quarta-feira, 7 de setembro de 2011

DA PIROMANIA, IMPOSTOS E OUTRAS TARAS SEXUAIS

Imagem Google

Temos pois que um dado primeiro ministro de Portugal, no caso o corrente, veio lembrar ao povo que este pode manifestar-se, fazer greve e até gazeta à catequese. Mas que não pode causar tumultos, incendiar ruas e comer Cornettos no Inverno. Sendo que este povo, no horizonte temporal do seu mais velho membro, apenas pegou em armas para ir à caça de codornizes e gafanhotos ou quiçá a um filme do Chuck Norris. Sim, porque o Rambo é um tanso e o Arnold um autómato da família dos Tele Tubbies. E a propósito disso, há que dizer que esses bonecos assustam os putos de morte, e deve ser por isso que passam às seis da manhã.
Ora, não perdendo o fio à meada, que é uma expressão estranha, uma vez que uma meada é uma... meada de fio, o que equivale a dizer que não podemos perder o imposto ao governo, o Pê Mê acabou de lembrar ao povo que pode incendiar ruas! Assim à grega e tal. Como me dizia um dos mais estimados membros da blogosfera, o Pê Mê (opto por esta designação por respeito às aulas de B, A, BA do Prof. Soninho Gaspar) antecipa que o povo dê largas à sua indignação nas ruas deste país. À indignação e ao fim de semana alargado, uma vez que as primeiras manifestações estão já brilhantemente no horizonte de inícios de Outubro, altura em que dá jeito mais um dia para fazer ponte para o feriado a dia 5. Ora vai um homem pela rua abaixo, tentando chegar às passadeiras antes dos peões e das piorrinhas (isto para quem se lembra), cheio de moral de dia de trabalho e tal e leva com uma coisa daquelas nas orelhas. ''Ah pois e que sim senhor e pronto, mas nem se lembrem de tumultos e tal''. O homem não era eu, eu ia a pé pelo passeio e só constatei a condução aligeirada. E o que pensa o homem? ''Eh pá, isto incendiar uma ou duas ruas é que era... Talvez a da Trindade, pá. Não, essa não, que a gente não sabe o que precisa no futuro. Talvez mesmo a Constituição ou a Boavista...''. Ora então é caso talvez para pensar que uma manifestação ou greve faz do Pê Mê um casmurro pela falta de diálogo à Guterres, mas um tumulto a sério, tipo Lisboa a arder ou coisa que o valha, isso já é coisa de homem e de fazer do personagem uma vítima. Aliás, os próprios estragos poderão dar jeito em conversa mais ou menos apologética com a famosa Santíssima Trindade, FMI Pai, UE Filho e BCE Espírito Constâncio.
A verdade é que a coligação que suporta o governo – e apenas o suporta, qual bando de machos num bar gay – não me parece sólida. É que logo veio o submerso Portas a reclamar que as greves tornam Portugal mais pobre. Pode ter sua razão. As greves tornam toda a gente mais pobre, particularmente quem as pratica. Pelo menos num dia de salário. Se tiver, se não estiver em atraso e se ainda não tiver pago o IRS e o passe social. Isto torna óbvio que o Portas, que tem estado muito desaparecido desde que foi experimentar os submarinos e respectivas tripulações para o mar alto - dizem as más línguas, que garanto não ser a minha, pois ainda não tenho escorbuto – veio desmanchar o esquema do Pê Mê. Já estavam em pontas opostas do jardim, agora vem mais esta.
A situação é dramática e exige o máximo de criatividade possível para poder ser remendada, não vão os carapaus dar de frosques pelos buracos da rede, e quem diz carapaus diz chaputas ou charroques de profundurra. Que somos nós, aqueles que se lembraram de repente que se podem incendiar ruas, só porque o Pê Mê se lembrou de nos lembrar. Claro que também podemos incendiar redes de pesca, mas perceberam a analogia e até porque incendiar redes de pesca é privar os novos amigos do pedaço de pau do sustento e não é nada fácil debaixo de água, particularmente nas praias de Vila Praia ou de Moledo. E quem diz dessas diz mesmo dessas. Experimentem.
