Li ontem uma coisa no Facebook que me fez pensar – o que por si só é
façanha de tomo, sob dois aspectos cruciais da existência desta alminha:
primeiro ter interesse em algo escrito no Facebook, e depois o facto de ter
pensado. Pode não parecer mas é coisa que é pouco usual. Passando a fase de
auto-indulgência e autocomiseração do texto, devo pois declarar por escrito
aquilo que me pôs a pensar. Dizia alguém, de quem admito ter feito mal em não
reter o nome (pode dar-se a possibilidade de quem assim falar não ser gago mas
poder ser preso e estarem a oferecer uma recompensa), que “Parem de chamar
crise ao capitalismo!”.
A expressão pode parecer um chavão. Não o é. É até uma criação imaginativa
e de alguma forma me espanta não ter sido eu a pensar nisto antes, e daqui
podem tirar umas lições acerca de como passar da autocomiseração ao hedonismo
mais exacerbado, ainda que vincado pela negativa, muito à maneira do celebrado
Maquiavel. Não que me compare a Maquiavel, até porque ele viveu numa era que
nada tem a ver com a nossa, ainda que se conservem certas similitudes. Eu sou
mais dantesco, até porque comédias divinas são comigo, e comédias temos em todas
as eras, políticos é que nem por isso.
Mas será que a expressão que li a alguém que deve estar já referenciado na
CIA como perigoso esquerdista, à maneira deste vosso amigo, ao que diz o
fugitivo do momento, que tenta fugir à CIA (é menino…), é um facto? E isto
apelando à atenção do leitor, por eventual que seja, aplicado ao Brasil? Os acontecimentos
no Brasil parecem desmentir a expressão. O Brasil é governado por um governo de
esquerda – não há esquerda mais esquerda no Brasil que o PT de Lula. Já o de
Dilma, deixa dúvidas. Não quero com isto dizer que o governo de esquerda no
Brasil está a ser alvo de protestos porque já não é de esquerda. Longe disso. Eu
ainda penso que o governo brasileiro ainda é de esquerda. E também devemos
pensar que este governo de esquerda ofereceu uma coisa ao Brasil que o país
nunca havia tido: uma classe média. E é essa mesma classe média que agora
protesta por mais e melhor. Ou seja, uma chamada de atenção ao governo –
provavelmente não terão governado da pior das maneiras, como nos tempos da
ditadura militar ou de Tancredo – mas pode e devem fazer melhor.
E no que se refere a política externa, bem pode a Dilma pelo menos
disfarçar a atitude de ida ao Minipreço quando se desloca a Portugal para
comprar só os nossos CTT ou a nossa PT como quem arremata um kg de jaquinzinhos
na banca dos congelados por um euro e noventa e nove. E aqui entra de novo a
expressão que li no Facebook, imaginada por uma mente obviamente brilhante
ainda que não minha, situação, aliás, demasiado aflitiva para descrever por
palavras condizentes com o resto do texto – até porque hoje decidi não chamar
nomes a nenhum político português, muito menos quero espalhar poios pelos ares,
ainda que maduros e esperançosos num futuro que tarda em retirar os cranianos apêndices
marfínicos que espetou, inexoravelmente e com algum estrondo relativo, na
parede.
A verdade é que os tiques de nova-riqueza dos governantes brasileiros, que
agora não são exactamente estrangeiros, segundo uma segura opinião, me deixam
assustado e até concordante com a expressão “Parem de chamar crise ao
capitalismo”. E isto para não falar em angolanos… Mas, por falar em angolanos,
que orgásmico foi o serão, ao ver Henrique Zimmerman, um dos nossos maiores
jornalistas, se é disso que se trata (?), fazer a apologia do paraíso na Terra
que é Angola! Apesar de “até os governantes admitirem que ainda existe muita
corrupção no país”… É que é preciso ter aquilo a que o povo indulgentemente
chama de “lata” ou o brasileiro “topete”, mas que eu prefiro referir como
simples existência de recipiente metálico que tem finalidade de cozinhar ao
fogão. Depois percebi. Afinal não são só os chineses que estão a construir as
famosas cidades-fantasma angolanas… Parem de chamar crise ao capitalismo!
Essa frase é inspiradora. O que se passa no Brasil, é sintomatico. Pessoas que se fartaram de lhes terem dito que já estão a viver muito bem, e nao estao. No Brasil o horario dfe treabalho é 44 horas por semana e aluta deles é para reduzir para 40h... ( por cá lutamos contra as 40 para fp).Pessoas que andam encaxotadas em transportes. falta de um sistema de saude para todos. O Brasil é o futuro de Portugal. Outra coisa cada vez mais acho que os protestos muito pacíficos nao colocam problemas às Dilmas e aos Passos/Portas deste mundo. Instabilizar é fundamental
ResponderEliminarCamarada, estou convencido que a frase faz todo o sentido. Um abraço.
ResponderEliminarOlá,
ResponderEliminarParabéns pelo que escreveu, o Presidente Lula da Silva considerado um dos mais competentes presidentes na historia do nosso planeta, foi traído por um milhão e meio de brasileiro que ele tirou da baixa pobreza, foi traído por um governo dito democrático, que não hesitou em apoiar o aumento lucrativo das grandes empresas ás contas de quem trabalha para o crescimento da economia brasileira.
Passo ao lado da politica corruptiva nos países africanos, é dispensável falarmos do incompetente e arruinador da economia portuguesa que reside em Belém, assim como de outros que dizem e desdizem falando para dentro.
Abraço democrático com o braço esquerdo.
ag
Desejo seguir o seu blog, aqui aprendo.
ResponderEliminarComo faço para ser seguidor?
ag
Se for por aí abaixo, na página principal, dá com uns boões que dão para seguir o blog. Obrigado.
Eliminar