quarta-feira, 11 de março de 2009

Falcões


Hoje há um assunto sério para debater, que, por ser sério, evitarei. Pelo menos, o máximo que puder. Claro que doze a um é sério demais para mim. Por isso, não sei do que falar.

De qualquer forma, de manhã, na ida para o emprego, obviamente atrasada porque deixei a carteira na "carteira" da minha esposa, pelo que tive de me dirigir ao seu local de trabalho recuperar as moeditas, passou uma notícia interessante na rádio. Passo a explicar: "carteira" de uma mulher designa um saco de viagem, normalmente não maior que uma mala grande, com desenhos mais ou menos artísticos, onde as mulheres metem tudo o que se possa perder, incluindo tijolos (pelo menos parece, pelo peso). Guardam lá tudo, desde as chaves de casa, que depois demoram 15 minutos a aparecer quando chove à porta da mesma, até utensílios mais ou menos inúteis, como batons que nunca foram utilizados ou utensílios de higiene íntima, até à carta de condução (esta foi mesmo chauvinista! - peço desculpas!). O resto da explicação seria acerca do facto da minha carteira aparecer na da minha mulher - mas isso seria história a mais.

A notícia a que me referia foi a do General Loureiro dos Santos. Sempre achei o homem algo equilibrado, isto para quem tem apenas três neurónios, um que desce, outro que sobe e outro que dispara. Não sei porquê, sempre simpatizei com o personagem, talvez porque as suas aparições televisivas eram preparadas três meses antes com copianços do tipo "guerra mau, paz bom" ou "nunca digas monhés em directo".

De qualquer forma, numa qualquer aparição pública (talvez numa qualquer tertúlia no Casino da Figueira da Foz), o dito General afirma que os europeus estão a esgotar os argumentos para recusarem ajuda aos EUA na situação no Afeganistão. Sabem, aquele Afeganistão que é considerado o mais perigoso país da Terra, onde se passava a acção do livro "O Vale dos Cinco Leões" - grande livro, que apreciei imenso, particularmente as cenas de sexo bem imaginadas por um eu com dezasseis anos. O Afeganistão que nunca, em toda a sua história, foi submetido a qualquer potência estrangeira, isto considerando que os persas não são bem estrangeiros. O Afeganistão que é a última verdadeira sociedade tribal do planeta, onde o poder político tem tanta importância como as inúmeras pedras que lá se encontram, e onde o verdadeiro poder reside nessa mágica palavra que todos conhecemos muito bem, pelo menos e espero eu, de nome: o ópio.

Para o nosso querido General na reserva, tenho um argumento de peso: nós, os europeus, temos uma coisa urgente, muito mais urgente a fazer que enviar contingentes de jovens para uma guerra que não pode nem será ganha: viver a nossa vida.

Já sei, já sei, vem toda a conversa sobre a guerra ao terrorismo, da segurança nacional, e mais não sei o quê. Até posso admitir que houve países atingidos por atentados depois de enviarem forças para o Afeganistão (não antes), como a Espanha ou o Reino Unido. Mas Portugal só pode interessar aos terroristas como campo de treino - é enviá-los a todos para a Madeira aprender umas coisas com o João e temos a Al-Qaeda a dominar o mundo ocidental em menos de um trimestre sem avaliações. E com pior linguagem, pois essa dos infiéis mudaria para filhos da puta num piscar de olhos.

Agora, com licença, preciso de umas férias das guerras arranjadas pela ex-única super potência, para poder tratar de assuntos pessoais, como... sei lá... a minha vidinha.

Os russos é que tinham razão, afinal... Eles é que andaram a derreter aquelas paragens sem grandes resultados... Quanto ao nosso dito General, é normal que ande nervoso, se não houver guerras a começar em directo às quatro da manhã em ponto, lá se vai o tacho televisivo. E que será feito do nosso "percebe de tudo" Nuno Rogeiro? Graças a Deus que existe Israel...

E prontos, foi o que se arranjou...

18 comentários:

  1. Vamos lá por partes:

    1- Não tem nada a ver com o post (ou até tem), mas já tinha saudades de te ler... Fica o registo!

    2- Carteiras de mulher - é quase tudo verdade, menos aquela da carta de condução... não havia nexexidade... de, de, de!

    3- O general como não tem guerras para combater, como lhe pagam para não fazer nada, tem tempo para pensar em alarvidades e depois ainda ir dizê-las para a TV... uma lástima!

    4- Viver a nossa vidinha, sim senhor, e somos muitos a tentar remediar a porcaria que poucos fizeram...

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  2. Antes de mais é um grande prazer voltar a ler o que escreves.

    Falaste em algo do mais complexo que eu conheço, quase tão complexo como a teoria da relatividade. E que também é verdadeiramente relativo, que é o que se pode encontrar numa mala de uma mulher. Daria seguramente para a elaboração de uma tese de milhares de páginas.

    Qunato ao General é como tu dizes, ele tem de dizer qualquer coisa, e normalmente é mais uma ou outra banalidade. Já se sabe que as perguntas dos jornalistas também são algo maravilhoso.

    Essa da Madeira, e do Jardim sem avaliações está muito bem construida.

    O afeganistão é perigosissimo. Tem pedras com fartura, e calhaus, e uns gajos estranhos que se vestem mal como o raio e gostam de arrear nas mulheres. Mas podem destruir o Mundo.

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  3. Esqueci-me de uma coisinha...

    Vocês gozam com as carteiras das mulheres (quase só verdades, eu admito), mas até que as ditas vos dão um jeitaço:

    "Querida! Guarda-me aí a chave do carro. Não te importas de por aí também o maço de tabaco, não cabe no bolso. E já agora... a carteira também!"

    E depois admiram-se de as nossas carteiras pesarem muito, não é?!