Ora assim sendo, penso que a solução pode passar por alguma coisa como o que vos vou expor. Ou pode passar pela Arrábida, se o Campo Alegre estiver vazio ou com os semáforos avariados. Eu penso que o Soninho nos vai pregar com mais um imposto. Já sei que não é novidade, mas temos de ter em conta as capacidades e habilidades do homem, e não me parece que tenha outras assim à mão de semear. Ou de plantar, ou mesmo de podar. O novo imposto será sobre as greves. Ora toma, faz lá greve mas deixas aqui o pataco, e és livre de fazer greve desde que tenhas cartão de crédito para pagar na hora, pois nunca fiando em documentos de identificação, não vão ser falsos como os certificados de habilitações dos outros que querem ser polícias. Passa na máquina, pilim do lado de cá, vai lá à tua vidinha gritar vivas ao Carvalho da Silva e ao Che Guevara. Ah pois!
Depois pode entrar em acção o Crato, impondo nas escolas uma disciplina de Ética, cujos dois pontos únicos do programa seriam ''Como apedrejar grevistas'' e ''como estudar muito e ganhar muito dinheiro quando for grande, para poder pagar 49% de IRS ao governo do meu país''. Pois, é certo que isso já é o ensinado, de facto, mas é só nas Universidades e essa malta não é de confiança porque já aprendeu a ler mensagens sms.
O ministro da saúde pode tratar da saúde aos grevistas! Pode, mas não o fará, porque se perguntará se Portugal pode ter tantos grevistas. A verdade é que este governo considera, pelos vistos, um grevista como uma pessoa doente dos cornos, no mínimo, quando não do fígado e mal dos intestinos de comer tanta serradura dos móveis de cozinha que felizmente já lá estavam encastrados quando se meteu numa dívida para 120 anos ao Ulrich. Como tal, o ministro considera que Portugal não tem condições para ter tantos doentes.
O Relvas, o super hiper mega ministro pode com certeza anunciar que descobriu 687 grevistas com vontade de trabalhar nesse dia e rapidamente retirar credibilidade ao protesto, mesmo que depois se descubra que 647 nem apareceram à manifestação e os outros 40 afinal são desempregados. Além disso a ministra da jardinagem precisa de calor para poupar no ar condicionado.
Resultado disto tudo? O pessoal não vai pelas greves, puxa das carteiras de fósforos (por essa altura já teremos de ter licença de uso e porte de isqueiro, como no tempo do Salazar) e incendiar ruas! O Pê Mê fica todo feliz, justifica-se perante a Santíssima Trindade e a Angela Merkel finalmente pode chamar nomes aos portugueses. Toda a gente feliz! E os portugueses, como ficam? Ora, com uma ou duas grades de bejecas no meio da rua a cantar ''The roof, the roof is on fire, let the motherfucker burn''. Ou em português: ''O rufo, o rufo isola a faia, letra da mal da faca burro''. Com tremoços, de preferência. Azeitonas já é luxo.

8 comentários:

  1. Remar contra a maré todos os dias e não ver resultados... Ser esmagada pelas políticas que nos asfixiam... Etc., etc., etc.

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  2. Adorei o texto, sinceramente.

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  3. Malena, não desistiremos, não somos desses.

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  4. Ivan, obrigado, bem vindo.

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  5. É incrível a capacidade do nosso povo em aguentar pancadas todos os dias. Até o outro só tinha duas faces; nós levamos numa, oferecemos a outra e voltamos à primeira.
    O que será preciso para levantar esta malta e fazer a vontade ao coelhinho?
    Não acho piadinha nenhuma ao PS (porto Seguro), mas esteve bem a desafiar o Coelho a insurgir-se contra o Jardineiro. Conversa para boi dormir? Certamente, mas estou a espera de ver como o Pê Mê vai reagir.

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  6. Catsone, o Seguro devia ter vergonha ao falar de dívida. Seja da Madeira ou seja de quem for. Isso é tão só uma boa estratégia para quem não tem memória. Nós temos. Quanto ao resto, o português médio é pouco instruído na política, só pode ser.

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LEVANTAR VOO AQUI, POR FAVOR