quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O NATAL DURA!

Foto Google

Estamos em tempo de Natal, tempo de felicitações colectivas, de festa familiar, de bolo rei, filhoses e bacalhau, das prendas, prendinhas e lembranças. Dos sorrisos, das luzes e presépios, da alegria em família, do convívio e de mesas fartas de gente e acepipes. Estamos na época em que todos estamos de boa vontade, de espírito aberto à entreajuda e comunidade.

Nesse espírito, a administração da Dura Automotive Portugal, do grupo DURA, com instalações em Vila Cortês do Mondego, concelho da Guarda, procedeu a um despedimento colectivo de 20 dos seus trabalhadores, chamados das linhas de produção um a um aos Serviços de Pessoal, onde lhes foram entregues as cartas de despedimento. Dada a crise internacional e nacional, não é de admirar que estes despedimentos ocorram, não por necessidade financeira (nesse caso, despedia-se antes qualquer quadro superior da empresa, que ganha o mesmo que estes 20 desgraçados juntos), mas por aproveitamento das administrações para aligeirar custos ao nível dos mais dispensáveis e necessitados. Tudo bem, as coisas viraram para este caminho e entende-se porquê, aceite-se ou não.

O facto é que esta é uma data pouco recomendável para despedir gente, e a administração da empresa denotou alguma falta de sensibilidade neste caso. Podia perfeitamente ter esperado até depois do Natal, dado o espírito de festa instalado por estes dias.
Falta de sensibilidade é uma coisa. Sadismo é outra inteiramente diferente.
Quando chegados aos Serviços de Pessoal, a cada um dos vinte funcionários despedidos, um a um, note-se, foi entregue um Cabaz de Natal, com um cartão de Boas Festas e Felizes Entradas, e uma carta de despedimento por cima do celofane dourado. De seguida, foram escoltados até à entrada da fábrica e nem regressaram às linhas nem lhes foi dada qualquer possibilidade de se despedirem dos colegas. Não imagino a indignidade desta acção, a desumanidade de quem decidiu fazer este despedimento no dia 23 de Dezembro com tamanhos requintes de malvadez. Não imagino a humilhação, o supremo esmagamento do orgulho profissional de cada um dos vinte despedidos.

Um Feliz Natal para todos!! É nesta época que se vê a humanidade das pessoas, não é?? Siga a alegria, de tristezas estamos todos fartos!!

25 comentários:

  1. A insensibilidade em todo o seu esplendor ...

    Mas ainda há alguns homens bons à face da terra:)

    Não sei o que te deseje... 2 sorrisos, 500 grmas de felicidade,uma gargalhada cruzada na rabanada :D

    Sou modesta e não tenho prendas

    Rose

    ResponderEliminar
  2. Rose, desejo-te umas Festas Felizes, sei que as mereces!

    Estes desgraçados é que as não vão ter, infelizmente. E ainda estarão a pensar no que lhes aconteceu...

    ResponderEliminar
  3. meu deus...
    nao sei como ainda me consigo surpreender com coisas destas mas o que é certo é que as empresas se aproveitam da chamada crise para cortarem nos custos, à custa de muita gente, que se vê assim, sem esperança nenhuma...
    principalmente numa altura destas.

    ResponderEliminar
  4. Ana, já nem me choca o serem despedidos, já nem me choca serem despedidos no Natal, mas serem despedidos com um Cabaz a desejar-lhes próspero Ano Novo é simplesmente mórbido!

    ResponderEliminar
  5. Não há palavras para descrever a desumanidade desta situação.

    E ninguém pune as empresas que pura e simplesmente se estão a aproveitar da palavra crise (li a notícia e pareceu-me que este seria um desses casos).

    Quem assim faz, merecia uma punição exemplar, que ficasse de exemplo para as outras que se sintam tentadas a percorrer os mesmos caminhos... mas a impunidade neste País, parece reinar.

    ResponderEliminar
  6. Pronúncia, se neste país já achamos isto normal, que será de nós amanhã??

    ResponderEliminar
  7. Podia dizer que não há palavras para descrever este acto mas até há, e desculpa-me Cirrus mas só me apetece transcreve-las: "A DURA para a puta que a pariu, cabrões de merda!"
    E, "prontos", bom natal para ti e que para o ano não recebamos cartas destas.
    Abraço

    ResponderEliminar
  8. Catsone, ora aí está uma boa descrição dos senhores.

    Sim, Bom Natal e mantém o emprego e o juízo!

    ResponderEliminar
  9. Boa noite Eusebio!

    Olha,

    "(nesse caso, despedia-se antes qualquer quadro superior da empresa, que ganha o mesmo que estes 20 desgraçados juntos)"

    E se esse quadro superior fosses tu, amigo? Nao sentirias o mesmo que qualquer um desses "desgracados"?


    "O facto é que esta é uma data pouco recomendável para despedir gente, e a administração da empresa denotou alguma falta de sensibilidade neste caso."

