segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O INCENTIVO

Imagem Google
Conta-se que, na China, as famílias dos condenados à morte têm de providenciar o pagamento das balas com que será executado o condenado. Não interessa agora se é verdade ou não, e como nunca fui à China, não posso aquilatar da veracidade da questão. Nem interessa agora derimir argumentos mais ou menos estéreis sobre os defeitos e virtudes (?) do sistema social chinês.
O facto é que a sensação com que fico, depois da reunião da Concertação Social, que hoje teve lugar, é que Portugal começa a parecer-se ligeiramente com a China, e não é nos olhos em bico. A reunião tinha como mote as medidas de incentivo à contratação. Vai daí, do que se lembraram o Governo e as Associações Criminosas Patronais? De discutir os valores de indemnização por despedimento.
Ora, para os mais desatentos, quiçá distraídos por uma qualquer eleição presidencial, pode parecer óbvia a ligação entre indemnização por despedimento e incentivo à contratação. Eu, que porventura estou um pouco mais atento, não consegui encontrar essa relação, provavelmente fruto de má formação intelectual, vulgo estupidez, ou como resultado de algum acidente com o meu occipital, vulgo moleirinha, assim que saí de dentro da minha aconchegante mãe, vulgo a minha velha. E não há mais vulgos para ninguém, pelo menos associados ao nascimento, porque sou moço educado quando quero e agora até me apetece.
Escrevia eu que não consigo encontrar uma relação directa entre despedir e contratar, e penso que uma coisa até é o contrário da outra. Depois pensei que, para se contratar alguém, às vezes, terá de se despedir outro alguém. Aí já faz mais sentido, principalmente para se poder ir buscar um qualquer subsídio por primeiro emprego ou até uma redução na TSU, quem sabe? Há, de facto, contratação. Mas também há um despedimento para haver essa contratação... Começo a dar voltas e o melhor que consigo encontrar é um equilíbrio, menos um desempregado para mais um desempregado.
Mas depois há ainda outra questão. Vai ser mais barato despedir. Aliás, e não que este Executivo socialista (?) necessitasse, como o PSD, através do seu fantoche líder, já tinha alvitrado. De alvitre em alvitre, cá estamos a reduzir a indemnização a quem é despedido, diz-se que para os 20 dias por ano trabalhado. E a razão apresentada é óbvia: Espanha já alterou este valor para os 20 dias há algum tempo, e adequou a sua política de trabalho ao resto da Europa. Sendo o “nosso maior concorrente na fixação de mão de obra”, como disse Helena André, a ex-sindicalista que se vendeu transformou em Ministra, temos nós de também ir pelo mesmo caminho.
E aqui fico feliz. Vamos pelo mesmo caminho da Espanha. A nossa política de trabalho vai ser como a espanhola – com certeza, a próxima medida será aumentar os ordenados para os níveis dos ordenados espanhóis. Ou isso ou pagar para ser despedido, ainda não percebi bem. É que o nível dos empresários portugueses é o mesmo que o dos empresários espanhóis? Isso é outra coisa que não percebo... É a tal coisa da moleirinha...

25 comentários:

  1. Boa noite, Cirrus ))

    Gosto dos seus artigos de 'opinião'.
    Hoje em dia, e em qualquer País dito capitalista, quem governa de facto são os grandes empresários e a gente da 'Finança', não sendo os governantes mais do que meros executantes. Os milhões que dão aos partidos e os cargos que oferecem aos ex-governantes têm que ser reembolsáveis, seja à custa de quem for. E normalmente é o elo mais fraco que paga.
    Sou-lhe franco: Não gosto de subsidios e apoios, sejam eles à contratação ou à instalação de grandes multinacionais. Instalam-se por cá uns anos, fecham, lançam milhares no desemprego e vão abrir novamente na Roménia ou Bulgária, Países que lhes dão novos incentivos. Seria preferivel baixar os impostos e a TSU para todos, o que tornava as empresas mais competitivas, sem necessidade de despedimentos e estimularia o investimento duradouro.
    E a UE, com tanta desigualdade legislativa, nunca irá a lugar nenhum.

