segunda-feira, 30 de novembro de 2009

THE WALL - 30 ANOS



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

Passam hoje 30 anos sobre a edição do álbum The Wall. É o último álbum de Pink Floyd com a sua formação habitual. Acima de tudo, é um álbum de Roger Waters. Ironicamente, a única faixa da autoria de outro músico da banda é esta. Chama-se Comfortably Numb e foi recentemente eleita como a melhor faixa rock de todos os tempos.

The Wall é o álbum temático por excelência. Mas, ao contrário do Dark Side of the Moon ou do Animals, é um álbum que não elege um tema por si próprio, é antes uma colecção de temas sob o rótulo Waters. No fundo, é uma biografia de Roger Waters, dividida em quatro partes completamente diferentes. A primeira versa a infância, o trauma da perda do pai na II Guerra Mundial e o controlo exacerbado da mãe:



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

A segunda parte conta como era a vida de um adolescente na Inglaterra, e junta a primeira e a terceira partes na trilogia Another Brick in the Wall. Trata-se do primeiro afloramento político do álbum, tão forte que a faixa mais poderosa ficou para sempre associada à rebeldia estudantil:



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

Entretanto, a parede em que se enclausurava Roger Waters começava a fechar-se à sua volta. O casamento falhado e o refúgio na música tornavam-se novos motivos de autocensura e trauma. Tudo servia, nessa altura, para atenuar o fardo. É a terceira parte de The Wall, quando a parede já está fechada, depois da sua despedida do mundo. Waters não se suicida, mas deixa de viver em sociedade. Torna-se um recluso da sua própria loucura, já bem patente nos álbuns Dark Side e Animals. O trauma com o casamento serve de desculpa para as mais desregradas iniciativas:



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

Finalmente, a última parte. A parte em que Roger se compara ao genocida que tirou a vida ao seu pai. Mas também onde chama a atenção do mundo dos novos movimentos absolutistas que estavam a erguer-se, talvez uma referência velada à então chamada Comunidade Económica Europeia e aos poderes ocidentais. É também agora que Waters é julgado e condenado. Não à morte, mas a sair da parede, a mostrar-se a todos como é. O seu grande medo, revelado dois anos antes em Toronto, torna-se realidade e a parede é arrasada. Dez anos antes do Muro, Waters derruba um outro muro, o seu próprio muro, e assina a sentença de morte dos Pink Floyd. Para sempre.



.The Wall Concert, Earl's Court, 1980.

The Wall aproxima-se dos 40 milhões de cópias vendidas, sem contar com as reedições ao vivo e em vídeo, e não dá sinais de parar de vender. A tournée foi memorável, mas pequena, resumindo-se a cinco localizações, quatro na Europa e uma nos EUA. Isto ficou a dever-se a diversos factores. Primeiro, porque a logística envolvida era tão massiva que se tornou incomportável transportar o palco e o muro. Por outro lado, as relações entre Gilmour e Waters estavam finalmente a ponto de romper definitivamente.

A digressão acabou por ser quase estática, não sendo por isso menos concorrida. O facto de ter de ser levada a cabo em espaços fechados levou a que o espectáculo se repetisse ao longo de vários meses nas mesmas instalações. O espectáculo foi imaginado por Storm Thorgesson e animado com os famosos cartoons e insufláveis de Gerald Scarfe, incluindo, além da mãe, do professor, da mulher e do juiz, o célebre porco voador, desta vez com os martelos cruzados no dorso. Passaram a ser, além do muro construído em palco à medida que o show se desenrolava, o ícone identificativo de The Wall.

Depois, veio o filme. Mas isso... é outra história!

19 comentários:

  1. Olá Eusébio, hoje sou a primeira a comentar, que bom.De todas estas músicas só conhecia a Another brick in the wall.Fiquei a saber mais um pouco sobre a história musical deste disco dos Pink Floyd.Bem hajas por isso.Beijocas.

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  2. tenho esse vynil... :P ahahahah do meu pai mas é como se fosse meu. :)

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  3. "Cirrus": não posso ficar indiferente a esta tua paixão pelos "Pink FLOYD", da qual eu partilho. Gosto verdadeiramente dos álbuns "the dark side of moon" e "The wall". No cortejo da QUEIMA DAS FITAS, DO ANO EM QUE ACABEI O CURSO, um dos carros , precisamente aquele em que eu seguia, era subordinado ao tema "Teacher, live the kids alone..."
    Acho que WaterS foi ,enm certa medida, um falso louco- profético...Haveria tanto para dizer... mas acabei de pôr lentes progressivas e não consigo ainda verbem. Até parece que o teclado dança...
    Beijo de lusibero

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  4. snooker hein??? vai uma partidinha??? perde pagas. :P
    claro, história tinha de ser a tua opção... agora engenharia e gestão industrial... :S nunca te imaginava a ser um "enginheirooooo" :) ahahah

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  5. Fátima, obrigado, e és sempre bem vinda... Mas já sabias disso, certo?

    :)

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  6. Ana, o meu também é vinil. É o que dá comprar originais...

    ;)

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  7. O melhor álbum de sempre.
    Música, letras, pensamento num álbum conceptual mágico.

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  8. Maria, não somos os únicos. Há por esse mundo fora muitos floydianos.

    Waters foi, sem dúvida, a certa altura, um louco falso profeta, não duvido. Mas, ao mesmo tempo, foi o único Floyd, à excepção de Syd Barret, que conservou aquele brilho nos olhos. É ainda um génio que nunca dará ao mundo tudo aquilo que poderia. O que ele pode fazer é maior que ele próprio, não consegue exprimir mais do que já deu.

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  9. Ana, não te metas nisso, não jogo a perde pagas! Ou antes, não jogava. Agora ando meio destreinado, de certeza...

    Já exerci engenharia, agora exerço gestão. Não sei de qual gosto mais, mas de certeza que de nenhuma como gosto de História!

    :)

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  10. Forte, pelo menos um dos melhores de sempre, sem dúvida. Um álbum negro que brilha muito!

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  11. Gostei da homenagem, mas estava à espera dela... desconhecia muitas coisas que aqui relataste!

    Como eu digo sempre, a minha relação com a musica é muito especial. Não tenho ídolos, não tento saber tudo sobre quem escreve ou faz as composições musicais... apenas sei se gosto ou não, e se muito ou pouco!

    E estes senhores sem dúvida nenhuma que para mim fizeram música na perfeição! Por isso gosto muito e por isso para mim são, não uma banda, mas... A BANDA!

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  12. Pronúncia, A Banda. Sempre, para sempre.

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  13. Não conhecia as musicas todas, e ainda não as ouvi, mas gostei muito de ler o texto.

    Não conheço por aí além a história dos P.F. mas ficar a conhecer assim, tem outro sabor.

    E é bom.

    (Fazendo de conta que é a primeira vez, e que ando aqui cheia de nove horas, e tal, parabéns pelo blog.)

    ;)

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  14. Jane,

    Não sei se és apreciadora deste género de música, mas se fores, vale a pena conhecer a música e a história da banda, que é muito enlevante e explica muita coisa.

    Obrigado!!!

    :)

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