sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CHAMA O HORÁCIO!

Foto Google

Portugal está entre os países mais avançados do mundo. E não digo isto a brincar, é mesmo verdade e para que verifiquem a veracidade disso, só em África há 60 países e na América do Sul para cima de uma dúzia... Mas mesmo assim, há coisas que nos deixam estupefactos. Morre um senhor. Encontrado por dois vizinhos que iam levar nabos à casa do falecido, o corpo encontrava-se deitado de bruços no chão da cozinha, com uma pequena mancha de sangue ao lado. Dado o historial diabético e de anterior AVC, os vizinhos concluem que a vítima terá tido mais um destes acidentes. Chamaram a GNR, que logo tratou do assunto e, por sua vez, convocam o Delegado de Saúde, neste caso, uma Delegada.

Obtidas todas as certezas e certificações, o corpo é liberado para a preparação das exéquias, e entregue a uma funerária. Ao lavar o corpo, o funcionário da funerária repara que o pescoço do cadáver está dilacerado por vários cortes e apresenta inclusivamente sinais de perfuração. O homem chamou o patrão e diz peremptoriamente que não mexe mais no corpo. Face aos ferimentos, a Delegada de Saúde "admite a possibilidade" de crime e chama a PJ para início de investigação. A notícia está AQUI, e isto passou-se em S.António, freguesia do concelho de Vagos.

Ora eu não sou perito em medicina forense, mas algumas questões assaltam-me a mente de arma em punho. A atitude dos vizinhos não é de espantar, são pessoas com pouca formação médica e terão concluído que o sangue proviria de algum corte na cabeça, em face da queda da vítima. A GNR, apesar de não ter muito mais formação médica, já não terá a mesma desculpa, devia pelo menos ter verificado o estado do cadáver. Mas, como sabemos, mexer num cadáver em Portugal é quase proibido, até chegar o todo poderoso Delegado de Saúde.

Não quero chamar nomes a ninguém, mas esta delegada de saúde não sabe fazer o seu trabalho? Das duas uma, ou não sabe ou não quis. Um pescoço estraçalhado não lhe chamou a atenção? Mais ainda, será que alguma consequência advirá a esta senhora por tão crasso erro, naquilo que lhe compete fazer, e que poderá eventualmente comprometer de forma irreversível a investigação da PJ? Provavelmente não, em Portugal já nos habituamos a que os responsáveis por erros crassos não sejam responsabilizados. Em contrapartida, não sei se o Estado não virá a processar os vizinhos da vítima, por quererem levar nabos ao vizinho, sem guia de remessa nem declaração do IVA. Não sei se os chegaram a levar, mas penso que sim, pelo menos um grande nabo apareceu por lá, a dita Delegada de Saúde.

Solução? Chamem o Horácio. Sim, esse mesmo, o homem CSI, o das listas! Já estou a ver o gajo a falar com os assistentes, pedindo uma lista de pessoas assassinadas com o mesmo método, uma lista de lojas onde se vendam roupas da marca das do falecido, uma outra lista de moradores do bairro, uma lista dos GNRs que sabem da história, uma lista de marcas de semente de nabo, uma lista dos 60 dias que os nabos demoraram a desenvolver, uma lista de distribuidores de lâmpadas como a da cozinha, uma lista de fabricantes de chiclets de mentol e uma lista de compras. Tudo por ordem alfabética, naturalmente. Depois, borrifa o corpo com uma substância vaporosa e aparece num LCD de 500 polegadas o nome do assassino. Com uma nota por baixo, a dizer: "Despeçam essa Delegada de Saúde, a incompetência tem limites! Contratem o funcionário da Funerária, fica mais barato".

Até a morte toma foros de anedota perante o cenário de desresponsabilização que grassa em Portugal, verdadeira razão do estado do país. Ninguém fez nada, ninguém sabe de nada, somos todos profissionais e pertencentes a uma ordem qualquer, mais poderosa que a justiça. E claro, assim, é difícil dizer que alguém não faz o seu trabalho... São todos excelentes!!!...

10 comentários:

  1. Pois...por causa da esperteza saloia da delegada, tudo o que poderia servir de evidencia para a PJ chegar a alguma conclusao, seguramente foi lavado. Muito bem. Mas vais ver que nao vai acontecer nada a essa iluminada.
    Bom dia para ti.

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  2. Francisco, o problema deste país é este. Vais como alguém aparecerá que vai cobrir as costas a esta senhora, que continuará a exercer (?) as suas funções sem problemas...

    É por isto que o país não está melhor.