    Cumprimentos.

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  2. Salvador, é bem verdade que a nossa carga fiscal é alta. Mas não podemos esquecer que nos países mais desenvolvidos da Europa é muito mais alta que cá. A questão não está nos fundos que se conseguem, está no que se faz com eles. Lá, geram mais empresas e emprego. Cá, quando aparecem (o IRC é apenas o quinto imposto na tabela de entradas para o Orçamento de Estado!), desaparecem logo de seguida. E sem deixar grande rasto, diga-se.

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  3. Bom dia Eusébio

    Se há temas em que chocamos, tu e eu já percebemos que este é um deles, senão "o tema".

    Compreende-se de certa forma. Tu puxas a brasa para a tua sardinha e eu puxo para a minha.

    Isso nunca me fez pensar menos de ti, muito pelo contrário. Se há coisa que admiro nas pessoas, é exactamente a firmeza de opiniões.

    Olha, por isso o cavaquinho subiu dois pontos percentuais na minha consideração ao dizer que se estava cagando para os números da abstenção! A ser um monte de merda, pelo menos que o seja até ao fim, uma vez que lhe deram essa oportunidade. É mau para o país? Que se F%^&@m! Que fossem votar no coelho, por exemplo(pior do que o cavaco não seria), mas que levantassem a tomatada do sofá ou do banco da cafetaria do hipermercado e que votassem!

    Voltando ao teu post, esclarece-me só uma duvida:

    Quanto achas que deve uma empresa que despede um colaborador a quem deu trabalho durante 1 ou 10 ou 100 anos, se sempre lhe pagou o salário combinado (alto ou baixo pouco importa, visto que foi aceite pela pessoa), mais os subsídios previstos na lei( alguns deles já de si duvidosos)?
    Porque teria de o indemnizar? Então e se o colaborador consegue um emprego mais compensatório e decide rescindir o contrato com a empresa que o empregou durante 1 ou 10 ou 100 qnios, teria também de indemnizar a empresa, por eventuais danos causados pela sua saída? Ou não?!

    Abraço

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  4. Francisco, sabemos que muita gente anda desiludida com a política. Eu levantei-me, fiz mais de 300 kms para eu e a minha esposa podermos votar, votei e verifiquei que de pouco adiantou. Foi um dia inteiro para trás e para a frente. Poderia pensar que, da próxima vez, não caio no mesmo erro. Mas caio, e vou fazer a mesma coisa, já sei. Mas muita gente não pensa assim, e se ir todo o dia para o Centro Comercial é mais importante que votar, não são as pessoas que assim pensam que devem ser questionadas, antes os protagonistas políticos que as não conseguem motivar a pensar diferente. Na medida do interesse de uns se mede o interesse dos outros.
    Quanto ao post, é um facto que os trabalhadores apenas têm de compensar com tempo o empregador quando se despedem. Mas nessa situação despedem-se para se deslocar para uma situação que não engrossa filas de desempregados. Porque hoje toda a gente diz que o desemprego é um flagelo, mas certo é que, enquanto ele não bate à porta, as pessoas estão-se borrifando para os outros. Por outro lado, esqueces um pormenor que não é de somenos: a posição das partes. A posição fraca e a forte, segundo a Lei. A primeira do prestador de trabalho, a segunda do empregador. Isto porque o trabalhador não manda em casa do patrão, seja de que forma for. Já o contrário, como bem sabes, é uma constante.
    Eu não sou contra esta proposta, em princípio. Julgo que se apenas for usado este mecanismo em casos extremos de necessidade, toda a gente entende e toda a gente aceita. Mas achas tu, que conheces os portugueses e sua chico-espertice, de ambos os lados desta barricada, que não vai haver abusos? Porque achas que faço a última questão no post? Achas que é inocente? Ou serás como alguns que conheço, que acham que o extermínio da nossa capacidade produtiva não tem grande dose de culpa do nosso patronato?
    Como vês, não sou extremista. Só não quero, como já disse há muito, cair na desgraça de alguma vez trabalhar pelo salário mínimo e um dia ter de pagar para ser despedido. E, depois disso, ser insultado todos os dias por receber aquilo que tenho direito, por ter contribuído para os cofres do Estado. Isso não quero para mim. Porque havia de querer para alguém?

