Em Portugal temos coisas que existem nos outros países,
mas se calhar não existem lá tanto como cá, ou pelo menos é o que parece. Dou exemplos.
Desemprego. Temos muito cá. Parece que na Grécia ainda há mais e na Espanha
também. Mas cá há muito. Impostos. Temos cá muitos, parece que não tantos como
na Suécia, mas mais que em quase todos os outros países – juntos, entenda-se. Estupidez.
Também há noutros países, mas em Portugal é especial. Desde um secretário-geral
de uma sindical a chamar escurinho a um etíope até alguns outros defenderem as
opiniões avisadas do escurinho etíope acerca de economia. Obviamente o homem é
entendido no assunto, como se pode ver pelo alto nível da economia etíope. Mas
a verdade é que também tivemos o Borges a trabalhar no FMI, embora tenha sido
despedido por incompetência. A esse toparam-no. Não que a dificuldade fosse por
aí além.
Mas o que mais me irrita são aqueles que dizem a coisa
mais óbvia do mundo: que são a favor do Estado Social, mas só se houver
dinheiro para o pagar. É um bocado estúpido dizer isto. Chama-se a isto uma “lapalissada”.
Eu sou a favor de o Messi vir jogar para o Benfica, desde que haja dinheiro
para o pagar (e se o Cristiano for capitão de equipa). Eu sou a favor de eu
comprar um Bugatti Veyron, desde que tenha dinheiro para o comprar. Eu sou a
favor de quem diz estas coisas se calar, se houver dinheiro para as subornar.
Evidente que a nível de estupidez poucos rivalizarão com
o presidente do BPI, um alemão chamado Ulrich que, com tiques de pato bravo a
comprar heroína para os serventes da obra ao dealer da esquina, nos diz que se
tivermos de ser “sem-abrigos”, temos de aguentar, até porque isso pode
acontecer a qualquer um, incluindo ele. Bem, a mim parece-me que estou
infinitamente mais perto disso que ele, porque não ganho meio milhão de euros
por ano. Como Ulrich o ganha, penso que isso faz dele um fraco candidato a “sem-abrigos”
comparado comigo. Mas gostei que alguém da estatura moral de um Ulrich me tenha
dito que eu aguento. Obrigado, amigo Ulrich, podes ser um dos mais estúpidos
tipos que vi a falar na TV, mas deste-me a coragem para enfrentar o futuro com
um sorriso nos lábios. Porque sorrio? Porque se tiver sorte hei-de cá estar
quando te enterrarem, palhaço. Pode ser que tenha a sorte de te enfiar umas
pazadas de esterco em cima, ou então com a pá nos cornos. Aí está uma morte que
me deixaria um pouco mais feliz. Sim, não sou hipócrita, há mortes que me
deixam um pouco mais felizes.
O Ulrich fez estas declarações de alto valor intestinal
quando anunciava lucros recorde do seu banco, 60% dos quais na transacção de dívida
pública portuguesa. Ou seja, a troika do “escurinho” (porque será que Arménio
Carlos não se lembrou do “sabonete”?) mete cá a massa, e nós pagamos a massa e
os juros sobre a massa (agora possivelmente mais tarde, pois aquilo do “nem
mais tempo nem mais dinheiro” foi uma expressão infeliz de um mentecapto). Depois,
o Estado dá o dinheiro aos Bancos, sem juro, para eles poderem emprestar o
dinheiro de novo ao Estado, mediante o pagamento de juros. Estão explicados os
lucros do BPI do Ulrich. São juros pagos por nós sobre o dinheiro que lhes
emprestamos sem juro e que eles tiveram a amabilidade de nos emprestar com
juro. Dinheiro de juros! Imagine-se quanto dinheiro lhes emprestamos para eles
terem juros destes montantes… Aliás, tivemos a maior prova disso quando o Banif
pediu 1100 milhões de euros ao Estado, para não falir. Desavergonhadamente, o
mesmo banco anunciou que iria investir 1000 desses milhões num empréstimo ao…
Estado. Sim, é que estes criminosos já nem vergonha têm de dizer que nos roubam.
Mas a malta aguenta. Ai aguenta, aguenta! Por outro lado, o BPN já nos levou, a
todos nós, pelo menos sete mil milhões de euros. Tipo subsídio a fundo perdido às
actividades do polvo cavaquista. Mas um dos administradores da SLN, detentora
do BPN na altura do maior assalto da história portuguesa, é agora Secretário de
Estado… O que me deixa descansado, pois eu aguento. Ai aguento, aguento!
Mediante todos estes verdadeiros assaltos em que o Estado
se auto-mutila em dezenas de milhares de milhões de euros a cada ano que passa,
para salvar os grandes culpados da alhada em que Portugal e a Europa se
encontram, e a todos que têm a filha da puta da lata de nos dizerem que são a
favor de um Estado Social, mas só se houver dinheiro para o pagar, eu digo:
EU SOU A FAVOR DE UM ESTADO FINANCEIRO EM PORTUGAL, MAS SÓ
SE HOUVER DINHEIRO PARA O PAGAR.
Um dia destes, não tenho muitas dúvidas, isto vai dar
merda. Mais merda do que já deu. E, atingida a ruptura financeira, que me
parece inevitável e irreversível, dado estarmos a fazer a mesma merda que a
isto levou, vamos ver se os defensores do Estado Social “só se houver dinheiro
para o pagar” se viram para o Estado Financeiro a clamar por sobrevivência. Se
calhar não. Se calhar viram-se para o Estado Social. E nessa altura, pode ser
que já lá não esteja. Não faz mal, não há dinheiro para o pagar, só parece
haver dinheiro para pagar o Estado Financeiro. Até quando?
Será que pode existir uma banca privada em Portugal. Não me parece, cada buraco tem cobetura com nosso dinheiro, que depoisd pagamos aos juros que eles querem. A fascização do mundo está em curso e isso nota-se no discurso das pessoas. As pessoas que se indignam com os que recebem RSI ou subs´´idio de desemprego são criticadas, os Ulrichs são louvados. O fascimo tá mesmo aí ao virar da esquina e entregue pela mão do povo....
ResponderEliminarCara amigo e camarada, as pessoas não se convencem que se tornaram apenas números e não os mais importantes...
EliminarNão estúpido. O dinheiro com que o estado remunera os seus credores serve para parasitas como tu terem depósitos a prazo remunerados principescamente como aconteceu no caso do BPN. Mas o Dr. Ulrich não é tão estúpido como tu parasita e se pede emprestado paga. O que tu tens é dor de corno.
ResponderEliminarCada um faz os comentários à sua altura intelectual... O seu não é muito elevado... Mas também não podemos ser todos minimamente inteligentes.
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarDesculpas aceites pelo engano estúpido.
EliminarAté quando não sei... Espero que o compasso de espera não seja longo...
ResponderEliminarTalvez não, estou convencido que não...
EliminarE então, o que fazemos em relação a isso? E o que fazemos àqueles que se sentam confortavelmente à sombra da bananeira à espera que levem todos os outros à sua volta?
ResponderEliminarO que queres fazer? Deita cá para fora.
EliminarCIRRUS: Não podia estar mais de acordo com o seu artigo!
ResponderEliminarMas, afinal, isto não é já tudo uma merda, desde que os "cagalhões" ultraliberais enganaram este povo , para irem para os "tachos" ...o poder?
Que (não)me perdoem os "castos" púdicos leitores...Mas a "merda" não pode ser outra coisa!
A propósito: quando será que os portugueses vão varrer esse lixo todo?Beijinho amigo!
Maria, não posso acrescentar muito mais ao seu comentário! Bj
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