segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ANTÍGONA

Creonte
Antígona é um diálogo grego, originário da pólis de Tebas, que conta a história de uma mulher, Antígona, que ousa pôr em causa, por uma série de circunstâncias mais ou menos rocambolescas, bem ao estilo grego do início do período clássico, o poder do rei de Tebas, Creonte, e dos homens em geral.
Ora naquele tempo, as mulheres não tinham aqueles direitos todos, e vai daí Creonte aprisiona Antígona e submete-a ao julgamento da Assembleia de Tebas, antes de a entregar aos Magistrados.
Creonte, no entanto, tem uma visão que hoje se torna actual acerca do poder. Diz ele, com propriedade, que "não se conhece o temperamento e o carácter de um homem, antes deste se exercitar no poder e na legislação". Nada mais verdadeiro, até acerca dele próprio, um déspota despudorado com pouco respeito pelo próprio povo.
Hémon, o filho de Creonte, dá conta ao próprio pai da vontade da Assembleia, o conjunto dos homens livres de Tebas, acerca do destino de Antígona, neste delicioso diálogo:

"Hémon: Não o afirma o povo todo de Tebas.
Creonte: E é a pólis que me vai dizer o que devo ordenar?
Hémon: Vês que respondes como se foras uma criança?
Creonte: É pois outro, e não eu, que deve governar este país?
Hémon: Nenhuma pólis é pertença de um só homem.
Creonte: Não se considera que a pólis é de quem manda?
Hémon: Sozinho, numa terra deserta, é que governarias bem."

E pronto, era só isto. Achei tão antigo e tão actual que não resisti. Tirem vossas conclusões.

12 comentários:

  1. Sozinho não... colocava quem governa, quem quer governar da mesma maneira, os capachos e os lacaios que lhes prestam vassalagem, todos juntos. Que se governassem uns aos outros, se bem que o mais certo era que se exterminassem uns aos outros... seria uma benção e um alívio para nós!

    Por outro lado, parece que nos esquecemos que a pólis não é de quem manda, mas nossa...

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  2. Uma boa noite, Cirrus ))

    Os antigos eram (e são) sábios, Cirrus, muito sábios.

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  3. Pronúncia, é bem certo que poderia levar a corja toda com ele... Mas isso seria uma baixa demográfica significativa...
    Sim, a pólis é nossa e só nossa. Há quem esqueça.

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  4. Salvador, não precisa de mo dizer a mim. Mas há aí uma dúvida que quero tirar... Quão antigos?? É que décadas não contam...

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  5. Eu cá tiro a conclusão de que os Gregos também já foram grandes, como nós, mas porque foram mesmo mesmo mesmo mesmo GRANDES continuam, apesar de estarem no mesmo buraco, sempre sempre sempre um bocadão á nossa frente.Nem que seja à conta da Antígona.

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  6. LM, nem sempre aquilo que parece é. Os gregos foram os pioneiros da democracia, mas não esqueça que a democracia grega esquecia 85% da população. De qualquer das formas, também foram os primeiros a corrompê-la. Quanto à situação actual, penso que mesmo mal como estão, sempre se mexem mais que nós, que comemos e calamos.

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  7. Sim, os Cidadãos eram uma minoria, mas onde eu queria chegar era mesmo ao "comer e calar".;)

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  8. OM, só comemos e calamos se quisermos. Há muitas formas de protesto e mais, há muitas formas de minorarmos a crise, mesmo a nível pessoal. Eu já punha em prática muitas, agora mais se torna necessário. E não quero ser como o poeta candidato, mas o facto é que a mim ninguém me cala!

    ;)

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  9. dia 17 manifestaçao dos estudantes
    dia 24 greve geral

    a ver vamos a quantidade de pessoas que vai aderir...
    a continuar como tem sido, teremos uns 40% de adesão apenas...
    bando de *ª&%# sem tarecos....

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  10. Anne, acredito que haverá boas adesões, mas a maior parte das pessoas estão a olhar para tudo isto de forma muito leviana. Ontem, numa votação na SIC Notícias, 87% das pessoas achava que era necessário a entrada do FMI já. Não devem saber o que isso representa. Só quando a canga lhes cair em cima é que vão ver o que tudo isto representa.

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  11. se o FMI entrar de novo em Portugal pouco vai faltar para deixarmos de ter um país para passarmos a ter uma corporação ou uma empresa - já pouco falta.

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  12. Anne, tens a certeza que ainda falta alguma coisa?

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