domingo, 18 de setembro de 2011

IDADE DAS DESCOBERTAS

Foto Google
Portugal é um país estonteante. Um país de belezas escondidas, muitas das quais completamente desconhecidas dos seus habitantes. É um país de sol, boa comida, boa bebida, maravilhas da natureza de uma diversidade imensa. Mas o que mais espanta em Portugal é o sentido da descoberta. O que não devia ser espanto nenhum, dado que foi este país que se deu ao trabalho de descobrir meio mundo em tempos idos. Não tendo agora meios para explorar o espaço nem o fundo dos oceanos, Portugal, no entanto, continua numa senda de descobertas.
A mais recente descoberta foi a Madeira. É certo que a ilha em si, mais Porto Santo, as Desertas e as Selvagens há muito foram descobertas, já no séc. XV (1419). Mas agora Portugal descobriu novamente a Madeira. Descobriu que a Madeira tem uma dívida e, adivinhe-se, é grande. Enorme. Colossal, diria o Soninho. Até o Ollie Rennie, o gajo com cara de azia que nos aperta as porcas dos tostões ficou admirado e quase sem palavras.
Não é Portugal um país espantoso? É, de facto. O facto de descobrir agora que as regiões podem endividar-se é espantoso e inaudito! Um avanço nas contas públicas que por certo poderá dar um prémio Nobel da economia a toda a população portuguesa – o que dava dez cêntimos a cada um.
O facto de este país continuar a assobiar para o lado e ignorar o monstro que o consome a cada passo espanta-me deveras. Sidera-me a falta de vergonha dos portugueses - madeirenses, alentejanos, todos – que preferem ver os seus direitos aniquilados em vez de se combater os monstros que nos corroem. Um desses monstros, sem dúvida o maior de todos os monstros não é a Saúde. Nem a Educação, nem sequer o Exército ou as Obras Públicas. O maior monstro português é a Administração Local e Regional. Ignorar isso, como tem sido feito ao longo dos anos, é meio caminho andado para nos arriscarmos a cortar no essencial para manter o supérfluo. Só espero que não (ou sim) mexam muito neste ninho de vespas. É que o que pode de lá sair ameaça fazer da dívida da Madeira uma dívida de quiosque da esquina... Portugal pode não sobreviver à sua idade das descobertas se deixarmos que nos enganem. E estão a enganar-nos. E bem.

25 comentários:

  1. Mas a campanha para as eleições na zona franca lá continua; e o homem vai ganhar novamente...

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  2. A real vontade que me invade, o texto acerca do que realmente penso sobre os intervenientes nesta fossa lacrada a ouro que encontraram na terra das bananas, se escrito, levar-me-ia para tribunal.
    Neste momento isso não me dava muito jeito porque o meu orçamento está reduzido.
    Ainda sou daqueles que procuro gastar apenas o que posso... Manias!!

    Impossibilitado de escarrar o nó que me aperta, saliento alguns pontos que são extremamente importantes:

    Reacção de Alberto João Jardim:
    Não há buraco nenhum. Reduziram o orçamento e o dinheiro não chegou para as obras.
    Pois.
    Sr. AJJ, se eu encomendasse um Lamborghini Aventador LP 700-4 com o ordenado que tenho, também não ia conseguir pagar. À luz da sua lógica, a culpa dessa dívida seria da empresa para a qual trabalho que, apenas por capricho, não me facultou o valor necessário à compra que eu resolvi levar a cabo.
    O senhor tem o intestino grosso ligado ao cérebro?

    Reacção do Partido Socialista:
    António José Seguro, que se tem desdobrado em comentar tudo e mais alguma coisa para aparecer e mostrar que o PS está vivo, reagiu dizendo qualquer coisa do género,
    Isto é gravíssimo. Como foi possível? Um buraco destes?! Diga o Sr. Primeiro Ministro se mantém, ou não a confiança política no candidato do PSD às eleições regionais madeirenses.
    Pois.
    O como isto foi possível, o quem vai pagar, imagem que isto passa para os credores, o quem vai pagar, o garantir que isto não se repita, a responsabilização de quem escavou a cratera, tudo isto, não interessa nada comparado com saber se o PSD apoia AJJ para ver se é desta que o PS tem um bom resultado na Madeira.
    O senhor tem o intestino grosso ligado à boca?