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  5. Não é só da tua moleirinha Cirrus, porque a minha tambén não percebe e, como tal, ou me fazem um desenho bem básico, ou eu não vou perceber esta lógica nunca.
    O que aconteceu à empatia e ao "faz aos outros o que gostavas que te fizessem a ti"? :-S
    Mas, realmente, se pessoal que luta pelos direitos dos trabalhadores quando é empregado e reclama de ter que pagar Segurança Social qundo vira patrão, mais não é de esperar de quem começou por cima... e não foi a cavar buracos!

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  6. Pois, os tais "pontos extremos" são o que me chocam e preocupam, porque nem todos os empregadores são vigaristas e se aproveitam dos colaboradores. Nem todos pagam salários miseráveis por serem semíticos, alguns se tivessem de pagar mais não suportariam a empresa. Nem todas as falências são fraudulentas. Algumas são reais e justificadas, porque os tempos são complicados para todos, menos para os que estão na mó de cima, e a mó de baixo reflecte a maioria.

    De qualquer forma, seja o salário grande ou pequeno, foi o acordado e aceite de livre vontade e se calhar até salvou o barco em determinada altura.
    Por isso acho uma grande injustiça as indemnizações a que alguns empregadores ficam sujeitos em casos de falência, em que muitas vezes nem a sua própria casa conseguem manter, quando na prática, não deviam nada aos funcionários, se tinham os ordenados e outros benefícios em dia.

    Não sei se falei nisto alguma vez, mas passo muitas vezes a uma casa que foi paga ao banco com o dinheiro das indemnizações recebidas pelo casal, ao serem despedidos ao fim de 13 anos de casa. O "patrão", ex-proprietário de uma loja de electrodomésticos, mais uma vitima dos gigantes, ficou sem casa para indemnizar os ex-funcionários.

    Não consigo deixar de pensar no que sentiria cada vez que lá passo,se aquela casa tivesse sido paga com o meu dinheiro, mas imagino o que sentirá o homem, que não devia nada aos funcionários que despediu, mais do que a tal indemnização.

    Histórias assim deixam-me muitas reservas. Eu precisava muitas vezes de mais colaboradores e escusava por vezes de me sacrificar tanto, porque na verdade já não tenho idade nem necessidade disso, mas cenas destas desmotivam-me a correr riscos. Não duvides que o desemprego baixaria para quem tem vontade de trabalhar, não fossem os riscos que assustam alguns potenciais empregadores.

    Dizes que os empregados que se despedem não engrossam as filas de desempregados, mas os que são despedidos engrossam-nas, independentemente de receberem chorudas indemnizações. Não é por as receberem que perdem o direito que lhes assiste.

    Isto tudo é muito relativo e já sei que pimenta no cu dos outros é refresco, só arde no nosso.

    Sabes porque deixei de escrever artigos de opinião? Porque dei por mim a generalizar algumas vezes e percebi a possibilidade de estar a ser injusto com alguém, porque cada caso é um caso.

    Por isso, acho que a lei das indemnizações e outras leis são injustas, por tratarem a todos por igual. E os únicos que conseguem contorná-las, são os que não precisariam de o fazer.

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  7. SDaVeiga,

    Pois, quer dizer, facilitar o despedimento é bom para diminuir o... desemprego??? Algo está mal com a lógica.