    Não, Cirrus, não é o peso dos tijolos que lá guardamos. É o peso das nossas coisas (muitas inúteis, concordo) e mais as vossas...

    Ufa! Tinha que desabafar!...

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  4. Pronúncia

    Fico lisonjeado.
    No entanto, tenho a dizer que as carteiras das mulheres são efectivamente armas letais, pelo peso que conseguem transportar. E não, não foi o caso de a minha carteira não caber no bolso. Foi mais o caso de não caber nos bolsos que tinha à mão na altura...

    Quanto ao general e a "necessidade absoluta" dos europeus ajudarem no Afeganistão... Deixe-nos em paz, senhor general, se eles quisessem ser ajudados ainda vá que não vá...

    A nossa vidinha - pois, não está assim tão fácil como isso...

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  5. Forteifeio

    Obrigado pelo elogio. Fico babado.

    A carteira das mulheres é terrível! E um mistério, qual buraco negro no meio do nosso universo.

    O general mete água, mas não me lembrei de referir essa dos jornalistas, como aquela pergunta à Carolina Salgado: "Hoje vai dizer a verdade ou mentir?". É uma pérola.

    Talibãs, destruir o mundo? Nã... Mais depressa o destroem os polibãs...

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  6. Pronúncia

    Essa foi demais, uma pessoa pede uma vez para levarem uma carteira num fim-de-semana qualquer. Então e o resto dos dias ????

    lolol

    Além disso encontrar a carteira depois torna-se complicado.....

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  7. Forteifeio:

    Uma vez?! Uma vez?!...

    Eu diria que é mais... todos os fins de semana, todos os jantares fora, todas as idas ao cinema, todas as saiditas, todas as idas à praia, etc., etc.

    Já sei, estás como o Cirrus, é quando não há um bolso há mão, não é?! E como há sempre ali a jeito, uma bolsa... de mulher, claro!

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  8. Pronúncia

    Eu só preciso de um cartão multibanco e a carta de condução.

    E qualquer um se percebe porquê...

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  9. E a chave do carro?!

    E os documentos?!

    E a caixa dos óculos escuros?!...

    São só alguns dos mais comuns...

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  10. Cirrus,

    Em 1º lugar - o que fazes e onde andas?(uma semana para escreveres sobre carteiras de mulher) (Lol)

    Em 2º lugar - os EUA, graças à desagregação da URSS, são a única super potência do mundo. (para o bem e para o mal)

    Em 3º lugar - efectivamente o Afeganistão pertenceu ao Império Britânico.

    Em 4º lugar - não vejo a tua crítica firme em relação à invasão soviética que durou quase uma década. (Ai se fossem os Estados Unidos)...

    Em 5º lugar - realmente não vejo a necessidade dos portugueses irem para o Afeganistão, nem Bósnia, nem Kosovo, nem Timor.

    Abraço.

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  11. Pronúncia

    Óculos escuros, raramente uso, e é mais na praia.

    Documentos - digoà policia ficou na mala da minha mulher...sabe como elas são

    lolo

    não resisti

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  12. Forteifeio:

    E os trocos para o cafezinho?! Também pagas o café com MB?!
    Não me convences.

    Até que gostava de ouvir a opinião da tua mulher sobre esta temática... eheheheheh!!!!!

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  13. Dylan, sê bem vindo.

    Ando com trabalho, apenas e só. E graças aos deuses...

    Não considero que a ex-URSS fosse uma superpotência. Ou melhor, talvez apenas o fosse do ponto de vista militar. Mas, nesse caso, então a Rússia continua a ser uma superpotência, já que mantém um arsenal convencional e, principalmente, nuclear que infunde respeito.
    No entanto, uma superpotência, para mim, e é nesse aspecto que falo no post, é global, e, principalmente, económica. Nesse caso, nos próximos anos, veremos que os EUA não serão a única superpotência. É nesse aspecto que falo, não no bélico. Nesse, já sabemos que os EUA são asuperpotência máxima, uma vez que estão envolvidos, directa ou indirectamente, em 101% dos conflitos mundiais... :)

    A minha referência à URSS e sua invasão ao Afeganistão foi irónica, e sou crítico a relação à URSS como em relação aos EUA. Não sou faccioso - juntos não dão meio, isto em termos morais, claro.

    O Afeganistão, no papel, já pertenceu ao Império Persa, ao Império Mogol (indiano, não confundir com Mongol) e Britânico. Nunca houve qualquer controlo prático no terreno - as tribos continuaram a mandar, sempre.

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  14. Que grande discussão por causa das carteiras! Não vou dizer quem tem razão, embora seja o Fortifeio. E muito menos afirmo que a Pronúncia está a arranjar desculpas, mas está!

    Isento, não??

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  15. Cirrus:

    Se tu fores sempre assim tão isento, acho que é melhor eu fugir...

    Já agora, também gostava de saber a opinião da tua mulher sobre esse assunto!

    Não sei porquê, mas algo me diz que elas iam concordar comigo a 200% (como dizia o outro)...

    Vá lá, sejam dois mocinhos com coragem, perguntem-lhes e transmitam... pode ser em forma de post, até era engraçado!

    :)

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  16. Deus me livre, perguntar a uma mulher algo sobre a sua carteira!!!
    E logo a minha!!!

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  17. Caro, já lá estive muuuitas vezes e garanto-te que não é graças a nenhum Deus que existe Israel…
    Sabes que rebolei-me a rir com os teus autores favoritos porque revi o Paulo que eu conheci muito bem noutra incarnação, as histórias que eu te podia contar…;)

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  18. Manuel de Jesus,

    Também conheço muito bem o Médio Oriente, deixa. Provavelmente poderíamos trocar histórias...

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