domingo, 27 de dezembro de 2009

HORA DA MINI?

Foto Associated Press

Cá para mim, está na hora da mini. Há Minis Geladas está de novo a ser contestado nas ruas de Teerão. Possivelmente, ter-se-à criado um movimento que poderá ser determinante no futuro do país. A pena é mais forte que a espada, e os contestatários ao regime cinzento de Há Minis Geladas e do Ai a Tola Caminhei podem ter ganho uma supremacia moral que parece ser insofismável. Portanto, penso, cá para mim, que vai sair uma mini. Quanto ao Caminhei, o caminho faz-se caminhando, mas este já caminhou, é altura de marchar.

Para mim, é uma mudança bem vinda. Qualquer regime baseado na religião, seja ela qual for, é sempre factor de atraso do seu país. Isto independentemente das condições em que viviam os iranianos antes da Revolução Islâmica (não eram das melhores...). Um país que detém as riquezas que o Irão detém não pode viver voltado para si mesmo. Está na altura de o povo iraniano não só ter escolha (isso já tinha), mas de efectivamente não ter medo de escolher. E o medo que lhes é imposto, além da pressão física, é a pressão psicológica do "vais para o Inferno" ou "Deus não quer assim". Não é dessa forma que se obtém seja que progresso for, e nós, ocidentais, somos prova disso. Só quando começamos a mandar à fava os religiosos é que isto andou um pouquinho para a frente. É o que desejo ao bravo povo iraniano, que deixe de ouvir os homens que através de Deus manipulam a miséria humana a seu bel-prazer.

Serve este post para dar conta do fenómeno inverso na nossa sociedade. Cada vez se dá mais atenção, em Portugal, ao que a Igreja Católica e sua hierarquia têm a dizer sobre questões sociais. Por mim, nada terão a dizer, já que o foro da Igreja não é social, mas sim espiritual. Pode revelar-se no plano social? Pode, e revela-se. Infelizmente. Pode intervir nesse plano? Não deve, mas pode e manifesta-se, com uma força que todos julgávamos desaparecida, aliada a fenómenos de extrema direita, xenófobos e homófobos por natureza. Vemos ressurgido o chavão do "Deus, Pátria e Família". Vemos que são concedidas benesses aos membros da Igreja que não são concedidas a elementos da sociedade bem mais válidos e produtivos. Talvez estejamos na iminência de voltarmos a ter a nossa política ditada nos sermões de Domingo de manhã, na Igreja Paroquial (no tempo do Guterres era assim...), como não vai assim há tanto tempo.

De outra coisa apetece falar. Mudando diametralmente o rumo à conversa, esta poderá a vir a ser a oportunidade de ouro para a paz no Médio Oriente. Sem Hezbollah, sem Hamas, sem extremistas apoiados pelo Irão, poderá ver-se efectivamente qual a direcção que Israel deseja ver tomada naquela região. Veremos se serão invertidos alguns processos, algumas intenções. Bem sei que, para isso, também os extremistas israelitas teriam de ser destronados, e muitas famílias judaicas deslocadas das suas actuais localizações ilegais. Mas se desaparecerem as pressões do Irão, talvez a paz seja uma realidade mais próxima, e os povos da Palestina, de Israel e da Jordânia deixem de servir como arma de arremesso de Teerão e de outros interesses mais obscuros.

Quem sabe?? Vai uma Mini? Parece que podemos vir a festejar algo de jeito na passagem de ano afinal! Quem sabe?

13 comentários:

  1. Cirrus: como sabe, leio tudo a respeito destas regiões do mundo e vejo tudo o que me possa informar melhor ,para não ter ideias dúbias.
    Grande texto este; muito esclarecedor , claro, com o estilo da brincadeira que torna saudável a leitura e elucidativo.
    Gostei de ler ,nas entrelinhas, que o Cirrus acredita no diálogo, como eu, caso Israel mude de política, para ajudar o dito consenso, nas negociações de paz que possam surgir.
    Não entendi muito bem o que se passou ontem no Líbano e ainda estou à espera de saber mais, para fazer os meus "juízos"; mas confio tanto que todos por ali consigam a sua Pátria e viver , senão em harmonia, ao menos em paz nas suas casas e em legitimidade.
    Alonguei-me!
    Bom ano para si e toda a família!
    bj amigo de
    LUSIBERO

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  2. bem já sabes a minha opinião em relação aos extremistas religiosos, sejam católicos ou islamicos ou de quaisquer outros credos...
    é verdade o que dizes, cada vez mais o fanatismo religioso cresce e atrofia as mentalidades em portugal, com argumentos infundados e completamente refutáveis, como o da pátria e família, que só demonstram a estreiteza de ideias que a religião pode incutir nas pessoas... como o tal cardeal de lisboa que disse que os cristaos têm de combater e converter os ateus, que são um risco para as convicções e ideias da igreja... é mesmo de perguntar o que raio é isto...