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  8. Francisco, nunca afirmei que todos os empresários portugueses são vigaristas. Afirmei, isso sim, que o nível dos empresários portugueses é muito inferior ao dos espanhóis, que já não é famoso. Ou seja, falei de médias. Há excelentes empresários, e dou-te o exemplo de um homem que para mim é um modelo: o Comendador Rui Nabeiro. É um empresário galardoado pela sua acção social, e são inúmeros os seus empregados que dariam, senão a vida, pelo menos o cu e 3 tostões pelo patrão. E sabes de uma coisa? É rico como um porco na mesma. Limita-se a ser justo.
    Bem sei que muitos não conseguem ter a sua empresa aberta, e não é por falta de vontade ou de iniciativa ou até de sentido de justiça. Bem sei que as Leis que regulam este país são uma bela treta no que concerne à burocracia empresarial. É um problema grave deste país. Transferi-lo inteiramente para os ombros dos trabalhadores não diminuirá o problema, verás. Pelo contrário, ficaremos com dois problemas. E isto porque, como te disse, se há patrões muito bons, há-os muito maus. E não esqueças que, não sendo o teu caso, tens muita gente na nossa faixa etária que tem negócios herdados. Que por força dessa herança, nunca se deram ao trabalho de aprender fosse o que fosse. Que essas empresas, e já foram mais, porque muitas faliram, ainda trabalham como há 50 anos. São inoperantes e servem apenas para receber benesses do Estado. Ah, pois, não são só os trabalhadores que recebem do Estado, Francisco! Muitos patrões também recebem. E desbaratam-no rapidamente.
    Sou a favor da iniciativa empresarial. Não há, ou não pode haver, é lugar para retrocessos ao tempo da outra senhora ou mais atrás ainda. Caso contrário, continuaremos a ser (porque será, porque os patrões são todos muito bons) o país europeu com maior desigualdade social. Isso não te diz nada?

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  9. Eusébio, tu falas e bem (espera que vou ali apagar esta espécie de musica que tens aqui a tocar) na geração coca-cola, que herdou dos pais e dos avós, se calhar algumas vezes a custa de esforço e mérito, o que a sua inutilidade não conseguiu manter, porque mesmo aqueles a quem ensinaram o tal chico-espertismo, faltam-lhes sentido de oportunidade e vontade de se deitarem cedo e levantarem-se a horas de pessoas normais, mas eu falo da igualdade na lei, que junta esses aos pequenos empresarios, que tiveram um negocio na aldeia, que nao ficaram ricos, porque a trabalhar ninguem enriquece, que foram pisados pelo fenomeno da globalizacao e dos monopolios comerciais.
    Olha la, um homem que toda a vida vendeu televisores e radios na aldeia, que foi vivendo dignamente e ate pagou um curso aos filhos, não enriqueceu e hoje em dia não sobrevive a concorrência das grandes superfícies. As tantas até tem lá funcionários há 20 ou 30 anos, a quem apadrinhou o casamento e algum filho. Se aos 60 anos já não ganha para a luz, não tem agora o direito a fechar a tasca, sem ter de desembolsar com 5 mil ou dez mil contos a cada funcionário? E se não os tiver a sobrar, como faz? Vende a casa e vai pro lar da terceira idade? Mas ate ai não entram pobres!

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  10. Francisco, é um exemplo de entre muitos das injustiças acarretadas pela globalização e fenómenos dessa ordem de grandeza. É um entre muitos, concordo. Queres quantos exemplos, se é que não conheces nenhum, de falências fraudulentas? É que não são menos, devem até ser bastante mais.
    Em todo o caso, a empresa do teu conhecido que foi à falência deve pagar indemnizações, por uma razão simples. Durante muitos anos, ao contrário dos últimos, deve ter tido lucros. Não estou a dizer que devia pagar melhor ou pior aos empregados. Estou apenas a dizer que o patrão teve oportunidade de amealhar algumas economias. Duvido sinceramente que seja o caso dos trabalhadores. E se ele não consegue ir para um lar, que dizer dos trabalhadores? É para isso que serve o capital social da empresa, bem como o imobilizado. Para saldar dívidas. O que ele retirou do negócio já retirou e ninguém tem nada a ver com isso. Mas duvido que os trabalhadores tenham tirado mais do que ele.

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  11. Não posso concordar contigo, desculpa.

    Os funcionários eram funcionários, não eram sócios. Se trabalharam, foram pagos por isso. Assim como não tinham cotas na responsabilidade e no risco, nem lhes tocava passar noites a fazer contas e se calhar a arranhar a cabeça de preocupação, não acho nada que tivessem agora direito a semelhantes quantias de dinheiro, se o homem sempre cumpriu a sua obrigação.
    Ganhavam pouco? Nem por isso. Talvez por isso não mudaram de trabalho, e sabes bem que nos últimos vinte anos houve uma enorme oferta de oportunidades em Portugal.

