sábado, 6 de novembro de 2010

VISITA INDESEJADA

Foto Google
Pela minha parte, Sr. Presidente da República Popular da China, Sr. Hu Jintao, pode voltar pelo mesmo caminho que o trouxe para aqui. Pela minha parte, pode até voltar num avião da Qantas, mas dos grandes. Pela minha parte, tenho pena que este pequeno país, mas também os grandes que o acompanham em tantas instâncias internacionais se baixem e lhe lambam as botas.
Pela minha parte, Sr. Presidente, tenho pena que os portugueses estejam mais preocupados com outros problemas, aparentemente bem mais importantes para a sua vida, para reparar sequer que o senhor está cá. Pela minha parte, gostaria de alertar esses portugueses que 95% dos problemas que têm hoje são causados por si e pela sua República, bem como por outras repúblicas que fazem do esclavagismo a sua maior fonte de receita.
Pela minha parte, Sr. Presidente, não é bem vindo a este país. Não enquanto o seu país não tiver condições minimamente decentes para remunerar e honrar o trabalho dos seus cidadãos. Não enquanto o seu país não o eleger a si e aos outros satélites seus em eleições livres e democráticas. Não enquanto não libertar os povos oprimidos pela sola da sua bota. Não enquanto mantiver a sua política de prisão política. Não enquanto não conferir às suas exportações as garantias exigidas pela OIT, a quem tão habilmente suborna. Não enquanto permitir aos seus concidadãos noutros países fazerem concorrência desleal aos cidadãos desses países, com produtos manufacturados por escravos e expostos sem nunca terem pago um cêntimo de impostos. Não enquanto todos os países europeus e até os EUA lhe prestarem vassalagem e pretenderem fazer aos seus povos o mesmo que o senhor faz na China.
Pela minha parte, Sr. Presidente Hu Jintao, não é bem vindo. E apesar de apenas 10% dos portugueses representados na nossa Assembleia da República, aqueles que votaram no único partido que não o vai homenagear hoje naquela sala, que devia ser o símbolo do respeito pela democracia e pelos direitos humanos, terem este sentimento, apesar disso, Sr. Presidente, quero manifestar-lhe esta intenção de o ver partir rapidamente.
Pela minha parte, Sr. Presidente Hu Jintao, apesar de aqueles que, neste país, palram todos os dias contra os seus métodos e baixíssimos standards de direitos humanos e do trabalho, estejam por esta hora a beijar-lhe as botas e a prestar a sua sentida vassalagem, desde o nosso idiota PCP, passando pelos partidos das prostitutas políticas, o PS e o PSD, mais esse núcleo reaccionário chamado CDS, estou para lhe dizer, a si e a quem quiser ouvir, que admiro a atitude do único partido que boicotará essa sessão de lambe-botas. Eu também não o faço, Sr. Presidente. Vá em paz, como chegou. Mas, pela minha parte, não volte tão cedo.
E, já agora, leve aqueles que, pelas suas costas, tão mal falam de si, mas que, na realidade, são os seus melhores amigos e defensores. Obrigado.

14 comentários:

  1. E pela minha parte também. Quando for, já vai tarde.

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  2. Olá Liliana!

    Muito tarde mesmo. É por estas e outras que nunca poderemos pensar em melhorar este mundo.

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  3. A hipocrisia no seu melhor... e assim vai o mundo!

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  4. Infelizmente, o valor da economia fala cada vez mais alto e os Direitos Humanos ficam reduzidos a zero! Atá na linguagem utilizada nas universidades isso já se nota. Alguns professores já dizem aos alunos que o trabalho de grupo não existe, o que existe é o trabalho de equipa, numa clara colagem à linguagem empresarial.
    Pena que não haja muitos a rebelar-se contra esta asfixia!

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  5. Pronúncia, explica lá porque me chamas hipócrita...

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  6. Malena, e a questão económica é atroz, e afecta-nos a todos particularmente. Não é por acaso que se fala tanto em cortes. Cortes disto e daquilo... para quê? para podermos ser competitivos. Contra quem? Contra esta China, que tem escravos a trabalhar? É isso que queremos ser? Escravos?

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  7. Aí está um adjectivo que nunca me lembraria de usar para te caracterizar... foi à Economia versus Política!

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  8. Eu sei, estava a meter-me contigo. Não tens graça, porra!

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  9. Eu sei que estavas, por isso respondi assim, só para poderes dizer:
    "Não tens graça, porra!"

    (previsível, pá!) ;D

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  10. Tudo bem, continuas a não ter graça!

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  11. andamos a vender o país aos retalhos...
    pouco mais falta...
    estender a passadeira vermelha a um homem como este é inadmissível, principalmente quando se impedem pessoas de se manifestarem e exercerem o seu direito à reunião (em defesa do tibete)!!!!!

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  12. Anne, sendo uma causa a que fiz referência no post, o Tibete tem a minha simpatia, assim como tem a Palestina ou o Aceh. No entanto, de referir que as implicações económicas directas do recurso a trabalho escravo é que nos batem à porta todos os dias.
    E mais: Onde estão os arautos da Liberdade dos Povos e dos Direitos Humanos de Portugal? Só o BE é que é coerente? E ainda diziam que o BE é que defendia as "democracias" do Oriente. Está à vista quem não presta em Portugal - a esquerda com palas nos olhos e toda a direita! Estes não são valores políticos, são valores humanos!

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  13. Sinceramente, não me parece que os EUA prestem vassalagem à China, muito pelo contrário. São dos poucos que tocam na ferida dos direitos humanos, são dos poucos que recebem o líder espiritual do Tibete sem qualquer temor. Isto sem falar na atitude provocatória de venderem armamento a Taiwan.
    No entanto, é inegável o relacionamento económico entre os dois. Sabias que a China possui títulos do Tesouro norte americano?! As 2 maiores economias mundiais precisam uma da outra jogando com a política de uma forma hipócrita.
    Qaundo a Portugal, sem dúvida, trata-se de lambebotismo puro e pedante em relação aos chineses.

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  14. Dylan, bem sei que os EUA são o único (arrisco a dizer) país a chamar a atenção dos chineses acerca dos direitos humanos e bem sei que parte da dívida americana está nas mãos dos chineses. E não é uma parte pequena, pelo contrário, é a esmagadora maioria. Compreendo até a hipocrisia económica. Não percebo é a hipocrisia portuguesa, em que apenas o partido acusado de ser conivente com o regime chinês seja o único, afinal, que não lhes lambe as botas...

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