    quanto à situação do islão é com agrado que vejo que houve finalmente uma separação estado-religião, esperemos que isso leve a um futuro de paz, ou menos guerras, na zona...

    um bom ano... :)

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  3. só uma pergunta, será que vamos voltar aos tempos do integralismo lusitano que levou ao estado novo??? já temos um "ditador" no poder, não deve estar longe... :P

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  4. Maria, aquela região é por mim muito bem amada, como sabe, e parte do meu coração está naquelas paragens. Não é demais ansiar que um povo como o árabe se emancipe de meia dúzia de extremistas que lhes tem roubado a alma e o engenho. Outrora, foram os precursores da civilização ocidental, da ciência e literatura. Hoje, lutam por se manterem a par do que melhor há no mundo, quando deviam estar envolvidos nos progressos que se fazem. Isto é apenas culpa de uma coisa: da religião.
    O que aconteceu é simples, é a política do terror, que ainda vai imperando por aquelas partes. Tenho esperança que um abanão ou mesmo queda do regime em Teerão pudesse clarificar as coisas, pois muito se iria saber acerca das verdadeiras intenções de todos os envolvidos.

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  5. Ana, não sou contra a Igreja proclamar um combate ideológico na sociedade. estão a defender os seus valores. Sou contra, isso sim, as imposições que estão prestes a entrar pela nossa casa dentro por fraqueza de um Estado laico que nada faz para governar dessa forma. Ainda teremos de engolir muitos sapos antes de reduzir a Igreja em Portugal àquilo que realmente deve ser: conforto espiritual para quem acreditar e quiser. Para já, ainda têm demasiado poder político e social. Isto em parte porque parte do nosso povo continua a ser xenófobo e homófobo, a parte cristã. estão no seu direito de impedir casamentos gay nas igrejas, mas isso também não é o pretendido. Não estão é no direito de se arrogarem defensores da única moral vigente. Não preciso de ser católico para ser boa pessoa, e ninguém se deve esquecer disso!

    Quanto ao Irão, ainda não há separação efectiva entre poderes eclesiásticos e seculares, mas possivelmente poderemos estar a caminhar nesse sentido. Resta saber quantos cairão por esse idea.

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  6. Não me parece que uma eventual reforma no Irão tenha sucesso. Nem com toda a ajuda do exterior. É um pena...

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  7. Dylan, eu estou optimista! É uma acção popular, pode ter um sucesso parecido com a queda do Muro ou a revolução na Roménia. As coisas podem precipitar-se nesse sentido.
    O problema é se, como dizes, há ajuda do exterior. Então aí sim, acredito mais num banho de sangue. Não se dão ajudas nestas situações, nunca funcionou substituir um governo autoritário por um governo fantoche. Basta olhar para os exemplos que temos.

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  8. Cirrus, concordo plenamente com o teu texto. São incríveis as provações que esses povos que citaste já tiveram que passar(quase) tudo em nome de um deus qq.
    Tal como tu, não posso admitir que a igreja meta o nariz onde não é chamada. Fico fulo quando vejo cardeais traçarem cenários político-sócio-financeiros em homilias dominicais. Enoja-me a falácia dessa gente de batina. Se o dinheiro foi inventado pelo diabo, pq é tão lembrado nos templos sagrados?

    Friend, um bom ano para ti!

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  9. eu, ateia confessada - que não acredito em nada dessas coisas - acho que Deus é um sacaninha, mas só às vezes, as em que é... ou em que acredito... ou em que sei lá .... Beijos e bom 2010! ... se Deus quiser!.....

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  10. Boa noite Eusebio
    Admiro o teu carinho e empenho nesta causa. Tomara que tudo termine nesta regiao da forma que desejas, que me parece ser a mais justa.

    Abraco

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  11. Catsone, muitas vezes complica-se aquilo que é simples, e o caso da Igreja e suas ingerências na política deste país, que são muitas mais que aquelas que possamos pensar à primeira vista, também é simples de clarificar. Meia dúzia de leis e isto até piava mais fino. Mas regiões há em Portugal que pode mais o Bispo que o Primeiro Ministro, garanto-te eu.

    Quanto ao Médio Oriente, é a prova mais acabada daquilo que espera o mundo se abraçar de novo a religião como política oficial. Quer seja o Catolicismo, o Islão ou o Baptismo tipo Bush.

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  12. Maestrina, ser ateu não implica ser boa pessoa. Tal como ser religioso. Podemos é separar a religiosidade da sociedade, são coisas diferentes. E quando digo sociedade, digo Lei.

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  13. Francisco, há-de vir o dia em que possa visitar Jerusalém ido de Amman ou do Cairo. Há-de vir, verás. E não há-de ser daqui a séculos. O que as pessoas não entendem é que uns são judeus, outros árabes, mas tirando a religião, são a mesma gente. E são boa gente.

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