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  3. o mal é que senhoras como essa têm sempre as costas quentes por um qualquer primo, tio, amigo do pai ou irmão da vizinha que faz questão de lhe assegurar o papel por mais idiota e incompetente que possa ser. :)

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  4. Anne, não conheço profundamente a missão de um Delegado de Saúde, só conheço aquilo que os vi fazerem em alguns casos que tive a infelicidade de presenciar.
    Mas, de facto, parece-me ser incompetência. E, de facto, não lhe vai acontecer nada.

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  5. O corpo não deveria ter sido examinado por um médico legista?!

    E a delegada de saúde acaso é médica? Não teria de haver uma autópsia? Credo, que coisa mais estranha...

    Realmente... Acho que o Horácio aqui funcionava bem melhor!

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  6. Imagino o relatório da Delegada como algo do género:
    "Ouvi os agentes da GNR dizerem que ouviram os vizinhos afirmarem que o senhor era diabético e morreu de um AVC... logo, a causa da morte foi natural"

    Vergonha!

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  7. Jane, perguntas bem. Não sei exactamente se uma Delegada de Saúde é médica ou não, mas é delegada de... Saúde... Deve ter alguma formação nesse campo, digo eu. E o que disse a delegada da morte? Morte natural? Com o pescoço aberto?

    Não é estranho se pensares que o tempo que a delegada trabalha num caso de homicídio deve ser umas dez vezes aquele em que trabalha no caso de morte natural. Digo eu... Como dizes, é estranho e incompetente demais para acreditar... Mas aconteceu.

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  8. Pronúncia, o relatório devia ser rigoroso e apontar possíveis causas de morte, penso eu. Neste caso, não sei o que terá passado por aquela cabecinha...

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  9. Vou-te contar uma boa, que me lembrei hoje ao ler o teu texto. Nao tem nada a ver com este post, mas com delegadas. Bem, de boa nao tem nada. Por acaso a delegada até nem era nada demais. "Boa" teria sido a cena, se nao fosse o prejuizo.
    Meteu-se um projecto á camara para a construcao de um restaurante. Nao sei se sabes, mas os requerimentos vao em tres vias, para serem assinados pelo arquitecto da seccao de obras, pelo chefe dos bombeiros e pela/o delegada de saude. Foi tudo assinado, fez-se a obra e abriu-se a casa, como muitas vezes se faz. A vistoria so veio quase um ano depois, imagina uma casa fechada aquele tempo todo.
    Chega a senhora delegada no dia da vistoria e diz que fazem falta mais dois pios, exclusivamente para lavagem das maos, um na copa suja e outro na área de preparacao. Ja existiam 1 duplo na copa suja, 1 single na zona de queima e um duplo na área de preparacao, 5 no total, com torneiras manuais e de pedal, como constava no projecto que ela assinou. O arquitecto achou que os que desenhou, por terem os pedais de torneira, cumpriam a lei.
    Quando lhe perguntei porque nao tinha mandado fazer na altura, uma vez que era de lei, sabes o que me respondeu?
    -Voce sabe que as coisas no papel nao sao a mesmo que estar a ver no local. Escapa sempre alguma coisa...
    Resultado, teve de se andar a inventar espacos, que nao existiam, porque num projecto aproveitam-se os cantinhos todos, a abrir buracos nas bancadas de inox, a puxar águas e esgotos, rebentar azulejos e mosaicos. 1500 euros nao chegaram para fazer algo que se fosse feito de raiz, teria sido dissolvido no orcamento. Poderia ter-me queixado da gaja? Podia. Mas eu queria era o Alvará na mao, porque corria o risco de me fecharem a casa e os ordenados tem de ser pagos todos os meses.
    E o mais curioso, sabes qual a utilidade daquilo que se fez? Dá para por legumes de molho, entre outras coisas...cabe na cabeca de alguem que na prática, alguem vai lavar as maos num pio especifico? Quer dizer, quem está no grelhador, vai dar a volta á cozinha para enxaguar as maos, tendo um pio ali ao lado, e vice-versa? Criar leis sentado a secretaria é muito bonito. Na prática é que sao elas!
    Um abraco

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  10. Francisco, a questão não se põe, na minha opinião nessa perspectiva. As leis são necessárias e quem as faz pode estar sentado e também pode vir cá fora ver os resultados do seu trabalho. Eu penso que deviam vir mais vezes cá fora.
    Mas se quem faz as leis, independentemente de vir cá fora ou não, as fizesse bem feitas, julgo que estaríamos todos bem melhor. O problema é que muita gente é incompetente e ninguém tem a coragem para os varrer das posições bem elevadas que ocupam, que deviam estar reservadas apenas aos mais competentes. Penso que isso se aplica também ao post.

    Sabes o que aconteceria se fizesses queixa? Nunca mais abrias o restaurante!

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