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  12. Francisco, muito me admira quem fala de quem trabalha por conta de outrem como se fosse alguém "sem preocupações". Isso não só é triste, como inteiramente falso.
    Não eram sócios, é bem verdade. Eram empregados, que eram pagos para trabalharem. E não trabalharam? Penso que sim. Não ajudaram à empresa estar aberta durante tanto tempo? Também penso que sim. Não têm direito a nada no final de vida porquê? Então mas durante tantos anos, queres ver que o patrão é que era o mais pobre dentro daquela casa??

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  13. Eusébio, a preocupação do funcionário, a menos que algo tenha corrido mal e que ele tenha que resolver no dia seguinte, limita-se (ou deveria) ao seu horário de trabalho. A mais não é obrigado nem alguém lho pode pedir.

    Não tem outras responsabilidades ou obrigações.

    Não aceito essa ideia de que uma empresa tenha de ser uma cooperativa.
    Por algum motivo a maioria prefere o conforto de um salário do que a preocupação e a instabilidade de uma empresa, seja ela de que tamanho for.

    Boa noite, vou rumar a sul

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  14. Francisco, ambos sabemos que a maior parte dos assalariados pretere a sua vida pessoal e a prejudica imenso devido aos empregos. Eu tenho disso exemplos muito próximos.
    Uma empresa não tem de ser uma cooperativa. Não deve ser uma cooperativa. Deve ser um local de respeito entre as pessoas. E não um local onde a solução passa invariavelmente pela "morte" do mais fraco.
    As coisas começam a mudar, as mentalidades são bem mais abertas. Temo é que este Governo e o que se segue volte a piorar tudo. Defendo que os empresários devem receber o prémio pelo seu empreendedorismo. Pela sua combatividade e pela sua inovação. Não pela humilhação dos seus empregados.

    Boa viagem, pá!

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  15. Concordo com o Francisco quando ele diz "Por algum motivo a maioria prefere o conforto de um salário do que a preocupação e a instabilidade de uma empresa, seja ela de que tamanho for.".
    Quando estava por conta d'outrém tinha amor à camisola, mas não stressava quando não apareciam clientes nem quando se entrava em época baixa; agora que temos uma PME familiar, sei de cor os meses dos impostos todos e não há momentos de descanso porque há SEMPRE algo a tratar, quanto mais não seja burocracia... :-S
    Nem toda a gente tem estômago para isto, especialmente com o estado da Nação e com a passividade de mais de metade da população!
    E, se a isso juntares preocupação com a educação e futuro da descendência, percebes que não há quem queira, nesta era de "não me ralo", ter trabalho, só "emprego"!

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  16. SDaVeiga, não é bem assim, e permite-me explicar porquê. Eu tenho objectivos a atingir. Eu tenho metas a atingir. E se as não atingir, isso significa que não terei tanto para dar à minha família. Já há muita gente que trabalha nestes moldes. Recebe bem, mas produz muito. E preocupa-se. A minha companhia não é o meu emprego, é a minha cara. E se a minha cara anda suja, não saio à rua de vergonha.
    A questão é que à maioria gigantesca de trabalhadores deste país pagam o suficiente apenas para chegarem a tempo e saírem a horas. Sabes porque não se preocupam com o trabalho? Porque já têm preocupações suficientes em casa.
    Trabalhar por conta de outrem não implica automaticamente falta de ambição ou de preocupação, caso contrário, eu não trabalharia onde trabalho, e não haveria médicos nem professores. E por falar em professores, acho que ainda muitos patrões portugueses deviam ter ido a mais algumas aulas. Não digo que seja o teu caso nem o do Francisco, mas de uma boa parte deles. Mal não fazia.