    Pois...
    Mas olha que eu quase juraria que se ha um mes atras a administracao chamasse qualquer um deles ao escritorio e lhes dissesse assim: Meus senhores, estamos a atravessar um periodo dificil e contamos com algum esforco da vossa parte para salvar os vossos postos de trabalho, nenhum deles se disponibilizaria a ceder meia hora de trabalho a empresa.

    E Natal? Pois e! Talvez por isso, se a qualquer um deles fosse pedida uma hora extra amanha, para acabar uma encomenda, nenhum a daria, mesmo que dessa entrega dependesse a verba para lhes cobrir os ordenados.

    Amanha?! Vespera de Natal? Sabado? Domingo? Feriados? Vespera de feriado? Qualquer dia? Uma hora extra? Vai la vai...

    Ok, foram despedidos no NaTal...e esperavas o que, Eusebio? O dia de Natal nao faz parte do ano? E quantos patroes vao passar a vespera e o dia de natal ocupados com a contabilidade e a dar voltas ao miolo a tentar descobrir uma forma de cobrir os impostos, os salarios e o 13o mes? Achas que sentirao algum espirito natalicio?

    Quando o mar bate na rocha, quem se fo,,, e sempre o mexilhao. Ou esperavas que algum patrao venda a casa e va viver debaixo da ponte para manter postos de trabalho? Tu faria-lo?

    Abraco

    ResponderEliminar
  10. Francisco, sinceramente, penso que não leste o post. Não ponho em causa o despedimento, que se entende e é o que está lá escrito. Nem ser pelo Natal, revela falta de sensibilidade, mas enfim. Critico, isso sim o supremo sadismo de lhes dar a carta de despedimento colada a um cabaz de natal com as palavras Desejamos-lhe um Bom Natal e um Próspero Ano Novo.

    Sim, se fosse eu, não ficaria contente. Mas com certeza ficaria bem melhor com o dinheiro que já havia ganho. E caso não saibas, os 315 desempregados que acabaram funções hoje na Delphi, por exemplo, eram para acabar no final de Novembro. Ficaram para acabar "uma encomenda". Eu não ficava, digo-te eu. Gozar, podem ir gozar com o caralho, comigo não!

    Eu sinceramente penso que andas muito mal informado ou talvez até inquinado. Olha, por exemplo, para a Autoeuropa, onde os empregados acordaram reduções de ordenado para manter os empregos. A Dura, por exemplo, está a fazer despedimentos com base em previsões para o próximo ano, de que o ramo automóvel desça nas vendas, embora a Renault, seu principal cliente, tenha aumentado as vendas em 30%. E pareces não conhecer bem a realidade deste país. Não conheço assim tantos trabalhadores que se recusem a trabalhar mais horas. Eu já fui trabalhador de linha e nunca recusei, e nunca faltaram companheiros para me acompanhar. Tens uma visão muito engraçada das coisas, generalisando aquilo que mais convém, mas a questão aqui é que há pessoas desempregadas em Portugal que deram tudo por determinadas empresas durante 40 anos, o que não lhes adiantou puto.

    E, de facto, não espero ver nenhum patrão ir viver para debaixo da ponte, embora alguns dos desempregados já espere. E sabes porquê? Porque não há justiça. Porque muitos desses patrões nem sequer debaixo da ponte deviam estar, deviam era estar na cadeia, por todos os offshores que abriram nas Caimão e outros paraísos fiscais. Tens noção que só este ano, Portugal teve offshores no valor de 12 mil milhões de euros, dinheiro que não pagou impostos, e que dava para pagar o défice português? Não, e não são as multinacionais a fazê-lo, são os "patrões" portugueses, todos eles muito honestos e sempre de corda na garganta! Sim, pois, conta-me histórias!

    Sabes que estas multinacionais, que agora fecham e deslocalizam as suas unidades em Portugal, estiveram cá 20 anos sem pagar um centavo de impostos? Não há pingo de moralidade?

    ResponderEliminar
  11. Maestrina, leste bem, foi mesmo assim!

    ResponderEliminar
  12. Eusebio, tu ves as coisas segundo a tua realidade, como eu as vejo segundo a minha. Ha muitos patroes que cometem fraudes? Sim, acredito. E quantos assalariados nao o fazem? Quantos nao se tornaram biscateiros, para passarem a burlar o governo e ganharem o que lhe apetece por debaixo da mesa? Se os chamares para ir trabalhar legalmente, nao querem.
    Esta crise afectou tanto empregados como patroes, com a agravante para os patroes de nao terem as regalias do fundo de desemprego e outros beneficios.

    Eu nao ando inquinado Eusebio. Convivo no terreno com a realidade, que na maioria das vezes nao tem nada a ver com as estatisticas ou com as noticias dos jornais.

    Nem uso as multinacionais ou as grandes empresas como exemplo, porque nao sao elas a maior fonte de criacao de postos de trabalho em Portugal.
    Falo-te de mim e de milhares como eu, que sem ter beneficio algum, continuamos a lutar para manter os postos de trabalho que criamos e os nossos tambem. Esse sentimento é comum a maioria dos pequenos empresariso, que sao os que alimentam o sistema. Sim, difere em muito dos grandes empresarios. O unico que nao muda é o espirito dos meus funcionarios, em relacao aos das grandes empresas.
    E nao generalizo o que mais me convem. Falo do que vejo, Eusebio. E isso ninguem me pode negar.