    Reacção do Partido Social Democrata:
    Carlos Abreu Amorim emitiu um grunhido com mais ou menos o seguinte conteúdo:
    Isto também não é assim tão grave. Está-se a exagerar. Isto não é muito diferente do que se passou em 2009 em que tivemos de rectificar o défice do Governo Socialista. Na altura José Sócrates pôde concorrer, só faz sentido que AJJ também o faça.
    Pois.
    O como isto foi possível, o quem vai pagar, imagem que isto passa para os credores, o quem vai pagar, o garantir que isto não se repita, a responsabilização de quem escavou a cratera, tudo isto, não interessa nada comparado com a possibilidade de ganhar as eleições regionais. Há, portanto, que minimizar danos na aparência...
    O senhor tem cérebro?

    Se eu não fosse alguém razoável, extremamente educado e afectado seria de esperar que os mandasse para o caralho.
    Mas sou. É a sorte deles.

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  3. Já não há mais adjectivos para classificar essa ignomínia! Pena a cegueira do povo...

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  4. Ollie Rennie é muito bom. E o cancro chamado alberto joão jardim (com letra minúscula, sim) vai ganhar as eleições novamente.. Venda-se a Madeira, por favor...

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  5. Cat, como Isaltino, ou Valentim, ou qualquer outro. Qual a diferença?

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  6. Nuno, já li essa reacção em outros locais, e agradeço por a ter posto aqui igualmente. É uma boa síntese e por mim podemos mesmo mandá-los para o caralho. A boa educação tem limites.

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  7. Malena, efectivamente é pena. Mas o que o povo não sabe é que o poder local não é atacado tão frequentemente como o central por uma única razão: há muitas famílias dependentes do poder local, a quem são permitidos todos os desvarios possíveis e imaginários em troca dos empregos que dão. Tão simples como isto.

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  8. Sara, teríamos de vender todas as Câmaras Municipais deste país, e podes convir que não seria fácil arranjar comprador. Em que é que o Jardim é diferente de todos os autarcas deste país? Todos eles estão a esconder a verdadeira dimensão dos seus buracos...

    Ai se a troika sabe...

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  9. O conteúdo em labreguice e gordura...

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  10. Achas mesmo? Eu não acho.

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  11. Cirrus: Antes de comentar o seu artigo, quero dizer que mudei para o GOOGLE CROHME, pelo que preciso de saber se o comentário vai entrar. Faz-me o favor de me dizer?
    Quanto ao nosso país, tem razão, como sempre que o tenho comentado...Custa a crer como este povo que chorou as mágoas das viagens por esse mundo fora, aceite como costumo dizer, a canga, tão plácido e sereno, como se nós tivéssemos que pagar os ladrões que nos roubam.
    Abraço

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  12. Pois... os buracos começam a aparecer.

    Primeiro foi o do Desporto... numa sala fechada. Agora é o Madeira... talvez espalhado pelos muitos túneis (e uma determinada marina).

    Tens razão, é melhor não começar a procurar muito pela Administração Central e muito menos pela Local... ou isto transforma-se num enorme buraco negro que nos engole a todos... se é que não é mesmo isso que ele já é!

    Boa semana :)

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  13. O dia que o povo descobrir que a cabeça não é só para usar chapéu talvez isto melhore...
    De resto concordo em absoluto com o que escreve. Há muito que digo que gostaria de ver as dívidas do país por distrito. Aí sim veríamos o real buraco da coisa. Mas enfim, não convêm muito, porque há que continuar a animar a malta que vota.

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  14. Maria, chegou efectivamente.

    Pois esse é que é efectivamente o problema. Uns roubam, outros pagam. Sempre assim foi e enquanto não acordarmos, assim sempre será.