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  17. Concordo plenamente Cirrus!
    Haviam de ter ido a MUITAS aulas, especialmente de cidadania, se as houvesse!
    A minha ideia é que, se o pessoal desse mais valor à educação dos filhos, não haveria tanta asneira! Aprenderiam a respeitar os outros e a dar-lhes valor!
    O pessoal não trabalha para aquecer, mas isso de ter metas a mim parece-me duro! Bónus sim, mas não penalizações!

    São raros os sítios onde se trabalha com uma equipa que é praticamente uma família, mas há-os. O problema é que, nos onde não são uma "família", face à carga toda que lhes cai em cima, especialmente quando reina a actual filosofia do "chupemos os ossos a quem ainda se aguenta de pé", a coisa complica bastante e quem vive um dia de cada vez não vê isso ou, se vê, está-se borrifando!
    Não digo que seja o teu caso, como sei que não é, mas estamos a falar "em geral" e, infelizmente, "em geral" é assim!

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  18. SDaVeiga,

    Não falei em penalizações. Vivo bem com 14 ordenados. Mas se conseguir ter 18, vivo melhor. Aí está a diferença. Toda a diferença. Não é possível motivar quem não ganha o suficiente para pagar as despesas de casa, e não me venham com tretas de produtividade, porque nos querem fazer crer que temos de ser produtivos à lei de chicote. Nós produzimos aquilo que nos mandam, por um lado, e nos deixam, por outro. Se pagarem decentemente, verão como os resultados aparecem do nada.

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  19. Bom dia! Afinal, isto ainda vicia :-)

    Essa de ser produtivos a lei do chicote é na China. Afasta de nós esses cálice!

    Valha-me Deus Eusébio, não podes medir a realidade empresarial portuguesa, pelos moldes da tua empresa, nem comparar o teu cargo com o da maioria dos trabalhadores.

    Claro que a maioria dos salários são uma merda, mas para muitos empregadores, essa miséria de salários, com toda a carga fiscal e demais gastos que lhes cai em cima, é impossível subir os salários, porque não trabalham com margens suficientes para isso.
    Sabes que um acréscimo de despesa se reflecte no preço final do produto, mas se o mercado não tem poder de compra, vende-se a quem?

    Isso funciona como uma bola de neve. Não se pode aumentar as despesas para não aumentar o preço final porque não há quem possa pagar, mas se não se aumentam os salários, nunca vai haver a quem vender a um preço justo.

    Não esqueçamos que no teu e noutros ramos, o preço sobe e o pessoal paga e não bufa, mas no meu por exemplo, um pequeno aumento afasta os clientes.

    Há sempre um chico esperto que inventa de vender mais barato. Não percebo como se pode vender uma refeição completa a 3.50, mas há quem venda. Não Fo$#@, mas também não deixam FO%$6& os outros.

    Sabes porquê? Entre outros motivos, porque enquanto eu e outros temos um rol de regras a cumprir, alguns ainda cozinham numa maquina a petróleo, dentro do balcão da tasca, em cima de quatro grades de cerveja e lavam os pratos no balde das azeitonas.

    Nunca temi a concorrência, mas a desigualdade de critérios, os tais "dois pesos e duas medidas",revoltam-me.

    Esta semana peguei-me com uma engenheira da HACCP, porque chega-me na hora da confusão e implica-me com merdas que não tem cabimento, como utensílios de cozinha que não podem estar a descoberto.
    Ai porque apanham pó e o raio que a parta. Com certeza tenho de trazer a colher de pau dentro do bolso da jaqueta!

    No entanto, nesse mesmo dia chego ao Mar Shopping e vejo um quiosque a vender cachorros na saída da IKEA, onde as salsichas passam ali horas a rodar no grelhador, sem qualquer protecção, com pessoas e carros de compras e caixas de cartão a passar constantemente. Então a lei não tem de ser igual para todos?

    Acho que a merda da ASAE é uma fantochada para inglês ver, que tal como outros órgãos públicos, só serve para comer o guito dos contribuintes.

    E com isto parece-me que já fugi ao tema

    Olha, desde a instalação dos porticos, já aumentaram 5 cêntimos. Eu aumento 5 cêntimos no café e não vendo nenhum!