    ResponderEliminar
  13. Olha Eusebio, e essas pessoas que "deram tudo" durante 40 anos, que perderam?
    O tudo que falas foram as horas de trabalho, que lhes foram pagas.
    Com 40 anos de empresa, tiveram de certeza direito a uma choruda indeminizacao e a dois anos de fundo de desemprego. Que mais queriam? Cotas na empresa?

    ResponderEliminar
  14. A maior parte dessas pessoas, Francisco, estão em tribunal para tentar recuperar salários em atraso, sabes? É a realidade que conheces? Eu conheço muitos casos, os nossos tribunais estão cheios deles. Acaba lá com essa insensibilidade, nem tudo se resume a ganhar dinheiro, Francisco, há que ter o mínimo de dignidade. E muitos patrões não a têm, acredita. Se não acreditares, tudo bem. Eu conheço-os, alguns eram meus clientes e ainda me devem dinheiro, estão agora no Brasil e Angola. Não me consegues meter os dedos pelos olhos dentro no que toca a empresas portuguesas, lamento. E quando um pequeno empresário português contribuir com aquilo que é justo para o país, aí falamos. Até agora, não conheci nenhum.

    ResponderEliminar
  15. Feliz Natal para ti e para os teus.
    E já agora, cuidado com o castrol... ;)

    ResponderEliminar
  16. Bom dia!
    Amigo, o que acharias entao "justo" em materia de contribuicoes para o pais, da parte dos pequenos empresarios?
    Quer dizer, tu mesmo admites acima que as multinacionais recebem pacotes de incentivos por 20 anos. Tambem sabemos que as medias e grandes empresas usam tudo o que querem e lhes apetece para abaterem a carga fiscal. Entao a raia miuda e que tem obrigacao de manter a maquina?! Que vao trabalhar, pa!...
    Nao conheces nenhum?! Olha eu conheco. Falamos em generalizar? Lol
    Eusebio, uma boa consoada para ti, a serio :-)
    Um forte abraco

    ResponderEliminar
  17. Francisco, não, sinceramente, não conheço nenhum. Não conheço nenhum que não tenha grandes casa, bons carros, cães alimentados a carne de primeira, e filhos em colégios privados. E não conheço nenhum destes que pague os seus impostos como deve ser, como eu pago, e como quem trabalha por conta de outrém paga. Nem um! e não é generalizar, é a realidade.
    O que acho justo é que cada um pague de acordo com o negócio que faz. Eu vendo trabalho e pago a minha parte dos impostos. Assim façam todos. IVA, IRC, tudo o que tenham de pagar. É justo. Quando se começa um negócio, é expectável que se obtenham rendimentos acima dos juros bancários nesse negócio. Mas lembra-te que até os juros bancários pagam impostos.
    Não estou de acordo com muitas das benesses que se dão às empresas multinacionais para se instalarem cá. Uma coisa não anula a outra.

    Mas também estranho uma coisa. Se os empresários portugueses pintam o quadro tão mau, há solução fácil. Deixem de ser empresários e tornem-se funcionários por conta de outrém. Talvez fiquem melhor, pois afinal, são todos calaceiros, não querem é trabalhar, etc, etc. Garganta, temos nós todos e alguns mais que outros.

    Quem mantém a máquina a trabalhar. São as pequenas empresas? Claro que são. Principalmente através dos impostos dos seus... funcionários. Em Portugal, os maiores impostos para o Estado, em termos de receita são indirectos: IVA, IA (automóvel) e ISP (petrolíferos). Segue-se o IRS (singulares - trabalhadores por conta de outrém) e só depois do IT (tabaco) aparece o IRC (empresas). Lindo panorama, não é? Pagam tudinho!!! Trabalhar, pá!!!

    Boas Festas!

    ResponderEliminar
  18. Estimado Amigo Maldonado,

    Umas excelentes Festas! Vem aí um Bom Ano Novo, com certeza!

    ResponderEliminar
  19. Cirrus,

    Bom Natal para ti e que o sonho encarnado se concretize...

    ResponderEliminar
  20. Eusebio, continuamos este tema depois das festas se quiseres. Agora esta na hora de por o bacalhau ao lume.

    Ia-te mandar uma sms na hora do jantar, mas perdi o teu numero, sorry :-)

    Abraco

    ResponderEliminar
  21. Bom Natal, Grande Abraço. E saudações benfiquistas

    ResponderEliminar
  22. Dylan, há que acreditar, eu tenho muita fé.

    ResponderEliminar
  23. Francisco, para quê continuar a discutir este assunto depois do Natal? Adiantará alguma coisa? É uma discussão de classes, favorecidos contra desfavorecidos. Cada um conhece a realidade consoante a quer ver...

    Não te preocupes com isso, Bom Natal!

    ResponderEliminar
  24. Forte, Bom Natal e feliz campeonato!

    ResponderEliminar

LEVANTAR VOO AQUI, POR FAVOR