talvez porque existe uma estabilidade e em simultaneo dignidade de perceber que a forma como dormimos é muito mais importante que outro tipo de bens materiais.

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  23. Forte, e se nos lembrarmos que em casa em que não há pão, todos ralham e ninguém tem razão, não deixa de ser interessante que quem mais ralha é quem mais pão tem. Mas pronto, se calhar não somos, de facto, quem mais tem a perder. No entanto, vivemos num país que adoramos e isto dói na pele.
    Mas, além disso, dói-me pessoalmente nada ter feito, antes pelo contrário, para contribuir para o descalabro e ter de o pagar também. Não é justo.

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  24. para além disto tudo ainda nos querem (supostamente) roubar o subsídio de férias ou uma parte do ordenado... grandes mother fuckers se eles deixassem de receber milhares de euros por mês com a acumulação de funções, se cortassem às férias de luxo que fazem e se fossem atrás de quem realmente deveria contribuir para a crise (como aqueles que fogem aos impostos) é que era rico.... mas quem paga é o pobre, é o pequeno, é a classe mais baixa. Cortam nos subsídios e na assistência social. que cortassem outra coisa.... pra put@ que os pariu a todos....

    estou enervada com estes anormais que nos afundam e afundam o país...

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  25. Anne, junta-te ao clube. O post foi precisamente escrito com base na indignação que sinto.

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  26. Não sabes que trabalhar dá trabalho? E isso de respirar debaixo de água também vai ser taxado é como às Scuts... :)

    Abraço

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  27. LBJ, não se esqueçam de fazer uns chips de guelra.

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  28. Eu tenho uma solução: imitar a Fernanda Miranda e dar o golpe do baú num velho rico de 72 anos.
    Mas não se escandalizem - eu acredito no amor entre uma mulher de 23 anos e um caquético de 72!

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  29. Dylan, acredito mais nesse do que o que ele tem pela D.Filomena...

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