    Subiram o Iva e estamos a levar com o aumento, porque quem nos dera que a malta não fuja, mesmo a pagar ao preço antigo.

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  20. Voltei com um exemplo, para que se perceba o meu ponto de vista.
    Eu só sei falar assim, não percebo de estatísticas nem de cálculos matemáticos. Também não podes exigir muito de um tasqueiro.

    Eu pagava aos meus colabores nos Estados Unidos, uma media de 500 dólares por semana aos do balcão e mesas e 700 dólares ao cozinheiro. Uma vez levei daqui a dona Maria, uma senhora alentejana que tinha um tempero único e a quem devo muito do que sei fazer hoje. Pagava-lhe 800 dólares por semana.

    Mas (para que se perceba o que tentei dizer no comentário anterior) eu comprava uma caixa de Super Bock a 16 dólares (faz o cambio, sff) e vendia-a a 3 dólares cada garrafa (72 dólares por caixa).

    Vês a margem?
    Alem disso, depois de fazeres o cambio, questionas-te seguramente como pode ser a Super Bock ser vendida lá a 16 dólares a caixa, quando aqui custa 13 euros.
    É que o imposto lá são 6%! E os bens de primeira necessidade estão isentos de imposto. Em produtos de alimentação, a menos que os vendas processados, não podes cobrar o Sales Tax, mas também não o pagas.

    Claro que assim eu podia pagar os salários que pagava! E quem recebe salários assim, pode pagar a cerveja a 3 dólares!
    Aqui compro a caixa de cerveja a 13 euros e vendo-a por 24.
    Para a vender fresca, gasto 300 euros por mês de electricidade, enquanto que lá tinha o dobro dos equipamentos e não me lembro de alguma vez pagar mais de 200 (faz o cambio)dólares.
    Não serão estas coisas que fazem a diferença?

    Bem, desculpa lá o sermão. O que faz isto é não ter que fazer. Fim do mês, dá tempo para tudo :-)

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  21. Francisco, não condeno ninguém pelos nossos impostos a não ser o Estado. Mas essa não é a questão.
    A questão aqui é pessoal, que como dizes, têm ordenados de merda, porque muitos não os podem pagar mais altos. Eu sei que há muitos empresários que têm negócios pequenos dos quais retiram igualmente pequenos rendimentos. Pelo que sei, por exemplo, tu tens um desses negócios. No entanto, criaste o teu próprio emprego e trabalhas no negócio, e se tens empregados, com certeza será um ou dois. E se acertaste com os empregados, pagas o que achas que deves pagar e eles aceitaram. Porque havias de os despedir? Qual a razão porque agora despedir é tão importante? Não há um período na lei em que podes ver se o empregado serve ou não? Eu penso que há. Eu sei que tu e muitos outros são sensatos.
    Mas conheço muitos, mas muitos mesmo, que o não são. E a primeira compra da empresa é o Mercedes do patrão, mesmo sem ver se a empresa pode ou não vir a dar lucro. Depois pode nem dar. O Mercedes mantém-se, manda-se o pessoal embora.
    Não peço que os empresários tenham prejuízos. Casos há em que têm de falir, pronto, acabou-se a empresa. Os valores da empresa falida servem para pagar dívidas, sempre assim foi, embora nunca assim seja. Só peço sensibilidade social. Alguma, não precisa de ser um exagero, nem todos precisam de ser Nabeiros. Que se olhem primeiro para as pessoas, depois para os luxos. Apenas isso. E apenas para os que têm luxos - que são tantos!...

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  22. Há quem já pague para trabalhar. Já só falta mesmo é pagar para ser despedido. Não me admirava nada que chegássemos a esse ponto ou pior ainda... cada vez me convenço mais que a realidade consegue ser bem mais surpreendente que a ficção.

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  23. Pronúncia, se ainda te lembras, fiz referência a isso num post-sonho aqui há uns tempos...

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  24. A quê?!
    A minha memória já não é o que era...

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  25. Ao facto de alguém ter feito bom negócio com o patrão e ter pago menos do que esperava para ser despedido.

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