terça-feira, 26 de outubro de 2010

ESSE ERA O VIVALDI, PÁ!

E precisa de legenda?
O Outono, dizem, anda por aí a rondar a carteira dos portugueses. Ou o Outono ou o Teixeira dos Santos, não sei bem. Desconfio que três ou quatro destes dois andam de certeza a rondar a carteira dos portugueses. Não sejam desconfiados! Fala-se assim e porque é que toda a gente fica com a impressão que nos querem tirar o conteúdo da carteira? Nunca tiveram alguém a rondar a vossa carteira, e vocês desconfiados, desconfiados, e vão a ver e até deixaram mais do que lá estava? Ah, pois, disso nem se lembram! Bem, está aí uma vantagem do PEC 43 (ou 44?). Já ninguém vai andar com medo de ser assaltado na rua. Para quê? Vida difícil aos carteiristas e assaltantes - até para esses, e depois ainda se diz que o pessoal não quer é trabalhar e isso...
Bem, chega de dissertações económicas, deixei de ter vontade de rir. O Outono, pois. Que, aparentemente, com o novo acordo pornográfico, se deve escrever outono. Assim, mesmo, sem O grande nem nada. E eu concordo! Já anda tudo atarefado a descrever o outono como a estação romântica e essas coisas. Descabido, ou já se esqueceram que escreveram o mesmo acerca das paixões de verão, da esperança da primavera  e até dos enroscanços manhosos à luz da lareira no inverno? Pois, mas convém. É que com essas paneleirices todas lá vamos tocando a coisa para a frente sem pensar porque razão já ninguém nos quer assaltar.
E depois outono e tal, S.Martinho! Pimba! Castanhas e murraça! Pois claro, bebe para aí, isso é o romantismo do outono! Já para não falar naquelas castanhas que a gente até escolhe com cuidado, aquelas que não estão assadas até parecerem farelo nos dentes - à laia daqueles cereais de fazer cagar que são piores que palha para burros - que depois não largam a pele e estamos ali duas horas a desfolhar unhas? Bem, toma lá o S.Martinho. Ainda ontem um produtor de castanhas - não, caraças, pá, não é o castanheiro, o dono! - se queixava que vende as castanhas a 40 cêntimos o quilo. Já viram castanhas no hiper? Se virem a menos de quatro euros o quilo, avisem-me. Não sou romântico mas como castanhas. Também tem solução fácil. Em vez de produzir, só vende nas portas dos hipers, a dois euros. Mas claro, alguém meteu na cabeça desta gente que é preciso produzir algo neste país. Mentira!
E depois o outono, que maravilha, ver as folhas a caírem , caducas, amarelinhas ou então em tom de vermelho envergonhado, a caírem da árvore... Vermelho, sim, isso de encarnado era no tempo do outro que não caiu da árvore, mas escangalhou-se da cadeira abaixo - tão lindas, tão romântico. Claro que sim, não são vocês que as limpam... Para o varredor da cambra a coisa é romântica como um balde de água fria pelos cornos abaixo. E isso se não tiver o ordenado cortado, senão nem para os ditos tem guito... Romântico...
E outono é sairmos de casa com abafo e casaco mais cachecol e guarda-chuva (cá no Norte é guarda-chuva, e quê?) e chegar ao almoço a nadar em suor. E é sair cheio de frio de casa no dia seguinte e no outro a seguir nem sair de casa porque caiu de cama. Ah, pois, que romântico! Eu também acho, o pessoal é que não vê o potencial lírico de um folheto do Antigripine...
E ainda outono é vermos os dias a minguar, a minguar, a minguar, até ficar do tamanho de um ordenado de um funcionário público. É o regresso das horas de paciência ruminante à espera que aquele papá finalmente feche a merda da porta do autocarro de equipa a que chama carro familiar, a porta do lado da rua, essa mesmo, não vá causar menos incómodo a quem queira transitar, para deixar sair o repolho que já tem idade para ter telemóvel e que por causa disso demora três infinitas semanas a sair do banco de trás do dito autocarro enquanto escreve mensagens à menina que está à espera do outro lado do passeio, à porta da escola, exibindo o característico sorriso alumínico do aparelho para entortar bocas. Mas que não tem a merda da idade para apanhar um autocarro para escola... E agora toda a gente descobriu que tem dentes tortos!! Ou os dentistas é que se lembraram que os assaltantes tẽm de ter vida difícil, já não sei.
Bem, é o outono, com letra pequena, à brasileira (se eles não têm estações, que importância lhes darão?), e que é tão romântico!! Esse era o Vivaldi, pá! - que era funcionário público, curiosamente. Só não varria folhas, nem produzia castanhas. Mas era provável que tivesse os dentes todos fºdidºs... 

8 comentários:

  1. Afinal já vi o post. Pensei que só o escrevesses amanhã...

    Ao comentário que é o que importa. Este deve ser dos posts mais românticos que li em toda a minha vida. E não foram poucos. Etão sobre o Outono... (escrevi com letra maiúscula? Ups!)

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  2. Ninguém se lembraria de misturar Teixeira dos Santos, carteiristas, castanhas verdes, acordo ortográfico, carros estacionados em segunda fila, pimpolhos com telemóvel, aparelhos nos dentes e dentistas com Vivaldi e Outono... e mesmo assim escrever um post romântico!

    E anda para aí tanto profeta da desgraça a anunciar o fim do romantismo... ainda não leram este post, essa é que é essa... mudavam de opinião num instante!

    :D

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  3. Ó Cirrus, depois deste post sobre o Outono, fico ansiosamente à espera de um sobre o Inverno. É que as pessoas têm memória curta e não se !alembram" que isso lá se vai repetindo ano após ano...

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  4. Noya, foi daqueles que abri com uma ideia e acabei com vinte... Não foi difícil, discorreu.

    Correu.

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  5. Pronúncia, o romantismo é relativo. Até já me disseram que o dia de S.Valentim é romântico. Sim, esse, o da prostituição... Portanto, é capaz de ser, sei lá...

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  6. Cat, sobre o Inverno só escrevo lá para Agosto. E é só por causa das coisas, que as pessoas dizem que está romântico... Além do mais, penso que em Agosto, já devemos ir mesmo no PEC 43... ou 44...

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  7. olha que agora tanto os meses do ano com as estações se escrevem com letra pequena... actualiza-te pá!!!!! =D

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