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  15. Pronúncia, lembra-te que não havia qualquer buraco no desporto, afinal estavam as facturas todas pagas... Foi mais um daqueles fogachos à la TAP. Uma mentirola para distrair.

    Quanto à Administração Local, não duvido que os autarcas deste país (não todos, mas muitos) esconderam muita porcaria debaixo do tapete. E penso que isso foi desde sempre. Não duvido que nada será feito a esse respeito. E o nosso dinheiro continuará a esvair-se nesses meandros.

    Na Administração Central, a jogada é outra. Dar a ganhar às empresas de regime, que estão agora em fase de mudança. Umas apagam-se, como aquelas que ambos conhecemos, outras emergem, como aquelas de que já falamos. O resultado vai ser a nossa efectiva bancarrota, cada vez tenho menos dúvidas. Basta olhar para a EP, e adivinhava-se. Se pagamos portagens nas AE e mesmo assim só uma concessionária levou 900 milhões do Estado o ano passado e 600 neste primeiro semestre... Está tudo dito - pagamos para quê??

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  16. André, não tenho dúvidas a esse respeito. Basta ver a basófia da diminuição de concelhos antes das eleições, por parte de Miguel Macedo e Miguel Relvas, e agora a simples intenção de fusão de meia dúzia de freguesias, como se fosse nas freguesias que se gastam milhões em... nada, ou quase.

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  17. Penso que este buraco afundará de vez o Jardinismo. Será o fim desta espécie de dinastia.

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  18. Dylan, não sei o que bebeste hoje, mas estás a alucinar. Pelo contrário, o homem vai vencer ainda com mais margem...

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  19. Cirrus, não me digas que afinal a novela das facturas desaparecidas no desporto já vai no 4º episódio, é que eu só assisti a 3.
    O 1º em que o Relvas anuncia o buraco, o 2º em que alguém vem dizer que afinal eram só 40 e o 3º em que o IDT confirma a existência de 600 facturas por contabilizar... mas pelos vistos já viste o 4º episódio onde elas aparecem outra vez... estou mesmo desactualizada.

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  20. Não sei, hoje ouvi que existem 600 facturas por processar, o que é muito diferente de 600 facturas vencidas por pagar... Não sei o que ouviste, mas contabilisticamente... Às vezes, uma palavra faz muita diferença...

    Talvez amanhã venha uma outra a dizer que as facturas afinal são talões de mesa...

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  21. Li, já no início deste mês, que havia 600 e qualquer coisa facturas não contabilizadas. Daí o ter falado no 3º episódio (e parece-me que quem o afirmou saberia a diferença... digo eu).

    Mas não me admirava se amanhã fossem talões de mesa... por isso lhe chamei novela.

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  22. Cirrus, meu cromo,

    Só bebo Coca-Cola, mas confesso que o meu comentário foi género desejo.:)

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  23. Pronúncia, tu és FP e menina com algum saber destas coisas. Não contabilizada não é o mesmo que vencida e não paga. Também é certo, não é o mesmo que paga. Mas, como sabes, há algumas razões para a não contabilização de facturas: não cabimento orçamental, ausência de auto de entrega, espera por correcção do auto e da obra, etc, etc... Quantas não estarão nessa situação? Ora isto malabarismos de português não é comigo. O Relvas disse "vencidas e não pagas", não disse não contabilizadas, e são coisas totalmente diferentes.

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  24. Dylan, isso é desejo que não se cumprirá.

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  25. Tu falaste em 40 por pagar. Eu perguntei se já havia mais desenvolvimentos uma vez que tinha lido que haviam afinal 600 por contabilizar.
    Ora, vencidas e não pagas, contabilizadas ou não, parece que de 40 para 600 ainda vai uma diferença grande.

    E sim, sei umas coisinhas sobre isto. Quem disse não contabilizadas foi o próprio IDP.

    Seja o que for, parece que é evidente que alguém tentou escondê-las, para não entrarem no bolo "dívida"...

    São os tais casos "isolados"...

    (malabarismos de português também não são comigo, sabes?! eu é mais números...)

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